30 de setembro de 2006
Madrid
Era uma vez uma ida a Madrid. Com muita correria, muitos horários, muitos espanhóis.
Madrid continua uma cidade linda. Está-se bem.
Mas tenho sempre tantas saudades de Lisboa.
Em frente ao Rainha Sofia estava esta exposição de arte popular. Gradeada é mais apetecível.
Estou com moleza. Depois escrevo mais.
29 de setembro de 2006
28 de setembro de 2006
Têpêcê dos sabores
O do café, do chocolate, da caipirinha, dum bom cozido à portuguesa ou feijoada. Enfim tantos...
Embora na verdade não consiga eleger uma receita preferida, deixo aqui duas com as quais ando a sonhar desde 2ªfeira passada.
Coloque o feijão em água no dia anterior. Cozer em panela de pressão durante 20 minutos.
Picar a cebola e os alhos para um tacho e alourar com o azeite e margarina.
Retirar a pele grossa à carne entremeada e corte-a aos pedaços. Junte ao refogado assim como a pá de porco
partida aos pedaços. Deixe a carne alourar. Junte o chouriço de carne e as cenouras, ambos cortados às rodelas.
Adicione a salsa e o louro.
Regue com um copo de água e tempere com sal, piripiri e uma pitada de cravinho.
Tape e deixe cozer.
Quando a carne estiver tenra, junte o feijão, mexa e deixe apurar.
À parte, coza uma farinheira e a morcela. Corte-os em rodelas e misture à feijoada depois de pronta.
Ingredientes:
1/2l de feijão
2 colheres de sopa de margarina
2 cebolas
1 dl de azeite
6 dentes de alho
700gr de carne entremeada
600gr de pá de porco
1 chouriço de carne
1 ramo de salsa
1 folha de louro
1 farinheira
1 morcela
sal,piripiri e cravinho q.b.
(Notas:
Não obstante a importância das carnes e enchidos para dar paladar ao prato não as costumo comer, a não ser eventualmente a farinheira;
Acompanhar com pirão)
Coze-se o espaguete em água temperada com sal de acordo com as instruções da embalagem. Escorre-se e deita-se num tacho.
Corta-se o bacon em quadradinhos e aloura-se em margarina.
Lavam-se os cogumelos e cortam-se em fatias. Juntam-se ao bacon e deixa-se saltear durante alguns minutos.
Junta-se à massa e mistura-se bem.
À parte, misturam-se as natas com a salsa picada e o queijo ralado. Adiciona-se este preparado à massa e mexe-se com dois garfos.
Ingredientes:
500 g de espaguete
100 g de bacon
200 g de cogumelos
1 colher de margarina
2 colheres de natas
1 colher de queijo ralado
1 colher de salsa picada
1 colherzinha de sal
prato do dia: tortulhos grelhados
num dia dos finais de outubro, levantar bem cedo ainda com a humidade sobre a terra.
abre-se uma garrafa de vinho tinto, com pelo menos 10 anos e deixa-se a abrir.
sai-se para o campo e, com olho de puto, que é quando mais temos olhos para as coisas importantes da vida, procuramos os tesouros escondidos no meio dos fetos.
apanhamos os preciosos tortulhos que formos capazes de descortinar, e trazemos o tesouro para casa..
lavam-se com cuidado para tirar os lixos e não perder matéria prima.
aproveitam-se as brasas da lareira já acesa e grelham-se virando a parte mais lisa (a superior) para as brasas e com sal colocado na parte mais 'folhosa'.
não deixar queimar muito.
para comer devem estar ainda um pouco húmidos.
como acompanhamento, uma morcela de arganil e um queijo de cabra (pouco) seco.
os amantes da coisa, podem incluir igualmente marmelada para acompanhar o queijo.
e sejam felizes...
isto não é uma receita...
a matéria prima :
1 litro de leite
8 ovos
400 gr açucar
1 colher de sopa de farinha
1 tacho de barro a escaldar no forno
a obra:
misturam-se
os ovos, o açúcar e a farinha.
ferve-se
o leite com um pau de canela, casca de limão e uma gota de aniz
(variante opcional)
verte-se
o leite a ferver dentro da massa em fio, mexendo depressa
coloca-se
no tacho sem deixar arrefecer e
cozer
no forno, em forno brando, durante 1 hora
27 de setembro de 2006
rogue's gallery, um disco de canções do mar e de marinheiros
a ideia deste disco começou durante a filmagem da segunda parte do piratas das caraíbas.
o realizador gore verbinski e o actor johnny depp, embrenhados no 'ambiente pirata' do filme, começaram a congeminar a ideia dum disco de shanties feito com um conjunto alargado de artistas.
como quem tem dinheiro pode ter vícios, convidaram um dos melhores produtores em actividade para dar forma ao projecto.
é assim que hal wilnner aparece neste projecto em que teve que voltar aos anos 70 e à sua memória dos sons folk e de tudo o que tinha ouvido sobre o assunto.
faz mais umas pesquisas ouvindo agora os mestres paul clayton, a.l. lloyd, lou lillen, bob davenport, ian campbell, oscar brand, peter hawes, dave van ronk, sandy denny, cisco houston..
para fazer uma primeira escolha das canções que gostaria de gravar.
daí a reservarum estúdio de new york por 2 dias, foi um passo.
a questão é que as coisas não são assim tão simples... e artistas para cantar é que era coisa que não tinha.
uma mão cheia de telefonemas para os 'amigos' e os 'conhecidos-dos-amigos' fazem com que alguns dos que cantam neste disco não sonhassem da existência dele 2 horas antes de entrarem na porta do estúdio.
à boa maneira dos shanties, iam ouvindo uns discos e iam cantando com a 'banda residente' a apoiar.
num dia chegaram a gravar 8 canções todas apoiadas pela mesma banda.
tendo o 'hard core' feito, podia pasar-se à fase seguinte que era convidar alguns nomes 'impensáveis' para um projecto destes.
em pouco tempo estavam estúdios de londres, dublin, new york ou los angeles com uma constelação de estrelas nunca visto num disco que não se trata de homenagear ninguém, nem de angariar fundos para o que quer que seja.
para que tenham uma ideia da coisa.. aqui segue a lista das canções deste duplo albumde 160 minutos de música (!!!!!) e que, de acordo com hal wilmer poderia ter o dobro do tamanho, tal a quantidade de material gravado (espera-se por isso o segundo volume...)
01. CD1: cape cod girls - baby gramps (o único !!!! um guitarrista para nos fazer lembrar robert johnson. cantor de blues, de rock, canto gutural e tudo!!!!)
02. CD1: mingulay boat song - richard thompson
03. CD1: my son john - john c. reilly (sim, o actor de magnolia, gangs of new york, chigado, as horas...)
04. CD1: fire down below - nick cave
05. CD1: turkish revelry - loudon wainwright III
06. CD1: bully in the alley - three pruned men (3 membros dos virgin pruned)
07. CD1: the cruel ship’s captain - bryan ferry
08. CD1: dead horse - robin holcomb (notável pianista, compositora e directora da the new york composers orchestra
09. CD1: spanish ladies - bill frisell (vencedor do grammy de 2005 para o melhor album de jazz contemporâneo, colaborador de elvis costello...)
10. CD1: coast of high barbary - joseph arthur (uma das excelentes descobertas de peter gabriel para a sua real world records..)
11. CD1: haul away joe - mark anthony thompson (o autor de chocolate genious, um dos mais brilhantes albuns dos anos 80. um talento único)
12. CD1: dan dan - david thomas (fundador dos pere ubu e dos 2 pale boys)
13. CD1: blood red roses - Sting
14. CD1: sally brown - teddy thompson (filho do richard thompson)
15. CD1: lowlands away - rufus wainwright & kate mcgarrigle (a kate, junto com a sua irmã anna forma um dos melhores grupos canadianos na área do folk rock, e colaboram reguralmente com lou reed, nick cave...)
