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Pensamentos

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , | Posted on 17:50


(...)Faz sentido seguir um caminho ao qual não sentimos pertencer, só porque a maior parte das pessoas à nossa volta parece fazê-lo e espera que o façamos também?
(...)Nunca tive jeito para seguir ordens que não compreendia. (...)Evito, no entanto, julgar ou converter quem pensa de forma diferente, pelo mesmo motivo que não aceito que o façam comigo. Dificilmente me ouvirão tomar posições radicais em público ou contrariar a vontade do grupo - tal como não me verão seguir o grupo ou ouvirão mentir simplesmente para ser aceite. Em alternativa, sempre preferi ficar sozinha, mesmo que me garantissem que a festa era bem mais divertida do outro lado da porta. 
Com o tempo deixei de tentar mudar, embora desiludisse as pessoas que achavam que seria para meu próprio bem... mas descobri que há mais pessoas assim, que não acreditam no que não compreendem, que preferem viver insatisfeitas e indignadas do que escolher o caminho mais fácil - há outra opção, afinal de contas? (...)

Ana Pina

Voltando ao ponto de partida

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , | Posted on 07:07



'' Voltando ao ponto de partida ''

Aqui estou novamente parado, na mesma rua, do mesmo bairro e cidade. Quem explicaria a minha volta a este lugar? Sinto-me em casa aqui, mesmo sendo uma rua, sento na calçada e vejo tudo à minha volta, o que se move e os imóveis, os visíveis e o que é oculto. Sento e vejo vidas novas e velhas, iniciantes de uma triste lida e vencedores de uma jornada coroada de troféus. Eu sou assim mesmo, um dia estou aqui e outro dia estou la, não sou da lua, sou da terra mesmo, como dizia um compositor, eu deixo a vida me levar.
Certo dia, sentado aqui mesmo, vi uma mulher, que ao passear, fixou seus olhares em meus. Não eram olhares de sedução, eram olhares de vozes, de sons e palavras…Aquele olhar refletindo a claridade do dia fazia com que tudo à sua volta se ofuscasse. Seus olhares jorravam palavras, poesias…seus olhares falavam. Nem se quer piscava, mas para um bom observador de intelectos e da natureza, podia-se ver muito longe… era como se uma janela se abrisse e a vida passasse inteira naqueles poucos e apressados passos daquela mulher. Não vi seus cabelos, não conseguia ver como era seu corpo, sua forma, sua cor, apenas seu olhar.
As palavras que eu ouvi, guardei em meu baú de segredos insondáveis. Estou eu aqui, no ponto de partida novamente.

por, Alessandro de Souza

Baseado em fatos reais

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , , , , , | Posted on 15:38






O domínio absoluto sobre os meus estados de espírito é a minha maior conquista como ser humano. Há mais de vinte anos que não perco a calma. Há mais de vinte anos que não produzo adrenalina desnecessariamente. Não brigo, não xingo, não bato. Não sinto raiva nem ódio, nem ciúmes, nem rancor. Não me irrito por absolutamente nada. Nunca tive mau humor. Não tenho sequer aqueles nozinhos horrorosos na garganta. Não me descontrolo jamais! Não há motivos racionais que possam me abalar. Não discuto, a não ser filosofia. Sou amorosamente zen...
Como consigo tal façanha?você pode perguntar.
É muito simples: Dou valor secundário às coisas secundárias. E considero secundário tudo aquilo que não é fundamental... Tudo aquilo que não tem poder de causar mudanças significativas no rumo da minha vida. Considero secundário tudo aquilo que não interfere na minha felicidade.

twilight zone

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , , | Posted on 18:40

«fotograma - Death´s Head Revisited - Twilight Zone Episode -  e umas ilustrações feitas com o PhotoScape»

Imaginações – Objecto

O Quarto

[ Mentir sabe bem, nem sempre!]

