Eu tenho duas Vidas
Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in Biografia , Relatos , Vidas , Vidas Humanas | Posted on 14:31
Minha Doce Mediunidade, das-me tréguas?
” O meu nome é Ana e o meu maior desejo é conseguir dormir. E ser normal. “.
Mas em vez disso, alguém ou “Alguém” lá em cima decidiu trocar-me as voltas e fazer de mim um mosaico.
As pessoas vêem-me como alguém hiperactivo ( que sou, mas não nesse sentido, porque no meu mundo que poucas pessoas conhecem, nada é “nesse” sentido o que me magoa imenso), dispersa - o que não poderia ser de mais errado, pois eu sou mesmo alguém que só sou feliz a fazer 1000 coisas ao mesmo tempo ,que nada têm que ver umas com as outras, e, mesmo assim fazem sentido some how e como hei-de explicar…. o esforço para parecer ser uma ovelha entre ovelhas quando se é um leão ( não no sentido negativo, estão a ver como é ser eu? que cansativo!) no sentido de se ser diferente, com uma capacidade de observação fora do comum ( porque somos “peixes fora de água”) porque quando se é assim , nós sempre nos sentimos assim ( ora bem isto tudo tem um nexo lá no fundo) - a minha Mãe dizia que eu era “Original” sem perceber lá muito bem o que se passava - e claro, os outros sentem, porque os seres humanos são como rádios: estamos em frequências diferentes, que nos repelem, que nos atraem e por aí diante.
Tenho ouvido com tristeza neste últimos anos em que estou mais exposta publicamente, várias teorias sobre mim: de que sou bipolar, já ouvi dizer que sou viciada em cocaína - oh meus amigos agora até me rio - e muitas, muitas outras coisas.
Tomara eu. Porque as trips que eu tenho, não precisam de nada disso.
Desde há muitos anos. São de ''combustão espontânea”. E o ” pior”, é que eu olho para cada pessoa que me aponta o dedo com essas acusações e sei o que comeu, consumiu nos últimos dois meses e como vai acabar o seu casamento.
Se é violenta, quais são os seus fetiches, os seus pontos fortes, fracos, os seus maneirismos, se está depressiva, o que pensa - sim. sim.- o que se sente e o pior é que eu sinto isso também, gostando dela ou não o que não me agrada, pois é um terrível pau de dois bicos, pois ainda não sou dotada de um vigoroso estado de santidade perante pessoas que me fizeram mal…
Já me ocorreu, várias vezes, passar na rua por alguém e saber que é X pessoa da conversa do jantar do outro dia.
Depois a parte da morte. O 6º sentido ao qual já não há mais que fugir. O cheiro.
Uns pressentem a Morte de muitas formas, eu, já , creio que da mais rara: o olfacto.
E nisto, tenho (alguma das poucas coisas) que agradecer ao meu Pai, JManes, que assistiu desde os meus 20 e poucos anos desde que a 1a pessoa a , quem infelizmente, isso aconteceu, foi à minha avó Rosa.
Grande ajuda me deu o meu sempre presente querido Manuel Domingos, a entender o que se passava comigo.
Porque depois vinha a pergunta das pessoas a quem confidenciava: como é cheirar a morte? e pior: as doenças, os cancros.
Cheirar a morte, a doença, não tem nada de encantador. E não é preciso estar perto de alguém. Podemos ver alguém na tv e saber simplesmente. “este está a morrer”. diz-se. ou penso. ou sei.
Mas presencialmente, é como cair num poço cheio de àgua parada pesada como chumbo. Tão simples como isso. Por mais que queira, é só isto.
Depois , as doenças. O padrão morte.
Não é nada agradável, estarmos perto de alguém que não sabemos estar doente, mas tem, lembro-me , por ex, uma doença tropical, e só de estar perto dele, passar a vida a correr em direcção à casa de banho com vontade de vomitar ,tal é o cheiro de carne putrefacta.
Depois, Eu não vejo pessoas mortas.
Mas sinto-as.
Sinto , sobretudo, as vivas, os estados de alma.
Sinto, os acidentes plasmados e desato a ficar nauseada, e digo vai morrer alguém aqui, mas afinal já morreu ou vice versa, mas o Tempo - que é tão indefinido lá em cima , tem vindo a afinar-se, nos ” insights”… como queiram, porque nunca quis ser especialista de expressões do que sou, nem porque sou.
