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quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

Quebras de qualidade

 

De há muito que me deixei de revistas e de publicações temáticas periódicas. Umas por perda de qualidade intrínseca (JL, L'Obs), outras por desinteresse (Revista de Vinhos) gradual, outras ainda por continuada interrupção de importação (caso do TLS) para Portugal. De longe a longe, de algumas, ainda volto a comprar um exemplar, para matar saudades e tomar o pulso à qualidade actual. Na minha perspectiva, no entanto, quer o JL, quer L'Obs, por exemplo, mantêm um declínio evidente e notório, seja de artigos, seja de colaboradores...
Mas, às vezes, no dealbar do ano, dá-nos para a generosidade e espavento. Foi um fartar vilanagem! Acabei, hoje, por comprar, incontinente, a Revista de Vinhos, por falar da família Margaça ( que produz bons vinhos no Alentejo) de Pias e a Lire, francesa, que abordava Alexandre Dumas (pai), meu inesquecível escritor de juventude com os seus Mosqueteiros. Só espero que esta minha generosidade acrítica (?) não me saia cara, em relação ao proveito que vou fruir na leitura...

quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

Recomendado : noventa e seis



Ainda que por razões subjectivas, recomendo vivamente a leitura do último JL (11/1 a 24/1/2023), que dedica 7 das suas  páginas a Eugénio de Andrade (1923-2005), pela próxima passagem do centenário do seu nascimento. Pessoalmente, considero-o um dos grandes poetas do século XX português.
O jornal  literário evoca também António Mega Ferreira (1949-2022), falecido há pouco.

Nota pessoal: chamo a atenção para uma carta (a segunda) de Eugénio de Andrade para Eduardo Lourenço, na página 20 do JL. Contém uma excepcional e clara explicação do fazer de poesia de E. de A.

quarta-feira, 28 de setembro de 2022

Ideias fixas 70



Eugénio Lisboa, talvez perdulariamente, anda a dar-lhe caça no blogue De Rerum Natura. Embora, na minha opinião, por bons motivos e justificadas razões de falta de qualidade mental dos seus textos (dele). Referindo como razões optativas do gosto do vulgo: o "provincianismo douto, pretensiosismo parolo, infantilidade embevecida (ou) imbecilidade inconsciente".
Se a última soberana inglesa foi celebrada pelo seu mais longo reinado, este artista português do interior - logo saudado por Saramago na sua estreia em prosa, e premiado - arrisca-se a ultrapassar, em breve, o número das obras da bibliofília camiliana (já vai em cerca de 50 publicações...). É "obra"!  Quanto a quantidade.
Mas bastaria ler a última coluna na direita da contracapa do último JL, para aquilatarmos a qualidade mental da sua escrita, sobre Mariás...
Pois que os leitores pobretes nunca lhe faltem. Nem também as empáticas editoras lusitanas. Para seu sustento.

sexta-feira, 25 de março de 2022

Esquecidos (9)



Esta súmula de afectos que a memória perpetua, habitualmente, torna-se com o tempo um local de romagem virtual e oásis gratificante a que recorremos em momentos de tédio, dúvida ou solidão pessoal. Podem ser imagens ou palavras, cheiros e sabores, geografia de lugares amenos. Ou apenas nomes. Ancoradouros seguros, no tempo incerto.



António Mega Ferreira resolveu, e muito bem, no penúltimo JL (nº 1342), trazer-nos à lembrança o multímodo escritor e divulgador cultural português-santomense Mário Domingues (1899-1977), figura bem conhecida de quem lia e se interessava pela História de Portugal, em meados do século passado. Mas também autor de policiais, sob vários pseudónimos.