Autor: NãoSouEuéaOutra 
       4 de julho de 2007

Vou imaginar um pouco, só um pouco; para desenferrujar um neurónio do género primata, quem sabe um platirrineo ou um catarrineo; ou quem sabe um Hominóide tipo: Australopithecus!!!  Assim começo…


Um quarto de hotel. Uma cama. Sobre ela um corpo e à janela outro. Lá fora, um vendaval enorme. Estamos na quinta dimensão. No twilight zone. No limite da realidade. Preto e branco. O chamado crepúsculo que nos direcciona para um lugar onde não há limitações, onde a curiosidade faz o monge vestir o hábito; o mistério impregna pelos poros e os amantes sacodem os corpos sem saber o amanhã. Onde tu fazes o teu próprio guião e lhe dás a sentença. Colocas a voz em off e narras o ocaso. Uma cama. Sobre ela, um corpo e à janela outro corpo. A chuva bate intensamente nas vidraças da janela redonda e, o tecto que é de zinco faz entoar os  sons numa mistura de inquietação e desconfiança. O vento ajuda à festa com seus assobios agrestes. Nenhumas palavras naquele quarto, a não ser a tua voz em plena narração no outside do teu filme. Dizes: “Era tarde e ele levou-a ao hotel. Não!!! Vou recomeçar. Era tarde e ela levou-o ao hotel.”


Os teus pensamentos vão materializando o filme, as personagens são fruto das tuas divagações e que se transformam em vivas e reais na tua mente. É orgânica a tela da tua mente. Quando dás por ti, já não sabes onde está o limite. No entanto, movimentas-te dentro do filme e por mais incrível que seja, não consegues tocar as formas dele. Separam-se misteriosamente, mas tu estás de facto dentro dele. Queres voltar atrás, mas não consegues. Aos poucos perdes as cores e adquires a tonalidade crepuscular. Não sabes porquê!? Eu digo-te: “Entraste na quinta dimensão e ficaste preso nela! Apenas, átomos e moléculas.”
A tua saída é somente uma: "Acabar o filme, antes de seres devorado!!"


Do Medo

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , | Posted on 20:09






Sozinhos, o silêncio torna-se insuportável. Nascem mais abismos do que o normal. Por isso, os outros são tão necessários para que possamos deixar de focar um no outro e, fugirmos à realidade crua de nós os dois apenas.


A Diva 6

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , , , , , , , , , , , | Posted on 18:06


 Louise Brooks



Suspiro profundo:

- Vejam-me demorando por aí.
- Salto fundo. É um poço.
- Tem fundo. Como tudo tem fundo.
- Claramente, como todos os sóis estão ali…
- Sim, ali no Universo.
- Demoro muito. O trabalho é intenso.
- Intenso como é todo o acaso.
- É moroso, exige provas de força.
- Força não é qualquer coisa. É uma atitude.
- Atitude acaba sendo a aliada. Ela vem por clareza.
- Clareza não está em todas as coisas. A clareza escolhe-nos.
- Escolhe-nos como a flor existe na terra. Nunca somos nós que decidimos.
- Um dia, quando sempre fomos burros, ela chega e abre-se.
- Abre-se a caixa que fechava o interruptor que nos faz ligar a lâmpada.
- Sem se perceber… nem um pouco sequer, encontramos o destino.
- O destino nos olha e dá-nos a verdadeira missão.
- Há quem espere metade de um século. Há quem nunca espere e se vai sem saber sequer.
- Acendeu-se a lâmpada, acendeu-se o destino, acendeu-se tudo para sempre.
- Se choro, talvez. Muito. Há preços que chegam assim. Há preço para tudo.
- A vida é tão curta. Curtíssima. Tão curtíssima como esta escrita – monólogo.

NãoSouEuéaOutra in « Sei lá, é assim as coisas! »

A Diva 4

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , , , , , , , , , | Posted on 19:27


'' My Vision of Herpburn (design) ''


« Porque ocultar o meu desejo de ti. Venero a tua beleza, a tua elegância, a tua educação. Venero como quem venera todas as primaveras da vida. Quem não crê na veneração, poderá (?) achar-me a Louca das Loucas. Venerar não é para todos, dizem. Por dizerem, dizem que: Venerar é penetrar no mistério da boca, é nadar nessa eternidade fecunda. Então, direi que, a imagem da veneração é perpétua em ti. 

Confesso – não tendo religião, mas tendo o ópio da vida – que aquilo que venero, é tão pouco em comparação à veneração que a vida tem por ti. »

NãoSouEuéaOutra in «As Divas»

Put(a)Santa

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , , , , , , , , , | Posted on 19:23


Joyce Tenneson - fotografia


Sou uma Mulher do Deserto. Uma Mulher esguia e pálida rosada; longos cílios e cabelos. Apetece-me chorar, a rodos. Não sei bem o que chorar! Apetece-me chorar por tudo. Sou uma Mulher. Uma Senhorinha, putinha - santinha o quanto baste! Não me esqueço, do Deserto. Dizem que cheiro a Flor de Enxofre. Sou esta Vestal de Ocre. As Serpentes enchem-me o corpo, dançam-me e seus olhos fosforescentes cospem-me amor, amor e amor. 

