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22 fevereiro 2010

A TRAGÉDIA NA MADEIRA

A tragédia na Madeira teve dimensões inacreditáveis e indescritíveis. A devastação e a morte superaram tudo a que estamos habituados.
Agora, acima de tudo, o que interessa é ajudar a Madeira a recuperar, quer através dos apoios do Estado e da União Europeia, quer através de donativos privados. Aqui estão os dados de algumas instituições que querem ajudar:

Conta Banif
Solidariedade Com as Vítimas da Madeira - NIB 0038 0040 5007 0070 771 11
Cáritas Portuguesa
- Informações: 218 454 220, www.caritas.pt/ ou caritas@caritas.pt
União das Misericórdias Portuguesas
- Informações: 218 110 540, www.ump.pt/ump/ ou secretaria.geral@ump.pt

04 abril 2008

JARDIM E OS JORNALISTAS

Alberto João Jardim interditou o acesso da comunicação social os trabalhos do congresso do PSD-Madeira porque, segundo o PUBLICO, "o partido "não confia" na cobertura de alguns dos "empregados" dos órgãos de informação." Ora, este é um exemplo perfeito daquilo que é o legado de João Jardim: um misto de bom e de mau, com o mau muitas vezes a sobrepôr-se desnecessariamente ao mau. Se não vejamos. Dentro de alguns anos, quando fizermos o balanço da governação de João Jardim, o que saltará à vista das brumas da memória será o impressionante desenvolvimento económico atingido nas últimas décadas. Este desenvolvimento deve-se aos madeirenses, mas também em grande parte à liderança de João Jardim.
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É por isso que estas atitudes autoritaristas são completamente desnecessárias e difíceis de compreender. Em vez da Madeira e do governo madeirense serem admirados pelos feitos económicos alcançados, a imagem que passa para o resto dos portugueses é a de uma região dominada por um líder com tendências prepotentes e pouco democráticas. É caso para dizer: não havia necessidade, dr. Jardim. Não havia necessidade.

31 março 2008

OS ELOGIOS DE GAMA A JARDIM

Numa atitude pouco habitual, o PS-Madeira criticou publica e severamente Jaime Gama, presidente da Assembleia da República e um histórico do Partido Socialista. Porquê? Porque Gama, contra a corrente dominante, decidiu elogiar publicamente (cruz credo!) João Jardim (abrenúncia!). Segundo o PUBLICO, o PS-Madeira afirma que Jaime Gama “ofendeu todos os cidadãos deste país, particularmente aqueles que, na Região Autónoma da Madeira, têm sido severamente prejudicados, no seu corpo e na sua alma, pelo exercício autocrático do poder regional vigente, já lá vão trinta anos... Elogiar alguém que tem perseguido madeirenses, ofendido sistematicamente os seus adversários políticos, atentado constantemente contra a unidade da Pátria e atacado sucessivamente, muitas vezes de forma boçal, os titulares de órgãos de soberania e os mais altos detentores de cargos políticos deste país é no mínimo uma falta de respeito para com os princípios indeléveis que enformam o socialismo democrático, como sejam a Liberdade e a Democracia, a que todos estão vinculados quando aderem ao Partido Socialista, quanto mais um dos seus fundadores" .
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O que estes(as) senhores(as) não entendem é que Jaime Gama não estava a elogiar a democracia (ou a falta dela) na Madeira. Estava a fazer uma coisa que é rara (raríssima) em política que é elogiar um oponente pela obra feita. Tiro o chapéu a Jaime Gama por esse nobre gesto. Com essa atitude, Gama demonstrou que está acima da politiquice barata e demagógica. O que está em causa não é se João Jardim é mais ou menos boçal, mais ou menos grosseiro, mais ou menos correcto. O que está em causa (e o que é inegável) é que, contrariamente a muitos dirigentes nacionais e incontáveis autarcas, João Jardim tem obra feita. João Jardim vai ficar para a história da Madeira por causa da sua obra, por causa do impressionante desenvolvimento madeirense, não por causa do seu estilo "boçal". Digo isto sem qualquer interesse e/ou favoritismo. Eu até nem gosto do estilo pessoal de João Jardim, mas que é eficaz é, que resulta resulta. E se resulta, porque é que o homem há-de mudar?