Creio que Mário Domingues está hoje relativamente esquecido, e não o merecia. Suponho que actualmente não há livros de qualidade semelhante e de propagação histórica aos que a Romano Torres editou, para a juventude, da sua autoria, em meados do século passado. Que, além de fidedignos quanto aos factos, eram bem escritos. E que eu li com tanto agrado e entusiasmo, na minha adolescência.

quarta-feira, 28 de abril de 2021

Divagações 170



Por desfastio, colhi das estantes da sala o De Olhos Abertos, livro de Marguerite Yourcenar (1903-1987), e logo, ao reler as primeiras frases da escritora, a empatia  e o interesse se me reacenderam. Raramente, isto me acontece. Três exemplos me vêm ao espírito, de desencontros notórios, de autores ainda que estimáveis, mas cujos textos se me tornam enfadonhos e cuja leitura, quase sempre, não consigo acabar. São eles: Guilherme de Oliveira Martins que, no JL, escreve com alguma frequência; no mesmo jornal cultural e na Revista do Expresso, as crónicas de Gonçalo M. Tavares cujas glosas literárias me cansam imenso. E, finalmente, os textos no jornal Público, do político António Barreto, que, por princípio, nunca diz ou escreve nada de novo...

quinta-feira, 22 de abril de 2021

Recomendado : noventa



Creio que todos concordaremos que o JL já teve melhores dias. Graficamente, em textos, na qualidade dos seus colaboradores. Mas este último número dedica o seu dossiê ao soneto, como forma literária - uma boa lembrança sem dúvida, ao recordar também Sá de Miranda, como seu introdutor em Portugal. Claro que ao recomendar o jornal literário, eu terei de passar por cima de algumas bacoquices parolas que denunciam um certo terceiromundismo cultural. Como, por exemplo, este subtítulo pindérico, a propósito da poesia do poeta do Neiva: "E há uma reescrita em devir, com a sua reactivação artística no contexto performativo da música pop e rock" (pg. 7).

melhores agradecimentos a MR, pela dica amiga.

sábado, 26 de dezembro de 2020

Divagações 166


Numa das suas últimas entrevistas, reproduzida no JL especial editado aquando da sua desaparição do mundo dos vivos, Eduardo Lourenço (1923-2020), a propósito da morte, falava de números. Lembrei-me que, durante a guerra colonial (1961-1974), nos jornais portugueses e em local pouco destacado, quase diariamente, aparecia o número das baixas humanas, nos vários teatros de guerra. Em média era o número 3. Curiosamente, como agora com a pandemia, é um algarismo anónimo, embora muito maior, e descriminado por diversas alíneas, que aparece, quotidiano... 

O terrorista é agora o Covid-19, inimigo oculto e anónimo também, mas que parece ter uma personalidade própria, agressiva e letal. E que não conseguimos perceber se luta para ele próprio conseguir sobreviver ou se apenas pretende ceifar e ceifar, indiscriminadamente, apenas para destruir, cada vez mais, em números indiferentes e arrasadores, os seres humanos. Numa contabilidade impiedosa e cega. Mesmo que o nosso não fosse um tempo em que a economia predomina e submerge tudo, também assim a palavra cada vez perde mais espaço. Cedendo o lugar aos números. 

quinta-feira, 21 de maio de 2020

Recomendado : oitenta e cinco - JL


Há muito que o JL deixou de ser o que era. Gráfica e textualmente. Faz tempo que parei de o comprar quinzenalmente: eram sempre os mesmos suspeitos do costume, mais uns arrivistas novatos, colaboradores com mentalidade e escrita de província. E mais 2 ou 3 pseudo-eruditos que citavam, citavam muito...
Não foi por eles que comprei o JL, saído ontem. Foi pelo Rúben A. (1920-1975), que era tudo menos isso. O dossiê do jornal é-lhe dedicado, pelo centenário do nascimento. E bem.

domingo, 28 de abril de 2019

Shakespeare, outra vez?


O penúltimo TLS (nº 6055) consagra a Shakespeare 11 das suas 40 páginas.
E eu fico pasmado como é que estes ingleses ainda conseguem produzir, com inovação e qualidade, novos estudos sobre o seu maior dramaturgo. E com regular frequência.
As comparações são quase sempre despropositadas, mas eu arriscaria dizer que seria o mesmo que a Colóquio-Letras ( JL e a Ler estão muito abaixo da qualidade do TLS), ciclicamente, abordasse a obra do nosso Camões, com estudos inovadores e originais. Se nos anos 50/70 tivemos uma pléiade de sérios e competentes académicos e ensaístas (Pimpão, Costa Ramalho, Aguiar e Silva, Jorge de Sena...) que estudaram Camões, hoje, os nossos professores universitários de Humanidades parece que meteram todos a viola ao saco...
Tudo isto me faz pena. 