16. CD1: baltimore whores - gavin friday (pintor, cantor e compositor, parceiro de bono na banda sonora de 'em nome do pai.. cantor em moulin rouge, romeu e julieta, basquiat)
17. CD1: rolling sea - eliza carthy (filha do martin carhty, notável violinista e cantora da área folk)
18. CD1: The Mermaid - martin carthy & the uk group
19. CD1: haul on the bowline - bob neuwirth (um notável cantor folk/rock velho companheiro de bob dylan nos tempos de greenwich onde faziam concertos comuns, endeusado por patti smith, colaborador de lou reed, john cale e ex membro de uma banda onde pontificava também roger mc guinn, ex birds)
20. CD1: a dying sailor to his shipmates - bono
21. CD1: bonnie portmore - lucinda williams (nomeada pela time em 2002 a melhor compositora de canções americana)
22. CD1: shenandoah - richard greene & jack shit (o famoso actor aqui com os membros da banda de elvis costello)
23. CD1: the cry of man - mary margaret o'hara (uma das mais notáveis vozes canadianas e que muitos consideram uma espécie de tesouro nacional)
24. CD2: boney - jack shit (membros da banda de elvis costello)
25. CD2: good ship venus - loudon wainwright III
26. CD2: long time ago - white magic (o inclassífficável duo nova iorquino de culto formado por sleepy doug shaw e mira billotte)
27. CD2: pinery boy - nick cave
28. CD2: lowlands low - bryan ferry w/ antony (!!!!)
29. CD2: one spring morning - akron/family (uma das mais celebradas bandas de post-folk)
30. CD2: hog eye man - martin carthy & family (isto é, martin, norma waterson e eliza carthy)
31. CD2: the fiddler - ricky jay & richard Greene (dois actores em canto comum...)
32. CD2: caroline and her young sailor bold - andrea corr (a mais linda das manas corrs)
33. CD2: fathom the bowl - john c. reilly
34. CD2: drunken sailor - david thomas
35. CD2: farewell nancy - ed harcourt (uma espécie de aprendiz de tom waits em versão britânica e com uma legião de indefectíveis poucos-mas-furiosos)
36. CD2: hanging johnny - stan ridgway (um dos mais notáveis músicos americanos)
37. CD2: old man of the sea - baby gramps(aqui num misto shanty com o canto gutural de tuva)
38. CD2: greenland whale fisheries - van dyke parks (o pai do celebradíssimo 'smile'.. a mãe foi o brian wilson, como se sabe)
39. CD2: shallow brown - sting
40. CD2: the grey funnel line - jolie holland (ex the be good tanias)
41. CD2: a drop of nelson's blood - jarvis cocker (ex lider dos pulp)
42. CD2: leave her johnny - lou reed
43. CD2: little boy billy - ralph steadman(sim !!!!, o famosíssimo e brilhante caricaturista !!!!!)
alguns nomes, como calculam abstenho-me de os comentar, por tão conhecidos serem.
temos aqui a nata do rock e da pop.
temos nomes míticos da folk e estrelas do póst-folk
estrelas da musica clássica e da música alternativa, seja lá isso o que for...
temos uniões impensáveis e interpretações notáveis.
temos uma produção como jamais os shantires tiveram.
mas este é um disco para os puristas dos shanties odiarem !!!!
compreendo e aceito, mas acho que não têm razão.
os shanties só têm a ganhar com isto.
ouvir o lou reed a cantar 'leave johnny leave her' com ar que quem lhe morreu a família toda.. reconheço que não é um shantie. mas é uma grande canção.
o bono não canta um shantie, mas canta uma das suas melhores interpretações de sempre.
o sting embrenha-se no espírito da coisa e até canta com voz d'homem..
ooutros nomes já os vimos muitas vezes por estas músicas: richard thmpson, loudon wainwright, matin carthy...(e, por acaso, todos eles trouxeram os seus filhos para a festa).
este é o melhor disco que se podia fazer para ensinar a gostar de shanties.
este disco é como new york:
seja do que for que gostes, há lá.
e muito !!!
Favas eternas
(ingredientes: 1 kg de favas, pipas de alho, 150g de toucinho, 1 linguiça,1 ramo de coentros, sal)
Como podem ver, umas brutas favas "marcham" sempre. Quanto aos sabores rejeitados: pimentos.
26 de setembro de 2006
a forecastle shanty....
uma história fantástica e delirante para cantar ao longo de noites de flat sea
'twas on the good ship venus,
by christ you should have seen us,
the figurehead was a whore in bed,
and the mast was the captain's penis.
chorus
frigging in the rigging,
wanking on the planking,
masturbating on the grating,
there's fuck all else to do.
the captain's wife was mabel,
whenever she was able,
She gave the crew their daily screw,
upon the galley table,
the cabin boy's name was kipper,
a cunning little nipper,
he lined his ass with broken glass,
and circumcised the skipper.
the ladies of the nation
arose in indignation,
they stuffed his bum with chewing gum,
a smart retaliation.
the ship's dog's name was rover,
we fairly bowled him over,
(the whole crew did him over,)
we ground and ground that faithful hound,
from singapore to dover.
the first mate's name was hopper,
by christ, he had a whopper,
twice round his neck, once round the deck,
and up his ass for a stopper.
the captain's randy daughter,
she fell into the water,
delighted squeals revealed that eels,
had found her sexual quarter.
'twas on the china station,
To roars of approbation,
we sunk a junk with a load of spunk,
by mutual masturbation.
the second mate's name was carter,
by God, he was a farter,
when the wind wouldn't blow and the ship wouldn't go,
we'd get carter the farter to start her.
the cook whose name was freeman,
he was a dirty demon,
he served the crew with menstrual stew,
and foreskins fried in semen.
the captain of that lugger,
by christ, he was a bugger,
he wasn't fit to shovel shit,
from one ship to another.
the third mate's name was wiggun,
by god, he had a big 'un,
we bashed that cock with lump of rock
for friggin in the riggin.
the next mate's name was andy,
by god, that man was randy,
we boiled his bum in red-hot rum,
for coming in the brandy.
the fourth mate's name was morgan,
a homosexual gorgon,
a dozen crow in rows could pose,
upon his sexual organ,
on the trip to buenos aires,
we rogered all the fairies,
we got the syph at tenneriffe,
and a dose of clap in the canaries.
another cook was o'mally,
he didn't dilly dally,
he shot his bolt with a hell of a jolt,
and whitewashed half the galley.
the captain was elated,
the crew investigated,
the found some sand in his prostrate gland,
he had to be castrated.
another mate's name was paul,
he only had one ball,
but with that cracker he'd roll terbaccer,
around the cabin wall.
the boatswain's name was lester,
he was a hymen tester,
through hymens thick he'd shove his prick
and leave it there to fester.
the engineer was mctavish,
and young girls he did ravish,
his missing tool's at istanbul,
He was a trifle lavish.
a homo was the purser,
he couldn't have been warser,
with all the crew he had a screw,
until they yelled, "oh, no sir."
'twas in the adriatic,
where the water's almost static,
the rise and fall of arse and ball,
was almost automatic.
the ship's cat's name was hippy,
his hole was black and shitty,
but shit or not it had a twat,
the captain showed no pity.
so now we end this serial,
through sheer lack of material,
we wish you luck and freedom from
diseases venereal.
TPC
Tudo isto para introduzir o tema do meu tpc
Quais são os vossos sabores preferidos? E quais aqueles que não suportam?
E que tal partilhar a receita do vosso prato preferido?
Entretanto, e já desde há mais de 15 dias, entrei em conflito com uma pessoa do meu serviço, um superior hierárquico... Essencialmente, diz respeito à aplicação de normas internas e da eventual ilegalidade destas normas. Tem sido um jogo de nervos diário, um frequente trocar de palavras duras e um braço-de-ferro crescente que já mete instâncias superiores. E, um pouco inesperadamente, este conflito tomou maiores porporções e já envolve o futuro imediato do Serviço.
Enfim, espera-se uma decisão para esta semana. Ou seja, continuo em espera!
Talvez por isso, esta semana, decidi dedicar-me à jardinagem e meter o pequeno quintal na ordem. Tem sido uma luta dura e estou a levar a minha avante. Não sem mazelas... tenho o corpino todo dorido e as mão cheias de bolhas e calos. Mas vale a pena, acho!
PP: Atenção ppl... hoje joga o Benfica e o Arsenal. Não percam!
continuando pelos mares do sul...
retornando à cold cow, estavamos nós ontem a ver os diversos tipos de shanties quando fui chamado às lides domesticas que isto de ser gajo já não é o que era...
os capsan shanties são, por excelência os cantos de içar âncora.
o trabalho consistia em puxar as grossas correntes e enrola-las com os marinheiros a andar em círculos à volta do eixo de suporte.
os capsan são shanties mais suaves que os correspondentes a outros trabalhos, uma vez que não é necessário ajudar a puxar de repente.
não têm, por isso, as tradicionais interjeições nos momentos de conjungar esforços.
distinguem-se por terem uma parte inteira de 'coro' a seguir à tradicional parte de canto e resposta.
i was broke and out of a job in the city of london
I went down to Shadwell docks to get a ship
paddy get back take in the slack
heave away the capstan, heave a pawl heave a pawl
'bout ship and stations and be handy
rise tacks and sheets and mainsails haul
existe ainda uma categoria de cantos de trabalho de que, estranhamente, só se conhece uma canção: os bunt shanties
os bunt shanties ajudavam o trabalho de subir os botes quando os barcos estavam nos portos, ou quando o mar estava muito agitado e era mais avisado tê-los por perto.
era um trabalho muito rápido e que não exigia muito esforço....
o único exemplo conhecido dum bunt shanty é o paddy doyle's boots
yes, aye, and we'll haul, aye,
to pay paddy doyle for his boots
we'll taughten the bunt, and we'll furl aye,
and pay paddy doyle for his boots.
yeo, aye, and we'll sing aye,
to pay paddy doyle for his boots
we'll bunt up the sail with a fling aye,
and pay paddy doyle for his boots!
acabada a secção dos cantos de trabalho, aparecem os cantos de ócio.