18 março 2008

30 ANOS DE JARDIM

Os 30 anos de João Jardim à frente dos destinos da Madeira foram quase ignorados pelos continentais (os "cubanos" segundo João Jardim), que continuam a ver a Madeira de Jardim, com um certo incómodo (pelo estilo invulgar de João Jardim, bem como pelo alegado "défice democrático" na região). Não sejamos cínicos nem ingénuos. Os(as) madeirenses não são burros(as), nem são tão controlados(as) nem manipulados(as) como os(as) pintamos. Se João Jardim conseguiu manter-se à frente dos destinos madeirenses foi porque merece.
Mesmo que não gostemos do estilo e dos discursos de João Jardim, é preciso dar mérito ao mérito. A Madeira de hoje não é a Madeira de 30 anos atrás. Na última década, a Madeira foi simplesmente a região mais bem sucedida do país. Não são só tuneis (como muitos afirmam ao tentar minimizar a obra do governo madeirense). São aumentos dos níveis de rendimento e aumentos de produtividade. E contra estes factos há poucos argumentos.

13 fevereiro 2008

MEZZOGIORNO REVISITADO

O PUBLICO actualiza hoje os dados das assimetrias regionais portuguesas. De acordo com os últimos dados disponíveis da União Europeia (referentes a 2005), a economia portuguesa finalmente convergiu (pouco, é certo, mas convergiu) com a média da União Europeia. Mais interessante que uma comparação com os outros (por muito interessante que esta análise seja), vale a pena verificar o que se passa a nível regional em Portugal. Primeiro, o Norte e o Centro continuam a marcar passo. O Norte é já a região mais pobre do país. Claro que existem dois Nortes, o Porto/Minho e o resto, mas, mesmo assim, é significativo que a região nortenha continue estagnada.
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Em segundo lugar, a Madeira foi a única região do país que brilhou economicamente. Podemos achar isto ou aquilo de João Jardim. Podemos argumentar que não existe uma democracia real na Madeira. E podemos até não gostar do estilo mais popularucho do líder madeirense. No entanto, a verdade é que se Portugal tivesse progredido ao ritmo da Madeira na última década, não só não teria havido uma crise (assinalável), como também o nosso PIB per capita estaria muito perto da média europeia. Por isso, antes de criticarmos, vale a pena percebermos o que é que os madeirenses têm feito para conseguir progredir tanto nos últimos anos. Contrariamente à ideia (preconceito?) que vigora entre nós, o progresso da Madeira não é devido à nossa generosidade, não é por causa dos nossos subsídios. É muito mais que isso.
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Em terceiro lugar, é assinalável que a região de Lisboa continua a regredir em termos de níveis de vida. Com efeito, devido ao peso que a região tem na nossa economia, não é exagero dizer-se que a crise lisboeta (económica, não política) é um dos principais factores para a falta de convergência real da economia nacional em relação à economia europeia.
E quem é o culpado pelo declínio relativo da região lisboeta e da região nortenha? A incompetência governamental? O engordamento do Estado? A burocracia da Função Pública? Claro que esses factores não ajudam. E é por isso que reformar o Estado e diminuir a burocracia é tão fundamental. No entanto, o Estado não explica tudo. A nossa crise é mais do que isso. E as crises (da economia real) nas regiões lisboetas e nortenhas são tão ou mais importantes, tão ou mais culpadas, do que o nosso Estado balofo e burocrático.

01 fevereiro 2008

O JARDIM MADEIRENSE

Pelo que parece, a estratégia de vitimização de João Jardim, bem como o aumento da retórica independentista está mesmo a dar resultado. Segundo o PUBLICO, "O presidente do Governo regional da Madeira, Alberto João Jardim, diz que existe um "sentimento de boa vontade" por parte do Governo da República para "ultrapassar obstáculos" no relacionamento entre a região e o executivo, depois das polémicas dos últimos anos.". Pelo que parece, será mais uma vitória para João Jardim. O governante madeirense revela mais uma vez a tremenda eficácia da sua estratégia política e racionalidade económica. Trinta anos de poder não afectaram a sua impressionante capacidade negocial com o continente. Muito pelo contrário. Afinal, não é à toa que João Jardim é João Jardim.

31 janeiro 2008

O ENCONTRO "HISTÓRICO"

João Jardim encontra-se hoje com o ministro da Presidência, num encontro que o DN considera histórico (histórico???, histórico????!!!!). Será a primeira oportunidade para perceber se a estratégia de João Jardim de aumento da retórica independentista começa a surtir efeito. Pode não ser desta vez, mas não ficaria surpreendido que algum acordo fosse alcançado entre as duas partes antes das eleições de 2009. Afinal, não é à toa que João Jardim é João Jardim.

