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09 abril 2011

MAR DE DESTROÇOS

  Alexander Tidd/U.S. Navy/Associated Press

autênticas ilhas de destroços da tsunami japonesa a flutuar no Oceano Pacífico. Ilhas de casas, de carros, de madeira, de cercas, de restos humanos, de animais, de barcos, de telhados e de muitas, muitas outras coisas. Para o ano estas ilhas chegarão ao Havai e em 2014 irão dar à costa oeste do Canadá e dos Estados Unidos.

14 março 2011

LIÇÕES DA TRAGÉDIA JAPONESA

Foto retirada do New York Times, Toshiyuki Tsunenari/Asahi Shimbun, via Associated Press

A dimensão da tragédia japonesa não pode deixar de nos impressionar. Se isto aconteceu a um país preparadíssimo para estas catástrofes como é o Japão, o que é que sucederia se um desastre desta magnitude tivesse lugar em países como o nosso? A pergunta não é despropositada, pois, como sabemos, o nosso país já sofreu calamidades semelhantes, principalmente em 1755, quando o sul do país foi praticamente devastado no terramoto de "Lisboa" e pela tsunami e incêndios que se seguiram. Há uns anos, estimei o impacto económico do terramoto e argumentei que a catástrofe acabou por apresentar uma oportunidade de reforma para o nosso país. Nessa altura escrevi também um artigo para o Diário Económico sobre a necessidade de termos de dedicar mais atenção à questão de estarmos melhor preparados para a ocorrência de sismos de grande intensidade no território nacional. O texto deste artigo ainda se encontra actual e por isso aqui fica transcrito:

"Os números da tragédia de 1755 são, de facto, impressionantes. Apesar de não ter sido o terramoto mais poderoso ou mais mortífero da história recente, o sismo de 1755 foi provavelmente o mais duradouro desde que há registo. Com uma intensidade a rondar os 9 graus na escala de Richter, os sismos (provavelmente três) duraram no total entre 7 e 10 minutos, sendo seguidos minutos mais tarde por um enorme tsunami e incêndios devastadores que duraram mais de cinco dias. No rescaldo da tragédia, 30-40 mil dos cerca de 295 mil habitantes dos habitantes de Lisboa e arredores pereceram e cerca de 85 por cento dos edifícios da cidade de Lisboa foram danificados quer pelos sismos e pelo tsunami quer pelo fogo. Vários edifícios famosos, bem como todo um irreparável espólio documental foram destruídos para sempre. Para além de Lisboa, muitas outras cidades e localidades foram gravemente atingidas, tais como o Algarve, Peniche e Setúbal. Para além da sua importância histórica, qual é a relevância actual desse trágico incidente? 
Em primeiro lugar, devemos questionarmo-nos se é ou não possível acontecerem novamente terramotos desta magnitude e dimensão. A resposta é, infelizmente, um enfático sim. Lisboa está perto de uma zona de convergência de placas tectónicas e, assim, nos últimos 700 anos, a região lisboeta e do vale do Tejo foram assoladas por vários sismos de intensidade apreciável. Terramotos entre os 6.5 e os 7 graus na escala de Richter aconteceram em 1344 e em 1531 e em 1909. Adicionalmente, vários estudos estimam que terramotos em Lisboa com intensidade elevada têm uma periodicidade de cerca de 300 anos. Recentemente, um estudo das universidades de Jaén e Granada estimaram que para além da zona lisboeta, outras zonas de grande perigosidade sísmica incluem o litoral do Algarve e do Baixo Alentejo. 
Em segundo lugar, devemos aproveitar esta triste efeméride para estimarmos o que é que aconteceria hoje se ocorresse um sismo semelhante em Lisboa ou noutras partes do país. Esta é, sem dúvida, a questão mais importante e pertinente para a actualidade e para a qual é vital encontrarmos respostas. Ora, a triste realidade é que a grande maioria das construções não estão preparadas para suster o impacto de um terramoto da magnitude do sismo de 1755. Assim, se tal cataclismo acontecesse hoje, teríamos certamente não só uma grande devastação ao nível de infraestruturas, mas também haveria um enorme custo humano (basta lembrar que a actual população da região lisboeta é 10 vezes maior do que a de 1755). 
A verdade é que depois da tragédia que assolou o território português em 1755, e depois das iniciativas visionárias e pioneiras do Marquês de Pombal, os sucessivos governos locais e nacionais têm sistematicamente negligenciado a gravidade que um potencial terramoto (ou tsunami) de grande magnitude poderia infligir no território nacional. Dado que o terramoto de 1755 foi o cataclismo natural com maior impacto na história recente da Europa, Lisboa deveria ser a capital europeia da prevenção e dos estudos sísmicos. No entanto, apesar do terramoto fazer parte integrante do nosso imaginário comum, os recursos que consagramos para a investigação e prevenção deste tipo de catástrofes são, no mínimo, risíveis. Este facto é, sem dúvida, preocupante, e é igualmente bastante revelador das mentalidades ainda prevalecentes no nosso país. Em Portugal, existe uma cultura de reacção e não de prevenção. Ora, como sabemos, habitualmente, os países subdesenvolvidos reagem, enquanto que os países mais avançados previnem-se (assim como o recente trágico terramoto de Sumatra e subsequente tsunami demonstraram). Neste sentido, deveríamos aproveitar os 250 anos do terramoto de Lisboa para relançarmos não só o debate sobre esta questão, como também para iniciarmos uma campanha de avaliação e prevenção de risco destas catástrofes naturais. Esta seria, claramente, a maior homenagem aos que tão tragicamente perderam as vidas e os seus meios de subsistência nessa trágica manhã de Novembro de 1755."

