Gostei muito, embora hajam outros do mesmo autor mais ao meu gosto, como "O cemitério", "Talismã", "O iluminado". Mas este também guarda semelhança, porque fala de pessoas, de perdas, do amor e confiança que nasce entre aqueles que enfrentam os mesmos problemas (sejam eles quais forem), fala de união, dos heróis humanos, aqueles que se sacrificam para que outros não conheçam o mundo das sombras. Fala também dos medos, das angústias, dos sofrimentos... Acredito que, na verdade, o que dá o colorido não apenas a este, mas também a muitos livros de S.K. seja aquela dose de surrealismo, de fantástico, inacreditável, assustador, tão semelhantes aos nossos próprios e infundados medos, com que ele, sabiamente, permeia suas histórias. Por trás do bizarro que encontramos em suas obras, fazendo do livro algo entre encantador e assustador, há generosidade, amizades profundas, sacrifícios, superação. Mas ao leitor, uma dica minha, gostar ou não dos livros dele é sempre uma questão da maneira como você olha o livro. Aqui nos deparamos com duas escolhas: achar o livro horrível, medonho, ou enxergar nas entrelinhas e, acima de qualquer feiúra, dar de cara com a beleza que se econde no ser humano. Para mim, uma linda história.
SINOPSE: Um acidente terrível em um canteiro de obras arranca o braço e a mão direitos de Edgar Freemantle e embaralha sua memória e sua mente. A raiva é praticamente tudo o que lhe resta enquanto inicia sua penosa recuperação. O casamento que gerou duas filhas maravilhosas termina de repente e Edgar começa a desejar não ter sobrevivido às lesões que quase o mataram.
Seu psicólogo sugere uma "cura geográfica", uma nova vida longe das cidades gêmeas de Minneapolis-Saint Paul e da empresa que ele construiu do nada. E sugere que Edgar também retome o hábito de desenhar.
Ele troca, então, Minnesota por uma casa alugada em Duma Key, uma ilhota de beleza extraordinária e estranhamente subdesenvolvida na costa da Flórida. Lá, ele ouve o chamado do sol se pondo no Golfo do México e da maré chacoalhando as conchas na praia - e desenha.
Uma visita de Ilse, sua filha mais querida, o incentiva a abandonar a solidão. Ele encontra um amigo em Wireman - um homem que reluta em revelar suas próprias feridas - e, posteriormente, em Elizabeth Eastlake - uma idosa cujas raízes estão fincadas em Duma Key. Edgar passa a pintar - às vezes de modo febril -, e seu talento em combustão se revela tanto uma dádiva quanto uma arma. Muitos de seus quadros têm um poder que não pode ser controlado. Quando os fantasmas do passado de Elizabeth começam a surgir, descobrimos o perigo que suas pinturas surreais representam.
Ao nos revelar a tenacidade do amor, os riscos da criatividade, os mistérios da memória e a natureza do sobrenatural, Stephen King escreve um romance ao mesmo tempo sublime, cativante e assustador.