18 janeiro 2008

A MADEIRA VISTA PELOS LEITORES (2)

O Rolando Almeida, autor do blog Filosofia no Ensino Secundário, diz o seguinte sobre a questão da independência madeirense:
"Numa análise muito pessoal e num comentário informal, creio que a Madeira até possui condições para avançar para a independência. Claro está que os recursos económicos da Madeira não satisfazem as necessidades de equilíbrio de uma balança comercial. A RAM, além do turismo, tem pouco para oferecer. Nem o bordado madeira, nem o vinho madeira constituem recursos viáveis para sustentar uma Madeira Independente. Poder-se-ia pensar no mercado das pescas, conservas e congelados, mas, inexplicavelmente, em Portugal e na ilha da Madeira também, não existe um investimento sério e consistente no sector das pescas. Na Madeira come-se mais carne que peixe, provavelmente, não sei, fruto de acordos externos que faz com que a carne chegue à ilha a preços mais acessíveis. Se todos estes factores não contribuem para o auto sustento madeirense, o que me faz pensar que, do ponto de vista económico, seria viável a independência da Madeira? O offshore é a saída. Sabemos bem que as zonas onde se vive em maior luxo no mundo não são as zonas com mais recursos e mais matérias primas. E hoje em dia, uma das formas mais eficazes de criar riqueza é especular o dinheiro. Não estou aqui a manifestar uma preferência pessoal. Não sei se gostaria de viver numa ilha à custa de um offshore. Mas o certo é que há outras regiões no mundo cujos paraísos fiscais sustentam príncipes e as suas vidas luxuosas. A Madeira poderia afirmar-se como uma espécie de Mónaco português.
Mas, por outro lado, creio que a Madeira se tem como possibilidade a sua independência, na prática, nunca será independente. E isto porquê? A cultura da Madeira é, essencialmente, uma cultura portuguesa e fortemente marcada pela nacionalidade. Numa análise completamente empírica, quando há anos cheguei à Madeira, achei espantoso que os madeirenses em matéria futebolística sejam, quase sempre, ou benfiquistas, sportinguistas ou portistas e somente depois, são maritimistas ou nacionalistas. Interpelei muitos madeirenses colocando o seguinte dilema: e se estivesse em causa o campeonato, que clube defenderiam? E mesmo assim é espantoso o número de respostas que relegam os clubes regionais a futebolar na 1ª liga, Marítimo e Nacional da Madeira, para segundo lugar. Este pode constituir um indicador da forte identidade nacional da madeira do ponto de vista cultural.
Existe com efeito uma circunstância actualmente na Madeira que deixa qualquer um admirado. Se comprarmos uma viagem aérea para Londres, por exemplo, ida e volta, conseguimos pagar qualquer coisa como 100? (mas consegue-se até mais barato). Mas se desejarmos ir ao continente, pagamos cerca de 250?, ida e volta. Esta realidade é incompreensível e constitui um pilar do desenvolvimento futuro da Madeira, a saber, flexibilizar por completo as viagens aéreas"
Penso que estes são comentários muito pertinentes, e que vincam bem o passado comum que existe entre nós. A questão das preferências clubísticas é muito interessante e revelador, se bem que mesmo em Angola e Moçambique as pessoas continuam a seguir o futebol português (mas talvez prefiram os seus clubes aos portugueses).
Em relação à questão dos preços de avião, a resposta é simples: menos concorrência e menor mercado. Seria interessante que se estimulasse a oferta das companhias low-costs para a Madeira. Alías, acho que é uma inevitabilidade que isso aconteça muito brevemente numa escala significativa. A Madeira (aliás, como os Açores) é uma das pérolas da Europa e poder-se-à tornar num destino turístico ainda maior.

17 janeiro 2008

A MADEIRA VISTA PELOS LEITORES (1)

O Sérgio Leal, autor do blog Se Não Existisse Teria Que Ser Inventado disse o seguinte sobre a questão madeirense:
"Sou madeirense e posso afirmar que as pessoas mais informadas na Madeira sabem que é neste momento inviável a independência por uma questão de subsistência economica, mas eu diria que 80% das pessoas são de uma maneira ou outra pro independência. Quanto mais não seja porque muitas delas nao saiem regularmente da madeira e não gostam da maneira como são olhadas (de cima pra baixo) pelos restantes portugueses. As pessoas que saiem um pouco mais da Madeira, vêem que não existem muitos lugares no continente que tenham a mesma qualidade de vida da Madeira. Eu próprio estudei em Coimbra e posso dizer que conheço Portugal de norte a sul, por isso posso afirmar que tirando Lisboa acho que não existe nenhuma cidade que oferece uma qualidade de vida tão boa como o Funchal. Só é pena a Universidade da Madeira não ser melhor. Para que seja declarada independência só é preciso que a economia seja sustentável e que haja vontade politica, porque o resto vem por acréscimo.Eu só acho é que deveria haver um maior combate a corrupção na Madeira, porque isso pode afectar o desempenho económico da ilha..."
O Sérgio levanta algumas questões importantes. Em primeiro lugar, em vez da retórica política, seria curioso se houvessem sondagens de opinião sobre a possibilidade da Madeira se tornar independente. Alguém conhece alguma? Segundo, quanto aos níveis de vida, os indicadores do PIB per capita e da produtividade sugerem que a percepção do Sérgio é correcta. A Madeira (e o Funchal) é a segunda região do país com os mais altos índices de desenvolvimento. É exactamente por isto que o governo central e a União Europeia querem reduzir substancialmente as ajudas financeiras à região madeirense. Finalmente, em relação à questão dos madeirenses serem "olhados de cima para baixo", penso que o argumento do Sérgio também tem algum fundamento. Em parte, talvez isto se explique por razões históricas. Afinal, até muito recentemente o território madeirense era um "recebedor" líquido. Isto é, o continente apoiava financeiramente (e de uma forma substancial) a Madeira, que era (e é) considerada uma região ultra-periférica. Por este motivo, criou-se a ideia de que os madeirenses (e os açorianos), coitadinhos, precisavam dos continentais (dos "cubanos") para sobreviver. Ideia que é, obviamente, errada.