é nesta secção que aparecem os shanties agora conhecidos por baladas e outros nomes parecidos.
são fundamentalmente estes que agora são conhecidos nas vozes de cantores/as folk
estes shanties dividem-se basicamente em duas categorias: os ceremonial shanties e os forecastle ou forebitters.
os ceremonial shanties destinavam-se a comemorar passagens geográficas importantes, como a linha do equador ou algum cabo mais propenso a misticismos, ou algum feito importante para um marinheiro, como pagar uma dívida ao capitão do navio.
os forecastle eram as canções cantadas pelos marinheiros no quarto de turno de vigia e que, por terem os companheiros a dormir, por estarem sózinhos à noite ou pela melancolia lunar, eram normalmente canções que contavam ou histórias amorosas, viagens excepcionais, ou grandes feitos.
'twas on a monday morning, all in the month of may
our ship she weighed up anchor all for to sail away
the wind it from the southwest blew, for lisbon we were bound
the hills and dales were covered with pretty young girls around
estas são as categorias mais ou menos assentes por toda a gente para dividir os milhares de shanties conhecidos.
a forma como estão 'catalogados' é imprecisa, uma vez que uma canção podia servir para outra tarefa alterando-lhe o ritmo, mudando a letra, fazendo misturas.
há no entanto uma regra básica: as canções que falavam de grandes viagens, lugares exóticos ou grandes batalhas, só eram cantadas na viagem de ida..
na viagem de regresso, os temas eram as saudades de casa, das amadas, ou da alegria de ter acabado.
shanties como 'leave her, johnny leave her, só podia ser cantada mesmo quando estavam prestes a abandonar o navio...
outra questão assente é a importância do 'shantyman' no navio:
eram disputados e mais bem pagos que os outros marinheiros pela sua importância no apoio às tarefas diárias.
amanhã vamos aos discos....
25 de setembro de 2006
a propósito dos 'piratas das caraíbas' e do renascimento dos shanties... aqui começa a semana dos ditos
os shanties (ou chantey, da sua origem francesa 'chanter') eram os cantos de trabalho dos marinheiros britânicos desde, pelo menos, o século 15 até começos do século 20, onde desaparecem com o desaparecimento dos vapores tradicionais.
grosso modo, os 'estilos' de shanties dividem-se de acordo com a sua utilidade, como qualquer canção de trabalho.
os halyard (também conhecidos por long-haul ou long drag), short-drag, stamp-'n-go, pumping, capsan ou sweating-up shanties funcionavam como auxiliares das tarefas dentro dos barcos.
os cerimonial shanties ou os forecastle tinham outras funções não directamente ligadas ao trabalho e mais aos momentos de pausas.
os halyard eram usados para tarefas repetitivas que necessitavam um ritmo que ajudasse a função de puxar cabos, içar âncoras e outras parecidas.
o esquema é simples: o 'shantyman' canta uma frase de dois versos e todos respondem num coro de interjeições ou frase curta
oh, tommy's gone, what shall I do?
hilo, hilo! (ou waydown hilo, noutras versões)
tommy's gone, and i'll go too,
tom's gone to hilo!
os short-drag (também conhecidos por short-haul ou sheet) eram cantados para ajudar os trabalhos que necessitavam simultâneamente rapidez e muita força.
eram cantados pela generalidade dos marinheiros em trabalho e sem 'shantyman', mas com uma grande tónica numa palavra curta que coincidia com o momento de grande força
haul on the bowline
kitty she’s my darling
haul on the bowline, bowline
HAUL!
os stamp-'n-go eram cantados apenas em barcos grandes e com grandes tribulações. destinavam-se a ajudar nos trabalhos que implicavam longas deslocações pelo convés do navio e tinham 'coros' mais longos que o canto introdutório
(oh) a drop of nelson's blood wouldn't do us any harm
so we'll roll the old chariot along and we'll roll the golden chariot along
so we'll roll the old chariot along and we'll all hang on behind
(oh) a drop of nelson's blood wouldn't do us any harm(repete coro, e por aí fora etc...)
os pumping eram para a parte mais chata da coisa: bombear a água dos porões.
como imaginam, os porões serviam para tudo e mais alguma coisa. e nesse mais alguma coisa estavam algumas coisas bastante mal cheirosas. como se não bastassem as salmoras meses fechadas e abafadas.
mas os pumping também existiam para ajudar na lavagem do covés.. e aí a coisa era bem mais alegre.
o mais famoso exemplo dum pumping shanty é o da última lavagem após a chegada ao porto...
the winds were foul, the trip was long
leave her, johnny leave her
but before we go we’ll sing this song
(and) It’s time for us to leave her
o meu preferido é um pumping que, curiosamente não foi nada popular durante a sua 'vida útil' mas muito famoso nos circulos 'folk' britânicos dos anos 70.
seguramente um shanty destinado a acompanhar as limpezas de porões: é triste, melancólico e nada o estilo fanfarrão dos shanties. fala de amores perdidos pela morte...
i dreamed, i dreamed the other night
lowlands, lowlands away my dear
i dreamed i saw my own true love, lowlands
lowands away...até que percebeu que o 'seagreen with waves in her hair' significava que ela tinha morrido enquanto ele estava ali no barco...
linda de morrer... diria eu que não sou nada exagerado...
amanhã haverá mais shanties que a coisa afinal promete ser longa
24 de setembro de 2006
Em dois minutos
Afiada, fria…
Nem sangue nos pulsos
Nem alma para ferir…
Largo-me junto a um zero
A um nada... a um abismo
Tentador abismo
Estende sua grandeza
Perante meu olhar fechado…
O que chora ou o que não quer chorar?…
Não sei…
Mas sei da firmeza do chamamento
Que há uma vida finjo não ouvir…
Procuro raízes nos pés
Mas um incêndio queimou o campo onde colhia o pão…
O vento sopra forte em mim…
Sinto-me abanar…
Grilhões desenham gritos nas pernas…
E enlouqueço…
Sinto-me livre, em queda
Nos braços do nada
Sentindo no rosto
Melodias do sonho que não cheguei a viver…
Vejo o pôr-do-sol cada vez mais perto…
Resta-me escolher a parte do corpo
Para o primeiro impacto…
A cabeça talvez não…
Preciso de um último pensamento
Antes que a luz se apague…
Alberto Pimenta
É um livro pequeno, que já tive em várias edições. Cada vez que o leio(tenho-o na casa de banho no banquinho dos livros de que gosto de saborear aos bocados) encontro-lhe algo de novo. Esta edição é propícia a isso, com uma fitinha vermelha, para assinalar melhor aquilo que considerámos mais verdadeiro. O anjinho da capa dá-lhe um je ne sais quoi que valoriza muito um livro do tamanho da palma da mão.
Vou só deixar-vos com uma citação que, para mim, define exemplarmente os filhos da puta que já conheci na vida.
Assim entre nós, estimados compatriotas, o filho-da-puta não existe em maior ou menor número que outros lugares; não, estimados compatriotas, não haja ilusões. Sucede apenas que o filho-da-puta nacional tem os seus hábitos e modos próprios. Um bocadinho triste, apagado, cansado, muito queixoso, muito lamentoso, vaidoso mas satisfeito com pouco, muito hipócrita e, coisa curiosa, ao mesmo tempo ordinário e delicado, muito ordinário e muito delicado, muito muito ordinário e muito muito delicado.
(esta última ideia é mesmo assim...li e pensei é isto!)
23 de setembro de 2006
TPC cheiroso...
-sopa de alho francês;
-café com leite ;
-da pele do meu namorado quando transpira,
-maresia;
-da Baixa no Inverno;
-a caldo verde, sardinhas e manjerico;
-bolos quentes
-dos petiscos da minha mãe;
-de roupa acabadinha de lavar;
-baunilha e côcô;
-dos livros;
-verniz, batôns e gasolina;
-do meu perfume;
-bibliotecas e perfumarias;
-persil, xampa e sabão natural;
Gosto de tantos cheiros...gosto de cheirar
Não gosto do cheiro
-favas;
-cozido à portuguesa;
-batatas fritas;
-chuva e queimadas;
-merda, peixe e vomitado,
-do meu trabalho mistura de eter com desinfectante;
-do autocarro 45 seja de manhã ou à tarde;
-cigarros, cerveja e a mofo;
-roupa suja, mau hálito e pés sujos.