NãoSouEuéaOutra in «caio em mim»


Miguel Torga

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , , , | Posted on 07:21



Não há maneira. Por mais boa vontade que tenham todos, uma discussão nesta santa terra portuguesa acaba sempre aos berros e aos insultos. Ninguém é capaz de expor as suas razões sem a convicção de que diz a última palavra. E a desgraça é que a esta presunção do espírito se junta ainda a nossa velha tendência apostólica, que onde sente um náufrago tem de o salvar. O resultado é tornar-se impossível qualquer colaboração nas ideias, o alargamento da cultura e de gosto, e dar-se uma trágica concentração de tudo na mesquinhez do individual.
Miguel Torga, in "Diário (1940)"



Confissões De Uma Dançarina

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , , , , , , , , , , | Posted on 19:29

Pintura , Fernando Botero


Confissões De Uma Dançarina
Género: Ficção

Ano: 17-10-2006
Hora: 0:31:41


Por: NãoSouEuéaOutra





(...) perguntou-lhe:
'Linda mulher, filha da graça e do encantamento,
de onde vem tua arte
e como é que comandas
todos os elementos em seus ritmos e versos?'(...)
(Khalil Gibran)


Chego a casa a altas horas da madrugada e o único murmúrio que se ouve é a brisa da noite, onde a alva ainda dorme aconchegada no manto da escuridão. Dispo o casaco que trago vestido e atiro-o para cima da cadeira mais próxima que encontro, escondendo um segredo que ninguém sabe, a não ser aqueles que comigo privam nesse mundo. No corpo trago os cheiros das ambrósias decadentes dos desejos que satisfiz com enorme gozo. O gozo que ninguém desconfia e do qual só as grandes Senhoras são detentoras.


(…) Sou uma Senhora e danço por dinheiro.
Sou uma Senhora durante o dia,
sou uma Dançarina durante a noite
e danço por dinheiro (…)


Sou perfeita no que faço e não faço por menos. Tenho pés perfeitos unidos a um corpo timbrado com esses sons régios que vem das esferas superiores. Mas, hoje tenho cisco nos pés e ainda assim, estou feliz! Ganhei um Diamante. Porque à parte de tudo, sou uma Senhora e não faço por menos. Ganhei-o e nem sei o nome daquele que mo ofereceu e pouco importa os nomes quando tudo o que sei é que sou boa. Danço por dinheiro. Pouco de cismática tenho e tudo o que faço é porque quero e porque sou boa! Não perco tempo e jogo o jogo sem ilusões.


(…) Sou uma Senhora e danço por dinheiro.
Sou uma Senhora durante o dia,
sou uma Dançarina durante a noite
e danço por dinheiro (…)


Olho o diamante por entre os dedos, aproximo-o da luz e mergulho na sua mais íntima essência. Dizem que os diamantes são os amantes das mulheres solitárias e eu rio e rio até não conter mais nenhum riso. Claro, eu não penso assim; penso que são antes o meu wirdarlon por ser uma Senhora, digna de um estatuto de Rainha. Não faço por menos. Danço por dinheiro. Sou uma dançarina privada. Quando eles chegam até mim eu nem os vejo, simplesmente faço o meu trabalho e faço-o com gozo, o gozo que nunca suspeitarão e sou boa, muito boa!! A minha perfeição é tão grande que nem me lembro dos seus rostos, mas, reconheço-lhes os bolsos. Os bolsos de onde voam diamantes presos por fios de seda e que são enlaçados ao meu kleitorís num beijo mortal de gozo.


(…) Sou uma Senhora e danço por dinheiro.
Sou uma Senhora durante o dia,
sou uma Dançarina durante a noite
e danço por dinheiro (…)

Estiro os pés cansados da longa noite e convido-me mais tarde para um belo banho, onde os aromas devastarão os sucos da noite perdidos no corpo e no entanto gozados à tangencia de todas as razões humanas. Sou muito boa, muita boa nesta minha profissão. Faço-a por gozo e por cima de gozo. Danço por dinheiro. Nada mais belo do que avançar por entre a noite dos palcos vestida de forma sumptuosa envolvendo o corpo de tecidos minúsculos e sedosos, com os cabelos reluzindo como o brilho de certas pérolas e de todos os diamantes e o rosto coberto de um véu que esconde o fogo do gozo. Ser um anjo do prazer farto e minucioso e adentrar no desconhecido por puro gozo e chegar perto de ti e agarrar-te no que de mais intenso tens e te ofertar o sumo do prazer numa pequena gota, porque as restantes gotas são todas para mim.