16 janeiro 2008

O JARDIM DA INDEPENDÊNCIA

E aí está mais uma ameaça independentista de João Jardim. Como já discutimos aqui, é mais que natural e previsível que a retórica independentista aumente de tom nos próximos tempos, como forma de pressionar o governo central a ceder às pressões de Jardim e aumentar novamente o financiamento ao governo regional. Nas suas declarações mais recentes, João Jardim afirmou: "Eu tenho remado contra essa maré e se hoje há autonomia e a questão da unidade nacional não está em cima da mesa foi porque muito me empenhei neste sentido, embora Lisboa não o reconheça. Mas se o povo madeirense um dia quiser a independência, o meu lugar é ao lado do povo madeirense". Ou seja, João Jardim vitimiza-se e avisa implicitamente o governo central que algo como atrás-de-mim-virá-que-mais-mal-fará.
Sinceramente, eu acredito que Jardim não seja um independentista (aliás, ele já o declarou publicamente). No entanto, há (muita?) gente na Madeira que o é. E é sempre possível que a retórica indepentista suba de tom de tal forma que não haja volta a dar. Esperemos que não. Seria interessante saber o que os leitores (madeirenses ou não) pensam sobre este assunto.

06 janeiro 2008

PORQUE É QUE JOÃO JARDIM IRÁ SER AINDA MAIS JOÃO JARDIM


Como é debatido no Mitos, nos últimos anos Madeira tem sido um dos poucos pontos brilhantes da economia nacional. A Madeira tem registado um crescimento económico significativo, bem como um aumento da produtividade. Com efeito, na última década, se Portugal fosse a Madeira, não estaríamos para aqui a lamentarmo-nos que somos um país de coitadinhos, que não chegamos a lado nenhum, que os espanhóis vão comprar tudo, que que que...

O problema, para a Madeira, é que o arquipélago tem sido vítima do seu próprio sucesso. Como o rendimentos madeirense está acima da média nacional e já ultrapassa os 75 por cento do rendimento médio europeu, tanto os subsídios nacionais como europeus têm diminuído (e vão continuar a decrescer nos próximos anos).

É neste contexto que devem ser entendidas as afirmações mais recentes de Alberto João Jardim. Durante a cerimónia de abertura das comemorações do quinto centenário da elevação do Funchal a cidade, João Jardim acusou os "cubanos" (os continentais) de 500 anos de "extorsão e roubo de dois terços do produto do suor dos madeirenses, que foi retirado da Madeira e levado para as fantasias do Reino".

Penso que as afirmações crescentemente nacionalistas e independentistas de João Jardim se devem compreender no âmbito de uma correcta (e planeada?) estratégia e racionalidade económica. Podemos não concordar ou gostar do estilo, mas é indubitável que João Jardim tem sido extremamente eficaz no uso da cartada independentista quando lhe é conveniente. Quando existem ameaças veladas ou implíticitas de corte de fundos, João Jardim torna-se ainda mais João Jardim e, quase sempre, os governos do continente cedem. O problema é que agora o governo do continente está numa crise orçamental e os fundos europeus para a região autónoma vão igualmente diminuir. Deste modo, as receitas do governo regional irão ser grandemente afectadas.

O que é que resta a João Jardim para tentar contrariar este estado de coisas? A cartada independentista e a retórica nacionalista. Podemos ter a certeza que nos próximos meses João Jardim irá ser ainda mais João Jardim e as ameaças independentistas irão subir de tom. Como é que podemos ter tal certeza? Porque esta estratégia é a que tem uma maior racionalidade económica. E, podemos estar certos, de racionalidade económica percebe João Jardim. Não é à toa que João Jardim é João Jardim.