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sexta-feira, 24 de junho de 2011

A Boda do Poeta - Antonio Skarmeta

Este livro narra a história de uma ilha imaginária (penso eu) do mar Adriático (e não do mar Tirreno como por lapso escrevi no post anterior), portanto, entre a Itália e a Península Balcânica. Trata-se da ilha de Gema. O enredo decorre no início do século XX, época em que se iniciam os grandes dramas que os povos balcânicos irão viver, ao logo de todo o século XX.
Não podemos esquecer que Skarmeta é filho de croatas e, portanto, trata-se de um assunto que terá, para o autor, o seu cunho pessoal.
Gema é uma terra pobre, vítima de desgraças naturais que destruíram a sua agricultura. A sua população e escassa e pobre. No entanto, é um povo cioso da sua autonomia e vê com receio as ameaças do Império Austro-Hungaro, terrivelmente agressivo, em vésperas da primeira guerra mundial.
Ao longo do livro vai-se desencadeando uma trama em torno da resistência a opor aos austríacos, ao mesmo tempo que os personagens desfilam, todos eles, em torno do casamento do comerciante austríaco há muito aí estabelecido com a donzela mais bonita e cobiçada da Ilha.
Trata-se de um romance divertido. De leitura muito agradável, cheio de peripécias embrulhadas num humor fino e constante, um humor algo fantástico, típico da literatura sul-americana. A sátira e a caricatura estão por todo o lado, abordando temas sempre controversos como a corrupção e o “novo-riquismo” em face da pobreza, a coragem na luta pela autodeterminação da ilha, em confronto com um Império que despreza totalmente a vida humana. Por último, a emigração para a América do Sul como uma esperança que tem tanto de radioso como de falso; aqui entra a ironia de Skarmeta na forma como este povo humilde encarna esta esperança, sem saber das misérias que o espera, também, neste destino. Skarmeta é um escritor algo desiludido com o seu país, o Chile. Daí esta ironia de fazer os seus personagens sonhar com um Chile que seria uma espécie de terra prometida.
Este livro não tem a dimensão poética de O Carteiro de Pablo Neruda, obra-prima de Skarmeta, mas não deixa de ser um excelente exemplar da literatura sul-americano. Um livro que se lê de forma muito agradável, mau grado algumas confusões provocadas por uma tradução que me pareceu bastante sofrível: frases confusas, sem nexo, surpreendem-nos quando menos se espera. Mas é, sem dúvida, um livro a ler.
Avaliação Pessoal: 8/10