Adília de seu nome escolhido por ser o da madrinha lá na
aldeia do sul de onde veio casada e com um rancho de filhos, para os subúrbios
da capital, à procura de sustento.
A casa escura, o pingo na torneira , alumínios a arear
enquanto os miúdos comem o caldo de hortaliças, ainda o sol não desapareceu, a
escola fica longe e o dia começa ainda escuro.
Roupa esfregada, cada sábado de manhã, no tanque do pátio ,
batas brancas obrigatórias na escola de finais de quarenta, cada filho só com
um destes tapa- misérias de cor branca – faz-se questão no asseio – a ter de estar
seco e engomado , cada segunda-feira.
Dia de aniversário (tinha-o esquecido), chega a inesperada oferta do seu homem, uma
Singer, nunca havia recebido, nem nos natais da infância, um embrulho que
fosse, nem de papel pardo e cordel. Na vizinhança desses tempos outras chaminés
havia, com bonecos de pasta de cartão, soldadinhos
de chumbo, dentro de cada sapato . O filho do presidente da junta chegou a
receber um boneco de corda que tocava tambor e acabou por paralisar no dia
seguinte, à custa de tanta azáfama de percussionista, com toda a criançada a
rodar o mecanismo.
A Singer ocupou lugares de honra a um canto da entrada estreita,
com direito a cobertura chita colorida, para não entrar o pó, almotolia ao lado, utilizada para contrariar
os danos de uma casa fria e húmida. Iria dedicar-se a fazer o vestuário das
vizinhas e contribuir com uma pequena abastança, a família passaria a vestir-se
melhor, com as artes de costura e os retalhos da retrosaria do bairro.