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Essa História de Princípes Encantados

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , , , , , , , | Posted on 13:44

As mulheres têm fios desligados.

( excerto )

e pergunto-me se os homens gostam verdadeiramente das mulheres. Em geral querem uma empregada que lhes resolva o quotidiano e com quem durmam, uma companhia porque têm pavor da solidão, alguém que os ampare nas diarreias, nos colarinhos das camisas e nas gripes, tome conta dos filhos e não os aborreça. Não se apaixonam: entusiasmam-se e nem chegam a conhecer com quem estão. Ignoram o que ela sonha, instalam-se no sofá do dia a dia, incapazes de introduzir o inesperado na rotina, só são ternos quando querem fazer amor e acabado o amor arranjam um pretexto para se levantar (chichi, sede, fome, a janela de que se esqueceram de baixar o estore) ou fingem que dormem porque não há paciência para abraços e festinhas, pá, e a respiração dela faz-me comichão nas costas, a mania de ficarem agarradas à gente, no ronhónhó, a mania das ternuras, dos beijos, quem é que atura aquilo? 
Lembro-me de um sujeito que explicava:
- O maior prazer que me dá ter relações com a minha mulher é saber que durante uma semana estou safo e depois pegam-nos na mão no cinema, encostam-se, colam-se, contam histórias sem interesse nenhum que nunca mais terminam, querem variar de restaurante, querem namoro, diminutivos, palermices e nós ali a aturá-las.

António Lobo Antunes


Por isso, a NãoSouEuéaOutra, já não sonha e faz tanto tempo. Também, tanto tempo que não olha para um homem. O interesse se esfumou, virou pó. A vida, não permite e, também já não acredita. O Amor só é bom, quando há dois que se amam e compartilham a vida. 
Morreu o Homem, morreu o Sexo e, morreu o Amor, também com ele, o sonho! Porque a NãoSouEuéaOutra, enterrou-se. Hoje, vagueia pelo mundo. É uma Sombra de Verdade. Calada e pasmada!! Até as Palavras, vão perdendo a sua força.

Lilith - Visions of Lilith - Primeira Mulher

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , , , , , , , , , | Posted on 18:32





De acordo com J. Gordon Melton, 
"Lilith, uma das mais famosas figuras do folclore hebreu, originou-se de um espírito maligno tempestuoso e mais tarde se tornou identificada com a noite. Fazia parte de um grupo de espíritos malignos demoníacos dos americanos que incluíam Lillu, Ardat Lili e Irdu Lili."
Segundo ele, Lilith apareceu também no Gilgamesh Epic babilônico (aproximadamente 2000 a. C.) como uma prostituta vampira que era incapaz de procriar e cujos seios estavam secos. Foi retratada como uma linda jovem com pés de coruja (indicativos de vida noctívaga) que fugiu de casa perto do Rio Eufrates e se estabelece no deserto.

Lilith aparece no Antigo Testamento quando Isaías ao descrever a vingança de Deus, durante a qual a Terra foi transformada num deserto, proclamou isso como um sinal de desolação: "Lilith repousará lá e encontrará seu locar de descanso" (Isaías 34:14)
Lilith aparece em relatos da Torah assírio-babilônica e hebraica entre outros textos apócrifos. Na versão jeovística (da tradição religiosa hebraica) para o Gênesis, enriquecida pêlos testemunhos orais dos rabinos consta que Lilith foi criada com pó negro e excrementos, condenada por Jeová-Deus a ser inferior ao homem.

Considerando-se que Adão vivia no Jardim do Éden no pleno equilíbrio de sua sagrada androginia (pois fora criado a imagem e semelhança do criador), compreende-se como o surgimento da primeira mulher fez nascer um distanciamento entre Deus e Homem.
Num outro texto, um comentário bíblico do Beresit-Rabba (rabi Oshajjah) a primeira mulher é descrita cheia de saliva e sangue, o que teria desagradado a Adão, de modo que Jeová-Deus "tornou a cria-la uma segunda vez".
Lilith, então, veio ao mundo com os répteis e demônios feitos ao cair da noite do sexto dia da criação, uma sexta feira (segundo o Bereshit Rabba). Por isso, ela já fora criada como um demônio. (Lilith é representada como, rainha da Noite, mãe dos súcubos).
Consumida a união carnal com Lilith, Adão teria mergulhado na angústia da paixão, vendo o seu distanciamento da divindade como um preço pelo êxtase orgástico que nunca sentira.
Lilith foi citada pela edição hebraica e inglesa de "The Babylonian Talmud", organizada pelo rabi Epstein e publicado pela Socino Press, de Londres, em 1978. Aqui, Lilith aparece um demônio noturno de longos cabelos, que perturba os homens. Segundo a tradição talmúdica, Lilith é a "Rainha do Mal", a Mãe dos Demônios e a Lua Negra.

No Talmude, ela é descrita como a primeira mulher de Adão. Ela brigou com Adão, reivindicando igualdade em relação a seu marido, deixando-o "fervendo de cólera". Lilith queria liberdade de agir, de escolher e decidir, queria os mesmos direitos do homem mas quando constatou que não poderia obter status igual, se rebelou e, decidida a não submeter-se a Adão e, a odia-lo como igual, resolveu abandoná-lo.

Segundo as versões aramaica e hebraica do Alfabeto de Ben Sirá (século 6 ou 7). Todas as vezes em que eles faziam sexo, Lilith mostrava-se inconformada em ter de ficar por baixo de Adão, suportando o peso de seu corpo. E indagava: "Por que devo deitar-me embaixo de ti? Por que devo abrir-me sob teu corpo? Por que ser dominada por ti? Contudo, eu também fui feita de pó e por isso sou tua igual." Mas Adão se recusava a inverter as posições, consciente de que existia uma "ordem" que não podia ser transgredida. Lilith deve submeter-se a ele pois esta é a condição do equilíbrio preestabelecido.

Vendo que o companheiro não atendia seus apelos, que não lhe daria a condição de igualdade, Lilith se revoltou, pronuncia nervosamente o nome de Deus, faz acusações a Adão e vai embora.
É o momento em que o Sol se despede e a noite começa a descer o seu manto de escuridão soturna, tal como na ocasião em que Jeová-Deus fez vir ao mundo os demônios.

Adão sente a dor do abandono; entorpecido por um sono profundo, amedrontado pelas trevas da noite, ele sente o fim de todas as coisas boas. Desperto, Adão procura por Lilith e não a encontra: "Procurei-a em meu leito, à noite, aquele que é o amor de minha alma; procurei e não a encontrei" (Cântico dos Cânticos III, 1).

Lilith partiu rumo ao Mar Vermelho (Diz-se que quando Adão insistiu em ficar por cima durante as relações, Lilith usou seus conhecimentos mágicos para voar até o Mar Vermelho). Lá onde habitam os demônios e espíritos malignos, segundo a tradição hebraica. É um lugar maldito, o que prova que Lilith se afirmou como um demônio, e é o seu caráter demoníaco que leva a mulher a contrariar o homem e o questionar em seu poder.

Desde então, Lilith tornou-se a noiva de Samael, o senhor das forças do mal do SITRA ACHRA (aramaico, significa "outro lado"). Como conseqüência, deu à luz toda uma descendência demoníaca, conhecida como "Liliotes ou Linilins", na prodigiosa proporção de cem por dia.
[Alguns escritos contam que Adão queixou-se a Deus sobre a fuga de Lilith e, para compensar a tristeza de Adão, Deus resolveu criar Eva, moldada exatamente como as exigências da sociedade patriarcal. A mulher feita a partir de um fragmento de Adão. É o modelo feminino permitido ao ser humano pelo padrão ético judaico-cristão. A mulher submissa e voltada ao lar. Assim, enquanto Lilith é força destrutiva (o Talmude diz que ela foi criada com "imundície" e lodo), Eva é construtiva e Mãe de toda Humanidade (ela foi criada da carne e do sangue de Adão).]

Jehová-Deus tenta salvar a situação, primeiro ordenando-lhe que retorne e, depois, enviou ao seu encalço uma guarnição de três anjos, Sanvi, Sansavi e Samangelaf, para tentar convencê-la; porém, uma vez mais e com grande fúria, ela se recusou a voltar. Lilith está irredutível e transformada. Ela desafiou o homem, profanou o nome do Pai e foi ter com as criaturas das trevas. Como poderia voltar ao seu esposo?

Os anjos ainda ameaçaram: "Se desobedeces e não voltas, será a morte para ti." Lilith , entretanto, em sua sapiência demoníaca, sabe que seu destino foi estabelecido pelo próprio Jeová-Deus. Ela está identificada com o lado demoníaco e não é mais a mulher de Adão. (Uma outra versão conta que esses mesmos anjos, a teriam condenado a vagar pela terra para sempre).

Acasalando-se com os diabos, Lilith traz ao mundo cem demônios por dia, os Lilim, que são citados inclusive na versão sacerdotal da Bíblia. Jeová-Deus, por seu lado, inicia uma incontrolável matança dessas criaturas, que, por vingança, são enfurecidas pela sua genitora. Está declara a guerra ao Pai. Os homens, as crianças, os inválidos e os recém casados, são as principais vítimas da vingança de Lilith. Ela cumpre a sua maligna sorte e não descansará assim tão cedo.

Uma outra versão diz que foram os anjos mataram os filhos que tivera com Adão. Tão rude golpe transformou-a, e ela tentou matar os filhos de Adão com sua segunda esposa, Eva. Lilith Alegou ter poderes vampíricos sobre bebês, mas como os anjos a queriam impedir, fizeram-na prometer que, onde quer que visse seus nomes, ela não faria nenhum mal aos humanos. Então, como não podia vencê-los, ela fez um trato com eles: concordou em ficar afastada de quaisquer bebês protegidos por um amuleto que tivesse o nome dos três anjos.

Não obstante, esse ódio contra Adão e contra sua nova (e segunda) mulher, Eva, resultou, para Lilith, no desabafo da sua fúria sobre os filhos deles e de todas as gerações subseqüentes.

A partir daí, Lilith assume plenamente sua natureza de demônio feminino, voltando-se contra todos os homens, de acordo com o folclore assírio babilônico e hebraico. E são inúmeras as descrições que falam do pavor de suas investidas. Conta-se, por exemplo, que Lilith surpreendia os homens durante o sono e os envolvia com toda sua fúria sexual, aprisionando-os em sua lasciva demoníaca, causando-lhes orgasmos demolidores. Ela montava-lhes sobre o peito e, sufocando-os (pois se vingava por ter sido obrigada a ficar "por baixo" na relação com Adão, conduzia a penetração abrasante. Aqueles que resistiam e não morriam ficavam exangues e acabavam adoecendo. Por isso Lilith também está identificada com o tradicional vampiro. Seu destino era seduzir os homens, estrangular crianças e espalhar a morte.

Lilith permaneceu como um item de tradição popular embora pouco tivesse sido escrito sobre ela quando da compilação do Talmude (século 6 a.C.) até o século 10. Sua biografia se expandiu em detalhes elaborados e muitas vezes contraditórios nos escritos dos antigos países hassídicos.
Durante os primeiros séculos da era cristã, o mito de Lilith ficou bem estabelecido na comunidade judaica.

Lilith aparece no Zohar, o livro do Esplendor, uma obra cabalística do século 13 que constitui o mais influente texto hassídico e no Talmud, o livro dos hebreus. No Zohar, Lilith era descrita como succubus, com emissões noturnas citadas como um sinal visível de sua presença. Os espíritos malignos que empesteavam a humanidade eram, acreditava-se, o produto de tais uniões.
No Zohar Hadasch (seção Utro, pag. 20), está escrito que Samael - o tentador - junto com sua mulher Lilith, tramou a sedução do primeiro casal humano. Não foi grande o trabalho que Lilith teve para corromper a virtude de Adão, por ela maculada com seu beijo; o belo arcanjo Samael fez o mesmo para desonrar Eva: E essa foi a causa da mortalidade humana.

O Talmude menciona que "Quando a serpente envolveu-se com Eva, atirou-lhe a mácula cuja infecção foi transmitida a todos os seus descendentes... (Shabbath, fol. 146, recto)".
Em outras partes, o demônio masculino leva o nome de Leviatã, e o feminino chama-se Heva. Essa Heva, ou Eva, teria representado o papel da esposa de Adão no éden durante muito tempo, antes que o Senhor retirasse do flanco de Adão a verdadeira Eva (primitivamente chamada de Aixha, depois de Hecah ou Chavah). Das relações entre Adão e a Heva-serpente, teriam nascido legiões de larvas, de súcubos e de espíritos semiconscientes (elementares).

Os rabinos fazem de Leviatã uma espécie de ser andrógino infernal, cuja a encarnação macho (Samael) é a "serpente insinuante" e a incarnação fêmea (Lilith), é a "cobra tortuosa" (ver o Sepher Annudé-Schib-a, fol. 51 col. 3 e 4). Segundo o Sepher Emmeck-Ameleh, esses dois seres serão aniquilados no fim dos tempos: "Nos tempos que virão o Altíssimo (bendito seja!) decapitará o ímpio Samael, pois está escrito (Is. XVII, 1): 'Nesse tempo Jeová com sua espada terrível visitará Leviatã, a serpente insinuante que é Samael e Leviatã, a cobra tortuosa que é Lilith' (fol. 130, col. 1, cap.XI)".
Também segundo os rabinos, Lilith não é a única esposa de Samael; dão o nome de três outras: Aggarath, Nahemah e Mochlath. Mas das quatro demônias só Lilith dividirá com o esposo a terrível punição, por tê-lo ajudado a seduzir Adão e Eva.