Morgaine
Parabéns à Maria
Desconfio que ela estava assim a espreitar da barriga da J e a ver se o mundo lhe apetecia. Pelos vistos apeteceu e é uma gostadora praticante.
Parabéns sobrinhos pais e sobrinha filha, avós, tios e primos babados.
E um beijo especial à Beatriz priminha da Errezinha, que também hoje faz um ano! Força mulherio!!
Arrasem com os moços da vossa idade:)
22 de setembro de 2006
aux marches du palais, romances & complaintes de la france d'autrefois
o que pretendem, é fazer com os conhecimentos técnicos e históricos que possuímos no século xxi, tratar o legado musical ligado à história do hexágono a que agora chamamos frança e dos povos que o habitaram durante séculos.
esta pequena delícia
vai buscar, desde canções ainda hoje cantadas pelas crianças francesas ('en passant por la lorraine', aqui na harmonização de arcadelt) até canções recolhidas nos campos do béarn já este século.
pelo meio muita música dos séculos xv a xix tocada com sanfona, gaita de foles, corneto, viola barroca, flautim, percussão e 3 as vozes absolutamente magníficas de claire lefilliâtre, serge goubioud e marco horvat.
algumas canções lembram as famosas 'chants à dance et à repondre' uma espécie de canções cantadas alternadamente por dois cantores que vão desfiando a mesma história (não se trata de cantar ao desafio, mas sim de cantar em alternância), outras não escondem as influências da música litúrgica dos finais da idade média (ou o mais provável, que foi esta que influenciou a litúrgica e não o contrário), outras ainda com as belas harmonizações tradicionais a 'abrir' os acordes com o canto.
este é um excelente disco
... e ainda por cima a um preço pornograficamente barato, se comparado com quaisquer outros discos acabados de lançar.
comprem-no,
ou, pelo menos, oiçam-no.
merece o tempo que lhe dispensarem.
Cheiros
do fumo das castanhas assadas no inverno, do Hugo ao acordar, da maresia em Lisboa quando o tempo vai mudar para húmido, de livros novos e lençois lavados, a tinta fresca, a cera nos soalhos, do meu cabelo lavadinho.
Não gosto do cheiro:
a fritos (especialmente de manhã), a comida entranhado na roupa, de alguns perfumes que eu chamo "cheiro a puta velha", dos fumos dos escapes, a peixe nas mãos, de algumas pessoas no autocarro, do meu suor, a naftalina.
o pénis do morto
conta-nos o 'the guardian' de segunda-feira uma história assim a modos que semelhante.
recentemente, o hospital de guangzhou, na china, realizou o primeiro transplante de pénis a um homem, que viu o seu original amputado para 1 cm, na sequência de um acidente.
o dito cidadão chinês tinha ficado impossibilitado de fazer a coisa mais importante que o pénis é chamado a fazer: urinar (não é nada disso que estavam a pensar, embora para isso também o préstimo fosse nulo.
depois duma complexa cirurgia de 15 horas, com multiplas ligações de nervos, veias, músculos, canais, pele e outras coisas que existem por ali, o dito cidadão pode ver o residual 1cm aumentado de mais 10cm, coisa que para a média chinesa é uma coisa perfeitamente aceitavel (como se sabe, estatísticamente, os asiáticos estão no fundo da cadeia da dimensão peniana).
ainda estava a equipa do doutor weilie hu ufana de tão grandioso feito (tudo o que se tinha feito até então era o reimplante do próprio pénis), quando o homem regressa ao hospital a pedir que lhe cortassem de novo o apêndice peniano.
parece que a mulher não queria fazer sexo com um pénis dum morto;
queixava-se o chinês que, sendo inútil o apêndice, também lhe parecia desconfortavel estar a tocar o pénis de outro.
não contando o 'the guardian' como o chinês voltou a urinar, teremos que esperar por outubro para que a 'european urology' nos elucide sobre tão magna questão.
parabéns aos pais!!!
israel quer tanto a paz, como eu quero que o benfica ganhe o campeonato...
o governo do senhor ehud olmert abriu esta semana o seu maior concurso público para construção de novas casas em três colonatos israelitas em território palestiniano.
nos últimos 2 anos, o estado de israel tinha autorizado a construção de cerca de 2 200 casas.
de acordo com o acordo celebrado com os estados unidos, união europeia, russia e nações unidas, tinha-se comprometido a parar com os licenciamentos a fim de cumprir o 'roteiro para a paz'
esta semana autorizou 164 novas casas e juntar às 952 que já tinha autorizado este ano.
do ponto de vista da legislação internacional, é como se o governo português andasse a licenciar obras em cáceres, ou sevilha.
do ponto de vista da vida de quem mora na cijordânia, é um insulto atroz.
e mais 164 achas para a fogueira....
foi você que pediu um pano encharcado?
de acordo com as declarações do ministro da saúde, passarão a ser aplicadas taxas 'moderadoras' nas cirurgias e internamentos nos hospitais públicos.
pretende o senhor ministro, com esta medida, moderar o acesso dos portugueses às cirurgias e internamentos.
não posso estar mais de acordo!!!
temos que acabar com a falta de civismo daqueles, que não tendo nada que fazer, decidem amputar uma perna no hospital de santa maria.
ou os que decidem, como actividade radical, passar a viver com menos meio pulmão, sem um rim e meio fígado.
esta medida procurar igualmente acabar com aqueles que, por não haver vagas nos hoteis ou nas pousadas da juventude, se decidem por um internamento desnecessário em são josé.
aplaudo a quatro patas a decisão do senhor ministro!!!
há que moderar o recurso às cirurgias e à auto-amputação dos portugueses!!!!
para defesa da indústria hoteleira, acabemos com as férias em hospitais públicos !!!!!
caro senhor ministro... foi você que pediu um pano encharcado???
21 de setembro de 2006
Voice Mail
Meio conto, 2,5 euros, portanto!
Nesta azáfama quotidiana tinham caído já o Joaquim e a Margarida, dois jovens estudantes de jardinagem que nunca se tinham visto, havendo até grandes probabilidades de nunca se conhecerem. O Joaquim morava num 9.º andar da Rua de S. Lucas com uma vista magnífica para o quarto da D. Alexandra, senhora de 33 anos que morava sozinha desde que o marido, que era gestor de empresas, fugira com o rabo à seringa para não levar o reforço do tétano. Não tenho mais dados sobre a Margarida, pelo que ela não entra mais nesta pequena história. O Joaquim trabalhava por cima do senhor Lopes da frutaria onde os três ucranianos que passaram por mim, falando qualquer coisa entre eles acerca das azeitonas do Lidl, costumavam ir comprar pêssegos de roer.
Esta história não está a correr bem. Falta-me um fio de lógica. Vou até ao Ikea ver se compro um.
Vou apagar tudo e recomeçar…
Cheiros
Praia às oito da manhã
Árvores em dias de Outono
Gasolina
Cachimbo
Pele humana
Incenso Arruda
Caracóis
Sonasol verde
Cheira-me mal:
Um perfume Ralph Lauren de que não me lembro o nome
Cigarros
Bairro Alto
Minhas mãos com cheiro a qualquer coisa que não seja sabonete
Whisky
gosto:
do cheiro a sexo! aquela mix de cheiros salgados, doces, ácidos que ficam no ar;
do cheiro da terra após uma chuvada no Verão;
do cheiro da praia nos dias de ondas;
do cheiro de uma feijoada bem apurada;
do cheiro dos bolos acabados de fazer;
do cheiro de alguns livros de BD.
não gosto:
do cheiro dos cigarros;
do cheiro a sabão;
do cheiro de uma sala sempre fechada;
do cheiro do cabedal novo;
do cheiro dos bairros ligados ao narcotráfico (sempre me enojou o cheiro nauseabundo do casal ventoso & da quinta das marianas);
do cheiro dos hospitais.
Perfuma-se cuidadosamente um quimono
Sei Shonagon
cheiros
Gosto muito do cheiro a pão acabado de cozer, e do cheiro fumegante do café quente, são dois dos cheiros ligados à cozinha que mais me são apelativos.
Gosto do cheiro dos livros.
Gosto do cheiro a casa, é o cheiro mais confortável do mundo, o cheiro da minha casa.
Gosto do cheiro a cola.
Gosto muito do cheiro de certas flores e arbustos, e do cheiro a fruta.
este post devia ter cheiro.
Cheiros
Também gosto do cheiro a tinta e a diluente
(cheiros de infância)
não gosto do cheiro a carro
não gosto do cheiro a cabedal
não gosto de carros com estofos de cabedal
Daí as minhas opções políticas...