P.S: chamo a atenção para o elegante grafismo da capa deste TLS, representando Hamlet.

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Que razões?


"Como é que alguém se senta e se dispõe a escrever mais um livro sobre Shakespeare?" - pergunta Neil Forsyth, no penúltimo TLS (nº 5855), ao iniciar a sua recensão sobre a obra Shakespeare and Abraham, de Ken Jackson.
Ora, isto mesmo já me perguntei eu, variadíssimas vezes, neste meu já longo convívio com o jornal literário inglês, em que é rara a semana em que não se fala do grande dramaturgo britânico. Este facto, insólito para mim, seria comparável, talvez, a que cada quinzenal JL trouxesse um texto sobre Camões.
Acrisolado amor? Fascínio continuado ou devoção perseverante e patriótica? O que é facto é que a obra de Shakespeare vai ganhando novas perspectivas e actualizadas interpretações. Que melhor a explicam, ao nosso tempo, facilitando porventura a sua leitura, pelas novas gerações.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Da crítica e da Poesia maior


A crítica, em Portugal, está pela "hora da morte", ou seja, vem tarde e a más horas - que os livros de qualidade já são recenseados no JL, quase como na Colóquio: com ano(s) de atraso.
Só no último JL (nº 1146) é que foi apreciado o último livro de Echevarría (Categorias e outras paisagens), saído em Outubro do ano passado. Quantas frioleiras, entretanto, lhe passaram à frente, em recensões de compadrio, sempre muito em cima da hora? Quando não em pré-apreciação e pré-publicação. Antes que esses livros desapareçam das montras das livrarias e recolham ao refugo dos armazéns, para serem depois expostos, em saldo, nas estações de metropolitano, em fugazes lojas de qualidade duvidosa e sazonal.
Aqui fica mais um poema desta Poesia difícil, mas maior:

Tornou-se, aos poucos, sensível
a tez da velhice. A mágoa
recolheu-se ao doce timbre
de azular-se na palavra.

E a palavra desceu
ao halo feliz da tez,
com a velhice a crescer
dentro da luz que se fez.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Intervenção ou neutralidade?


O JL desta semana traz a capa que, parcialmente, reproduzimos e encima este poste. Vários escritores, com perspectivas ideológicas variadas, respondem na sua maioria, pelo mesmo diapasão, embora com pequenas diferenças de pormenor. Não me esqueço do sábio verso de Drummond: "...não faças poesia sobre acontecimentos..."; ou da prudente frase: "de boas intenções, está o Inferno cheio". No limbo do esquecimento jazem inúmeros poemas feitos à glória de Vasco Gonçalves, no PREC, de duvidosa qualidade proliferaram cânticos à morte de Che Guevara, só para citar dois exemplos. Mas a minha convicção é de que um artista não deve, nem pode, furtar-se ao seu tempo, e a tomar partido denunciando a injustiça e os dias funestos em que vive. E observo muitas vezes o comodismo e a neutralidade de muitos que assobiam para o lado, mantendo a porta aberta às eventuais benesses do Poder iníquo. Lamento-o, vivamente.
Sobre aspectos, não absolutamente convergentes, mas que se podem associar, li, ontem, no jornal Público, um artigo muito pertinente, de Alfredo Barroso, que passo a citar, parcialmente:
"...«O povo não come ideologia» é uma frase muito batida, normalmente utilizada pela direita ou por políticos oriundos da extrema-esquerda sempre em trânsito para a direita. É característica do pragmatismo sem princípios que tomou conta dos partidos socialistas, sociais-democratas e trabalhistas membros da Internacional Socialista, na última década do século passado, a partir da fracassada Terceira Via teorizada por Anthony Giddens e adoptada por Tony Blair, Gerhard Schroeder, António Guterres e tutti quanti por essa Europa fora. No fundo, não passou de uma conversão encapotada às delícias do neoliberalismo. Foi uma abdicação ideológica que os tornou comparsas da direita e reforçou o «rotativismo» no poder, com as mordomias que ele confere e os tachos que permite distribuir. ..."