Aggarath e Mochlath tem apenas um papel apagado, ao contrário do que acontece com as outras duas irmãs, Nahemah e Lilith.

No livro História da Magia, Eliphas Levi transcreve: "Há no inferno - dizem os cabalistas - duas rainhas dos vampiros, uma é Lilith, mãe dos abortos, a outra Nahema, a beleza fatal e assassina. Quando um homem é infiel à esposa que lhe foi destinada pelo céu, quando se entrega aos descaminhos de uma paixão estéril, Deus retoma a esposa legítima e santa e entrega-o aos beijos de Nehema. Essa rainha dos vampiros sabe aparecer com todos os encantos da virgindade e do amor; afasta o coração dos pais, leva-os a abandonar os deveres e os filhos; traz a viuvez aos homens casados, força os homens devotados a Deus ao casamento sacrílego. Quando usurpa o título de esposa, é fácil reconhece-la: no dia do casamento está calva, porque os cabelos das mulheres são o véu do pudor e está proibido para ela neste dia; depois do casamento finge desespero e desgosto pela existência, prega o suicídio e afinal abandona violentamente aquele que resistir, deixando-o marcado com uma estrela infernal entre os olhos. Nahema pode ser mãe, mas não cria os filhos; entrega-os a Lilith, sua funesta irmã, para que os devore." (Sobre isso pode-se ver também o Dicionário Cabalístico de Rosenhoth e o tratado De Revolutionibus Animorum, 1.° e 3.° tomos da Kabala Denudata, 1684, 3 col. in-4.)

Diz a lenda que depois que Adão e Eva foram expulsos do Jardim do Éden, Lilith e suas asseclas, todas na forma de incubus/succubus, os atacaram, fazendo assim com que Adão procriasse muitos espíritos impuros e Eva mais ainda. Segundo a tradição judaica, Lilith faz os homens terem poluções noturnas para gerar filhos demônios . Há um costume, ainda praticado em Jerusalém, de espantar esses filhos do corpo morto de seu pai, andando em círculo com o cadáver antes do sepultamento e atirando moedas em diferentes direções para distrair os filhos demônios.

Durante a idade média, as histórias sobre Lilith se multiplicaram.  Já foi, por exemplo, identificada como uma das duas mulheres que foram ao Rei Salomão para que ele decidisse qual das duas era a mãe de uma criança que ambas reivindicavam.

Em outros escritos, foi identificada como a rainha de Sabá. Segundo uma antiga tradição judaica, Lilith apareceu a Salomão disfarçada na rainha de Sabá, uma visitante real da Etiópia ou da Arábia à corte do rei Salomão (I Reis 10). Sabá era um país pacífico, cheio de ouro e prata, cujas plantas eram irrigadas pelos rios do Paraíso. Por ter ouvido falar relatos sobre o seu maravilhoso país, o Reino de Sabá, e sua rainha de uma ave, cuja linguagem compreendia, Salomão desejava muito conhecer a rainha e ela desejava conhecê-lo devido à sua reputação de sábio, e queria fazer-lhe perguntas sobre magia e feitiçaria. Mas ele suspeitou que algo estava errado e conseguiu ludibria-la: Quando chegou, encontrou-o sentado em uma casa de vidro, e pensando que fosse água, levantou a saia, revelando pernas bem cobertas de pêlos, o que indicava que ela uma feiticeira. Não obstante, Salomão desposou-a e preparou uma poção para eliminar o pêlo de suas pernas.

Conta-se, que a casa real da Etiópia alegava ser descendente da união de Salomão com a Rainha de Sabá, e os judeus negros da Etiópia, os falashes, localizam suas origens nos israelitas que o rei Salomão enviou com a rainha para a Etiópia. Outro descendente dessa união foi Nabucodonosor, que se tornou rei da Babilônia. Uma tradição totalmente diferente nega que tenha sido uma rainha quem veio visitar Salomão, afirmando que foi o rei de Sabá.

Proteção conta Lilith: Lilith foi descrita como uma figura sedutora com longos cabelos, que voa como uma coruja noturna para atacar aqueles que dormem sozinhos, para roubar crianças e fazer mal a bebês recém-nascidos. Foi encontrada entre os elementos mais conservadores da comunidade judaica do século 19, uma forte crença na presença de Lilith, sendo que alguns deles podem ser visto ainda hoje. Lilith foi descrita como uma assassina de crianças para roubar suas almas. Ela atacava os bebês humanos, especialmente os nascidos de relações sexuais inadequadas. Se não consegue consumir crianças humanas ela come até mesmo sua própria prole demoníaca.

Também é de opinião geral que foi Lilith quem provocou o ódio de Caim contra Abel, seu irmão, e levou-o a revoltar-se contra ele e matá-lo.

Os homens eram alertados para não dormirem numa casa sozinhos para que Lilith não os surpreendesse. Em "O Livro das Bruxas", Shahrukh Husain relembrou um antigo conto judeu "Lilith e a Folha de Capin", de Jewish Folktales, que dizia que certa vez um judeu que foi seduzido por Lilith e ficou enfeitiçado por seus encantos. Mas ele estava muito perturbado com isso, e então foi ao Rabino Mordecai de Neschiz para pedir ajuda.

Mas o rabino sabia por clarividência que o homem estava vindo, e avisou a todos os judeus da cidade para não deixa-lo entrar em suas casas ou dar-lhe lugar para dormir. Assim, quando o homem chegou não encontrou nenhum lugar para passar a noite e deitou-se num monte de feno num quintal. À meia-noite, Lilith apareceu e sussurrou-lhe: "Meu amor, saia desse feno e venha até aqui". Curioso, o homem perguntou: "Por que eu deveria ir até você? Você sempre vem a mim." Ela explicou-se dizendo: "Meu amor, nesse monte de feno há uma folha de capim que me causa alergia".

O homem perguntou: "Então por que você não me mostra? Eu a jogo fora e você pode vir."
Assim que Lilith a mostrou, o homem pegou a folha de capim e enrolou em seu pescoço, livrando-se para sempre do domínio dela.

Lilith foi marcada como sendo especialmente odiosa para o acasalamento sexual normal dos indivíduos que ela atacava como succubi e incubi. Descarregava sua ira nas crianças humanas resultantes de tais acasalamentos ao sugar-lhes o sangue e estrangulando-as. Acrescentava, também, quaisquer complicações possíveis às mulheres que tentassem ter crianças - esterilidade, abortos etc. Por isso, Lilith passou a assemelhar-se a uma gama de seres vampíricos que se tornavam particularmente visíveis na hora do parto e cuja presença era usada para explicar problemas ou mortes inesperadas.

Para combatê-los, os que acreditavam em Lilith desenvolveram rituais elaborados para bani-la de suas casas. O exorcismo de Lilith e de quaisquer espíritos que a acompanhavam muitas vezes tomava a forma de um mandado de divórcio, expulsando-os nus noite adentro.

Usam-se amuletos (em hebraico "kemea") como proteção contra demônios, mau olhado, doença, combater hemorragia nasal ou para fazer uma mulher estéril conceber, tornar fácil o parto, garantir a felicidade de um recém nascido, obter sabedoria e outros fins.

Esses amuletos são textos e desenhos geralmente escritos em pequenos pedaços de pergaminho e incluem sinais mágicos, permutações de letras e os nomes de Deus (Agla, Tetragramaton, etc.) ou de anjos como o de Rafael, Gabriel ou dos poderosos anjos Sanvi, Sansavi e Samangelaf que garantem proteção contra Lilith, que ataca as mulheres no parto e causa a morte dos infantes.
O amuleto é usado em volta do pescoço ou às vezes pendurado numa parede de casa.
Para que um amuleto seja considerado eficaz, tem que ser escrito por uma pessoa santa (segundo a tradição judaica), exímia na prática da Cabala. Se o ele se mostrar eficaz na cura de alguém em três ocasiões diferentes, será então, comprovadamente, considerado um amuleto.

Embora, aparentemente, amuletos tenham sido amplamente usados no período talmúdico, Maimônides e outros rabinos de mente mais voltada para a filosofia, como Ezequiel Landau, opunham-se a eles, considerando-os superstições vazias. Seu uso, no entanto, foi apoiado pelos místicos e pela crença popular. Até mesmo os cristãos buscavam amuletos com os judeus na Idade Média.

Em muitas partes do mundo atual há pessoas que ainda usam amuletos representando os três Anjos que foram enviados em busca de Lilith (ou Lilah, como também é chamada, o que talvez nos tenha dado Da-Lila, também uma sedutora e tentadora.) Esses talismãs são usados porque, embora Lilith se recusasse a voltar, prometeu a esses três Anjos que, se visse os seus nomes inscritos junto de um recém-nascido, ela deteria sua mão e o pouparia - o que vem a ser o propósito do ritual. Um talismã típico é um círculo mágico no qual as palavra "Eva e Adão" barram a entrada de Lilith, habitualmente escritas com carvão na parede do aposento onde a criança está e em cuja porta estão escritos os nomes dos três anjos. A alternativa: "Não deixem Lilith entrar aqui" costuma ser escrita na cabeceira da cama da mulher que espera um filho, usando-se tinta vermelha (cor da planta de Marte).

Como proteção contra ela costumava-se pendurar amuletos e talismãs na parede e sobre a cama para mantê-la afastada ou pregar amuletos com as palavras "Adão e Eva excluindo Lilith" nas paredes da casa em que uma mulher se preparava para o nascimento do filho.

No passado, o processo de nascimento era cercado de práticas mágicas com a intenção de proteger a mãe e o filho das forças demoníacas. Lilith tem inveja da alegria da maternidade, pois foi apartada do marido (Adão) logo no início de seu casamento. Ela constitui assim uma ameaça ao embrião. Também se sussurravam sortilégios no ouvido das mulheres para facilitar o trabalho de parto. A porta do quarto das crianças tinha os nomes dos três anjos escritos sobre ela, e, às vezes, cercava-se o quarto com um círculo de carvões ardentes. Nas vésperas de Shabat e da lua nova, quando uma criança sorri é porque Lilith está brincando com ela. Para livrá-la de qualquer mal, deve-se bater de leve três vezes em seu nariz pronunciando-se uma fórmula de proteção contra Lilith. Também crianças que riam no sono, acreditava-se, estavam brincando com Lilith e daí o perigo de morrerem em suas mãos.

Na Idade Média era considerado perigoso beber água nos solstícios e equinócios, porque nessa época o sangue menstrual de Lilith pingava, poluindo líquidos expostos.

Parece que Lilith é mais bondosa com as meninas porque estas só podem correr o risco da hostilidade a partir dos vinte anos, enquanto os meninos estão sob  a mira das suas perversidade e malevolências até o seu oitavo aniversário.

Num livro sobre "Magia das velas", encontramos uma versão moderna de um Talismã de Proteção Contra Lilith: "Se você quiser fazer um talismã de altar que o proteja de Lilith, e ele não precisa ficar restrito a esse uso, pode fazê-lo da seguinte maneira: pegue uma folha de papel forte, branco (o tamanho dependerá do espaço disponível). Desenhe nela um grande círculo preto, e dentro desse círculo desenhe outro menor. Divida esse círculo interior em três partes iguais de 120° e faça pequenas marcas nessas pontas. Una essas marcas para fazer um triângulo no centro do talismã. Nos três pontos em que o triângulo toca o círculo interior, entre o círculo interior e o exterior, escreva os três nomes angélicos - Sanvi, Sansavi e Semengalef - no sentido horário, um em cada ponta do triângulo. No meio do trecho, entre esses nomes, desenhe uma cruz. Coloque a vela para Lilith no centro do triângulo (Lilith é representada por uma vela branca que se tornou negativa com cera preta ou por uma vela preta), com uma vela para cada um dos três anjos do lado de fora do círculo exterior, , em oposição aos seus nomes (pode marcar as velas, se desejar) na ponta do triângulo. Só que não se deve deixar de observar infalivelmente neste ou em qualquer outro talismã, o seguinte: a linha que desenha o círculo exterior deve ser inteira, sem falhas, sem interrupções. Se necessário, desenhe-o de forma extraforte, para obter isso. Se o que está tentando é conter algo, não deve haver interrupções através das quais esse algo possa escapar ou engana-lo."

Segundo a tradição judaica, as influências astrológicas determinam a vida de uma pessoa, mas Israel é diretamente guiado por Deus. Porém, enquanto os cabalistas e muitos rabinos medievais acreditavam que os céus eram "o livro da vida" e a astrologia a "ciência suprema", Maimônides repudiou tais idéias como superstições proibidas.

No mapa astral, Lilith ou Lua Negra indica sedução e ânsia de liberdade. Influências que atingem nossas personalidades. A Lua exerce uma influência no inconsciente, nos sonhos, no sono, na memória, nas emoções e nas reações espontâneas.

Segundo o astrólogo e tarólogo Hermínio Amorim, foi a partir de 1914, quando Lilith apareceu sob a influência de Plutão, que fez uma órbita longa até 1938, que as mulheres começaram os movimentos de libertação. Antes, Lilith aparecia sob influência do signo de câncer. Atualmente as mulheres vivem melhor sua sensualidade, sem culpa, sem medo de serem acusadas de bruxas, como antigamente.