(…) Sou uma Senhora e danço por dinheiro.
Sou uma Senhora durante o dia,
sou uma Dançarina durante a noite
e danço por dinheiro (…)


Os homens chegam nestes lugares e eles não sabem o que procuram, mas, eu sei e faço-o por gozo. Eles são cruéis, mas a minha crueldade não conhece limites e sou mortal. Faço-o por gozo, o gozo que não suspeitam e gozo em cima através dos seus ignorantes véus; e eles dizem: «Obedecer-te-ei!!!» e eu rio e rio. Sou uma dançarina e danço por dinheiro. Não o faço por eles, faço-o por mim. Por gozo que me faz prenhe todos os dias de mim mesma. Renasço, transfiguro e alimento-me como se fosse uma filha do Drácula. Vivo para gozar e gozar em cima do gozo e danço por dinheiro. Eles não sabem e cumpro a minha missão. Sou filha da Afrodite e nasci para fazer-me dançar e deixar o sonho chegar a ti. Mas, faço-o por mim e só por mim, e sou boa, muito boa. Sou Mulher e encarno todos os seus véus, e venero-a em todas as suas dimensões. Por isso sou boa, muito boa. Danço para ti, dançando para mim e gozo o frémito de todos os gozos.


(…) Sou uma Senhora e danço por dinheiro.
Sou uma Senhora durante o dia,
sou uma Dançarina durante a noite
e danço por dinheiro (…)


É hora de me levantar e tomar um banho, limpar o cisco dos pés e deitar-me. Quando acordar pelo meio da manhã vou vestir um outro corpo. O corpo de mulher igual a todas as outras que andam na claridade no mundo. Ser a Senhora que o sou e muito bem o sou. Sigo em meio delas e nem sentem o cheiro da minha outra vida que me põem prenhe todos os dias e sobre qual gozo o gozo dos mil gozos e na claridade do dia sobre a abóbada do mundo eles, os homens, não existem no meu universo adverso ao dia.


(...) A dançarina (...)
Disse:'Majestade, respostas eu não tenho às vossas perguntas.
Somente isso eu sei: a alma do filósofo vive em sua cabeça,
a alma do poeta vive em seu coração,
a alma do cantor vive em sua garganta,
mas a alma da dançarina habita em todo o seu corpo.'(...)
(Khalil Gibran)


Do Poeta

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , , , , | Posted on 20:20



"Não é o temor da loucura que vai nos obrigar a içar
a meio pau a bandeira da imaginação.
"
(A. Breton)



"Do Poeta"
por, NãoSouEuéaOutra


«aos poetas mal amados, a sombra faz companhia. da companhia nasce a experiência do inaudível e, da certeza não sendo certeza, a luz encerra o mistério da sombra. seja qual for o beiral, onde o poeta enterra as razões seculares da absurda condição humana, ele estará acima das luzes efémeras que reinam as pedras fáceis dos homens terra. »




"Os sonhos são pétalas entre os dedos..."
desfazem-se se não forem bem sonhados!


Ouro

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , , , , , | Posted on 23:03




Quebra o laço, quebra. É uma Ordem!! – digo eu! Quebra, quebra e quebra. Nunca ouças um animal de palco e nem queiras partilhar o sangue azul das tuas descobertas difíceis e que foram feitas com guerras internas, quedas abissais, infernos pior que o de Dante. Dar Ouro ao Bandido é um crime espiritual!!!!



Contos curtos ''A Terceira Vida'' por NãoSouEuéaOutra


Não Sei Se Sabes??

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , , , , , , | Posted on 23:02





Tenho esta saudade mergulhada até à raiz do nervo floral. Já nem sei do tempo. O que é o tempo senão uma espera brutal. Uma espera de nós mesmos. Uma espera pela liberdade! A liberdade está em encontrar aquela parte que nos faz tanta falta e que no mundo não existe!