17 junho 2008

UM ANJO PREVENIDO VALE POR MUITOS

Uma das histórias mais interessantes dos últimos dias é contada pelo New York Times. O sismo chinês destruiu 7 mil escolas, levando à morte mais de 10 mil crianças. Mas nem todas as escolas ruiram. Uma das que escapou à destruição do terramoto foi a Sangzao Middle School, que resistiu à violência do sismo. Ainda bem, porque na altura estavam na escola mais de 2 mil crianças, que teriam tido o mesmo destino de tantas e tantas crianças noutras escolas se não fosse a visão do seu director. Há uns anos atrás, este senhor, Ye Zhiping, verificou que a construção da escola tinha sido bastante precária em relação à protecção anti-sísmica. Em vez de cruzar os braços, Ye Zhiping foi à luta, exigindo acção às autoridades regionais. Após muita insistência, Ye Zhiping alcançou o seu objectivo e as estruturas da escola foram reforçadas. O trabalho foi tão bem feito que a escola foi das poucas que não ruiu durante o sismo. Todas as crianças foram salvas. E é por isso que Ye Zhiping é agora conhecido como o Anjo de Sichuan.

SISMO JAPONÊS

Kiyoshi Ota/Getty Images
Consequências do mais recente terramoto a afectar o Japão.

28 maio 2008

SISMO NA CHINA (3)

O grande sismo da China continua a ter bastantes réplicas, tanto geológica como politicamente. Ontem, uma forte réplica fez desmoronar cerca de 420 mil casas. Agora, surgem cada vez mais relatos que o partido comunista chinês tem enfrentado um nível de críticas sem precedentes por parte dos milhares de pais que perderam os seus filhos (quase sempre filhos únicos). Mais de 10 mil crianças pereceram durante o sismo, a maior parte das quais sob os tectos das suas escolas. As críticas têm sido ainda mais acérrimas porque, provavelmente, muitas das mortes poderiam ter sido evitadas se tivesse havido mais cuidado com as construções das escolas. Nomeadamente, enquanto as escolas dos filhos dos cidadãos comuns ruiram, as escolas das elites (os filhos dos funcionários do partido e dos mais ricos) ficaram em pé. Nem toda a gente é igual, mesmo num país supostamente comunista.

20 maio 2008

DESTRUIÇÃO AVASSALADORA

Mais uma imagem da região do epicentro do terramoto que abalou a China. Já vamos em 71 mil mortos, centenas de milhares de feridos e 5 milhões de desalojados (meia população de Portugal). Uma destruição descomunal.

19 maio 2008

A DOR INFINITA

Esta foto (de um avô que perdeu um neto no terramoto da última semana) retrata bem uma das tragédias silenciosas do terramoto que ocorreu na China. Há milhares e milhares de pais, mães, avós e avôs, tias e tios, que perderam os seus entes mais queridos e mais preciosos. Perderam tudo. Devido às imposições da política do filho único que tem vigorado na China nas últimas décadas (para o controlo da natalidade), a grande maioria das famílias chinesas tem somente um(a) filho(a). Assim, quando as centenas e centenas de crianças pereceram sobre os escombros das escolas e das suas casas, a morte de um(a) filho(a) significou também a morte de todos os descendentes de uma família. Uma tragédia incalculável. Uma crueldade aterradora.

