O reitor da Universidade de Lisboa defende a fusão (ou integração) de algumas universidades para melhorar a eficiência, combater o desperdício e melhorar a competitividade das instituições portuguesas do ensino superior. Ora, aí está uma proposta que vale a pena pensar.
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19 novembro 2009
04 maio 2008
UNIVERSIDADES MEDÍOCRES
Actualmente, salvas raras excepções, as universidades portuguesas têm demasiado vícios e são muitas vezes meras fábricas de reprodução de mediocridade. Não existem critérios de exigência, os professores permanecem agarrados a práticas desfazadas da realidade actual, os alunos continuam a protestar por protestar, e os reitores estão mais preocupados em manter a ordem vigente do que em efectuarem reformas que aumentem a competitividade das universidades.
Ora, um dos grandes problemas das universidades portuguesas encontra-se ao nível dos sistemas de incentivos existentes. Por um lado, a mobilidade é um conceito que não existe nas universidades nacionais. A nível do recrutamento, apesar de haverem concursos públicos, a verdade é que é conhecimento comum (e prática geral) que estes estão viciados à partida, isto é, abrem-se os concursos não para se contratarem os melhores, mas candidatos já pre-seleccionados. Ou seja, a renovação não é feita por mérito, mas por relacionamentos pessoais.
Ora, um dos grandes problemas das universidades portuguesas encontra-se ao nível dos sistemas de incentivos existentes. Por um lado, a mobilidade é um conceito que não existe nas universidades nacionais. A nível do recrutamento, apesar de haverem concursos públicos, a verdade é que é conhecimento comum (e prática geral) que estes estão viciados à partida, isto é, abrem-se os concursos não para se contratarem os melhores, mas candidatos já pre-seleccionados. Ou seja, a renovação não é feita por mérito, mas por relacionamentos pessoais.
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Por outro lado, a renovação dos quadros é demasiado lenta. Existem de facto números clausus nos diversos escalões académicos e só quando alguém se reforma (ou morre) é que um professor num escalão inferior pode progredir. Não interessam as publicações ou a qualidade do ensino, pois a progressão só poderá acontecer quando uma vaga no escalão superior abrir.
Finalmente, é patente que há nas universidades demasiados professores, que permanecem no quadro mais por antiguidade ou motivos políticos do que por mérito académico. No entanto, a triste verdade é que uma grande parte dos nossos professores universitários não faz nada, ou praticamente nada. Não publicam, não se interessam pela qualidade do ensino, e não promovem a reciclagem dos conhecimentos. Ser-se bom professor é bastas vezes função do número de alunos reprovados em vez da excelência da docência.
Por outro lado, a renovação dos quadros é demasiado lenta. Existem de facto números clausus nos diversos escalões académicos e só quando alguém se reforma (ou morre) é que um professor num escalão inferior pode progredir. Não interessam as publicações ou a qualidade do ensino, pois a progressão só poderá acontecer quando uma vaga no escalão superior abrir.
Finalmente, é patente que há nas universidades demasiados professores, que permanecem no quadro mais por antiguidade ou motivos políticos do que por mérito académico. No entanto, a triste verdade é que uma grande parte dos nossos professores universitários não faz nada, ou praticamente nada. Não publicam, não se interessam pela qualidade do ensino, e não promovem a reciclagem dos conhecimentos. Ser-se bom professor é bastas vezes função do número de alunos reprovados em vez da excelência da docência.
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Perante este clima de inércia e compadrio, não é de espantar que muitos dos nossos doutorados prefiram ou tenham que permanecer no exterior, agravando o problema da fuga de cérebros nacional.
Deste modo, as prioridades do novo estatuto das universidades deveriam enfatizar a mobilidade, a renovação, e a qualidade do pessoal docente. É urgente: 1) acabar com as promoções à docência de alunos doutorados pelas institutições que concedem o grau, 2) aumentar a transparência dos concursos públicos, 3) apostar na renovação de recursos, 4) promover o recrutamento a nível internacional, 5) fomentar elevados critérios de exigência a nível da investigação e do ensino. Só assim conseguiremos ter um ensino superior de qualidade, capaz de contribuir decisivamente para o aumento da sofrível produtividade nacional.
Perante este clima de inércia e compadrio, não é de espantar que muitos dos nossos doutorados prefiram ou tenham que permanecer no exterior, agravando o problema da fuga de cérebros nacional.
Deste modo, as prioridades do novo estatuto das universidades deveriam enfatizar a mobilidade, a renovação, e a qualidade do pessoal docente. É urgente: 1) acabar com as promoções à docência de alunos doutorados pelas institutições que concedem o grau, 2) aumentar a transparência dos concursos públicos, 3) apostar na renovação de recursos, 4) promover o recrutamento a nível internacional, 5) fomentar elevados critérios de exigência a nível da investigação e do ensino. Só assim conseguiremos ter um ensino superior de qualidade, capaz de contribuir decisivamente para o aumento da sofrível produtividade nacional.
PS. Artigo anteriormente publicado no DN
28 abril 2008
ESTUDANTES MADUROS
Segundo o PUBLICO, não pára de aumentar o número de estudantes maiores de 25 anos matriculados nas universidades portuguesas. No mundo anglo-saxónico, estes alunos são chamados de "maduros". Ora, os estudantes maduros já constituem cerca de 10 por cento da população universitária portuguesa. Óptimas notícias. Alguns dos melhores alunos(as) que já tive foram exactamente desta faixa etária. Quase sempre, os(as) alunos mais velhos(as) são de muito boa qualidade e são muito esforçados. Como já têm experiência profissional, estes alunos entendem bem a importância de um curso superior e percebem facilmente o segredo do sucesso na universidade: estudar, estudar, estudar. Neste sentido, não tenho grandes dúvidas que a crescente entrada destes alunos no meio universitário português é de saudar a vários níveis. Esperemos que tal tendência se mantenha.