Contos curtos ''A Terceira Vida'' por NãoSouEuéaOutra





Nada, nothing, Deus

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , , , , , | Posted on 10:17


assim como uma tempestade vinda não sei de onde, vomita palavras incoerentes!!!
coração apertado. garganta asfixiada. precisa vomitar... a dor, a dor, a dor!

(...) Tudo isto e nada. Nada tudo isto. Tudo e isto, nada. Nada, e tudo isto. Este mergulho na bruma do avesso. Cheirar a torrado. Carne ao léu. Sexo esmagado no delírio das paixões. Vazio é o caixão. Castanho, dizem ser a cor dele. É Terra. É Morte. Não sei, não sei. O que saber se na demora nem o orgasmo é Deus. Lábios, sangue doce. Mordida do nada. Preciso dizer, isto tudo no avesso da garganta e no mergulho do peito. Cansei!! Cansei à boca do teu nada. Cansei de espreitar pelo fio do teu cabelo e deitar-me nos cílios enrolados dos teus olhos sem cor. Cheira-me a nada, são teus dedos emudecidos dentro dos meus sovacos. São palavrões à brava que te torcem a razão. Grita, grita… oh, oh, oh… entranhas selvagens da terra, não me mordas.

Sei lá… sim, parei a meio caminho entre o nada. Chamam vazio ao nada. Acontece nada no vazio. Acontece acordar abruptamente e ser tocado pela saliva de Deus. Vazio, excrementos de Deus Torrado, terra por parir na fímbria dos dias. Tem deidades que desconheço, são por vezes senhoras das tripas. Tem quilómetros. Não sei. Dizem, que me chamo ''o vazio'' e pouco digo alguma coisa. Nada. Morte. Sufoco. Nada e nada. Há entre o juízo e a sem razão um côncavo que diz, ‘’amiúde a loucura é a salvação da vida.’’

Vou a descer as escadas. Parei, parei. Debaixo do varão. Está escuro, tremo. Não sei. Dizem que é Deus espreitando. Espreitando as comportas do meu coração. Alucinando grita, ‘’ sou deus, Deus!!’’. Coração fala sozinho. Ele tem personalidade própria e dele não adianta inventar. Está frio no varão das escadas. Deus grita no cimo das escadas. É o céu que por ali desce. E de repente, os dedos dos pés dizem, ‘’ are you lonesome tonight!! ‘’. Empalideço como a neve. E já não sei onde… onde iam os pés. Deus a descer do céu. Deus a descer. Elvis presley. Anos 60. Não sei. Triste a canção. Vazo os nervos, subo. Não sei. Deus desceu pelas escadas. O céu tomou-me os pés. Tenho asas. Não sei. Tudo isto e nada. Nada tudo isto. Falo, sozinha, a razão está na ponta das unhas. Tem letras nas cutículas. Os óculos na ponta do nariz, são binóculos de longo alcance. É a voz de Deus que ali está.

São nervos duvidosos. Gargantas a gritarem. São coisas por dizer. São faltas. É deus a desfazer o nó. É a tudo. Nada. Amanhã é hoje. Riso no passado cego. Alegoria de cavernas loucas. Homens mortos. Sacanas. Fel sexo, bexiga atormentada. Lar interior desfeito. Corrente de ferro, masmorra de pedra. Dama sem dedos, cheia de medo. Janela pequena, minúscula luz. Vagina pendurada na parede. Padre cego saqueando a vida. O demónio atrás. Anjos chorando, sombra orgânica em leito denunciado. Raiva, tormenta boca. Mulher velha. Cobiça. Deus não existe ali. Pacto sangue, inveja dura. O Bode tentando desenrolar os chifres. O cavaleiro apita. É o sino. É a hora. A hora. Derradeira hora da renuncia. Conquista. Sangue limpo, ases na mesa. Amante inteiro, castrado.

continua...


NãoSouEuéaOutra
in '' Uma Vontade a Explicar...''