Os conteúdos psíquicos simbolizados pela Lilith são muitas vezes interpretados como raiz da libido. É claro que também são percebidos como geradores de poderes paranormais, inclinação para bruxaria, mediunidade, etc. De qualquer maneira, é uma potencialidade simbólica e inconsciente. Uma feminilidade que dura muito tempo foi oprimida e omitida (A Lua Negra. Na Idade Média foi personificada pela bruxa, contra a qual o homem, e principalmente a Igreja Católica, moveu uma das mais sangrentas perseguições de toda a sua história).

De acordo com Hermínio, "Lilith foi feita por Deus, de barro, à noite, criada tão bonita e interessante que logo arranjou problemas com Adão". Esse ponto teria sido retirado da Bíblia pela Inquisição. O astrólogo assinala que ali começou a eterna divergência entre o masculino e o feminino, pois Lilith não se conformou com a submissão ao homem.

Bibliografia:
Ferreira, Fernando Mendes (editor). Revista AXÉ, ANO 1 N° 1. Publicação mensal da Ninja Comércio e Distribuidora Ltda., São Paulo/SP. Impressão: Brasiliana. Guaita, Marie Victor Stanislas de.
Le Temple de Satan (le Serpent de la Gênèse). Librairie du Merveilleux, Paris, 1891. Husain, Shahrukh.
O Livro das Bruxas (The Virago Book of Wtiches). Editora Objetiva LTDA, Rio de Janeiro, Brasil. 1995. Melton, J. Gordon.
The Vampire Book. Copyring © 1994 by Gale Research, uma divisão da International Thomson Publishing Inc. Sicuteri, Roberto.
 Lilith, a Lua Negra. Ed. Paz e Terra, 1985. Unterman, Alan.
Dictionary of Jewish Lore & Legend. Copring © 1991, Thames and Hudson Ltd, London.


Texto e Pesquisa de Shirlei Massapust


FONTE ou sitio deste texto - Link

Nascido de uma virgem

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , , , , , , , , , , , | Posted on 20:39



O que pode ser afirmado sem provas também pode ser descartado sem provas”. (CHISTOPHER HARRIS).

Era costume muito comum de nossos antepassados colocar seus heróis como provindos de nascimentos sobrenaturais, cujas mães eram invariavelmente jovens virgens; ocorrência que também podemos verificar na mitologia de muitos dos povos da antiguidade, falando de deuses que, em contato com jovens virgens, geravam semideuses, os quais teriam, ao mesmo tempo, a condição de ser humano e divino.

Mulheres virgens se engravidando de deuses, somente se vê isso na mitologia antiga, onde é coisa comum, conforme o que se poderá ver em vários autores, como, por exemplo, nos vários que citaremos a seguir.

Pepe Rodrígues (1953- ), no capítulo III, item “Nascer de virgem fecundada por Deus foi um mito pagão bastante difundido em todo o mundo antigo anterior a Jesus”, do livro Mentiras fundamentais da Igreja Católica, afirma:

Lendas pagãs deste género foram obviamente integradas na Bíblia, não só nos referidos relatos dos nascimento de Sansão, de Samuel ou de João Batista, como, muito mais tarde, no relato do nascimento de Jesus. Regra geral, desde tempos remotos, quando o personagem anunciado era de primeira ordem, a mãe era sempre fecundada por Deus, através de um procedimento milagroso que, fosse ele qual fosse, confirmava claramente o mito da concepção virginal. Esta confirmação era particularmente patente na concepção dos deuses-Sol, uma categoria a que, como veremos, pertence a figura de Jesus Cristo. (RODRÍGUES, 2007, p. 100- 101) (grifo nosso).

E, um pouco mais à frente, completa:

Todos os grandes personagens, tenham sido eles reis ou sábios – como, por exemplo, os gregos Pitágoras (c. 570-490 a.C.) ou Platão (c 417-347 a.C.) –, ou se tenham tornado o centro de alguma religião e acabado por ser adorados como “filhos de Deus” (Buda, Krishna, Confúcio e Lao Tsé) foram mitificados pela posteridade como filhos de uma virgem. Jesus, surgido muito depois, mas destinado a desempenhar um papel semelhante ao que os seus antecessores haviam desempenhado, não podia ter um estatuto inferior ao deles. Desse modo, o budismo, o confucionismo, o tauismo e o cristianismo, ficaram indelevelmente marcados pelo facto de terem sido fundados por um “filho do Céu”, encarnado através do acesso directo e sobrenatural de Deus ao ventre de uma virgem especialmente escolhida e apropriada. (RODRÍGUES, 2007, p. 103) (grifo nosso).

Acrescentamos Hans Küng (1928- ), que também nos traz informações interessantes:

[…] Na mitologia greco-helénica os deuses também contraem “matrimónios sagrados” com filhas de humanos, dos quais nascem filhos de deuses tais como Perseu e Herácles ou também figuras históricas como Homero, Platão, Alexandre, Augusto. É impossível deixar de reparar no seguinte: a concepção virginal em si não é algo exclusivamente cristão! A ideia de concepção virginal, é, pois, segundo a exegese actual, utilizada com o objectivo de apresentar uma “justificação” (grego, “aitía”) para a existência do filho de Deus. […] (KÜNG, 1997, p. 56) (grifo nosso).

Edward Carpenter (1844-1929) traz curiosas observações, quanto ao tema; vejamos:

Mas quase mais notável que a crença mundial nos salvadores é a lenda igualmente difundida de que eles nasceram de Mães-Virgens. Não há quase nenhum deus - como já tivemos a oportunidade de ver - que seja adorado como um benfeitor da humanidade nos quatro continentes, Europa, Ásia, África e América - que não tenha nascido de uma Virgem, ou pelo menos de uma mãe que atribuísse a concepção não a um pai humano, mas sim ao céu. E isso parece, à primeira vista, o mais surpreendente, porque acreditar em tal possibilidade é muito absurdo para nossa mente moderna. Tanto que, enquanto pareceria natural que tal lenda tivesse se espalhado espontaneamente em alguma parte incivilizada do mundo, achamos difícil entender como, nesse caso, teria se espalhado tão rapidamente por todas as partes, ou - se não se espalhou - como podemos explicar seu surgimento espontâneo em todas essas regiões. (CARPENTER, 2008, p. 108) (grifo nosso).

Carpenter lista também vinte e uma semelhanças da história de Jesus com histórias antigas de deuses, o que não deixa de ser algo surpreendente; vejamos o que ele diz:

A história de Jesus, como vemos, tem muita semelhança com as histórias dos antigos deuses Sol e com o percurso atual do Sol nos céus - tantas coincidências, que não podem ser atribuídas à mera coincidência ou até mesmo a blasfêmias do Demônio! Vamos enumerar algumas delas. Há (1) o nascimento da Virgem; (2) o nascimento na manjedoura (caverna ou câmera subterrânea); e (3) em 25 de dezembro (logo depois do Solstício de Inverno). Há (4) a Estrela do Leste (Sírio) e (5) a chegada dos magos (os "Três Reis"); há (6) o Massacre dos Inocentes, e o vôo para um país distante (dito também de Krishna e outros deuses Sol). Há os festivais da Igreja de (7) Candelária (2 de fevereiro), com procissões das velas para simbolizar a luz crescente; há (8) a Quaresma, ou a chegada da primavera; há o (9) dia de Páscoa (normalmente em 25 de março) para celebrar a travessia do Equador pelo Sol; e (10) simultaneamente a explosão de luzes no Sepulcro Sagrado em Jerusalém. Há (11) a Crucificação e a Morte do carneiro-deus, na sexta-feira santa, três dias antes da Páscoa; há (12) a prisão feita com pregos em uma árvore, (13) o túmulo vazio, (14) a Ressurreição (nos casos de Osíris. Attis e outros); há (15) os doze discípulos (os signos do Zodíaco); e (16) a traição de um dos doze. Depois, há (17) o Dia do Meio do Verão, o dia 24 de junho, dedicado ao nascimento de João Batista, e correspondente ao dia de Natal; há as festas da (18) Assunção da Virgem (15 de agosto) e do (19) nascimento da Virgem (8 de setembro), correspondentes ao movimento do Sol por Virgem; há o conflito de Cristo e seus discípulos com os asterismos outonais, (20) a Serpente e o Escorpião; e finalmente há um fato curioso de que a Igreja (21) dedica o dia do Solstício de Inverno (quando qualquer um pode, naturalmente, duvidar do renascimento do Sol) a São Tomé. que duvidava que a Ressurreição fosse verdadeira! Algumas coincidências, mas não todas, estão em questão. Mas elas são suficientes, acredito eu, para provar - mesmo permitindo possíveis margens de erro - a verdade de nossa contenção geral. Entrar no paralelismo dos caminhos de Krishna, o deus Sol indiano, e Jesus demoraria muito tempo; porque, de fato, a semelhança é muito grande." Eu proponho, no entanto, ao final deste capítulo, que nos aprofundemos um pouco na festa cristã da Eucaristia, em parte por causa de sua relação com a derivação de rituais astronômicos e celebrações da Natureza já referidas, e em parte por causa da luz que a festa geralmente, seja ela cristã ou pagã, joga sobre as origens da Mágica Religiosa - um assunto que devo abordar no próximo capítulo. (CARPENTER, 2008, p. 35-36) (grifo nosso).

E, terminado essas citações, trazermos H. Spencer Lewis (1883-1939):

Posso acrescentar que nossos próprios registros de tradições antigas e escrituras sagradas contêm muitas referências a movimentos religiosos da antiguidade, cujo grande líder era considerado “O Filho de Deus”. 

A Índia teve um grande número de Avatares ou Mensageiros Divinos, Encarnados por Concepção Divina, tendo dois deles levado o nome de “Chrishna”, ou “Chrishna o Salvador”. Consta que Chrishna nasceu de uma virgem casta chamada Devaki que, por sua pureza, fora escolhida para se tornar a mãe de Deus. Neste exemplo, encontramos a antiga história de uma virgem dando à luz um mensageiro de Deus divinamente concebido.
 Buda foi considerado por todos os seus seguidores como gerado por Deus e nascido de uma virgem chamada Maya ou Maria. Nas antigas histórias sobre o nascimento do Buda, tais como são compreendidas por todos os orientais e como são encontradas em seus escritos sagrados muito anteriores à Era Cristã, vemos como o poder Divino, chamado o Espírito Santo, desceu sobre a virgem Maya. Na antiga versão chinesa dessa história, o Espírito Santo é chamado Shing-Shin.

Os siameses tinham igualmente um deus e salvador nascido de uma virgem e que eles chamaram Codom. Nesta velha história, a bela e jovem virgem fora informada com antecedência de que se tornaria mãe de um grande mensageiro de Deus e, um dia, enquanto fazia seu período usual de meditação, concebeu através de raios de sol de natureza Divina. O menino nasceu e cresceu de maneira singular e notável, tornou-se um protegido da sabedoria e fez milagres.

Quando os primeiros europeus visitaram o Cabo Comorim, na extremidade sul da península do Industão, surpreenderam-se ao encontrar os naturais do lugar, que nunca haviam tido contato com as raças brancas, cultuando um Senhor e Salvador que fora divinamente concebido e nascera de uma virgem.

E quando os primeiros missionários jesuítas visitaram a China, escreveram em seus relatórios que haviam ficado consternados por encontrarem na religião pagã daquela terra a história de um mestre redentor que nascera de uma virgem por concepção divina. Ao que consta, esse deus havia nascido 3468 anos a.C. Lao-Tse, o famoso deus chinês, também nascera de uma virgem, de pele negra, sendo descrita como a bela e maravilhosa como o jaspe.

No Egito, bem antes do advento do cristianismo e muito antes do nascimento dos autores da Bíblia ou de qualquer doutrina concebida como cristã, o povo egípcio já tivera vários mensageiros de Deus nascidos de virgens por Concepção Divina. Hórus, segundo o sabiam todos os antigos egípcios, havia nascido da virgem Ísis, sendo sua Concepção e seu nascimento um dos três grandes mistérios ou doutrinas místicas da religião egípcia. Para eles, todos os incidentes ligados à Concepção e ao nascimento de Hórus eram pintados, esculpidos, adorados e cultuados como o são os incidentes da Concepção e do nascimento de Jesus pelos cristãos de hoje. Outro deus egípcio, Ra, nascera de uma virgem. Examinei uma das paredes de um antigo templo na margem do Nilo, onde há um belo quadro esculpido representando o deus Tot – o mensageiro de Deus – dizendo à jovem Rainha Mautmes que daria à luz um Divino Filho de Deus, que seria o rei e Redentor de seu povo.

Ao nos voltarmos para a Pérsia descobrimos que Zoroastro foi o primeiro dos redentores do mundo a ser aceito como nascido em plena inocência, pela concepção de uma virgem. Antigos entalhes e pinturas deste grande mensageiro mostram-no cercado por uma aura de luz que inundava o humilde local de seu nascimento. Ciro, rei da Pérsia, também era tido como nascido de origem divina, e nos registros de seu tempo ele é chamado de Cristo ou Filho ungido de Deus e considerado mensageiro de Deus. (LEWIS, 2001, p. 74- 76) (grifo nosso).

Com o dito por esses escritores confirma-se, portanto, o que falamos a respeito de ser comum atribuir-se a certos personagens heroicos o nascimento de uma virgem.

Entendemos como um fato perfeitamente aceitável, em virtude desses fatores culturais, querer-se também atribuir a Jesus essa condição de nascimento sobrenatural e, como não poderia deixar de ser, nascido de uma virgem. O que não é natural é procurar manter, a todo custo, essa visão ingênua, ainda nos dias de hoje.