E depois, a parte lovely.
A parte que nunca pára de trabalhar. Das pessoas que constantemente me dizem ” nunca ninguém me compreendeu assim”.
Obrigada, que eu sei.
Não é compreensão, é como ter duas almas na minha só, dois corações na minha cabeça , ver uma pessoa à distância , saber e sentir e antever o que ela diz- bem podem culpar o Mercúrio na I em Peixes pela so called ” mediunidade”- mas o que se passa é que eu não paro de trabalhar ( verdadeiramente ), enquanto os outros se vão embora, porreiros da vida, aliviados e eu, fico energeticamente exausta.
*Um episódio giro, foi que em 2011- estava tão cansada da minha cabeça- achava eu que era a parte mental, pq isto é tudo um processo diário de conhecimento e ao mesmo tempo de negação de um dom, porque toda a gente quer ser normal, acreditem, Mesmo!…. – Porque, verdadeiramente quem o tem, não o acha agradável nem lírico, nem bom de dizer ao mundo, nem fácil de gerir.
Os namorados fogem em sprint e as mais próximas pessoas assustam-se , confundem inteligência ou espionagem com um dom tão natural como ter olhos verdes. - adiante, estava tão exausta, porque de noite não há sonhos comuns, nada é comum e já vamos ao resto - que decidi agendar uma lipoaspiração para dormir.
O resultado? - Por isso e por outros motivos é que me interesso tanto pelo estudo de estados de consciência: durante as 4h que estive sob anestesia geral, a única coisa que vi, foram os meus próprios textos, com letras diante da minha cabeça. typing durante quatro horas. Acordei, exausta.
Que depois, como sempre, como em toda boa escrita mediúnica, não pude descansar enquanto não escrevi. Ou como digo, quando fiz o download.
Next: Relatos de OBE’s. OUT of Body Experience. – Tive a minha 1a aos 28 anos.
Sempre gozei com os relatos da Shirley Maclaine muito antes de isto me acontecer. Os cordões dourados, as visões, os xiripitis e bláblá. http://shirleymaclaine.com/
Eu, não tive nada disso. Acordei um dia, voltei a adormecer, comecei a sentir a pulsação e a respiração pesadas , tão pesados, e o corpo tão morto, que senti que já não estava “lá”.
Não vi luzes, cordões, nada. Preferia ter visto. Porque ,andei a passear no escuro, algures num estado profundo não sei por onde- se isso é a Morte, é um relaxamento bestial mas consciente, e dei por mim a tentar entrar no meu corpo.
Só que não conseguia.
Se alguém acha isto fascinante, eu troco de lugar. É terrivelmente assustador.
Cada vez que houve um episódio destes, o Manuel Domingos, desde os meus 20 e tal acompanhou-me.
As OBE’s continuam com mais frequência. Se são mesmo OBE’s, não sei. Porque não vejo cordões como a Shirley e gostava de ver, já agora.
Porque sinto as emoções e os pensamentos de uma pessoa à distância.
Porque está na altura de assumir esta coisa, porque talvez haja outros como eu.
Porque não é agradável.
Porque já conheci um ou dois como eu que também não começaram por se sentir muito abençoados com estes “artefactos” divinos.
E porque vejo tanta, mas tanta gente a fazer cursos de iniciação ao Reiki, viagens astrais, a mexer com coisas que não devem, ou são tão desnecessárias, a pedir dons que se, calhar, era tão melhor estarem inscritos num Banco do Tempo a ajudarem realmente alguém com os dons que já têm - que serão fabulosos e não se dão conta! - como fazerem muffins - estão a ver o drama?
Eu,não sei fazer muffins e era um dom que adorava ter e que alguém, lá fora terá… e estou inscrita!… e não tenho novidades!:(((
Por isso, se eu hoje, ao fim de 20 anos decidi dizer ao mundo que gostava que me ensinassem a fazer muffins e que esse sim, é um dom glorioso em vez do meu, que faz correr supostos namorados em sprints e tenho trips monumentais sem precisar de fármacos, mas tenho essa fama que me deixa tristíssima. Porque não é a vossa vez?
Porque não, avançarem cada um de vós, com o dom que têm?
Se eu deixei de ter vergonha e passei mesmo a ser quem sou?
De qualquer forma, senão souberem fazer muffins, eu saberei logo…;)
Ana
Retirado do Blog EUTENHODUASVIDAS