Fotografia - Mariah, Olhares



Um delírio... Ouça, Traces of Love por Classic lV

Leonardo Coimbra

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , , , , , , | Posted on 19:26


ADORAÇÃO
de
Leonardo Coimbra


Excertos do livro


Oh! meu amor hei-de pôr-te uma estrela no peito

A TUA FIGURA

Andamos pela terra e pelos mares, vimos a frescura das fontes e as meigas curvas dos rios, à flor dos lagos os nenúfares como brancos sonhos de virgens submersas em palácios de cristal e opala, os choupos sensitivos, ensaiando asas nos frémitos sãs suas folhas; andamos pelos céus e vimos astros (oh! Meu amor hei-de pôr-te uma estrela no peito e sobre o coração!), e tocamos os sóis e os laboratórios dos mundos; andamos pelas almas e vimos alegrias sussurrantes que eram os seus ribeirinhos e sacrifícios de amor que eram a lenha dada ao fogo, subindo em prece de luz, e vimos sobretudo (Oh minha Beatriz, oh minha eterna saudade do Céu) um infinito Mar de silêncio em cujas praias, extáticos, nos quedamos a sonhar…

Dá-me os teus olhos, oh meu amor, que neste mar infinito eu me quero aventurar.
Enche-me de astros o Silêncio deste Mar, oh minha Lira-Mãe das esferas que rolam, dos Sóis de manto doirado e dos olhos que te rasgam na imensa face do firmamento!

Fecha agora os teus olhos oh meu Amor, e deixa-me ver o teu Nascimento…

Adormeceram as águas, fizeram silêncio as almas, e, sobre as ondas do grande Mar do silêncio, caminha para nós a serena Aparição da tua figura.
(…)
E, como sobre uma multidão que espera a manhã para transpor o rio que os há-de salvar do inimigo, flutua de asas abertas o seu próprio sonho de resgate, assim, sobre o mundo e as almas, o grande lenço branco da despedida se fez asa, protecção, carinho, sonho, êxtase, e é o manto que te cobre, e às almas, oh minha virgem, minha Senhora da Aparecida!
(…)
Oh amor do meu Exílio, meu estranho amor, de onde vens tu meteoro das almas, que elas, à tua passagem, reacendem-se em lembranças e são mais puras, mais brandas, mais líquidas e dadivosas, espraiadas duma humildade sem fim?
(…)

De serra em serra, por caminhos de seixos e urzes, vejo-te subir a todas as serras de Portugal; de dor em dor, por caminhos bravios e espinheiro, vejo-te subindo a toda a altura da minha alma.
Névoa da terra e das almas, sonho do meu amor divino, branco dossel de todas as saudades, o aroma para além da flor a bondade para além das almas, Alegria flutuando em espuma por sobre todo o Mar, és o trono da Terra, a Senhora da Graça e a minha andorinha, removendo as asas da Ascensão!

Eu te adoro: deixa-me ir contigo, oh meu Amor com asas!...


The Movie

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , , , , , , , | Posted on 18:49



Este toque que chega de longe. Da cidade. Esta paisagem arrebatadora dos sentidos. Nunca cresci. Nunca crescerei. No meio destas catedrais levo esta espessura pura que nunca será arrebatada pelo betão, pelos mármores. Sou o meu próprio imaginário, a minha própria estátua viva Eterna. Tenho respiração para além dos homens. Sou a espuma dos meus dias, a liberdade do meu próprio Condor interno. Sou a Fuga pura ao nada. Sou o filme na tela do rosto, sou a viagem sem tempo. Sou a miragem dos felinos em cima dos telhados, sou a garra que fere a boca do ódio. Sou a palma da criação que rola sobre a lágrima da gravidez do germe chamada seiva. Sou o barulho das aves atípicas, a crueza da saudade final. A floração do ventre mundo, a força da ternura debaixo do umbigo. Sou a florestação do rio debaixo da cidade esquecida e adormecida. Sou um contrato raro, uma bofetada na claridade da noite. O ''arrulho'' do magistério vivo dos animais. Sou o ouvido do toque, da tecla, do som, da voz!! Sou o vinho do caos, a origem. Sou ''The Movie'', a miragem a acontecer, a roda da ilusão a criar as asas da salvação.

Este toque que chega de longe. Da cidade. Esta paisagem atípica de desejos. Esta eternidade da canção. Este barulho de ardência. Esta guerra esquecida no trono de ossos. Sou a Catedral das ervas suaves, da corrente escondida no solo da vagina. Da cidade me fiz, rosto roto. Cruz cruzada e deixada a derramar na calçada. Não vim tarde, vim adormecida e coberta de cristal. Não sei da maçã. Sete ladrões, filhos de polegares são cegos, e a lanterna está no alto de uma pedreira. É à tarde que a cidade recua, lá no fundo sobe a respiração de uma água sem Oriente. Mescla-se tudo. A palavra sobe e desce. Nada faz sentido. Estamos no casino. É o Poker. É o Filme. É a Acção. É a Cena. É esse Toque, a Cidade. É tudo isto, Nada. É a AVENTURA.