Para condizerem com o gosto olfactivo
Os cheiros sem perfume
Os cheiros para mim definem muita coisa. Há pessoas que cheiram sempre a fechado e a guardado. Tipo precisarem de arejar. A camisola de lã húmida guardada antes de tempo.
Não, não é o cheiro da naftalina: essa saboreio sempre com um grande sorriso, quando vou a uma estreia qualquer ,num sítio mais elaborado. A naftalina inspira-me ternura, ao imaginar roupa cuidadosa e por muito tempo guardada. Também me incita, quando a inspiro, a imensos espirros.
Outro cheiro: o das escolas. Quando vou a escolas sinto sempre o cheiro das crianças, da roupa espalhada em milhentos cabides, o cheiro dos lápis, do esforço, do ginásio, aquele cheiro que é o cheiro das escolas. Conhecem.
O dos hospitais inspira-me arrepio. Cheira-me sempre a lixívia. E a medo. O cheiro a febre é rançoso. Como a manteiga invalidada pelo tempo.
Há o cheiro dos sem abrigo. E das casas, dos que desistiram de viver. Para esses cheiros é preciso muita saúde. Mas estou habituada. Respiração abdominal.
Há pessoas que transformam um perfume numa sensação quase nirvânica. Outras parecem transformá-lo numa coisa incomodativa.
Cada pessoa tem o seu cheiro de pele. E das outras coisas também.Alguns sabem bem, outros sabem mal. Esses degustam-se ou repelem o outro. Gosto dos cheiros que se trocam nos enrodilhados das roupas de cama. Cheira a sopa chinesa e a ostras. Cheira a alimentício. Cheira a estar bem.
Cheiro a tabaco requentado é péssimo. Nas pessoas e na casa. Como o cheiro dos copos da noite anterior . Enjoam. Arejar e lavar a correr.
Cheiro a livros novos e velhos é cheiro bom. Até corro para ele.
Gosto do bom cheiro do sabão do Alep e do de Marselha. Do cheiro a lençóis lavados. Do cheiro a torradas e a café acabado de fazer. De sentir o cheiro da pequenina tubaroa quando chega, à cata de bolachas. Do cheiro dos abraços bons das pessoas de quem gostamos.
De cheirar a minha almofada e sentir é a minha cama e vou dormir.
Enroscar e já está. E gosto do cheiro dos meus gatos que sabem a quente e a mimo.
(acrescentar cheiro a terra ensopada de água,cheiro a noite e a lua a pairar, cheiro a mar, cheiro a sopinha da mãe, ai tantos cheiros que faltam)
TPC
É fundamental, sim senhora.
Pouco a ver:
Agora ando viciado em comer acido citrico. Dá uma sensação passante! Também dá para fazer bombas...
Cheiros:TPC
Eu acho fundamental esta questão.
Cada vez mais o cheiro me mexe com o cérebro e o coração:)
20 de setembro de 2006
Pequeno anúncio
19 de setembro de 2006
a questão das scuts e o desenvolvimento económico
há uns meses (lá pelo ano passado..) foi aqui discutida a questão de saber se seria mais útil aplicar o principio do utilizador-pagador nas auto estradas do interior ou se o estado devia suportar esse esforço de aproximação do país ao país dando maior competitividade e melhor qualidade de vida áqueles que teimosamente insistem em manter o país habitado na sua totalidade.
os economistas marvão pereira e jorge andraz acabam de publicar um estudo sobre as 7 scuts existentes no país.
de acordo com o referido estudo cada milhão de euros investido nas scuts rende, a 30 anos, um aumento do produto interno bruto de 18 milhões.
mesmo relativamente ao famoso défice, o custo de 7 195 milhões de euros gerou receitas fiscais no valor de 8 996 euros.
aliás, isto reforça a posição do deputado do psd que mais defendeu o principio do utilizador-pagador, mas que na sua caldas da rainha exigiu e conseguiu manter isenção de portagens no troço desta que atravessa a república da pera rocha utilizando como argumento a defesa da economia da região.
para mim a questão sempre foi muito clara: boas (seguras e rápidas) vias de comunicação a atravessar o país, contribuem para o seu desenvolvimento, baixam os custos de produção, aumentam a competitividade, aumentam a riqueza (e logo as receitas fiscais).
só a cegueira política não consegue ver isto
(e já não estou a falar na poupança de vidas... que a vida não tem preço)
Aperto de mãos
- Eu estou bem e tu?
- Eu também estou bem e tu como vais?
- Eu vou bem e tu estás fino?
- Eu estou fino e tu como tens passado?
- Eu tenho passado bem e tu aguentas-te?
- Eu aguento-me e tu, tudo fixe contigo?
- Comigo tudo fixe e tu andas bem?
- Eu ando bem e tu, na boa?
- Na boa e tu, na maior?
- Na maior e tu, tranquilo?
- Tranquilo e tu, tudo em cima?
- Tudo em cima e tu estás bom?
- Estou bom e tu, tudo controlado?
- Tudo controlado e tu estás porreiro?
- Eu estou porreiro e tu, vais andando?
- Vou andando sim, xau.
- Xau.
às vezes, muito raramente, dá vontade de voltar a ser católica apostólica romana
Mas domingo encantei-me com o Frei Bento Domingos e achei vergonhosa a forma como lhe foi cortada a palavra. Foi exactamente isso que o post do carlos me fez recordar e digerir de outra forma.É o serviço público do carlos como diz o Azinho. Faz-nos remoer as questões.
E a deambular pelo primo google, deslizei num escrito do dito Frei. Tem uns anos, mas gostei tanto de o ler.
Fez-me lembrar os padres novos do antes do 25 de Abril. Os que pensavam e exerciam a sua inteligência a par da fé. É um texto com seis anos, mas de actualidade tão evidente...
"Que fizeste do teu Deus?
Que fizeste do teu Deus? Que fizeste do teu irmão?
Artigo de Frei Bento Domingues, publicado no jornal Correio da Manhã de 2001/09/28
1. Nenhum povo tem o monopólio do sofrimento humano. As tragédias étnicas não são mensuráveis. Como diz A. Safieh: “Se eu fosse um judeu ou um cigano, a barbárie nazi seria o acontecimento mais atroz da história. Se fosse um negro africano, esse acontecimento seria a escravatura e o “apartheid”. Se fosse um americano nativo, seria a descoberta do Novo Mundo pelos exploradores e colonos europeus. Se eu fosse um arménio, seria o massacre praticado pelos otomanos. Se eu fosse um palestiniano, seria a Nqba/Catástrofe de 1848.”
Não existem filhos de um Deus maior e filhos de um Deus menor: Gosto muito, por isso, de uma pergunta divina, referida na Bíblia, nessa biblioteca onde nem tudo é recomendável: - “Que fizeste (ou vais fazer) ao teu irmão?” Génesis 4:1/16
É uma passagem admirável. Nela, irmão não se restringe ao membro da família, da etnia ou da nação. É uma forma como Deus pede contas de um ser humano a outro ser humano.
Invocar Deus para abençoar um povo contra outro ou contra outra pessoa é uma blasfémia. Invocá-lo para exercer vingança sobre uma pessoa, um povo ou uma cultura é sacralizar o crime. Como diz Tomás de Aquino, Deus não pode ser directamente ofendido. É atingido quando agimos contra o bem das pessoas.
2. Simone Weil, uma filósofa judia, sugere que os Evangelhos, antes de serem uma teoria sobre Deus, são uma teoria sobre o homem. É o que também sustenta o antropólogo René Girad (Cf. “Je vois Satan tomber comme l’éclair”, Paris, Grasset, 1999). O Evangelho de Mateus 25:1/46 confirma essa tese. Antes de qualquer referência religiosa, é a atitude que se tem em relação a qualquer vítima – e não em relação às vítimas seleccionadas por critérios políticos, étnicos ou religiosos – que nos afasta ou aproxima de Deus e do seu reino.
Para René Girad, a preocupação com as vítimas – mesmo se, por vezes, não passa de uma grande comédia – é uma herança cristã. Nem a China dos mandarins, nem o Japão dos samurais, nem as Índias, nem as sociedades pré-colombianas, nem a Grécia, nem a Roma da República ou do Império, se importavam com as vítimas que, sem conta, sacrificavam aos deuses, à honra da pátria, à ambição dos conquistadores, pequenos ou grandes.
Nietzsche, no seu agudo anticristianismo, captou como poucos o contributo cristão para o reconhecimento da dignidade absoluta de cada ser humano: “No cristianismo, o indivíduo foi tomado tão sério, elevado a um ponto tão absoluto, que não era possível continuar a sacrificá-lo. Mas a espécie não sobrevive senão graças aos sacrifícios humanos... A verdadeira filantropia exige o sacrifício para o bem da espécie: é dura, obriga a se dominar a si mesma, porque tem necessidade do sacrifício humano. E esta pseudo-humanidade chamada cristianismo quer precisamente impor que ninguém seja sacrificado...”
