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quinta-feira, 12 de julho de 2012

Poema de Rosa Alice Branco

Atrasei-me ou foste tu
que saíste antes da hora?
A chave é um relógio
eternamente certo.

As dúvidas não cabem na fechadura

(in Concerto ao Vivo; ed. & Etc, 2012)

domingo, 14 de agosto de 2011

"Carícia divina", de Rosa Alice Branco

Cordeiro do Senhor nunca queiras escravo.
A hóstia branca que levamos à boca
é a mesma lua cheia que ilumina
o meu corpo a deslizar no teu.
Porque deus é amor e nós fiéis.
Porque nos fez com uma carícia
assim te acaricio e me cobres
de felicidade pela noite dentro.
Bendito seja quem assim ama.
Livrai-nos Senhor de todos os cordeiros
e dai-nos um ao outro cada dia.

(in Gado do Senhor)

terça-feira, 9 de agosto de 2011

"Ofícios do mundo", de Rosa Alice Branco

Pias são as vacas
aspirando o chão com as manchas brancas
enquanto as negras erguem para o céu
um olhar bovino por cima da casa
onde o pasto secou há muito
no coração dos homens.
Só a vara lhes cabe na mão.
Ofício do mundo. Contar os minutos quilo a quilo.
Fazedores de carne, do livro de contas,
que contarão ao Senhor
no altar do sacrifício
que ele não saiba ou tenha sido?
No fim da noite bebem o vinho sagrado
de fato sombrio e rosto encoberto
pela lua. Cá fora trocam-se "mus":
mantras de amor sobre as estrelas.
Senhor, de quanta compaixão precisas
para apadrinhares o churrasco de domingo?

(in Gado do Senhor)