Por outro lado, os teólogos sempre quiseram colocar o sexo como coisa pecaminosa, motivo pelo qual Jesus não poderia ter vindo de “forma impura”; não é mesmo? Justifica-se, de certa maneira, o celibato sacerdotal, ou seja, os “santos” padres não poderiam praticar coisa considerada impura; assim não poderiam se casar. Outro fator, que provavelmente veio em apoio ao celibato, foi a questão da herança dos padres, que, se casados, não seria incorporada ao patrimônio da instituição religiosa da qual faziam parte, já que teria que ficar com os familiares. Bom; mas isso é uma outra questão; assim, voltemos ao assunto central do texto.

Sempre dissemos que, por ser Jesus o primogênito, evidentemente, e pelo contexto cultural da época, já que viviam numa sociedade extremamente machista, Maria, ao se casar com José, era indubitavelmente virgem; assim, nesse sentido, podemos simbolicamente considerar Jesus como nascido de uma virgem.

Outra coisa que sempre falávamos é quanto à questão do sexo ser impuro. Não admitimos essa hipótese de forma alguma, já que foi Deus que fez o ser humano em duas polaridades; a masculina e a feminina, com órgãos sexuais diferentes. Pensamos que, se o sexo for realmente “pecado”, devemos convir que Deus não foi muito justo conosco, pois, além de o conceber de forma a haver “atração fatal” entre os dois sexos – homem e mulher –, ainda por cima coloca prazer no ato sexual; mas de “espada em punho” diz: Se fizer é pecado ou é coisa impura. Absurdo teológico, que encontra campo fértil somente em cabeça de fanáticos, não na de pessoas dadas a utilizar a inteligência, de que Deus dotou a raça humana.

Vejamos os argumentos de Carlos Torres Pastorino (1910-1980):

A IMPOSIÇÃO DIVINA do uso do sexo para manutenção e multiplicação de Sua criação, nos diversos estágios evolutivos (plantas, animais e homens) vem provar que o sexo é SANTO. Não podemos admitir que Deus, Sábio e Bom, tivesse imposto obrigatoriamente as Suas criaturas uma condição que, ao cumpri-la, as tornasse imperfeitas. Se no ato sexual houvesse uma leve imperfeição sequer, ou um sinal de atraso espiritual, esse Deus seria monstruosamente mau, pois teria obrigado Sua criação a ser imperfeita e atrasada, a fim de manter e multiplicar Suas obras. Portanto, compreendendo o ato sexual em si e a maternidade como perfeições altamente espiritualizantes (porque são o cumprimento de uma Lei Divina), achamos que Maria se engrandece perante Deus com a maternidade normal, porque assim dá demonstração de ser fiel e obediente cumpridora da Vontade Divina. Compreendendo bem esse problema, o jesuíta padre Teilhard de Chardin atribui à sexualidade um sentido cósmico e afirma que o mundo não se diviniza por supressões, mas por sublimação, e ainda: que o homem e a mulher tanto mais se unirão a Deus, quanto mais se amarem, não vendo apenas o objetivo admirável mas transitório da reprodução, mas o de dar plena expansão à quantidade do amor, liberado do dever da reprodução. E diz claramente, sem subterfúgios: a mulher é, para o homem, o termo susceptível de impulsionar esse progresso para a frente. Pela mulher, e só pela mulher, pode o homem escapar ao isolamento, no qual sua própria perfeição se arriscaria prendê-lo. (L'énergie humaine, édition Seujl, pág. 93 a 96). Realmente a união sexual dentro do amor é a imagem mais fiel da união do homem com a Divindade, e por isso os místicos denominam essa unificação do homem com Deus de Esponsalício.

Na profecia de Isaías, o menino seria chamado ץמוד אב Himmanu-El, que significa Deus conosco, exprimindo a grande verdade de que Deus ESTA REALMENTE DENTRO DE NÓS, está CONOSCO. (PASTORINO, vol. 1, 1964a, p. 55).


Se sexo for mesmo pecado, então Deus, de antemão, condenou Adão e Eva a pecar, e por consequência toda a humanidade, quando disse ao suposto primeiro casal: “Crescei-vos e multiplicai-vos!” (Gn 1,22.28).

Se a mulher só “... será salva pela sua maternidade, desde que permaneça com modéstia na fé, no amor e na santidade” (1Tm 2,15), então ficamos num beco sem saída, pois, não havia como ser mãe sem fazer sexo (considerando a época de Paulo).

Vejamos, na narrativa de Mateus, o texto no qual tomam base para afirmar sobre a virgindade de Maria; ampliamo-lo um pouco mais, pois temos uma importante consideração a fazer.

Mt 1,18-25:”A origem de Jesus, o Messias, foi assim: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José, e, antes de viverem juntos, ela ficou grávida pela ação do Espírito Santo. José, seu marido, era justo. Não queria denunciar Maria, e pensava em deixá-la, sem ninguém saber. Enquanto José pensava nisso, o Anjo do Senhor lhe apareceu em sonho, e disse: 'José, filho de Davi, não tenha medo de receber Maria como esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, e você lhe dará o nome de Jesus, pois ele vai salvar o seu povo dos seus pecados'. Tudo isso aconteceu para se cumprir o que o Senhor havia dito pelo profeta: 'Vejam: a virgem conceberá, e dará à luz um filho. Ele será chamado pelo nome de Emanuel, que quer dizer: Deus está conosco'. Quando acordou, José fez conforme o Anjo do Senhor havia mandado: levou Maria para casa, e, sem ter relações com ela, Maria deu à luz um filho. E José deu a ele o nome de Jesus”.

Veja bem, caro leitor, que no texto bíblico está se afirmando que José, o pai, é filho de Davi, para estabelecer a ligação da criança como descendente do rei Davi. Ótimo isso, pois isso implica dizer que José é pai biológico de Jesus, porquanto, somente dessa maneira ele poderia ser descendente de Davi, a não ser que argumentem que o “Espírito Santo”, que creem ter fecundado Maria, seja também filho de Davi. Mas isso seria o máximo em apelação, não é mesmo?

Lucas afirma que Maria estava “prometida em casamento a um homem chamado José, que era descendente de Davi” (Lc 1,27). E, para não pairar dúvidas, quanto a Jesus ter nascido biologicamente de José, trazemos uma fala de Paulo aos romanos, quando, se referindo ao Mestre, disse: “... nascido da estirpe de Davi segundo a carne” (Rm 1,3). Portanto, admitir que Jesus não seja filho biológico de José está indo contrário ao que se deduz dos textos bíblicos; isso sem mencionarmos que não fere a lógica.

Maria Helena de Oliveira Tricca (1940-1997) em Apócrifos I – Os proscritos da Bíblia, cita a obra “A história de José o carpinteiro”, na qual lemos: “Assim José o Carpinteiro, pai de Cristo segundo a carne, abandonou esta vida mortal e viveu cento e doze anos”. […] (TRICCA, 1995a, p. 197) (grifo nosso), o que corrobora o dito por Paulo. Isso nos induz a concluir que àquela época não tinham Jesus como fruto de fecundação do Espírito Santo, mas um homem, nascido de homem.

Por outro lado, considerando que para os judeus “Ruah é palavra hebraica, feminina, que significa Espírito, […] (TRICCA, 1995b, p. 176), é pouco provável que a utilizassem para sustentar que Maria havia se engravidado de uma mulher. Pode-se ver que em o Evangelho de Felipe, consta exatamente isso:

17. Alguns dizem que Maria concebeu por obra do Espírito Santo. Esses se equivocam, não sabem o que dizem. Quando alguma vez uma mulher foi concebida de uma mulher? Maria é a virgem a quem Potência alguma jamais manchou. Ela é uma grande anátema para os judeus que são os apóstolos e os apostólicos. Esta Virgem que nenhuma Potência violou, […] enquanto que] as Potências se contaminaram. O Senhor não [teria] dito: “Pai meu que estás no céu”, se não tivesse outro pai; do contrário haveria dito simplesmente: “[Pai meu]”. (TRICCA, 1995b, p. 182) (colchetes do original)


Ao que parece, alguns tradutores prenderem-se aos dogmas instituídos; como exemplo, citamos o Pe. Matos Soares, de quem trazemos essa explicação para Mt, 1,16: 

José, esposo de Maria. O Evangelista, descrevendo a genealogia de São José, conforma-se com o costume hebraico de só atender aos homens nas tábuas genealógicas. Todavia, dá-nos, ao mesmo tempo, a genealogia de Jesus, visto que Maria era também descendente de Davi. – Da qual nasceu Jesus. O Evangelista não diz que José gerou Jesus, pois o Salvador foi concebido no seio de Maria, por obra do Espírito Santo. São José não foi pai natural de Jesus, mas somente pai legal, como verdadeiro e legítimo esposo de Maria. (Bíblia Paulinas, 1957, p. 1178) (grifo nosso).

Nosso impasse está no seguinte: Ou Jesus é filho biológico de José, o que fazia dele o Messias esperado, ou é filho do “Espírito Santo” e não é o Messias.

Era de se esperar que a dogmática, querendo sair do impasse, tentasse justificar-se dizendo que Maria também era filha de Davi; entretanto, “a emenda saiu pior que o soneto” (Bocage1), já que os judeus tinham a crença de que somente o homem é que dava a descendência; é por isso que todas as genealogias na Bíblia são traçadas em relação ao pai e não à mãe da pessoa.

Voltemos ao passo de Mateus, especificando os versículos que falam de uma virgem e a suposta profecia dizendo que Jesus, como Messias e filho de Davi, veio cumprir:

 Mt 1,22-23: “Tudo isso aconteceu para se cumprir o que o Senhor havia dito pelo profeta: 'Vejam: a virgem conceberá, e dará à luz um filho. Ele será chamado Emanuel, que quer dizer: Deus está conosco'”.

 Profecia: Is 7,14: “Pois saibam que Javé lhes dará um sinal: A jovem concebeu e dará à luz um filho, e o chamará pelo nome de Emanuel”.

Qualquer estudioso bíblico, não compromissado com alguma teologia, verá que esse passo de Isaías nada tem a ver com Jesus. Devemos, para melhor compreendê-lo, dizer que é preciso ler os versículos anteriores, iniciando pelo 10, porquanto são sempre subtraídos quando tentam apontar essa profecia:

Is 7,10-13: “Javé falou de novo a Acaz, dizendo: 'Pede para você um sinal a Javé seu Deus, nas profundezas da mansão dos mortos ou na sublimidade das alturas'. Acaz respondeu: 'Não vou pedir! Não vou tentar a Javé!' Disse-lhe Javé: 'Escute, herdeiro de Davi, será que não basta a vocês cansarem a paciência dos homens? Precisam cansar também a paciência do próprio Deus?'”

Estritamente dentro do contexto o sinal que Deus promete é ao rei Acaz, cuja mulher, uma jovem, estava grávida, fato que podemos confirmar: 

O reino do Norte (Efraim), cujo rei era Faceia, se aliou a Rason, rei de Aram, numa tentativa de se libertar do perigo assírio. Como o reino do Sul (Judá) não participou da coalizão entre o reino do Norte e Aram, estes dois temeram que Judá se tornasse aliado da Assíria; resolveram então atacar o reino do Sul, para destronar o rei Acaz e colocar no seu lugar o filho de Tabeel, rei de Tiro. Acaz teme o cerco e verifica a reserva de água da cidade. Isaías vai ao seu encontro e o tranquiliza, mostrando que não haverá perigo, pois continua válida a promessa de que a dinastia de Davi será perene, desde que se coloque total confiança em Javé. O sinal prometido a Acaz é o seu próprio filho, do qual a rainha (a jovem) está grávida. Esse menino que está para nascer é o sinal de que Deus permanece no meio do seu povo (Emanuel = Deus conosco). Bíblia Sagrada Pastoral, p. 954-955) (grifo nosso).

Então, temos que, pelo contexto bíblico e confirmado por essa explicação, fica fácil perceber que Deus, na verdade, promete um sinal ao rei Acaz e esse sinal é o filho do rei que estava por nascer. Dar uma explicação fora disso é tentar distorcer a interpretação realista do texto. Ademais, esse sinal é um fato presente e não algo para um futuro longínquo, ou seja, uma previsão; portanto, é agir fora do contexto, quando querem transformá-lo numa profecia a respeito de Jesus. Além do mais, o nome Jesus significa “Deus é salvação”; portanto, incontestavelmente, distinto de Emanuel que quer dizer “Deus está conosco”, exatamente o nome mencionado ao rei Acaz, o que a dogmática, cega pelo fanatismo, não consegue enxergar e, ao que parece, nem pretende.

Ampliando a explicação do verbete Emanuel, transcrevemos:

É o nome dado por Isaías a uma futura criança cujo nascimento será, para o rei Acaz, o “sinal” da assistência divina (Is 7,14-17). A nterpretação deste oráculo deve estar ligada ao significado do nome e ao alcance que terá na conjuntura daquele momento. O reino de Judá é ameaçado pelos sírios e efraimitas aliados, que querem acertar contas com a dinastia reinante, a mesma dinastia que se beneficia das promessas feitas a Davi. Em vez de recorrer a essas promessas, Acaz apela para a Assíria. Isaías condena este modo de agir e proclama: Deus está presente; ele está “conosco”.