3. Se não há várias espécies humanas, é tempo de nos ocuparmos, com inteligência, da humanidade de todos. A ONU, nas suas diversas instâncias, devia existir para garantir um mínimo de paz, liberdade, de justiça e de solidariedade no mundo. Se não funciona ou funciona mal, que seja reformada e prestigiada – e não esvaziada – para poder garantir uma nova ordem mundial baseada no direito e na procura da justiça para todos. Sem isso, viveremos segundo os interesses e o egoísmo dos mais poderosos e a ameaça terrorista dos mais frustrados.
Álvaro Vasconcelos, director do Instituto de Estudos Estratégicos e Internacionais, escreveu um texto de ética política sobre “O mundo sem ordem” (Cf. Público, 19/9) que merece tornar-se uma peça de referência num momento em que a propaganda e demagogia tendem a substituir o discernimento.
Diz-se que a operação “Justiça Infinita” – uma designação que soa demasiado aos estúpidos “slogans” dos taliban – corre o perigo de continuar uma série de triste memória: Coreia, Vietname, Irão, Iraque, Somália, Líbano etc.
O que está provado é que a hegemonia militar, económica e cultural norte-americana – com grandes bases militares em 62 países – não basta para garantir a paz. Passadas as emoções do sobressalto actual perante o horror, não vai ser possível continuar a reunir o mundo em torno da bandeira do EUA e da sua política imperial.
O combate ao terrorismo disseminado será compatível com a multiplicação dos focos de guerra, de violência, de anarquia e de catástrofes humanitárias que a “Justiça Infinita” parece anunciar? E quem se vai lembrar de Angola, há mais de 25 anos entregue a todas as formas de guerra e de terrorismo, com diamantes e petróleo para pagar o renovamento do armamento e da corrupção?
O eurodeputado José Ribeiro e Castro teve o mérito de desencadear o processo da candidatura do bispo Zacarias Camuenho – um incansável lutador pela paz – ao prémio Sakharov 2001 do Parlamento Europeu. É fundamental apoiar esta voz de “Angola pela positiva”.
Tentarei mostrar o que isto significa, o que implica e o que exige. Dentro e fora de Angola.
Frei Bento Domingues"
faranaz keshavjee
nos últimos dias tenho ouvido e lido esta senhora com um interesse redobrado.
grosso modo, quando mais a leio, mais gosto do que leio.
faranaz keshavjee é, religiosamente, uma muçulmana shiita ismaelita que, a propósito da palestra do papa bento xvi, na sua ex-universidade alemã tem colocado alguma luz sobre o assunto.
o seu artigo no público de ontem é uma peça a estudar cuidadosamente.
além de uma fonte muito interessante de informações históricas, com as suas opiniões sobre a tolerância religiosa; o dever da não separação da espiritualidade do sujeito da sua contribuição para um mundo melhor; a fé como estimulo para fomentar a razão, faranaz keshavjee faz uma lamento pela irracionalidade das criticas de alguns muçulmanos à palestra do papa, justificando-as com a não leitura do texto, a sua não compreensão, ou a pura má fé.
esta contribuição de faranaz keshavjee, tal como a de frei bento domingues no domingo na rtp1, onde foi interrompido abruptamente pela entrevistadora por não estar apenas a acusar os muçulmanos de toda a intolerância religiosa e lembrar que de guerras santas está o antigo testamento cheio.... e é a bíblia sagrada, são exemplos a louvar e estudar com a atenção que o assunto nos deve merecer a todos: ateus, ou crentes
Interregno
Mas nem é por isso que aqui tenho escrito menos, a verdadeira razão é bem mais simples. Estou num processo de compra de um computador novo e a transferir os arquivos do disco antigo. Assim, e durante mais 2 ou 3 dias, vou-me manter essencialmente off-line. Espero eu... porque, entretanto, aproveitei para pedir uma passagem de linha RDIS a linha analógia (e manter o ADSL) e estou a ver que a coisa é complicada; faxes, fotocópias do BI, migrações em curso, blá-blá... mais uma semanita... Vamos lá ver quanto tempo demora!
Mas vai valer a pena: o novo computador é um XP, como diz o Manel. É que eu tinha um velhito Pentim III com um dos últimos Windows 98/Office 97 do mundo a correr!
de regresso a casa apeteceu-me muito ouvir isto (vá-se lá saber porquê...)
vinha de caminho de uma reunião em lisboa e, assim sem razão aparente, apeteceu-me ir à procura deste disco
para o ouvir durante a hora de almoço.
'tendência para a auto-flagelação', dirão alguns.
'vontade de ouvir alguém a cantar com as entranhas', diria eu
este é o album mais seco e duro da carreira da rickie lee jones (que não é propriamente conhecida por fazer albuns fáceis...)
resultado de concertos acústicos, a solo de guitarra ou piano (apenas em duas musicas tem mais o baixo de rob wasserman),'naked songs' é um disco de canções nuas e cruas.
despidas de ornamentos, mas cheias de entranhas a sair com a voz.
um disco para matar saudades aos felizardos que tiveram a oportunidade de a escutar naquele memorável concerto da aula magna em janeiro de 2000.
o ultimo disco possível de escutar como 'ruido de fundo' seja onde for.
um muito, mas muito bom disco.
Blog visitante
Don't burn the flag. Wash it!
Actualizem o endereço do blogame mucho
Por motivos alheios à nossa vontade (mas não, eventualmente, à nossa
incompetência) fomos forçados a mudar de endereço.
Agora é este: http://www.chumo.blogspot.com/
Se quiserem fazer-nos duas graças, não podendo prometer-vos para mais tarde
o reino dos céus, ficar-vos-emos gratos.
As graças que pedimos são as que seguem:
1 - Actualizem o nosso endereço na vossa lista, se for o caso de já nos
terem lá, para poderem beneficiar dos nossos ensinamentos e outros
etecétaras em que somos pródigos.
2 - Se quiserem proporcionar-nos um breve momento de deleite - como são
breves, os deleites! - refiram-nos nas páginas do vosso blogue, com o novo
endereço.
Muito gratos.
Um abraço e muitíssimo obrigados.
A equipa do blogame,
Lolita, Besugo, Alonso (e Stkaneko - esse, como sabem, nunca se sabemos)"
(email recebido pelo Dias. Já actualizei o link)
Estado e Igreja
Caro/a amigo/a ......
Perante as notícias recentemente vindas a público (noticiários da SIC)*, a associação cívica República e Laicidade entendeu por bem distribuir o seguinte:
COMUNICADO
É com a maior preocupação que a associação cívica República e Laicidade (R&L) regista aqui o facto grave de, uma vez mais, o princípio da não confessionalidade das cerimónias oficiais do Estado ter sido violado.
Desta vez, a situação ocorreu, no passado dia12, numa freguesia rural do Concelho de Faro, durante o acto oficial de inauguração de uma nova escola pública: a cerimónia, presidida pelo Primeiro Ministro da República e onde, entre outras individualidades oficiais, também participou a Ministra da Educação, envolveu a bênção católica das instalações (cf. reportagem nos noticiários da SIC).
Este facto é tanto mais grave quanto é recente a criação da legislação que esclarece os termos, assumidamente não confessionais, por que se deve reger o protocolo do Estado – uma legislação que surgiu, aliás, na sequência de um reparo da associação R&L – e ainda pelo facto de ser o próprio Governo da República, ao seu mais alto nível, a vir dar ao país um péssimo exemplo da sua não aplicação.
14/set/2006 Luis Mateus (presidente) Ricardo Alves (secretário)
* http://xl.sapo.pt/?play=/MTE1ODA5Mjk0Mw==/MjAwNjA5MTJfcHJlbWlv/YzcwZjU2ZDA2Mzc0M2RlOTMwYmI5NjY2M2NmNmExMWQ=
18 de setembro de 2006
Para o Pipinho!
As well as lending its name to Britain’s favorite dish,a TIKKA is a mark made on the forehead during Indian marriages.
Tikka Gold and curry are a match made in heaven, the perfect partnership of Indian creativity and Belgian brewing know-how, blending the right amount of rice with the perfect balance of malts, hops and spring water, gives the beer its distinctive golden color and bouquet. The perfect partnership of
Enjoy Tikka Gold cold to extinguish the fire and refresh the palate.
A few symbols explained:1. The Taj Mahal is one of the wonders of the world and was built as a monument of love.2. The design under Tikka Gold on the label symbolizes the ingredients of the beer.3. The position of the hands are a sign of Welcome.4. The Oil lamp under the hands is a symbol of energy.
