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sábado, 19 de janeiro de 2013

Ver


"A história das artes plásticas, sobretudo nas suas relações iniciais e recentes com a escrita, mostra bem que a percepção sensorial e o pensamento simbólico nunca existiram separados. As estruturas da percepção organizam-se de acordo com actividades, hábitos e valores sociais: a discriminação de tonalidades de branco pelo esquimó e de tonalidades pardacentas pelos povos pastores subtropicais atinge uma acuidade que escapa a todos os nossos olhos; a simples percepção das cores insere-se em quadros valorativos e ideológicos. Ver, humanamente, é já idear. O mero aprendizado da fala dota uma criança com a mais complexa instrumentação simbólica até hoje criada. Portanto o uso de diagramas e símbolos matemáticos não vem instaurar o pensamento simbólico: vem despegá-lo do espírito das crianças, na altura que já é oportuno que elas vejam as palavras, as frases, os textos, como coisas de uma até então despercebida categoria: coisas com que, mentalmente, se agarram as outras coisas mais óbvias. ..."

Óscar Lopes (1917), in Gramática simbólica do português (Lisboa, 1972).