NãoSouEuéaOutra in ''The Movie''

Condor = Abutre - do- novo- mundo

Para ver fotografia em formato maior, clicar sobre ela e todas as outras aqui expostas

As Trevas Louvadas

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , , | Posted on 17:28


Fotografia, daqui do sitio (blog)

À Treva nunca diga não, mas sim sejas louvada! Porque dela sobe o pão pela goela em dias de gélido suor. Se Tebas nunca durou, Trevas também nunca durarão. Há Tempo para tudo dentro do próprio tempo, apenas Viver é permitido o tempo todo, porque o resto é paisagem que o tempo haverá de lavar.

NãoSouEuéaOutra in '' Rir da Treva, não é para qualquer um' '

Este Abrigo

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , , , , , , , | Posted on 17:18

Fotografia aqui do sitio (blog)


... (...) Sou filha de todas as Eras!! Nunca morri, porque nunca nasci e sim, sempre existi. Vou daqui para ali na Aliança das coisas sagradas. Sou esta Terra Gigante dentro deste Cosmos. Sou Aquela que há-de sempre viver, por mais que reescrevam a história... (...)

NãoSouEuéaOutra in ''Parte da História esquecida chamada Mulher''

Escritores Malditos

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , , , | Posted on 11:05



… a madrugada desconhece as letargias lúcidas dos Escritores Malditos. Mas ela é cúmplice da masmorra cerebral, cuja sua transparência vista de dentro para fora é Mortal Mortal Mortal. Entendem, que quando um Escritor se Torna Maldito, ele tocou qualquer coisa que os Humanóides não conseguem ainda entender!! Edvard Munch em ‘’O Grito’’, pintou como se escrevesse ao Mundo qual é essa sensação; ele devolve, assim, ao Outro a verdadeira sensação do que é ser comido por dentro… mas os Outros apenas ouvem e vêem, mas não sentem, e é esta a verdade que nos separa dos Outros. Se repararem, à esquerda – diagonal ou meio atrás – do ‘’Skrik’’, aquele que está com as mãos na cabeça, forma-se algo que parece ser um rio – e que o é, já que se refere às Docas de Oslofjord –, e ele está sobre uma ponte… no entanto se olharem para a forma desse rio que morre no horizonte, é senão mais que uma figura de pássaro, como se essa mesma saísse da cabeça do próprio grito do jovem ou adulto. Em ‘’O Grito’’ há uma aspiração, que é devolvida claramente pela Ave. Mas, o telespectador apenas se perde na boca aberta do jovem e nas suas mãos sobre a face, quase que esmagando o cérebro com elas. A diversidade humana é tanta, que uns ficarão, analisando o lado cromático do quadro; outros a perspectiva, ignorando as cores; outros a sombra e luz; outros as personagens em numero e como se colocam dentro do quadro; outros o tamanho do quadro e ficam teorizando porque não fez maior ou menor; outros, que o quadro teria mais profundidade se fosse horizontal e não vertical; outros, mergulham dentro do quadro e nele se perdem e nunca mais regressam os mesmos; outros, tornam-se psicólogos e analisam o efeito da expressão humana; outros, captam a própria vida do pintor e esquecem tudo e qualquer técnica pictórica…
Um Escritor Maldito, só escreve por necessidade e não porque ela, a escrita, seja um cajado. A necessidade aguça-lhe a Visão e, devolve-o à realidade. Não à realidade que almeja, mas aquela que conquista…

NãoSouEuéaOutra in '' aquela capacidade sem palavras de lamber a própria Merda ''

A escrita do voo

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , , | Posted on 11:20




A Espera



A escrita do voo

das aves

retine nos ouvidos.

Os tímpanos voam

vibram, solfejam.

Um frémito de asas

trespassa a bruma

da manhã.

O rio brinca

nas pedras das margens.

À margem de mim

fica a tua memória

a marca do rosto

a forma dos seios

o anseio dos passos.

A brisa da aurora

suspira por ti.

Eu deitado

na margem

os dedos na água

a alma sem tino

sem ti

sentado por dentro

à espera

da ortografia

dos pássaros

do eco dos passos

dos teus passos

da minha fuga para dentro

para o lugar

das memórias

para o sossego

da espera

lá onde tu estás

apesar de ti

por tua causa

comigo

Por Cão Cansado

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