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18 de março de 2011

12 de novembro de 2010

Vampiro Magazine

Mais uma capa, esta do Vampiro Magazine de Março de 1950, capa de Cândido da Costa Pinto.Era uma época em que os grandes pintores e ilustradores o faziam, mesmo para um simples magazine policial. E viva o surrealismo!

18 de agosto de 2010

Vampiro Magazine

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Mais uma capa, esta do Vampiro Magazine de 1950, com uma bela capa de Cândido da Costa Pinto.Era uma época em que os grandes pintores e ilustradores o faziam, mesmo para um simples magazine policial. E viva o surrealismo!

7 de julho de 2009

COISAS DO SÓTÃO

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Pegou-lhe e receou, a todo o momento, que se desfizesse.
A Colecção Vampiro, terá sido, da biblioteca do pai, das primeiras coisas que memorizou, pois os livros estavam todos numa só estante, silenciosamente alinhados. Gosta das saudades que tem do pai, gosta de o lembrar, sentado num “maple” a ler, o cheiro dos cigarros “Unic”, tabaco negro, sem filtro.
Esta capa corresponde ao nº 1 da “Colecção Vampiro” e, necessariamente, teria de ser de Agatha Christie: “Poirot Desvenda o Passado” , o título em inglês. é“Five Little Pigs” e está dedicado a Stephen Glanville, um velho amigo de Agatha. A tradução é de Edison Ferreira Santos e a capa de Cândido Costa Pinto, a primeira de dezenas e dezenas de maravilhosas capas que este surrealista fez para a colecção.
Está referido que o livro foi composto nas Oficinas Gráficas de “Livros do Brasil Lda”, na rua da Rosa, em Lisboa, mas sem indicação da data de impressão. Contudo, pela listagem de todas sa obras publicadas na Colecção, que a editora fez inserir no seu nº 500, fica-se a saber que foi Abril de 1947.
Este nº 500 da “Colecção Vampiro”, “Quem Matou o Almirante, obra conjunta de Agatha Christie, Dorothy L. Sayers, G.K. Chesterton e outros, saiu em Março de 1989.
Comprou-o por mera curiosidade, pois já há muito deixara de os comprar, concretamente quando as capas passaram a ser uniformes, deixaram de ter arte.
“Ficou sentada, imóvel, até que a porte se fechou. Depois disse: - O senhor é muito inteligente, não é?
Poirot não respondeu.”

26 de junho de 2009

O estranho caso

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Estas capas dos policiais da Vampiro atraem-me desde criança: esta é espantosa e da autoria de Cândido da Costa Pinto, um pintor surrealista muito esquecido. As capas dele vão sempre bem mais além da história do livro.

26 de março de 2009

GOOD MORNING, MR. CHANDLER

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A de Março de 1969 morria Raymond Chandler. Tinha 81 anos.
Truman Capote disse dele: “um dos maiores escritores americanos”.
Raymanond Chandler é o pai do Detective Philipp Marlowe.
Quando aos 50 anos fundeou em Hollywood gostava de histórias picantes, mulheres, e de gin. Raymond Chandler: um cachimbo, calças de flanela cinzenta, um casaco de tweed. Gostava de gatos.
Em “O Bode Expiatório” alguém diz a Philip Marlowe que ele tinha uma coisa que não lhe agradava. “Adivinhe o que é?”. Marlowe respondeu: “Lamento mas não faço ideia… sei apenas que algumas pessoas me detestam por ainda estar vivo”.
Numa carta a Helga Green, sua confidente, agente literária e após a sua morte, herdeira, Chandler escrevia: “Meu Deus, como os homens sabem pouco acerca das mulheres.”
Os especialistas de literatura policial dizem que o melhor Chandler é “A Dama do Lago”. Não tem qualquer problema em assinar por baixo, mas para ele o melhor é, sem qualquer ponta de dúvida, O Imenso Adeus."