While he was creating the beer, Roy had a dream, an almost biblical prophesy. ‘In my dream, I had realized my ambition,’ he smiles. ‘We had our beer and it was a success. On the label were the words “Tikka Gold”. At breakfast, I was deep in thought. My wife noticed and asked if I was OK. I told her about my dream, assuming she would keep it to herself. She works in a firm of stockbrokers, and she told her colleagues. They said: ‘It’s a brilliant name, tell Roy to go for it.” He did.
Mal acompanhado
"Às vezes, no desespero da noite
Eu fico imaginando vocês dois
Eu fico ali sonhando acordado, juntando
O antes, o agora e o depois
Por que você não vem me apertar?
Por que você só cola no vizinho?
Tô me sentindo muito sozinho!
Não sou mas queria ser o seu dono
É que uma tareia às vezes fazia-lhe bem
Você tem seus segredos e gajos secretos
E só se abre pra eles e pra uma data de gente
Você sai para comprar pão e some?
E se você engravidar de alguém?
E depois, de repente, eu sou "pai"?
Você é uma bosta
É pura como a água turva
Fala que me ama
Só que é da boca pra fora
Sei que você me engana
E nem preciso perguntar
Onde está você agora?
Está ali no lado
Tou ouvindo você gemer
Fala que tem chama
Só que não é na nossa cama
Sei que você me engana
E nem preciso perguntar
Onde está você agora?"
Dias de olhar para dentro
Até agora não está a custar nada.
Talvez por me sentir realmente bem. Não sou muito de mariquices de coisas de saúde, geralmente tento obviar encontros médicos salvo com os amigos, espero sempre que passe até uma outra ocasião.
Ao falar hoje com uma outra amiga que está num impasse um bocado chato, ela dizia-me com o seu bom senso alentejano e pragmático " Começam estas ideias de morte. E eu não quero nada morrer."
Não queremos morrer e não queremos estar doentes.
Queremos estar vivos ...mas com muita qualidade !
17 de setembro de 2006
Wanted
A história d´O
Sempre me interroguei quem seria a tal de Pauline Réage; um homem era a hipótese mais provável, pensava eu. E o livro seduziu-me tanto como me aterrorizou.
Reli mais tarde e pensei, aqui há toque de mulher. Porque há coisas sexualmente que só uma mulher sabe descrever. E porque até não são só sexuais, são fundamentadas numa imensa energia amorosa.
Há anos li que a verdadeira autora era uma senhora chamada Dominique Aury. E quando vi há dias na Amazon o anúncio da biografia dela, claro que a comprei.
Não fazia ideia que fosse uma figura literária tão conceituada, militante da Resistência Francesa, sendo até a única mulher que fazia parte do grupo dos leitores da Gallimard e da NRF, que incluia figuras como a de Camus por exemplo.
Toda a vida escondeu o segredo do seu livro polémico, completamente hostilizado pelo governo francês. Vivia com os pais e o filho, muito sossegadamente, tendo num mundo paralelo uma imensa paixão, Jean Paulhan e algumas outras histórias amorosas.
A História d´o é dedicada a Paulhan. Porque, detrás daquela figura calma mas duma elegância sóbria existia um verdadeito turbilhão de vontade e de desejo.
É aos 86 anos que surpreende o mundo ao dizer " Eu sou Pauline Réage".Passaram muitos anos e a História d´ O é agora um clássico do erotismo.
Quatro anos depos morre em sua casa, rodeada de gatos e de cães em 1996.
Esta é a biografia que li: recomendo a quem quiser saber mais e não só sobre a Dominique mas sobre o período pós e durante Resistência, Brasilach, Aragon, Camus e muitos outros nomes.Está bem documentada e bem escrita.
Na foto Dominique e Paulhan...
Dominique Aury en 1996 (Jacques Sassier, Gallimard).
Retirada do blog: http://biodominiqueaury.blogspot.com/
15 de setembro de 2006
o 'diário íntimo' de luís amaro
obscuramente,
suportar sozinho
o peso dos sonhos
publicou a &etc o livro 'diário íntimo' de luís amaro.
a &etc tem o princípio editorial de nunca reeditar os livros por si publicados ou publicar os que já tenham sido editados por outros.
passando por cima desse príncípio apenas quebrado uma vez com a célebre reedição d'o bispo de beja', a &etc publicou agora o 'diário íntimo' de luís amaro, justificando-o com o amor e dedicação do autor às letras e aos autores delas.
este livro reune 'toda' a obra poética de um homem que toda a vida fez bem mais pelos livros dos outros do que pelo seu desejo de escrever.
nos anos na editora portugália (onde publicou em 49 o seu primeiro livro que neste volume está incluído), na revista árvore, na colóquio e em mais todas aquelas a quem deu a sua colaboração (távola redonda, seara nova..) luís amaro sempre foi de uma dedicação e entrega às obras dos outros.
essa entrega e reconhecimento está guardada para sempre nos arquivos da biblioteca nacional onde em dezenas de caixas foi sendo entregue ao longo dos anos todo o acervo epistolar de luis amaro com ruy belo, sena, régio, gaspar simões, vergílio ferreira, sebastião da gama e tantos outros. e imensos originais importantíssimos para conhecer melhor a obras de muitos dos nossos escritores e artistas.
depois de imensos anos sem se falar nele, o último mês tem sido pródigo em louvores a este homem que tem uma paixão pelos livros e pela escrita verdadeiramente notáveis.
há pessoas sobre as quais me é difícil falar.
principalmente quando essa pessoa é o nosso vizinho de baixo e nos cruzamos com ele todos os dias.
para aqui veio para fugir ao ruído do centro de queluz... e porque a sua casa já não tinha espaço para mais livros.
há uns tempos escrevi aqui sobre uma inundação em minha casa (que obrigou a substituir quase todo o soalho) e sobre a àgua que caía sobre o vizinho de baixo...
o vizinho de baixo é o sr. luís amaro (não me consigo imaginar a tratá-lo de outra forma que não por sr..).
o seu (e o meu) pânico de estragar parte da sua biblioteca e dos seus documentos.
felizmente uns largos plásticos evitaram que alguma coisa se estragasse.
mas até neste momento de angústia jamais ele alterou o ar tranquilo de quem a única coisa que deseja é que tudo fique bem no final.
a propósito da reedição do seu livro, não consigo falar da sua obra.
falo do homem.
e do notável exemplo de discrição que ele é.
quero o silêncio perfeito
onde a minha lembrança não abra rios de sangue
Oriana
Acho que este artigo sobre ela é muito esclarecedor, sobre a grande mulher que foi. Apesar das suas opiniões inflamadas. Ou por isso mesmo: num mundo em que as mulheres primam por serem cordatas, esta ousou ser uma autêntica arruaceira da opinião.
É uma dúvida que me perturba. Porque é que as mulheres têm tanto medo de exprimir as suas opiniões? de preferirem silêncios tranquilizantes? Porque não pelejam? Porque não escrevem? Porque medem tanto as chatices eventuais que provocarão ao dizerem o que pensam?
O primeiro livro que li dela foi aos quinze anos, salvo erro, chamava-se uma entrevista com a história. E devorei o calhamaço com toda a energia. Na época adorei.
A Oriana de fada nada tinha: era controversa, enérgica, agressiva, fácil de se odiar, com opiniões nada politicamente correctas.
Eu no entanto, sempre tive um fraquinho por ela e sei que certamente o jornalismo ficará mais pobrecom a sua morte.
Sim porque ela morreu, estou farta de ouvir dizer ela foi-se, ela desapareceu, ela não está entre nós, Deus levou-a....(tudo dito com ar etéreo e compungido).
As pessoas morrem e ponto final. Fica a memória e a obra.
Adeus Oriana.
A Festa
Nunca lá tinha ido. Nunca calhou. Por preguiça, desleixo, deixa andar ou o que fosse. E este ano lá fui até à Atalaia, guiado por mão carinhosa e conhecedora.
Chegámos ao fim da tarde de sexta feira. Entrada tranquila. Famílias, miudagem, primeiras imagens de heterogeneidade populacional e ideológica, fazendo conviver velhinhas alentejanas com piercings, mohawks e kaffiyehs. Sinais visíveis de uma organização bem sedimentada. Contam-me que de início havia muita poeira onde hoje há relva resistente. Filas valentes para a comida. Excelente início de festa com caldo verde e espetadas. Nos próximos dias, contudo, traremos sanduíches e beberemos a cerveja local.
