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segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Mercearias Finas 173

 

Diz quem sabe que as uvas da Touriga Franca, este ano no Douro, se portaram mal, mas a casta Baga, fundamental na Bairrada, não lhe ficou muito atrás. E, no Alentejo, de uma forma geral as uvas terão sido tardias no amadurecer. As vindimas atrasaram-se muito, por isso. No primeiro caso será a produção do Vinho do Porto a ressentir-se em qualidade, pois utiliza a casta Touriga Franca como uma das principais nos lotes.
Era do Douro que as Garrafeiras da CRF (Carvalho, Ribeiro & Ferreira, Lda.) traziam as uvas, nos anos em que as vindimas no Ribatejo corriam pior - ao que diz a tradição... Infelizmente, essas garrafeiras de renome e qualidade verdadeira deixaram de se produzir ultimamente. Ainda tenho algumas garrafas na adega e, há dias, abri uma delas da colheita (12,5º) de 1985, por questões de precaução temporal. Em conclusão, este ano vinícola nem foi famoso, nem para recordar.
Ora, o néctar estava austero ainda, mas de taninos domados, ligeiramente frutado no sabor - lindo na cor acastanhada, suave. Honrando as linhagens nobres, nos seus 36 anos de maturidade. Acompanhou ao almoço, sedoso, dois queijos da Serra (de diferentes maturações) e outro do Fratel, macios e complexos todos eles de interior... E, mais tarde, ainda se chegou com ele às castanhas outoniças, cozidas, com um cheirinho a erva-doce, inebriante.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Mercearias Finas 50 : vinhos velhos e a mal-amada Baga



Tenho dois amigos que, como eu, apreciam vinhos velhos. Esta preferência tem, no entanto, os seus riscos e é um investimento a longo prazo que, sendo bem sucedido, compensa - e muito.
Duas das castas portuguesas que proporcionam, muitas vezes, longevidade aos vinhos, são a Baga, na Bairrada, e a Ramisco, que está confinada à região de Colares. Mas estas castas autóctones produzem vinhos que, nos primeiros anos, são quase intragáveis - ásperos, amargos, muito adstringentes e fechados no aroma: é preciso ter paciência, esperar e deixá-los, se a colheita foi boa, uns anos na "adega" (garrafeira) a amadurar.
Esta garrafeira magnum (Encosta dos Mouros) de 1997, da Adega Cooperativa da Mealhada (em imagem), com os seus pródigos 13º, foi-se... há dias. Monocasta de Baga, na sua melhor expressão e de um bom ano de colheita, nos seus quinze anos de idade, tinha atingido a maioridade gustativa, e não iria aprimorar mais. Foi sacrificada a um magnífico Queijo da Serra babão, num prandial convívio de 6 amigos. Honra lhe seja: acabou por bem!

sexta-feira, 9 de março de 2012

Velhas Cepas e humor



É sabido que, alguns bons vinhos portugueses, são feitos de uvas provenientes de cepas antigas, como é o caso, por exemplo, dos produzidos pela casa Sidónio de Sousa, na região demarcada da Bairrada. Algumas vinhas desta casa, da casta Baga, têm mais de 80 anos. Consequentemente, a produção destas cepas é escassa, mas os vinhos obtidos são de boa complexidade e alta qualidade, normalmente. Na região do Douro, também isto acontece, com algumas marcas conhecidas.
Lembrei-me disso, ao ver citada uma frase curiosa da baronesa Philipine de Rothschild, dona do célebre Château Mouton, que dizia, com a sabedoria própria da experiência, qualquer coisa como isto:
"Fazer vinho é realmente um negócio muito simples. Difícil, só os primeiros 200 anos."