11 abril 2008
UNIVERSIDADE DO ALGARVE
O PUBLICO de hoje refere que a Universidade do Algarve está disposta a alienar património com o intuito de salvaguardar o futuro da instituição. A propósito desta notícia, decide retirar um texto do "Mitos da Economia Portuguesa", onde se refere a falta de aproveitamento do potencial da universidade algarvia:
"Não se consegue compreender como é que o Algarve tem uma universidade de qualidade sofrível em quase todas as áreas de investigação. Ora, no lugar onde está localizada, a Universidade do Algarve deveria ser uma das melhores do país, se não mesmo a melhor. De facto, é surpreendente como é que o Algarve não consegue atrair professores estrangeiros de craveira internacional ou, pelo menos, de qualidade superior à média nacional. Porquê? Sabendo da qualidade de vida que poderiam usufruir no Algarve, não seria possível à universidade algarvia atrair professores de qualidade internacional? Claro que sim. Se as condições forem boas (financeiramente e a nível de investigação), eu garanto-lhes que muitos professores ingleses, alemães, ou holandeses de 40, 50 ou 60 anos não se importarão nada de deixarem as suas instituições e os seus países para virem leccionar e fazer investigação para o Algarve. No entanto, actualmente, poucos ou nenhuns o fazem. Porquê? Porque os salários e a fiscalidade não são competitivos, a qualidade dos departamentos e faculdades não é das melhores, e os incentivos à investigação deixam muito a desejar. E porque é que os sucessivos reitores da instituição algarvia não fazem nada (ou quase nada) por isso? Porque não existe vontade de incomodar os interesses instalados. Não existe coragem para lutar contra práticas enraizadas durante décadas de imobilismo e marasmo académico. E este não é um mal exclusivo do Algarve. É um mal extensivo à grande maioria das universidades e politécnicos portugueses."
24 fevereiro 2008
DESEMPREGADOS COM CURSO
Esta é a lista das cursos com o maior número de diplomados inscritos no centro de emprego. Mais do que os números absolutos, interessa analisar os números relativos, isto é, que percentagem de licenciados de uma instituição estão desempregados. Mesmo assim, de certeza que estes são números que ainda irão dar muito que falar. E ainda bem.
12 fevereiro 2008
CORRECÇÃO DE EXAMES
A propósito do cartoon dos exames, um(a) leitor(a) disse "bem...neste caso...Espero que os meus exames sejam todos corrigidos na 1ª Hora!". A verdade é que... depende. Depende de quem corrige. Depende do estado de espírito de quem corrige (que varia ao longo da correcção). Depende dos exames já corrigidos. Uma coisa é certa: não conheço ninguém que goste de corrigir exames. Não por ser difícil. Mas por ser simplesmente aborrecido. Extremamente aborrecido. Uma seca. Principalmente com turmas grandes, em que se lê a mesma coisa uma e outra e outra e outra e outra e outra e outra e outra vez. (Só de pensar nisso dá arrepios...)
Pessoalmente, eu adoro ensinar (principalmente cadeiras sobre macroeconomia, e crescimento e desenvolvimento económico). E adoro fazer investigação. Corrigir exames é que não. Corrigir exames é sem dúvida a tarefa mais ingrata, mais aborrecida. Faz-se, mas sem prazer. Nenhum. E quem disser o contrário, quem afirmar que gosta de corrigir exames, provavelmente não está a ser completamente honesto(a).
Não quer isto dizer que a correcção de exames seja necessariamente mal feita ou seja feita de maneira incompetente. Mesmo que não se goste, mesmo que seja um sacrifício, corrigir exames faz parte da profissão. E tanto nos países onde leccionei, reparei que existe quase sempre uma grande correlação entre as notas que os(as) alunos(as) obtêm nas diversas cadeiras. Quer isto dizer que se um(a) aluno(a) é bom(boa) é porque o é e não porque esta ou aquela pessoa corrige bem ou mal os exames da sua cadeira. Claro que há excepções, mas esta é a regra.
Além do mais, apesar de não gostar de os corrigir, sou um grande adepto de exames. Se eu disser a um(a) aluno(a) que basta escrever um artigo para fazer uma cadeira, tenho a certeza que se irão concentrar em dois ou três temas das aulas e esquecer os outros. Ao fazerem exames, todos(as) são obrigados(as) a estudar toda a matéria, a tentar perceber o que está em causa. Por isso, em quase todas as cadeiras que lecciono, existem uma ou duas frequências e um exame final (com toda a matéria) e, muitas vezes, mais um ou dois trabalhos escritos. Com mais exames e trabalhos os(as) alunos(as) têm várias possibilidades de demonstrar o seu valor, aumentando a possibilidade da nota final ser um reflexo fiel do seu desempenho real.
05 fevereiro 2008
200 CURSOS
Surgem hoje notícias que o governo tenciona deixar de financiar licenciaturas com menos de 20 alunos, o que poderá levar ao encerramento de cerca de 200 cursos no país. Acho muito bem. Durante anos, houve uma tendência para a proliferação desenfreada do número de cursos universitários, como se a qualidade do ensino fosse sinónimo de quantidade. Não é. E está provado que não é. Neste sentido, a fusão e extinção de dezenas de cursos poderá ajudar à reorganização e à racionalização do ensino superior. Ou seja, poderá contribuir para uma melhoria da qualidade educativa.
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