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domingo, 12 de setembro de 2021

Sonhos



Ao invés da aguarela algo harmoniosa e naïf, de inspiração marítima, os sonhos da noite, colhendo caoticamente as impressões do dia passado e o futuro almoço de filetes de pescada, domingueiro, albergavam pássaros e peixes enormes, Jorge Sampaio discursando em Timor-Leste e o mercado de Dili, onde uma nativa, da sua banca, me queria vender, melíflua, o que me pareceu ser uma gigantesca jamanta. Ainda lhe perguntei se não teria raias. Silenciosa me apontou ameaçadora o que me pareceu ser uma lula de dimensões muito avantajadas. Que recusei, categórico, pelas poucas bocas que teria à mesa, hoje.
Até que, para meu sossego, resolvi acordar e regressar à Metrópole...

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Esquecimentos e omissões


Das ex-colónias portuguesas, tirando, eventualmente, o dito Estado da Índia (Goa, Damão e Diu) - que, da Índia, têm vindo vários visitantes ao Arpose - só faltava que alguém de Timor viesse ao Blogue. Aconteceu hoje, às 5h34, e o visitante dirigiu-se a um poste antigo de 8/3/2012, intitulado Lembrar Ruy Cinatti (1915-1986), poeta esquecido que tanto amou Timor. Alguém, por lá, o terá recordado.
Similarmente, ontem (hoje), no blogue amigo Prosimetron, JAD evocou o historiador Oliveira Marques (1933-2007). Assim se vai tentando alimentar a memória dos vivos, com a lembrança dos mortos queridos. Mas, penso, que é uma tarefa inglória neste nosso tempo de glórias efémeras e memórias curtas. Em que incensámos ontem o que amanhã sepultamos, para eleger um novo ídolo.
No entretanto, as Academias vão lembrando, burocraticamente, os seus maiores, como lhes compete, mas estas evocações ficam restritas às suas instalações geográficas e não chegam ao povo, nem às gentes das ruas. Como nos cemitérios, as inscrições biográficas e afectuosamente saudosas vão sendo delidas, nas lápides votivas, pelo bater inclemente do Sol, diariamente. Até que já não podem ser decifradas, pelas omissões das letras.
Quantos poetas, quantos historiadores, quantos escritores, quantos nomes ilustres se foram apagando, no tempo!...
( Por isso, não foi sem algum cepticismo e alguma melancolia, que eu fui escrevendo estas palavras.)

sexta-feira, 14 de julho de 2017

Descartáveis


Pela manhã - e ainda por pouco, fresca -, imprevistamente, junto aos contentores de lixo devassados pelo casal dos sem-abrigo, que cedo os costumam triar, estava um pequeno ursinho vermelho, de peluche (não, não é o da imagem, mas era semelhante), desamparado, ao abandono. E porque me lembrou o meu Tinzinho dos pés rombos, acastanhado, tive ainda a tentação de lhe pegar e levantar do chão, para o colocar em posição mais digna, mas desisti da ideia e lá segui  o meu caminho, para ir comprar o jornal.
Na esplanada do café, na mesa do canto, lá estava a ex-professora de cabelo crespo, desgrenhada, que, como sempre perorava para outras duas, mais jovens e no activo, que tomavam o seu café matinal antes de pegarem ao serviço, na Escola próxima. A veterana e aposentada professora sempre me pareceu passada... E, ao contactar as mais novas, julgo que procura a ilusão de dar conselhos, de forma atabalhoada, para se sentir ainda activa e útil. Penso que os anos, que passou em Timor, lhe fizeram mal e foram fatais...
Serão duas formas de solidão matinal. O ursinho imprestável, orfão e descartado pela criança que cresceu de forma ingrata; e a professora que procura integrar um diálogo profissional desajustado, com as mais novas, que quase sempre sorriem para ela, de forma compassiva.
Quando regressei a casa, o ursinho vermelho de peluche ainda lá estava, abandonado. E quase tive pena dele, no seu desemprego de afectos... 

terça-feira, 10 de março de 2015

Marcadores 26


Sucinto, essencial e mínimo, este marcador de livros da já desaparecida Galeria Quadrante que, livraria também, tinha um dinamismo considerável nos anos 60 do século passado. Fui encontrá-lo entre as páginas de Tédio Recompensado (1968), de Ruy Cinatti (1915-1986). Poeta estimável, de que passou, anteontem, o centenário do nascimento. Aqui fica o marcador, em imagem, e a nota breve sobre o Poeta que tanto amou Timor.