Nome: “A Rapariga que Sonhava com uma Lata de Gasolina e um Fósforo”
Autor: Stieg Larrson
Nº de Páginas: 611
Editora: Oceanos
Sinopse: ” Neste
segundo volume da trilogia Millennium, Lisbeth Salander é assumidamente a
personagem central da história ao tornar-se a principal suspeita de dois
homicídios. A saga desenvolve-se em dois planos que se complementam e só a
solução do primeiro mistério trará luz ao segundo: Há que encontrar os
responsáveis pelo tráfico de mulheres para exploração sexual para se descobrir
por que razão Lisbeth Salander é perseguida não só pela polícia, mas por um
gigante loiro de quem pouco se sabe.”
Opinião: Stieg Larrson iniciou a sua carreira profissional como designer gráfico e anos mais tarde como
jornalista, editor da revista Expo e escritor. Conhecido como um dos mais
destemidos lutadores contra a extrema-direita nazista, sofreu por diversas
vezes ameaças de morte. A 9 de Novembro de 2004 perece, devido a um enfarte,
quando se dirigia para o seu escritório na revista Expo. Devido às ameaças de
morte que sofreu e a sua luta incessante pelos direitos humanos, foi colocada
em causa os motivos da sua morte, contudo tal possibilidade rapidamente se viu
descartada.
Após ter lido o primeiro volume
desta trilogia, “Os Homens que Odeiam as Mulheres”, que foi lançado
inicialmente em 2005 e três anos mais tarde em Portugal, a expectativa de ler o
segundo volume era muita. Stieg Larrson escreve deveras bem, conseguindo surpreender-nos
constantemente.
Neste volume, Lisbeth Salander é
considerada a principal suspeita de três estranhos assassinatos, que assolam um
jovem casal que se encontrava a investigar sobre o tráfico de mulheres e
exploração sexual. Para Mikael é difícil pensar que tenha sido Lisbeth, que
tanto o auxiliou anteriormente, a causadora de tais mortes e inicia uma investigação
de modo a desvendar o que se passou, aproveitando as notas deixadas pelo casal
que faleceu, Dug e Mia. Enquanto a polícia persegue afincadamente Lisbeth,
também ela se vê ameaçada por um estranho gigante loiro, que poderá colocar a
sua vida em perigo.
Esta obra foi uma surpresa constante.
Parti para esta leitura sem ter lido opiniões ou sequer a sinopse da obra,
somente sabia que iria de certeza ver-me perante uma obra inesquecível. Por
isso, nada me preparava que a Lisbeth, que aprendemos a gostar na anterior
obra, a hacker, com um sentido de
justiça muito próprio, mas que mesmo assim não seria capaz de fazer mal a
ninguém, se esse alguém não a ameaçasse anteriormente, acabasse por ser
suspeita por dois assassinatos e mais tarde por um terceiro. Nunca em momento
algum pensei que ela pudesse ter algo a ver com estas mortes, pelo menos no que
ao casal diz respeito, por várias razões, por serem um casal inocente, que só
por um momento tiveram contacto com ela e porque se encontravam a desvendar um
crime contra as mulheres e a Lisbeth é, sem dúvida, alguém que “odeia os homens
que odeiam as mulheres”.
Adorei o modo como o escritor
criou todo o cenário por detrás do tráfico de mulheres e exploração sexual e
como conseguiu encaixar todas as peças na perfeição. Durante a obra, apanhei-me
por diversas vezes a pensar no que se passaria seguidamente, a tentar desvendar
por mim mesma os mistérios e a ligação entre as personagens, contudo Stieg
Larrson conseguiu surpreender-me da primeira à última página. Não tenho dúvidas
nenhumas que Stieg Larrson era uma mente brilhante, muito parecido a Lisbeth
Salander, só tenho pena que tenha falecido tão prematuramente e que não tenha
escrito mais obras desta incrível trilogia, que sinto que se irá tornar numa
das minhas preferidas.
Relativamente às personagens,
Lisbeth continua a ser a minha personagem preferida na trilogia. Foi muito bom
poder conhecê-la melhor e saber mais sobre o seu passado. Tinha mais ou menos
ideia do que ela teria feito para ter sido internada, contudo o resto, quem
eram os seus pais e tudo o que teve de passar devido a essa revelação, nem em
sonhos me tinha passado tal possibilidade. Com estas revelações, do seu passado
e do modo como foi tratada antes de se tornar adolescente, conseguimos perceber
muita da sua dificuldade em expressar-se e em confiar nos outros. É frustrante
sentir que por causa de um segredo, Salander foi abusada das mais diversas
formas e teve de aprender a sobreviver por si mesma.
Quanto a Mikael nesta obra foi
importante para o desenrolar dos acontecimentos e gostei de o ver defender tão
afincadamente Lisbeth. É, sem margem para dúvidas, alguém perspicaz, que sabe
procurar nos sítios certos a informação certa. Foi bom vê-lo tão focado e a fazer
o que melhor sabe fazer, demonstrando que realmente sente uma amizade sincera
por esta hacker.
Numa escrita compulsiva, que nos
consegue surpreender constantemente, Stieg Larrson apresenta-nos uma obra algo
descritiva, que, no meu parecer, só confere mais substância à sua história. Utilizando
referências matemáticas, que tenho de confessar que me agradaram e que me
apanhei a resolvê-las, tal como algumas alusões a termos da psicologia, que tornam esta
obra ainda mais especial.
Este segundo volume traz toda uma
nova visão sobre Lisbeth e com o seu final em aberto deixa-nos expectantes pelo
seguinte volume, “A Rainha no Palácio das Correntes de Ar”.
Frases a reter: "Não há inocentes. Há apenas diferentes graus de responsabilidade."
Avaliação: 4/5 (Gostei Bastante!)