Qual será a criança cujo nascimento será portador de uma mensagem como esta? Como é ao rei, contemporâneo de Isaías, que o sinal será dado, o nascimento anunciado deve ocorrer proximamente. Será Ezequias – afirma-se muitas vezes, e com boas razões. Mas esta criança é descrita numa linguagem poético-mítica, concretamente irrealizável. O oráculo abre portanto uma perspectiva que vai além do rei em questão. Graças a este oráculo, os crentes, insatisfeitos com os reis históricos, esperarão por uma personagem que finalmente satisfará a esperança deles. Mateus e os cristãos posteriores a ele reconhecem em Jesus aquele que realiza plenamente o anúncio de Isaías (Mt 1,23). (Dicionário Bíblico Universal, p. 226) (grifo nosso).

Confirma-se, portanto, que a suposta profecia não se refere mesmo a Jesus, conforme ficou bem claro na explicação acima.

Passar por cima do contexto histórico, ignorando as narrativas dos fatos, para aplicar ao que desejam, não é muito saudável, pois, a cada dia que passa, a crítica literária vai revelando.




Para ler mais, ceda ao link; (SOURCE)

DEUS é MULHER

Posted by NãoSouEuéaOutra | Posted in , , , , | Posted on 01:59

Ok!... Já que tiramos a semana para falar de mistérios, vou deixar você pensando em algo bem complicado - já que você terá o fim de semana para pensar nisso, se quiser (é óbvio)...

Afinal, agora pesquisadores do mundo todo afirmam que Deus era mulher!

Ei, não ria! O assunto é dos mais sérios e não se trata de uma superstição qualquer... A coisa toda tem embasamento científico e está apoiada em pesquisas das áreas de Sociologia, Antropologia e Arqueologia. Isso basta para você encarar a coisa toda?

No último dia 5, o pesquisador espanhol Pepe Rodriguez deu uma entrevista, em Madri, afirmando que "Deus foi concebido e reconhecido como mulher", ao lançar seu livro "Deus nasceu mulher".

Rodriguez já tem tradição de entrar em atrito com a Igreja Católica, com seus livros e suas teorias, mas diz estar convencido de que, "de acordo com a evolução do mundo, nos próximos 100 anos, retornara à Terra a divindade do Deus mulher".

Ora, isso tem deixado os magos e esotéricos de plantão em polvorosa, porque eles teriam reconhecido o chamado Culto à Grande Deusa, em que a principal divindade é mulher... Os seguidores de Wicca estão exultantes! Os que seguem o Druidismo, também.
Afinal, quem foi que disse que Deus tem de ser homem?

Rodriguez afirma, em seus livros, que "as provas arqueológicas evidenciam que o primeiro Deus gerador-controlador foi concebido e reconhecido como mulher durante 25.000 anos e que não houve mais divindade senão a Grande Deusa até que, por necessidades sócio-econômicas, apareceu o conceito de Deus varão, entre o VI e o III milênio A.C.. O conceito de Deus é universal. No passado nasceram mitos e conceitos masculinos de Deus, mas Deus jamais foi masculino. A figura divina sempre foi uma mulher".

Isso não é novidade. Basta ler "O Cálice e a Espada", de Riane Eisler, para descobrir-se isso... Com provas contundentes, até... Uma das primeiras manifestações artísticas do homem primitivo, segundo a pesquisadora norte-americana, é uma representação feminina, de seios fartos e barriga grande, reproduzindo o que seria a Grande Deusa - uma entidade feminina, geradora de vida e responsável pelo sustento da Humanidade. Bonito, não? Talvez até mais bonito que essa idéia de um Deus violento, vingativo, rígido demais com seus filhos...

Tanto que a idéia de um Deus amoroso, compreensivo, que agora alguns estão tentando cultivar, se aproxima muito mais da "personalidade" da Grande Deusa...

Rodriguez e Eisler garantem que isso não é casualidade. O espanhol, por exemplo, argumenta que "Deus não existia há 3.000 anos e seu conceito tomou vida e forma ao mesmo tempo que os humanos desenvolveram o pensamento lógico-verbal. A mulher e o conceito de Deus foram fundamentais para o progresso da sociedade humana, mas a história dos dois difere muito do que contam. Nenhum Deus varão, por mais Deus-Pai que se tenha erigido, teve nem terá jamais a capacidade de integração e de evocação mítica da Deusa. Na noite dos tempos, a Deusa partenogênica que o gerou de seu próprio corpo passou a história, deslocada por um Deus varão usurpador, que criou uma desigualdade entre os sexos que perdura até hoje. A derrubada da Deusa em prol de um Deus masculino foi resultado de uma tenaz conspiração dos varões da realeza, da classe religiosa, dos chefes militares, dos funcionários e grandes comerciantes, que haviam conseguido o poder e o controle social e desejavam mantê-los em suas mãos".

Forte, tal afirmação, você não acha? Capaz de deixar os machistas e machões de cabelo em pé, totalmente revoltados... E as feministas de plantão, exultantes!
Mas, se pensarmos bem, veremos que as sociedades matriarcais eram mais igualitárias, mais equilibradas que o modelo atual, quando o patriarcado é marcado por desmandos, abusos e violência incontida.

E o pesquisador espanhol arremata com precisão mortal: "o modelo de Deus masculino legitimava os desmandos dos homens de poder e a sociedade injusta que construíram. A Deusa, no entanto, a questionava abertamente. A agricultura excedentaria provocou a derrota da mulher e da Deusa nas mãos do varão e do Deus homem. A submissão se impôs assim, na Terra como no Céu. Quando Deus era mulher, o machismo não existia..."
Durma-se com um barulho desses!...
(SOURCE)



Por, Pepe Rodríguez
(SOURCE)

La mujer y el concepto de Dios han sido fundamentales para el progreso de la sociedad humana, pero la historia de ambos difiere mucho de lo que nos han contado. 

Los conocimientos arqueológicos, históricos y etnográficos actuales indican que la mujer prehistórica no estuvo sometida al varón sino que, por el contrario, las comunidades de nuestros antepasados dependieron de su triple función como procreadora, organizadora y productora. Desde que comenzamos a evolucionar como homínidos hasta el inicio de la era agrícola, el desarrollo de las estructuras psicosociales y adelantos técnicos que posibilitaron la civilización fue obra de mujeres.
¿Y qué decir de Dios? Hace unos 30.000 años aún no existía, pero su concepto tomó vida y forma al tiempo que los humanos desarrollamos el pensamiento lógico-verbal; de hecho, bajo el proceso de maduración del uso del lenguaje en los niños puede verse todavía el sustrato básico del concepto de Dios. En cualquier caso, las pruebas arqueológicas muestran que el primer «Dios» generador/controlador fue concebido y reconocido como mujer durante más de 20.000 años y que no hubo más divinidad que la Gran Diosa hasta que, entre el VI y III milenios a.C., por necesidades socioeconómicas, apareció el concepto de Dios varón. La agricultura excedentaria provocó la derrota de la mujer y de la Diosa a manos del varón y del Dios; y la sumisión se impuso así en la tierra como en el cielo.
La documentada investigación que se plasma en este libro aporta respuestas coherentes a preguntas trascendentes y hará ver de otro modo a la mujer, al hombre y a Dios.


 *

En todas la culturas prehistóricas, la figura cosmogónica central, la potencia o fuerza procreadora del universo, fue personalizada en una figura de mujer y su poder generador y protector simbolizado mediante atributos femeninos —senos, nalgas, vientre grávido y vulva— bien remarcados. Esa diosa, útero divino del que nace todo y al que todo regresa para ser regenerado y proseguir el ciclo de la Naturaleza, denominada «Gran Diosa» por los expertos —o, también, bajo una conceptualización limitada, «Gran Madre»—, presidió con exclusividad la expresión religiosa humana desde c. 30000 a.C. hasta c. 3000 a.C. En la Gran Diosa única y partenogenética —bajo sus diferentes advocaciones— se contenían todos los fundamentos cosmogónicos: caos y orden, oscuridad y luz, sequía y humedad, muerte y vida…, de ahí que su omnipotencia permaneciese indiscutida por milenios (el concepto de dios varón no apareció hasta el VI o V milenio a.C. y no logró la supremacía hasta el III o II milenio a.C., según las regiones).

Aunque sólo sea a nivel de enunciado, debe recordarse que el concepto de «ser divino» apareció y evolucionó paralelamente a los estadios de desarrollo del pensamiento lógico-verbal humano —conformado hace unos 40.000 años—, y que sus símbolos y mitos variaron al mismo ritmo y en la misma dirección que lo hizo la estructura socioeconómica humana. Así, durante toda la era preagrícola el control de la producción de alimentos y las instituciones sociales básicas, salvo la defensa, estuvo en manos de las mujeres, a las que debemos la gran mayoría de los adelantos psicosociales y técnicos que nos condujeron hasta la civilización, y esos colectivos matricéntricos fueron regidos por la idea de la Gran Diosa. Pero, al adentrarse en la era agrícola, cuando las sociedades se hicieron sedentarias y dependientes de sus cultivos, por una serie de circunstancias imposibles de resumir en este espacio, el varón se vio obligado a implicarse en la producción alimentaria y comenzó un proceso de transformación que desposeyó a la mujer de su ancestral poder y lo depositó en manos del varón.

En unos pocos milenios, tras la implantación de la agricultura excedentaria, surgió el dios masculino, el clero, la sociedad de clases y la monarquía, mientras que la mujer fue quedando reducida a un bien propiedad del varón. Obviamente, el dominio del varón sobre la tierra tuvo su equivalente en el cielo —los cambios sociales siempre se justificaron mediante cambios en los mitos— y la deidad masculina comenzó a domeñar a la femenina. La mujer y la Diosa fueron perdiendo su autonomía, importancia y poder prácticamente al mismo tiempo, víctimas de un mundo cambiante en el que los hombres se hicieron con el control de los medios de producción, de guerra y de cultura, convirtiéndose, por tanto, en detentadores únicos y guardianes de la propiedad privada, la paternidad, el pensamiento y, en suma, del mismísimo derecho a la vida.

Durante no menos de 25.000 años la Gran Diosa fue considerada el principio único de la generación del universo. A partir del V milenio a.C. se le comenzó a imponer como coadyuvante de su fertilización a una deidad joven subsidiaria —su hijo y amante— que moría anualmente tras una cópula en la que, la Diosa, en realidad, se seguía fertilizando a sí misma ya que el principio masculino no era sino carne de su propia carne; desde finales del III milenio a.C. —coincidiendo con la divinización de la monarquía— los reyes pasaron a desempeñar simbólicamente ese papel de amante y fertilizador de la Diosa. En el paso siguiente, durante el II milenio a.C., el proceso de la creación dejó de entenderse mediante el símil de la fisiología reproductora femenina y pasó a ser descrito como el resultado de instrumentos de poder como la palabra —«hágase… y se hizo»—, usados fundamentalmente por dioses masculinos que siempre iban acompañados de una pareja femenina. El cambio fue realmente transcendente, ya que el concepto de principio creador permitió alejarse de la ancestral dependencia de la Diosa en cuanto principio generador único. Finalmente, un dios varón todopoderoso pasó a acumular y detentar en exclusiva todos los aspectos de la generación.

Con el establecimiento de la sociedad compleja en el Próximo Oriente y en Europa, el papel y función social de la mujer y de la Diosa fueron degradados sin compasión. La propia eficacia productiva de la mujer —tanto en su faceta de reproductora como de recolectora y horticultora—, que fue sostén de las comunidades humanas durante cientos de miles de años, acabó siendo, por mor de cambios socioeconómicos inevitables, el origen involuntario de la progresiva degradación social de las mujeres y del proceso de trasvase mítico que llevaría a sustituir la primitiva concepción de una divinidad femenina por otra masculina. Aunque, a pesar de todo, ninguna formulación religiosa posterior ha sido tan holística, inteligente y tranquilizadora como la Diosa; y ningún dios varón, por muy Dios Padre que se haya erigido, ha tenido ni tendrá jamás la capacidad de integración y de evocación mítica de la Diosa, por eso, aun en religiones patriarcales, lo femenino ha perdurado agazapado bajo diversos personajes divinizados, como es el caso de la Virgen católica, cuyos símbolos (luna creciente, agua, etc.) son exactamente los mismos que identificaron a la Gran Diosa paleolítica y neolítica. No en vano… Dios, su concepto, nació mujer.

Introducción: La fascinante aventura de investigar las huellas de la creación del concepto de "dios"

(Fuente: © Rodríguez, P. (1999). Dios nació mujer. Barcelona: © Ediciones B., Introducción, pp. 7-27)


Hace unos 30.000 años Dios aún no existía, pero la especie humana llevaba ya más de dos millones de años enfrentándose sola a su destino en un planeta inhóspito; sobreviviendo y muriendo en medio de la total indiferencia del universo. Unos 90.000 años atrás, una parte de la humanidad de entonces comenzó a albergar esperanzas acerca de una hipotética supervivencia después de la muerte, pero la idea de la posible existencia de algún dios parece que fue aún algo desconocido hasta hace aproximadamente treinta milenios y, en cualquier caso, su imagen, funciones y características fueron las de una mujer todopoderosa. La concepción de un dios masculino creador/controlador —tal como es imaginado aún por la humanidad actual— no comenzó a formalizarse hasta el III milenio a.C. y no pudo implantarse definitivamente hasta el milenio siguiente.