Estava o livro há muito esgotado, e ainda sem reedição, quando em 2 de Abril de 1979, o “Diário de Lisboa” começou a publicar “O Imenso Adeus”, diariamente, em folhetim. Escolheu Eduardo Guerra Carneiro para as apresentações:
“O “Imenso Adeus” é um livro para ser amado por quem já alguma vez teve uma despedida quem já conheceu alguém que vivesse do lado dos bêbados, quem se lembra do tamanho das cidades e sosinhez e nele de um compincha. Quem gosta das palavras contidas. Quem alguma vez começou a gostar de ler. Quem distingue meia dúzia de livros entre os que conserva na memória (a ponto de ser das últimas coisas de que quisera ser despojado). Quem já se deixou tombar de amores por essa selva de lei. Quem experimentou bolas de chumbo, ficticias no estômago. Quem não gosta da cara nem das tripas do Empire State Building e pensa que ninguém como um americano para as mostrar. Quem prefere que os policiais não sejam policias justos a ajustarem contas com cadastrados perigosos. Quem lê um policial mas não quarenta. Quem se está nas tintas para a moda apesar de saber que há quem coleccione uma dúzia de exemplares da mesma coisa porque vai valer. Quem gosta de ver os gestos de um homem que faz café, lava a chávena, faz a barba, muda de camisa. Quem não está por esquecer o ponto em que perdeu de vista um amigo. Quem lhe acontece simpatizar com um tipo embora perceba que isso não vai evitar nada.
Quem fez um amigo. Quem disse uma vez que fosse adeus. Quem disse antes até à vista. Quem não vê só o crime remível a cadeia na palavra cumplicidade.
Quem fez um amigo. Quem fez um adeus. Quem tem os adeus dentro do presente. Quem conhece o esquecimento quem aprendeu e desaprendeu a memória. Quem se lembra do esquecimento dos dias. Quem já cozeu alguma morte. Quem fez contas com o vazio, com o passado, com o esquecido. Quem ouve o uivo do adeus. Quem houve e houve e houve. Quem continua assim vivo”


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“O Imenso Adeus” é o número 101 da Colecção Vampiro e tem uma soberba tradução de Mário-Henrique Leiria, a capa é de Cândido Costa Pinto. As capas dos restantes livros aqui reproduzidas são de Lima de Freitas. É a história de uma amizade que, como quase todas as amizades, não se explica. Este é o final do livro:
"- Eu estive nos comandos. Eles não aceitam tipos feitos de algodão em rama. Fui ferido e o trabalhinho que os médicos nazis me fizeram não teve muita graça. Sinto-lhe as consequências.
- Eu sei Terry. Vocé, sob muitos aspectos, é um tipo muito simpático. Eu não estou a julgá-lo. Nunca o julguei. Simplesmente você já não existe. Já deixou de existir há muito. Está bem vestido, todo perfumado e tão elegante como uma prostituta de cinquenta dólares.
- Isto faz parte do disfarce - respondeu-me quase desesperadamente.
- Mas você diverte-se, não diverte?
A boca torceu-se-lhe num sorriso amargo. Depois encolheu os ombros expressivamente, à latina.
- Claro que me divirto. Tudo quanto hoje existe é teatro. Não há mais nada. Aqui - e bateu no peito com o isqueiro - não há nada. Eu estou pronto, Marlowe. E já o estava há muito. Bom, parece-me que não há mais nada a dizer.
Ele levantou-se. Eu leventei-me. Ele estendeu a mão esguia. Eu apertei-a.
- Até à vista, Sr. Maioranos. Gostei muito de o conhecer, apesar de o nosso contacto ter sido tão breve.
- Adeus.
Ele voltou-se, atravessou o escritório e saiu. Fiquei a ver a porta fechar-se. Ouvi-lhe os passos afastarem-se no corredor que pretendia ser de mármore. Tornaram-se cada vez mais fracos até que deixei de os ouvir. Mas continuei à escuta. Porquê? Seria que eu esperava que ele parasse de repente e voltasse para trás e falasse comigo até que eu deixasse de me sentir como me sentia? Mas ele não voltou. Foi a última vez que o vi. E nunca mais vi nenhum dos outros - excepto os polícias. A esses, ainda não se inventou um processo de lhes dizer adeus."




Ainda Eduardo Guerra Carneiro no “Diário de Lisboa”:

“Marlowe entra no “British-Bar”, despe a trincheira, sacode-a da chuva de Março que, em morrinha, como em Vigo ou no Porto, ainda pinga, atira o chapéu para o bengaleiro e pede um “gimlet” duplo.
Humphrey Bogart está ao balcão e sorri-lhe, de esguelha, com o paivante aceso ao canto da boca. A “magrinha” ainda não tinha chegado. Eu bebia gin tónico, numa mesa do canto com o Chandler. O Mário-Henrique Leiria não pôde vir: mandou recado a dizer para bebermos dois ou três copos por ele. Lauren Bacall chegou agora, senta-se à nossa mesa e pede-me um cigarro na sua voz rouca, inconfundível. Reparo que Bogey está com ciúmes. Como não quer a coisa, de uma velha telefonia vem uma música de piano: “Casablanca”. Afinal Bogart deve estar ainda à espera da Ingrid Bergman. Chandler, que nada tem a ver com isto, começa a falar da Cabeleira de Prata.”