16 maio 2008

AS RELAÇÕES PÚBLICAS DO TERRAMOTO

Os últimos números do recente terramoto na China não param de aumentar. Já se fala em 50 mil mortos, dezenas de milhares de feridos e centenas de milhares de desalojados. O governo chinês já destacou mais de 50 mil soldados para ajudar nas tarefas de recuperação de sobreviventes (e dos corpos) e de assistência às vítimas. Mais de 400 barragens foram afectadas, algumas das quais apresentam falhas preocupantes. Como o epicentro do terramoto aconteceu numa região remota e ainda por cima bastante pobre, há ainda várias localidades quase isoladas do exterior. Vários relatos dão conta que algumas localidades perto do epicentro foram literalmente completamente destruídas, bairro após bairro após bairro.
Apesar da tragédia, a China tem aproveitado o terramoto para melhorar a sua imagem junto da comunidade internacional, abrindo incondicionalmente as portas da região aos jornalistas estrangeiros e aceitando ajuda logística e humana do exterior. Depois da repressão no Tibete e os consequentes protestos associados à chama olímpica, as autoridades chinesas têm sabido gerir bastante bem à compaixão externa associada ao terrível terramoto que assolou o sul da China, exibindo um grau de abertura pouco habitual no regime chinês. Seria bom que esta abertura continuasse com os Jogos Olímpicos e depois, mas é pouco provável que tal aconteça. Pelo menos por enquanto.

13 maio 2008

SISMO NA CHINA

O enorme sismo registado na China provocou dezenas de milhares de mortos. A área afectada é conhecida por ser bastante propensa a terramotos, apesar de não terem havido cataclismos sísmicos na China nos últimos 30 anos. A devastação na região do epicentro é substancial. Escolas ruiram, fábricas ficaram reduzidas a escombros e milhares de edifícios simplesmente colapsaram. Mesmo assim, apesar da tragédia, este terramoto foi bastante menos mortífero do que outros que afectaram a China. Este país tem uma história verdadeiramente trágica a nível de catástrofes naturais, alguns dos quais causaram literalmente centenas de milhares de mortos.

15 abril 2008

SISMOS DELES E SISMOS NOSSOS

Novos cálculos feitos por cientistas revelam que a probabilidade da Califórnia (o estado mais populoso ds Estados Unidos) ser abalada por um sismo de magnitude 6.7 ou mais (na escala de Richter) nos próximos 30 anos é superior a 9o por cento. No Sul da Califórnia (onde se situam Los Angeles e San Francisco) a probabilidade é cerca de 97 por cento. Ou seja, estes cálculos confirmam aquilo que já se suspeitava, que um sismo de grande magnitude irá atingir a Califórnia nos próximos anos. O que fazer? Fugir? Emigrar? Abandonar o estado? Talvez. Mas provavelmente a melhor solução é mesmo prevenir o mais possível os estragos inerentes a uma tragédia desta dimensão. É isso que as autoridades federais e locais americanos têm procurado fazer.
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Apesar das probabilidades não serem tão grandes como na Califórnia, é muito provável que um sismo de magnitude elevada atinja o sul de Portugal nos próximos anos. E o que é que fazemos? Não muito. Acima de tudo, continuamos a ignorar o problema. Em vez de prevenir, continuamos a reagir. Uma estratégia que pode resultar noutros contextos, mas que, definitivamente, deixa muito a desejar quando ocorre este tipo de cataclismos naturais.

06 março 2008

O SISMO DE ÉVORA

Ontem, a cidade de Évora levou a cabo uma simulação de um sismo para testar a reacção e o nível de preparação das forças de segurança. Este tipo de iniciativas é de louvar e de copiar. Apesar de nos esquecermos frequentemente, Portugal é um país com um risco considerável de ser sujeito a sismos de intensidade elevada. E se é certo que sismos com a intensidade do de 1755 não se prevêem para os próximos séculos, também não deixa de ser verdade que tanto Lisboa como o Algarve são zonas de alto risco para sofrerem sismos com uma intensidade acima dos 6 graus na escala de Ritcher. Sismos desta intensidade já fazem muito dano, principalmente se a construção for deficiente e/ou as populações não estiverem minimamente preparadas para a sua ocorrência.
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Este é exactamente o caso de Portugal. As nossas construções frequentemente são feitas sem quaisquer preocupações de segurança sísmica, não são inspeccionadas a nível de resistência sismíca, e o planeamente urbano deixa muito a desejar. A grande maioria dos nossos filhos não recebe qualquer tipo de ensino e/ou de instruções sobre como reagir em caso da ocorrência de um terramoto. Poucas cidades seguem o exemplo de Évora a nível de simulacros de sismos. Poucas cidades, vilas e aldeias estarão preparadas em caso de uma catástrofe.
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Com efeito, a nível de protecção sísmica nós levamos ao extremo o nosso terrível costume de remediar em vez de prevenir. Temos uma cultura reactiva, enquanto os países mais avançados se primam por ter culturas preventivas. Há que mudar este estado de coisas. Reagir por vezes não basta. Há que prevenir. E não há nenhuma área em que a prevenção seja mais importante do que no planeamento de possíveis catástrofes naturais. Sendo um país com um risco sísmico tão elevado, seria de todo o interesse que os exemplos de Évora fossem mais e mais repetidos um pouco por todo o sul do país (a zona com maior risco).