O VISITANTE NOTURNO ( B. Traven)

O fortuito empréstimo do livro por uma amiga, aliado aos mistérios que cercaram a vida do autor, incitaram minha curiosidade e me deram a possibilidade de conhecer um pouco de seu estilo literário. Composto por dois contos, a saber, "O visitante noturno" e "Macario". Em "O visitante noturno", um conto que situa seu protagonista no meio da selva mexicana, numa solidão atroz, o que parece ser uma narrativa árida e sem atrativos acaba por surpreender. O encontro do protagonista com o espirito de um indio asteca, bem como as explicações do indio sobre o porquê do costume de sepultar-se os mortos com seus presentes e adornos, o falar de amor naquele ambiente inóspito, fornecem uma doçura inesperada ao leitor.
Em "Macario" minha curiosidade foi tão atiçada que não consegui abandonar a leitura até seu final. O paupérrimo lenhador, cujo sonho mais elevado é ter um peru assado, com todas as suas guarnições e recheios, para saborear sozinho, escondido no meio da mata e os entraves com que se depara ao encontrar-se prestes a realizar tal sonho prenderam completamente minha atenção. Mas não dá para ser mais explícita porque isso tiraria o prazer de uma leitura bem interessante.
Os dois contos tem um acentuado surrealismo, e o meu preferido foi "Macario", que considerei perfeito.

SINOPSE:  "O Visitante Noturno" traz duas da melhores e mais conhecidas novelas de B. Traven. "Macário", uma história de um pacto com forças ocultas, foi escolhida por Jorge Luis Borges para sua compilação com a melhor literatura fantástica de todos os tempos. Também foi transformado em filme, dirigido pelo mexicano Roberto Gavaldón, concorrendo ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e à Palma de Ouro de Cannes. "O Visitante Noturno", passado nas profundezes da selva mexicana, remete tanto à morbidez de Edgar Allan Poe quanto à Joseph Conrad.