Santo Tomás de Aquino, en su Summa contra Gentiles, afirmó que «Dios está muy por encima de todo lo que el hombre pueda pensar de Dios». La frase, a pesar de su aparente profundidad, transmite un vacío desolador. ¿Por qué no decir, por ejemplo, que la razón está muy por encima de todo lo que el hombre —en especial si es teólogo— pueda pensar de la razón? El universo entero también está muy por encima de nuestras cabezas y de los conocimientos que tenemos el común de la gente pero, sin embargo, la ciencia, a base de pensar que no hay nada tan lejano que no pueda ser investigado, ha acumulado datos y certezas que sobrepasan años-luz cuanta sabiduría fue capaz de atesorar el gran santo Tomás. Quizá Dios, efectivamente, esté demasiado alto para nuestros limitados razonamientos, pero antes de dar la tarea por imposible deberemos reflexionar, al menos, sobre si puede haber o no alguien ahí arriba (o donde sea que pueda residir un ser divino). La madeja no será fácil de devanar, pero en el intento residirá la recompensa.

A pesar de que «Dios» es un concepto de reciente aparición dentro del proceso evolutivo de nuestra cultura, su fuerza innegable ha incidido sobre el ser humano de tal manera que éste ya nunca ha podido sustraerse al poderoso influjo que irradia la idea de su existencia, de la de cualquier dios, eso es de algún ser supremo dotado de capacidad para regir todos los elementos del universo material e inmaterial y, aspecto fundamental, animado de una personalidad tal que permite que su voluntad inapelable pueda ser alterada en favor de los intereses humanos, mediante la negociación y el pacto, cuando la ocasión resulta propicia.

El concepto de «Dios» resulta tan fundamental para nuestra existencia reciente sobre este planeta, que la mera presunción de su realidad —gobernada a través de las instituciones religiosas— ha focalizado y dirigido la formación de las culturas, ha cambiado radicalmente las pautas individuales y colectivas de las relaciones humanas, y ha llevado a alterar profundamente el equilibrio ecológico en cada uno de los hábitats conquistados por el Homo religiosus. Basta con la sola evocación de Dios para que en cualquier grupo humano se encastillen posturas, se desborde la emocionalidad y, en definitiva, se produzca una clara división en dos bandos o visiones de la vida irreconciliables: la postura creyente y la no creyente. En el nombre de Dios, de cualquier dios, se han hecho, hacen y harán las más gloriosas heroicidades, pero, también, las fechorías y masacres más atroces y execrables.

El mundo que conocemos ha sido modelado por Dios, sin duda alguna, pero la cuestión fundamental radica en saber si la obra es atribuible a un dios que existe y actúa mediante actos de su voluntad consciente, o a un dios conceptual que sólo adquiere realidad en el hecho cultural de ser el destinatario mudo de las necesidades y deseos humanos.

Del primer tipo de dios se ocupan las religiones y, según ellas, no admite discusión ni precisa de pruebas. Existe porque existe, y todo, absolutamente todo, prueba su existencia, incluso el mismo hecho de poder dudar de ella. Dios es el origen y el fin de todo cuanto se pueda conocer o imaginar, por tanto, nada hay ni puede haber fuera de él. Las religiones parten de una posición viciada en origen al invertir la carga de la prueba, eso es que no demuestran fehacientemente aquello que afirman —la existencia de Dios— y, de modo implícito —cuando no bien explícito— descargan la responsabilidad probatoria en quienes defienden la inexistencia de cualquier divinidad. En este caso, la propia substancia de lo que se discute lleva necesariamente al absurdo desde el punto de vista lógico y racional: unos creen porque sí («tienen fe») y otros niegan también porque sí («son ateos»).

Del segundo tipo de dios, en cambio, se ocupa la historia, arqueología, psicología, antropología y demás disciplinas científicas que intentan abarcar y comprender la variada gama de comportamientos humanos que conforman eso que hemos dado en llamar cultura o civilización. De este tipo de dios conceptual sí que existen innumerables pruebas materiales que permiten abordar su análisis y discusión. Los formidables indicios acumulados sobre este tipo de dios le identifican con el primero —el dios creador/controlador de destinos cuya existencia se presume real— pero, a diferencia de éste, su rastro puede seguirse hasta los mismísimos albores de su nacimiento entre los hombres.

¿Puede un dios eterno, principio y fin de todo, creador del ser humano, haber querido permanecer oculto a los ojos de los hombres hasta hace apenas unos pocos miles de años? ¿Puede ese dios haber querido privar conscientemente a sus criaturas, durante cientos de miles de años, de las normas que hoy se proclaman fundamentales y de los ritos indispensables para la «salvación eterna»? ¿Cómo y cuándo se manifestó Dios por primera vez? ¿Por qué se dio a conocer a través de tantas y tan diferentes personalidades y creencias?...

Quizá Dios se haya limitado a comportarse como un deus otiosus (dios ocioso), tal como lo describen las más importantes religiones autóctonas de África, que creen que el Ser Supremo vive apartado de todos los asuntos humanos. Los akans, por ejemplo, creen que Nyame, el dios creador, huyó del mundo debido al terrible ruido que hacen las mujeres cuando baten ñames para hacer puré. Si de justificar su pertinaz ausencia se trata, es muy probable que Dios pudiese encontrar en nuestro mundo actual miles de razones aún más poderosas y graves que las esgrimidas por los akans. Eso podría explicar que tengamos un planeta hecho unos zorros y Dios permanezca insensible a los ruegos humanos: no es que Dios no exista, es que no está; se limitó a crearnos y nos abandonó a nuestra suerte. Quién sabe. El concepto de deus otiosus no deja de ser profundamente inteligente, ingenioso y realista.

Las religiones, como institución formal, llevan unos pocos milenios publicando la naturaleza de Dios y hablando en su nombre, pero las formas y atribuciones de Dios son tan numerosas y diversas y los mandatos divinos que emanan de ellas son tan variados y contradictorios, que resulta francamente difícil hacerse una idea de Dios. ¿Es como el viejecito barbudo y presuntamente bondadoso que muestra la Iglesia católica en su iconografía más clásica? ¿Es como el heroico Shiva de la tradición hindú, presentado siempre en poses hieráticas? ¿Es como El, el dios creador cananeo representado como un funcionario político de máximo rango? ¿Es como Osiris, el dios egipcio con cabeza de halcón? ¿Es como la Venus de Willendorf, la diosa más famosa del Paleolítico, de formas carnales desmesuradas? ¿Es como el ser no representable de la tradición judía, musulmana y de tantas otras? ¿Es como Caos, el fundamento de la más antigua cosmogonía y teogonía helénica? ¿Es como el Big bang de la ciencia moderna? ¿Es como quién o como qué? Y, si cada doctrina divina cambia radicalmente en función de las épocas y de las culturas, ¿cómo saber cual es el verdadero mensaje divino? ¿cómo saber la razón por la que Dios muda su doctrina tan a menudo? ¿quién garantiza la palabra de quienes garantizan la palabra de Dios?

La dicotomía entre el concepto de «Dios» y las estructuras religiosas, mal que les pese a éstas, es evidente y resulta fundamental para no confundir una posible causa de naturaleza no específica —nada impide que denominemos «Dios» a cuanto pudo haber (¿?) en el instante previo a la organización de la materia atómica que dio lugar al nacimiento del universo— con una estructura basada en la explotación de tal probabilidad al transformarla en un dogma o creencia acrítica (práxis de las religiones); saber separar lo supuestamente causal (Dios) de lo claramente instrumental (religión) evitará también «tomar el nombre de Dios en vano», un vicio troncal de cualquier sistema religioso. Por este motivo no escasean los científicos —en particular físicos, astrofísicos y cosmólogos— que, al ocuparse del origen del cosmos, aceptan dejar una puerta abierta a la posibilidad de alguna «razón organizadora», pero se la cierran a cualquier planteamiento teológico.

Es bien conocida la sentencia de que «un poco de ciencia nos aleja de Dios, pero mucha nos devuelve a él», pronunciada por Louis Pasteur, uno de los científicos más notables del siglo pasado, pero la simplicidad —que no simpleza—, plasticidad, belleza y capacidad enunciadora de esta frase no debe llevarnos necesariamente a conclusiones religiosas. Quizá, tal como afirma el cosmólogo británico Stephen Hawking —principal avalador, junto a Roger Penrose, de la teoría del Big bang—, «si descubrimos una teoría completa [que abarque la interrelación de todas las fuerzas de la Naturaleza, eso es el sueño científico de la TGU o Teoría de la Gran Unificación], debería ser algún día comprensible en sus grandes líneas por todo el mundo, y no sólo por un puñado de científicos. Entonces, todos, filósofos, científicos e incluso la gente de la calle, seríamos capaces de tomar parte en la discusión acerca de por qué existe el universo y nosotros mismos. Si encontramos la respuesta, será el último triunfo de la razón humana, porque en ese momento conoceremos el pensamiento de Dios.»

Aunque el pensamiento científico, debido al método de adquisición de conocimientos que le caracteriza, se opone al pensamiento religioso —sin que ello represente contradicción ninguna para los científicos con creencias religiosas—, la fuerza probatoria del primero hace que algunas de las más notables religiones monoteístas actuales se acerquen a la ciencia con la intención de arropar sus dogmas sobre la existencia de Dios en determinados descubrimientos.

En este caso está, por ejemplo, la aceptación que tiene la teoría cosmológica del Big bang por parte de la Iglesia católica, un hecho que señala claramente Stephen Hawking —en su libro Breve historia del tiempo— cuando apunta que «la Iglesia ha establecido el Big bang como dogma» y, al mismo tiempo, con elegante malicia, recuerda una afirmación lanzada por el papa Juan Pablo II, ante una reunión de cosmólogos, cuando conminó a estudiar la evolución del universo después del Big bang, pero sin entrar a investigar en el mismo Big bang ya que ese era el momento de la Creación y, por tanto, de la tarea de Dios —objeto de la teología, no de la ciencia—. Ante una postura tan taimada del Papa, podría decirse también, parafraseando a Pasteur, que si bien mucha ciencia nos devuelve a Dios, demasiada puede dejarnos definitivamente vacío de contenido su concepto. Si el Big bang realiza el trabajo creador de Dios, éste pierde todo su sentido y función, es decir, deja de existir científicamente[i].

La formación del universo, según la teoría del Big bang —«Gran bang», gran explosión—, avalada por importantísimos hallazgos científicos recientes, tuvo lugar cuando una región que contenía toda la masa del universo a una temperatura enormemente elevada se expandió mediante una tremenda explosión y eso hizo disminuir su temperatura; segundos después la temperatura descendió hasta el punto de permitir la formación de los protones y los neutrones y, pasados unos pocos minutos, la temperatura siguió bajando hasta el punto en que pudieron combinarse los protones y los neutrones para formar los núcleos atómicos.

Si se demuestra definitivamente que existe una creación continua de materia cósmica, tal como propone la teoría del Universo Estacionario o principio cosmológico perfecto de Herman Bondi, Thomas Gold y Fred Hoyle, el universo pasaría a verse como un complejo mecanismo autorregulador con capacidad de organizarse a sí mismo hasta el infinito; una propiedad natural que haría innecesario el tener recurrir a algún dios para justificar el origen de la materia.

Desde otros modelos científicos, como el del Universo Inflacionario, propuesto por Andrei Linde y Alan Guth, se sostiene que nuestro universo forma parte de un inmenso conjunto de universos salidos de un «universo-madre», del cual se desgajó inflándose hasta estallar en un Big bang, un proceso que, según esta hipótesis, aún sigue repitiéndose en otros universos y también en el que nosotros existimos, y puede estar generando otros universos nuevos; esta teoría cosmológica tampoco necesita explicarse sobre la base de algún principio organizador divino ya que postula un proceso que no tiene principio ni fin.

 El astrofísico Igor Bogdanov, basándose en la llamada constante de Planck, realizó una afirmación críptica pero muy definitoria cuando dijo que «no podemos saber que sucedió antes de 10-43 segundos del Big bang, un tiempo fantásticamente pequeño que guarda en potencia el universo entero. Todo eso está contenido en una esfera de 10-33 centímetros, es decir, miles y miles y miles de millones de veces más pequeña que el núcleo de un átomo.»

En lo que atañe a nuestro universo, surgido hace unos 15.000 millones de años, salta a la vista una pregunta de simple lógica: ¿existía Dios 10-43 segundos antes del Big bang? y, de existir, ¿qué era y dónde ha estado hasta hoy? La ciencia aún no puede responder qué pasó en ese espacio y tiempo prácticamente inexistentes, pero eso no justifica, ni muchísimo menos, la afirmación gratuita de quienes, como el epistemólogo Jean Guitton, defienden que la mejor prueba de la existencia de un ser creador es que existen límites físicos al conocimiento.

Parece obvio que una visión teleológica[ii] del cosmos es infinitamente menos inquietante y resulta más gratificante que su contraria, pero, al postular que todas las leyes naturales que rigen la evolución del universo fueron diseñadas, en el marco de un «proyecto cósmico», con el fin de poder posibilitar la vida humana sobre este planeta, se peca gravemente de antropocentrismo, egocentrismo y acientificismo.

Los conocimientos biológicos actuales demuestran sin duda alguna que hasta el presente hubo cientos de miles de proyectos fallidos en los procesos evolutivos de las especies, eso es que cientos de miles de especies de todas clases siguieron caminos no viables que les llevaron, más pronto o más tarde, a su extinción; un proceso de selección natural que no ha concluido todavía y que seguirá en marcha mientras quede algún resquicio de vida en este planeta. En este contexto biológico, el hombre no es más que una de las especies supervivientes —por ahora— a la evolución de los ecosistemas terrestres.