Chegada perto das quatro da tarde. Calor de ananases. Primeiro objectivo, ver a prestação dos Contra3aixos, formação composta por três dos mais prestigiados contrabaixistas portugueses: Carlos Barreto, Carlos Bica e Zé Eduardo, o decano, figura de proa do contrabaixo de jazz europeu. Primeira decepção: a subtileza da música perde-se completamente no auditório, em que a malta continua a conversar animadamente, pouco ligando ao palco. Não assistimos à totalidade do concerto e retiramos.
Visita aos pavilhões temáticos. Exposições bem delineadas, com o profissionalismo a que o PC nos habituou, ainda que algo pesadas e a pedir actualização estética. Na área de Astronomia telescópios permitem aos passantes observar o sol e, mais tarde, a lua e as estrelas. Mais serviço público. No Café-Concerto diz-se poesia. Retenho uma frase: “tenho orgulho em ser um cidadão da União Soviética!” (ou algo semelhante) dita enfaticamente no final de um poema, sob aplausos entusiasmados dos assistentes. Não será a única manifestação da liturgia comunista a que assistirei. Assinaremos, entretanto, uma petição a favor da despenalização do aborto.
Hora do jantar a ver os Peatbog Faeries, um dos mais interessantes grupos escoceses de fusão celta e rock da actualidade (ainda por cima vindos da ilha de Skye, onde o superlativo Talisker é produzido...). Violino, gaita e pífaro virtuosos, pontuados por metais, guitarras e bateria, um som forte e tudo muito animado. À noite os Xutos, muito aguardados, trabalhando para uma massa enorme de convertidos que reconhecem cada música aos dois primeiros acordes da guitarra do Zé Pedro. Deram o concerto do costume. Noto que o João Cabeleira está a solar muito bem. O resto da banda competente, certinha e deixando os adeptos contentes. Fim de festa como já se sabe – tudo aos pulos e a dançar de roda. Falhei o Laurent Filipe e os Taraf de Haidouks e não devia.
Dia 3
Chegada cedo, perto das três da tarde, debaixo de uma torreira, com a finalidade de ver as Mawaca, de que o Carlos aqui nos falou entusiasticamente. Só percebemos que elas não vão aparecer depois de um belo concerto, metido no programa à pressão, da Filipa Pais (com um guitarrista espantoso mais bandolim e bateria). A ausência das Mawaca foi, para mim, a decepção da Festa.
Fogo de artifício (houve todas as noites) e o hino da Festa. Até eu saltei. Saída tranquila do espaço perto das onze da noite, que a ética comunista não esquece que amanhã, segunda feira, é dia de trabalho. À saída o porteiro despede-se: “Até para o ano, camarada!”.
14 de setembro de 2006
De regressos de férias
E quando abri o correio tinha um email duma amiga minha a A.R.
Engraçado que pensei em ir vê-la a Lagos e só não propus isso porque tinha deixado o contacto dela em Lisboa...
Fica aqui o link com a história que ela dedicou ao Vicente e à Mona.
Sabe muito bem ter miminhos destes quando se chega a casa.
Assim como gostei de ver o blog mexido.
Passo a informar que a Errezinha não foi levada pela tormenta em Ibiza e está bem. E o resto conto amanhâ que estou um bocadinho para o lado de lá, qualquer que ele seja.
Obrigada por tudo Pipinho:)
Num minuto
Diz-me...
Onde aprendeste a desenhar-te assim?...
As horas de te olhar...
Intermináveis...
Como o desejo de te sentir...
És tantas mulheres em ti...
Como seria possível não te amar?...
25/Janeiro/2005
joachim clemens fest (8dez1926-11set2006)
o mais importante historiador do reich ainda conseguiu acabar o seu último livro, 'eu não', em que volta a repetir o que toda a vida disse:
que jamais colaboraria com um regime como aquele.
fossem quais fossem as condições,
fosse qual fosse a repressão que ele produzisse.
joachim fest será sempre um exemplo para todos os que gostam da liberdade.
altura para ver o magnífico filme 'a queda', sobre os últimos dias da vida de hitler e do seu clã no bunker de berlim e baseado numa obra sua.
quinteto violado na casa da música !!!
o quinteto violado não é apenas um dos maiores e mais duradouros nomes da música brasileira. é também uma instituição que promove e divulga tudo o que de bom existe na música tradicional do brasil (especialmente no seu nordeste).
o seu empenho da divulgação dos 'cantos do semi-árido' tornou público nomes como a banda de pífaros de zabé da loca, os índios fulni-ô, a banda de leitão da carapuça, os cordelistas de poço redondo zé ailton e manoel belarmino, as cantadeiras do sisal, o sexteto de choros capibaribe, ou a missa do vaqueiro, um grande projecto destinado a divulgar esta celebração religiosa do interior pernambucano.
(quinteto violado no começo dos anos 70 com o grande gonzagão)
no começo dos anos 70 tropecei no seu primeiro disco.
tropecei mais tarde em outros deles e em alguns por eles editados (nomeadamente uma excelente colectânea de recolhas de música tradicional)
35 anos depois eles vão tocar ao porto... e eu não vou poder estar lá.
a vida não é justa.
12 de setembro de 2006
the gas we pass, ou a flatulência explicada às crianças
felizmente, talvez pela estranha apetência que o tema 'farts' tem para os americanos, há quem não ache que o assunto não deva ser publicado.
nos idos de '94, shinta cho publicou este pequeno livro onde explica a flatulência às crianças.
hilariante, dizem.
e educativo
'vou-lhe dar uma beijoca !!!'
'se não fosse eu....'
respondeu o rei dos electrodomésticos votantes.
mas que 'presumíveis corruptos' mais abichanados...
Steve Erwin
Fiquei fã e ainda vi mais um ou outro programa.
Li num jornal a notícia da sua morte. Morreu em "serviço".
Procurei no google a notícia.
Impressionou-me, que querem!!!!!...
11 de setembro de 2006
Terrorismo
No entanto, sabendo como são todos os politicos, o Bush esteve a cagar-se se morreram 3000 pessoas porque não lhe acertou no sitio onde doi.
Isto leva-me a concluir que os terroristas são idiotas. Petroleo é muito mais importante para o Bush e para a America que pessoas. Reparem que não é só para a America mas sim para o mundo inteiro, sem excepção.
Quantidade de petroleo produzida em 2004 (MMbbl/d = milhoes de barris por dia):
* Arabia Saudita (OPEC) - 10.37 MMbbl/d
* Russia - 9.27 MMbbl/d
* USA - 8.69 MMbbl/d
* Irao (OPEC) - 4.09 MMbbl/d
* Mexico - 3.83 MMbbl/d
* China - 3.62 MMbbl/d
* Noruega - 3.18 MMbbl/d
* Canada - 3.14 MMbbl/d
* Venezuela (OPEC) - 2.86 MMbbl/d
* Emirados Árabes Unidos (OPEC) - 2.76 MMbbl/d
* Kuwait (OPEC) - 2.51 MMbbl/d
* Nigeria (OPEC) - 2.51 MMbbl/d
* UK - 2.08 MMbbl/d
* Iraque (OPEC) - 2.03 MMbbl/d
Quem exportou mais em 2003:
* Arábia Saudita
* Rússia
* Noruega
* Iraque
* Emirados Árabes Unidos
* Venezuela
* Kuwait
* Nigéria
* México
* Argélia
* Líbia
* Irão
----------------------------------- ** ------------------------------------
Chamam-se oil pipelines a tubos gigantescos que transportam quantidades massivas de petroleo.
Na America existem 2 pipelines que interessam referenciar:
Lakehead Pipeline: 1.4 milhoes de barris por dia.
Trans-Alaska Pipeline System: 2.1 milhoes de barris por dia.
Cada um destes pipelines tem mais de 1500 km de extensão.
Não têm cercas à volta nem homens armados. Só passa um helicoptero a vigiar em cada 2 horas.
10 de setembro de 2006
8 de setembro de 2006
23anos
mas partilho convosco este espaço e merecem saber...
23 anos... tou mm velho PORRA!
Meninos e meninas
Por isso, nada de ordinarices nos comentários, façam-nas antes no conforto do vosso lar, na cadeira duma sala de cinema ou num descampado.
O meu conselho para este fim de semana: não há mal algum em levar pilhas a mais para os vibradores. Nunca se sabe quando vão ser necessárias.
Querido Dias (cont. ...)
De cabelo esticado parecia a Fátima Lopes, lembras-te do corte marado que ela tinha?!...
Ao natural parecia uma maluquinha que tinha fugido do cabeleireiro a meio do corte.
Solução?! Cortar o mal pela raiz...
Resumindo passei de uma farta cabeleira de caracóis, para o estilo Fátima Lopes (volto a referir: mas sem o corpinho da dita) e acabei na Meg Ryan
Moral da história, Querido Dias atenção às decisões tomadas logo pela manhã e de impulso ;-)