terça-feira, 29 de maio de 2012

1 tema com 3 andamentos


1. As idiossincrasias de cada um têm destes caprichos: de tanto ler dois ou três cronistas do JL (quando o comprava, regularmente), agora que eles são escritores badalados, não os consigo já ler - saturei, absolutamente. Mas também porque a arquitectura da sua prosa é frágil, com truques repetitivos e expedientes para agradar, na transversal. Por debaixo do casaco distinto, nota-se a camisa rota... Mas é bem verdade, o que o povo diz: "Mais vale cair em graça, do que ser engraçado."
2. Há dias, Pacheco Pereira referia as dezenas de livros (inúteis) de autores desvalorizados pelo Tempo e sem o mínimo interesse de leitura (Ponson du Terrail, Paul de Kock...) que juncavam a biblioteca familiar, que herdou. É verdade, estes autores de sucesso, aqui há 70/ 80 anos, aparecem aos pontapés, nos alfarrabistas, agora, e são agrupados, em leilões, por lotes de 20 ou 30, a ver se tentam algum licitador que olhe mais à quantidade do que à qualidade do que compra. Mas, a maior parte das vezes, são retirados de praça, sem se venderem.
3. Um escritor meu amigo costumava dizer que: passava bem sem a glória póstuma, queria era o reconhecimento no Presente, enquanto vivo. Parece que, neste particular, Walter Scott (1771-1882) foi um homem cheio de sorte. Ganhou bom dinheiro com a escrita, foi best-seller constante e houve até uma scottmania (segundo o TLS) que ainda chegou ao séc. XX. O aeroporto de Edimburgo tem o seu nome, nos Estados Unidos há 22 vilas e cidades denominadas Waverley (título duma das suas obras), para não falar no incalculável número de ruas Walter Scott, que existem por toda a Commonwealth.
Ficou o nome, ficaram os mitos que criou (o "ogre de Oslo" referia-se muito a Ivanhoe), ainda se vende, mas quase ninguém o lê. Saturou.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Aqui há dez anos


Arrumos de época própria, fazem-me deparar com um JL do período de 25 de Julho a 7 de Agosto de 2001 (a primeira data gralhada na capa). É o nº 804, do ano XXI. Dá para ver a efemeridade das coisas e o eco amortecido ou sepultado do que terá sido "importante", aqui há dez anos atrás - não vale a pena correr pela moda muito presente e demasiado actual... Dos best-sellers de ficção (10) passo a referir os 5 mais vendidos (alguém se lembrará deles?):
1 - Gaby Hautmann: "Um amante a mais ainda sabe a pouco" (Quetzal).
2 - Edith Wherton: "Sono Crepuscular" (Asa).
3 - Marion Zimmer Bradley e Diana L. Paxton: "A Sacerdotisa de Avalon" (Rocco).
4 - Luísa Castel-Branco: "Luísa" (Oficina do Livro).
5 - Brian Gallaghr: "Marido Infiel" (Presença).
As duas notícias em destaque, neste JL, são: "Os 5 anos da CPLP: Balanço e Perspectivas" e a atribuição do Prémio Camões a Eugénio de Andrade, com testemunhos e artigos de Eduardo Lourenço, Arnaldo Saraiva e José Tolentino Mendonça. O JL traz ainda 3 poemas inéditos do Poeta. Transcrevo um deles que não sei se terá tido inclusão e posterior impressão em livro. Tem como título "À beira da água" e está datado da Foz do Douro (27. 8. 2000). Segue:

Estive sempre sentado nesta pedra
escutando, por assim dizer, o silêncio.
Ou no lago cair um fiozinho de água.
O lago é o tanque daquela idade
em que não tinha o coração
magoado. (Porque o amor, perdoa dizê-lo,
dói tanto! Todo o amor. Até o nosso,
tão feito de privação.) Estou onde
sempre estive: à beira de ser água.
Envelhecendo no rumor da bica
por onde corre apenas o silêncio.