En el supuesto de que exista algún dios creador/controlador, la evidencia de tantos cientos de miles de organismos vivos fracasados —mal planteados— desde su mismísima concepción, sólo podría sugerir que éste dios carece de habilidad y experiencia para crear seres vivos con eficacia o que disfruta lanzando a la vida a seres irremisiblemente condenados; en el mejor de los casos, podríamos llegar a la conclusión de que Dios también crea empleando los mismos mecanismos que son propios de la Naturaleza y de los humanos, eso es mediante el proceso del ensayo-error, cosa que, obviamente, no le puede hacer acreedor ni de la más mínima ventaja o superioridad sobre ningún ser vivo.

Al filósofo holandés Baruch Spinoza (1632-1677) no le faltaba razón cuando escribió que el finalismo o teleologismo «es un prejuicio desastroso, que nace de la ignorancia natural de los hombres y al mismo tiempo de una actitud utilitarista (...) a la vana, aunque tranquilizadora, ilusión de que todo está hecho para el hombre, se añade la mentalidad antropomórfica corriente, la cual, interpretándolo todo desde el modelo artesanal, impide el conocimiento de la necesidad absoluta, induciendo así a la superstición del Dios personal, libre y creador.»[iii]

Otro filósofo, el cultísimo enciclopedista francés Denis Diderot (1713-1784), ateo convencido después de ser educado por los jesuitas —de hecho fue encarcelado tres meses por criticar el teísmo en su obra Carta sobre los ciegos (1749)—, y famoso en su época por ser un brillante polemista, no supo que contestarle al matemático Leonard Euler cuando, durante un encuentro en la corte de la reina Catalina II de Rusia, éste le espetó: «Señor, (A+B)N/N = X, luego Dios existe. ¿Qué me responde a eso?»

El notable físico y matemático francés Pierre-Simon Laplace (1749-1827), referencia obligada para el estudio de la teoría de las probabilidades, en cambio, sí habría sabido responder a la fórmula envenenada de Euler con al menos tanta eficacia como la que demostró cuando Napoleón le interrogó acerca del lugar que ocupaba Dios en su teoría de un universo-máquina sin principio ni fin, expuesta en su Tratado de mecánica celeste (1799-1815). «Señor —le contestó Laplace al emperador—, no he tenido ninguna necesidad de manejar esa hipótesis.»

Tras siglos de debates filosóficos acerca de la existencia o no de un principio ordenador del universo y de un finalismo antropocéntrico, la cuestión sigue hoy abierta y candente dentro de muchos campos científicos. Así, mientras unos sostienen que la vida que conocemos es producto de una larguísima cadena de casualidades —difícilmente repetibles, pero casualidades al fin y al cabo—, otros argumentan que sólo un milagro intencionado puede explicar la conjunción de las muchísimas condiciones que son necesarias para que se produzca la vida.

El concepto de «Dios» es tan atractivo que incluso científicos que se han declarado agnósticos, como los físicos Heinsenberg o Einstein, han escrito ensayos, denominados místicos por algunos, en los que rozaban la idea de «Dios», pero de un dios absolutamente ajeno a la figura investida de atributos antropomórficos que postulan las religiones. «Sé que algunos sacerdotes están sacando mucho partido de mi física en favor de las pruebas de la existencia de Dios —le escribía Albert Einstein a un amigo, en una carta en la que negaba el rumor de su supuesta conversión al catolicismo—. No se puede hacer nada al respecto; que el diablo se ocupe de ellos.»

En cualquier caso, quizá todos los modelos científicos capaces de explicar la formación del universo tienen su límite en el llamado teorema de la incompletud de Gödel. Este teorema, postulado por Kurt Gödel (1906-1978), una de las figuras más importantes de toda la historia de la lógica, afirma que «dentro de todo sistema formal que contenga la teoría de los números existen proposiciones que el sistema no logra “decidir”, o sea, que no logra dar una demostración ni de ellas ni de su negación».

El teorema de la incompletud implica que ningún conjunto no trivial de proposiciones matemáticas puede derivar su prueba de consistencia del conjunto mismo, sino que debe buscarla en una proposición que esté fuera de él, algo aparentemente imposible para la metodología matemática y empírica en que se fundamenta la investigación cosmológica actual. El hecho de que siempre haya enunciados verdaderos indemostrables, que permanecen fuera del campo de las deducciones lógicas, «no significa —según señaló el físico Paul Davies— que el universo sea absurdo o carente de sentido, sino solamente que la comprensión de su existencia y propiedades cae fuera de las categorías usuales del pensamiento racional humano.»

Dentro de este espacio de incertidumbre formal que deja abierto el teorema de la incompletud de Gödel siempre puede volver a anidar la esperanza en la existencia de Dios, cosa que sin duda seguiremos propiciando ad infinitum los humanos; la falta de respuestas a algunas de las claves de nuestra existencia y el miedo a nuestro destino tras la muerte siempre serán más poderosos que la fuerza probatoria de los descubrimientos científicos que contradigan la visión teísta del universo.

 De todos modos, resulta evidente que cuando uno comienza a interrogarse racionalmente sobre todo lo que rodea a Dios se da cuenta de que no puede llegar a conocer nada con certeza, ni su naturaleza, ni su existencia. Siempre cabe, claro está, refugiarse en los textos sagrados de cualquier religión que, cumpliendo la función para la que fueron escritos, dan certezas absolutas mediante evidencias preñadas de sí mismas y que repudian la lógica de la razón puesto que se han conformado dentro del subjetivismo de la emoción; pero éste es un camino que sólo sirve a quien busca, necesita o tiene ese tipo de dinámica mental que conocemos como fe, una actitud directamente relacionada con los procesos psicológicos derivados del pensamiento mágico (y que estudiaremos en los capítulos 2 y 3 de este libro).

La fe, sin duda alguna, puede mover montañas, pero jamás podrá explicarnos cómo se formaron o de qué están compuestas esas montañas que ha logrado desplazar. La fe en Dios, en su existencia y accesibilidad, puede tener innumerables ventajas para el psiquismo humano, pero resulta un instrumento absolutamente inútil para intentar conocer algo sobre dicho ser supremo, objetivo que, por encima de cualquier otro, alienta el trabajo que se plasma en este libro.

El gran sociólogo Emile Durkheim (1858-1917) centró muy bien el punto de mira cuando, en 1912, al referirse al conflicto entre la ciencia y la religión, afirmó: «Se dice que la ciencia niega por principio la religión. Pero la religión existe; es un sistema de datos; en una palabra, es una realidad. ¿Cómo podría la ciencia negar una realidad? Además, en tanto que la religión es acción, en tanto que es un medio para hacer que los hombres vivan, la ciencia no puede sustituirla, pues si bien expresa la vida, no la crea; puede, sin duda, intentar dar una explicación de la fe, pero, por esa misma razón, la da por supuesta. No hay, pues, conflicto más que en un punto determinado. De las dos funciones que cumplía en un principio la religión hay una, pero sólo una, que cada vez tiende más a emanciparse de ella: se trata de la función especulativa.

»Lo que la ciencia critica a la religión no es su derecho a existir, sino el derecho a dogmatizar sobre la naturaleza de las cosas, la especie de competencia especial que se atribuía en relación al conocimiento del hombre y del mundo. De hecho, ni siquiera se conoce a sí misma. No sabe de qué está hecha ni a qué necesidades responde. Ella misma es objeto de ciencia; ¡de ahí, la imposibilidad de que dicte sus leyes sobre la ciencia! Y como, por otra parte, por fuera de la realidad a que se aplica la reflexión científica no existe ningún objeto que sea específico de la especulación religiosa, resulta evidente la imposibilidad de que cumpla en el futuro el mismo papel que en el pasado.»[iv]

Si convenimos, por ejemplo, que Dios —su concepto— es un diamante en bruto, podríamos decir que lo que fundamentalmente nos interesa será conocer al máximo su materia base —carbón puro comprimido en una estructura cristalina compacta—, las condiciones de calor y presión que hicieron posible ese tipo de cristalización y, en menor grado, las impurezas minerales que le tiñen de uno u otro color. Todo lo demás será accesorio. Es cierto que el diamante en bruto no parece bello, pero también es obvio que la gema tallada no es auténtica desde el punto de vista de la realidad geológica.

Cuando el diamante en bruto pasa por la exfoliación, aserradura, talla y pulimento, se obtiene una joya de brillo adamantino que, entre sus propiedades, adquiere un alto índice de refracción y dispersión —eso es distorsión—, al tiempo que un gran poder evocador. Lo fundamental del diamante —su valor— se lo debemos a interacciones geológicas; lo accesorio —su fama y precio— al tallador y al joyero. Por eso, en este trabajo, viajaremos dentro de los límites de la geología psicosocial humana y obviaremos, en la medida de lo posible, detenernos en la contemplación de las mil facetas distorsionadoras talladas por las teologías.

Descartada la fe como vía de conocimiento, quedan abiertas todas las demás, pero ¿a qué disciplinas recurrir? ¿cómo plantear la investigación? ¿qué elementos son básicos y definitorios para establecer la presunta relación entre Dios y el ser humano? ¿sobre qué pruebas materiales podemos construir argumentos sólidos? El camino es largo y complejo y cada cual puede comenzar su andadura desde puntos muy diversos, ya que lo importante no es el inicio (premisas) sino el final (conclusiones). Este libro refleja la aventura personal de su autor desde el momento en que se propuso encontrar algunas respuestas razonables a un abanico de hechos —determinantes para nuestra sociedad— que son aceptados sin más por la práctica totalidad de la gente, e intentar llenar de contenido, coherencia y sentido algunas de las cuestiones importantes que todos nos hemos planteado en numerosas ocasiones.

Dado que a Dios, a su concepto, sólo puede llegarse a través del ser humano y desde un ser humano —intente, sino, extraer conclusiones de una conversación sobre Dios mantenida entre dos sillas, dos geranios o dos gatos, o entre cualquiera de ellos y su propietario humano—, será indispensable intentar conocer con detalle muchos aspectos del pasado biológico, ecológico y social del ser humano y del proceso que conformó su estructura psíquica y sus expresiones culturales. Las primeras evidencias y preguntas a formular deberán llevarnos, por tanto, hasta el inicio de la evolución humana. En el proceso de hominización que nos diversificó de los primates se esconden muchas claves para poder descubrir cosas notables sobre Dios; y aunque no hayamos encontrado evidencia alguna acerca de cómo y porqué él nos creó, sí que abundan las que testimonian cómo y porqué nosotros llegamos a crearle a él.

Al igual que el criminólogo intenta descubrir una identidad escondida investigando a partir de los restos hallados en el lugar del crimen —un trocito de tela, una huella de zapato, una marca en el espejo del baño, o una gota de sangre reseca, por ejemplo—, así este autor ha tenido que rastrear entre miles de datos —aflorados y elaborados por decenas de paleoantropólogos, arqueólogos, antropólogos, mitólogos, historiadores, psicólogos, etc.— que, al unirse unos a otros, han acabado mostrando una imagen coherente y razonable no sólo de la identidad escondida sino, mucho más importante aún, de todo el contexto psicosocial que la definió y dotó de atributos y personalidad.

La estructura de este estudio, en la medida de lo posible, ha seguido un orden cronológico para relatar y analizar los hechos que hemos juzgado determinantes para poder llegar a una mejor comprensión de cómo, cuándo y por qué se produjo la presencia de Dios entre los humanos. Para facilitar la visión global de algunos de los aspectos clave tratados, se ha elaborado diversos cuadros sinópticos que permiten a cualquier persona situarse rápida y fácilmente dentro del contexto analizado. Con el fin de ampliar la visión y conocimientos del lector, así como para referenciar las fuentes documentales en que se basa este trabajo, se ha complementado el texto con muchas —y, a menudo, tan amplias como fundamentales— notas a pie de página.

El desarrollo de este libro plasma con fidelidad el camino seguido por su autor en busca de respuestas coherentes a la relación que parece existir entre la humanidad y Dios. La andadura, nacida de una simple curiosidad, fue convirtiéndose poco a poco en una aventura fascinante, envolvente y plagada de centenares de alentadoras sorpresas que han acabado transformado de forma notable algunas presunciones que tenía este autor en torno al ser humano y su pasado, por lo que, en consecuencia, le han hecho variar algunos enfoques que resultan básicos para intentar comprender el presente de nuestra sociedad y su complicada proyección hacia el futuro.

Algún lector podrá sentirse perplejo, o incluso defraudado, cuando comience a leer este libro —no olvidemos que se titula Dios nació mujer— y se encuentre ante un relato de nuestra evolución desde los homínidos seguido de un capítulo —inevitablemente complejo— sobre la formación del lenguaje y del pensamiento discursivo o lógico-verbal. Con toda la razón se preguntará si el libro no lleva un título erróneo, ¿tiene algo que ver todo eso con Dios y con el género que se le ha atribuido? Sin duda alguna. Aunque lo esencial para justificar el título de este trabajo se trate en los capítulos 6, 7 y 10, todo lo realmente importante, todo lo que nos permitirá comprender cómo, cuándo y porqué llegamos hasta el concepto de «Dios» y nos sentimos impulsados a idearlo como mujer muchos milenios antes de cambiarle de género y hacerle varón, todo ello, digo, lo encontraremos en el resto de capítulos. Nada sobra, aunque mucho falte en un texto que no es, ni pretende ser, enciclopédico, así como tampoco filosófico ni teológico. Desde la ventana al pasado que se abre en estas páginas, es probable que asistamos a un desfile de hechos que nos lance a reflexiones mucho más amplias que las sugeridas en este libro.

Después de adentrarse por los vericuetos de la evolución humana, uno ya no puede ver a sus semejantes de la misma forma. El ser humano deja de ser una «criatura de Dios» cuando se le ve a través del prodigioso proceso que nos diferenció de los monos arborícolas hasta hacernos tal como somos, llenos de fortaleza y de milagro, pero rebosantes de dramática fragilidad.

Analizar el desarrollo del lenguaje articulado humano y comprobar la inimaginable fuerza que ha tenido el dominio de la palabra y del concepto para determinar nuestro pensamiento, visión del mundo y cultura, acaba rompiendo tantos esquemas preconcebidos que obliga a vernos a nosotros mismos y a nuestras creencias más fundamentales como el producto de un juego infantil en el que realidad y fantasía se confunden para materializar un ordenamiento universal del que difícilmente se logra salir. Darse cuenta de que los relatos imaginados por muchos niños pequeños, para explicarse su procedencia o el origen del mundo y su funcionamiento, son substancial y estructuralmente idénticos a las descripciones equivalentes que se contienen en los llamados textos sagrados, abre una preciosa puerta para comprender mejor el psiquismo del ser humano y sus comportamientos dichos religiosos.

Evidenciar el proceso de elaboración del universo simbólico prehistórico, de los signos, mitos y ritos que aún son eje central de las religiones actuales, conduce a conclusiones apasionantes acerca de las dinámicas de búsqueda de seguridad emocional del ser humano. Una reflexión en la que no debe quedar al margen la amplia prueba arqueológica de que la creencia en la supervivencia a la muerte pudo preceder en unos 60.000 años a cualquier elaboración conceptual sobre entes supremos o dioses.

Puede ser que el lector se sorprenda —o escandalice— al comprobar que el concepto masculino de «Dios», que hoy domina en todas las religiones, no es más que una transformación relativamente reciente del primer concepto de deidad creadora/controladora que, tal como demuestran miles de hallazgos arqueológicos, fue, obviamente, ¡femenino! ¿Quién, sino una hembra, de cualquier especie, está capacitada para poder crear, para dar vida, mediante la fecundación y el parto? ¿Quién, sino la mujer, cuida de su prole y se encarga de abastecer las necesidades básicas de su entorno inmediato?

Si, como veremos en su momento, el Homo sapiens primitivo fundamentaba sus conceptualizaciones en analogías, resulta obvio que ningún ser humano pudo pensar jamás en atribuirle las cualidades femeninas de generación, fertilidad y protección nutricia a un ente masculino; por esta razón, la humanidad prosperó bajo la protección de la Diosa única —en sus diferentes epifanías— durante un período que fue desde c. 30000 a.C. hasta c. 3000 a.C., momento a partir del cual, de forma progresiva aunque irregular, comenzó a imponerse la tipología específica del dios masculino que acabará apropiándose de las cualidades generadoras y protectoras de la diosa, relegando a ésta al papel de madre —virgen, en algunos casos—, esposa, hermana y/o amante del dios varón.

El golpe de estado del dios contra la diosa no fue caprichoso, ni casual, ni inocuo, sino todo lo contrario. En primer lugar, disponemos de suficiente documentación arqueológica e histórica para mostrar cómo, partiendo desde una base mítica y ritual común, la personalidad, atribuciones y funciones del dios —y de los dioses— masculino fue cambiando según las necesidades económicas y sociopolíticas de cada cultura y momento histórico. De hecho, podemos comprender más cosas sobre «Dios» si se estudian las implicaciones socioeconómicas derivadas de la implantación de la agricultura excedentaria y de la invención del arado que si nos concentramos en las teogonías, teologías y rituales asociados a cada dios. Y esta apreciación sirve tanto para los dioses dichos paganos —del latín paganus, campesino— como para su descendiente directo y continuador actual, el Dios de las religiones monoteístas que se dicen basadas en verdades reveladas.

Por otra parte, entender el desarrollo de la aniquilación de la Diosa por el Dios[v] nos conduce también a la comprensión de la dinámica histórica que llevó a la mujer a ser subyugada en todos sus aspectos por el varón. La mujer y la Diosa fueron perdiendo su autonomía, importancia y poder prácticamente al mismo tiempo, víctimas de un mundo cambiante en el que los hombres se hicieron con el control de los medios de producción, de guerra y de cultura, convirtiéndose, por tanto, en detentadores únicos y guardianes de la propiedad privada, la paternidad, el pensamiento y, en suma, del mismísimo derecho a la vida.

La cultura patriarcal acabó con los últimos vestigios de las sociedades matrilineales[vi], que rindieron culto a la Diosa desde el Paleolítico superior, y, lógicamente, rediseñó los mitos y los dioses a su conveniencia, eso es a su imagen y semejanza. Analizar la derrota de la Diosa prehistórica no sólo nos descubrirá un enfoque novedoso desde el que poder abordar el concepto de «Dios», también nos ayudará —y no es menos importante— a comprender la historia pasada de la mujer y las causas de la desigualdad e inferioridad que han caracterizado su situación hasta el momento presente.

El proceso que se plasma en este libro, siguiendo las huellas de Dios, ha permitido forjar una imagen sólida y coherente del ser humano y de sus creencias, pero, tal como cabía esperar, aquello que definimos bajo el concepto de «Dios» sólo se ha hecho patente a través del reflejo de su mito, como si se tratase de una imagen que rebota en un espejo sin proceder, aparentemente, de ninguna parte.

Es probable que la causa de esta imagen esté dentro del propio espejo y no fuera, razón por la cual nadie ha podido verla jamás, ya que ningún humano —sin dejar de ser lo que es— puede convertirse él mismo en las partículas de sal de plata que constituyen la base reflectante de un espejo. Si Dios está dentro de nuestras partículas, como una imagen lo está en la plata del espejo, ¿cómo poder distinguirle en medio del torrente casi infinito de emociones, sensaciones, pensamientos y conceptos que desfilan, hilvanados, a lo largo de un camino de matices que va y viene desde polos absolutamente opuestos?

Quizá la estructuración de las creencias en el ser humano tenga mucho que ver con uno de los evocadores pasajes que describió Charles Dodgson —diácono, profesor de matemática pura y escritor británico más conocido por su seudónimo de Lewis Carroll— en su segunda obra dedicada a la niña Alice Liddell, la deliciosa e inteligentísima narración de Alicia a través del espejo (1871):

—¡No puedo creer eso! —dijo Alicia.

—¿De veras? —dijo la Reina, con tono compasivo—. Inténtalo de nuevo: inhala profundamente y cierra los ojos.

Alicia río.

—No tiene caso intentarlo —dijo—. Uno no puede creer en cosas imposibles.

—Me atrevo a decir que no tienes mucha práctica —dijo la Reina.

Cada cual podrá extraer de este pasaje la conclusión que más le plazca, porque la cuestión sigue siendo casi la misma: ¿quién tiene más práctica para creer en cosas imposibles, aquél que cree en la existencia de Dios o aquél que la niega?

En este libro, como en todos los otros textos que se han publicado desde que se inventó la escritura hace unos 5.000 años, no se demuestra nada concluyente acerca de la posible existencia o no de Dios, ya que el autor se ha limitado a documentar cómo y porqué el concepto de «Dios» que proponen las religiones nació de la mente humana, se moldeó en función de nuestras ignorancias, temores y esperanzas, para, finalmente, evolucionar manteniendo una relación directa con las necesidades de organización y control social, económico y político propias de cada cultura y momento histórico.

Sólo después de adjudicar a la evolución natural y al ser humano todo aquello que fue, es y será su obra, podremos, de manera razonable, intentar encontrar a Dios en el resto, que quizá siempre seguirá siendo infinito. O tal vez no.

  

[i] La confrontación entre pensamiento científico y «fe» es algo que obsesiona al papa Wojtyla y que, de hecho, le ha llevado a protagonizar una cruzada feroz contra el positivismo, que es poco menos que decir contra la reflexión basada en datos objetivos sólidos. Muchos de sus documentos públicos han atacado «los excesos y peligros del uso de la razón». En su encíclica Veritatis splendor (Esplendor de la Verdad) prohibió la reflexión teológica crítica dentro de la Iglesia, amordazando así a los pensadores católicos más lúcidos y brillantes de este siglo, que también son los más cercanos al mensaje evangélico frente al brutal alejamiento del mismo que caracteriza a la Iglesia dogmática oficial. En otra reciente encíclica, Fides et ratio (Fe y Razón), el ataque contra la razón raya lo patético. Al presentar Fides et Ratio, el cardenal Ratzinger manifestó que «la universalidad del cristianismo procede de su pretensión de ser la verdad, y desaparece si desaparece la convicción de que la fe es la verdad. Pero la verdad es válida para todos y el cristianismo es válido para todos porque es verdadero». Tan autorizada afirmación no sólo asienta lo frágil que es la «verdad» católica, basada sobre una convicción subjetiva, sino que postula que, justo por ser sujeto de duda, debe ser declarada verdad fuera de toda duda y con valor universal. A lo anterior añadió que la fe cristiana debe oponerse a aquellas filosofías o teorías «que excluyen la aptitud del hombre para conocer la verdad metafísica de las cosas (positivismo, materialismo, cienticismo, historicismo, problematicismo, relativismo y nihilismo», eso es que debe rechazar los enfoques fundamentales del pensamiento moderno, especialmente en todo aquello que cuestione su particular cosmovisión basada en la «fe».

[ii] La argumentación teleológica, que pretende demostrar la existencia de Dios basándose en el concepto de fin (télos en griego), fue postulada con fuerza por santo Tomás de Aquino, que la tomó de Averroes (y éste, a su vez, la había tomado del pensamiento griego: Anaxágoras, Platón, Aristóteles, etc.). Dado que las cosas naturales, aunque carentes de inteligencia, aparecen todas ellas ordenadas en razón de un fin —afirmó Tomás de Aquino al proponer su «quinta vía»—, ello demuestra que debe existir una inteligencia que las ordena así y que se plantea como fin supremo; dicho fin supremo es precisamente Dios. El filósofo británico David Hume (1711-1776), en su obra póstuma Diálogos sobre la religión natural (1779), refuta fácilmente el argumento teleológico por estar basado en analogías antropomórficas (así como el orden de los materiales de una casa remite a un arquitecto inteligente, así el orden cósmico remite a la inteligencia divina) y porque la llamada finalidad natural (verdaderamente todo lo contrario de perfecta y divina) podría ser el producto casual y contingente de ciegas disposiciones materiales. También el filósofo alemán Emmanuel Kant (1724-1804), en su Crítica de la razón pura (1781), rechaza este argumento que él denomina «físico-teológico». No obstante el enorme peso intelectual de los detractores del también llamado finalismo, entre los que figuran Galileo, Bacon, Descartes, Spinoza, etc., entre los defensores encontramos también personajes de la talla de Boyle, Newton o Leibniz. En el terreno biológico el finalismo acabó siendo barrido —formalmente al menos— por el evolucionismo darwiniano, pero sigue vigente en el pensamiento moderno alimentado por el concepto de «providencia divina» que aún postulan las grandes religiones monoteístas.

[iii] Cfr. apéndice a la parte I de su Ethica more geometrico demonstrata (más conocida como Ética).

[iv] Durkheim, E. (1992). Las formas elementales de la vida religiosa. Madrid: Akal, p. 400.

[v] Una aniquilación que, en todo caso, aunque fue real a nivel del control del poder simbólico y social, no dejó de ser muy relativa a nivel del inconsciente colectivo de todas las culturas: hoy, como hace miles de años, las figuras divinas más veneradas y apreciadas por el pueblo llano —dentro de la llamada «religiosidad popular»— son las femeninas. Un ejemplo claro, en el seno de la cultura católica, lo tenemos en la gran fuerza e implantación del fervor mariano y del movimiento mariológico; de hecho, tal como veremos, en la Virgen católica sobrevivieron, de forma controlada y sometida al varón, algunas de las funciones míticas que caracterizaron a la Diosa prehistórica.

[vi] El término matrilinealidad designa un sistema de parentesco (ascendencia, descendencia, herencia), vigente aún en algunas culturas primitivas actuales —y que fue común antes de implantarse el patriarcado—, en el cual se tiene en cuenta la línea de descendencia de madre a hijo y se privilegia la relación de parentesco del recién nacido con el hermano de la madre.




Pepe Rodríguez es un periodista especializado en cuestiones sectarias y religiosas nacido en Tortosa, Tarragona, España, en 1953. Licenciado en Ciencias de la Información. Actualmente es docente en diferentes ámbitos académicos. Desde 1974 está especializado en técnicas de persuasión coercitiva y problemática sectaria, campo en el que asesora a diferentes Administraciones y afectados. Es director del EMAAPS (Equipo Multidisciplinar para el Asesoramiento y Asistencia en Problemas Sectarios) desde su constitución en 1991. Ha sido miembro técnico del grupo de trabajo sobre sectas de la Comisión Interministerial para la Juventud (1987). Es conferenciante habitual y profesor de seminarios en diversidad de ámbitos culturales y académicos y miembro del equipo de diversos programas de televisión. Desde hace varios años, es contertulio habitual del programa “No es un día cualquiera” que dirige Pepa Fernández en RNE. - fonte wikipedia

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