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sexta-feira, 14 de setembro de 2012

A Rapariga que Sonhava com uma Lata de Gasolina e um Fósforo


Nome: “A Rapariga que Sonhava com uma Lata de Gasolina e um Fósforo”

Autor: Stieg Larrson

Nº de Páginas: 611

Editora: Oceanos

Sinopse: Neste segundo volume da trilogia Millennium, Lisbeth Salander é assumidamente a personagem central da história ao tornar-se a principal suspeita de dois homicídios. A saga desenvolve-se em dois planos que se complementam e só a solução do primeiro mistério trará luz ao segundo: Há que encontrar os responsáveis pelo tráfico de mulheres para exploração sexual para se descobrir por que razão Lisbeth Salander é perseguida não só pela polícia, mas por um gigante loiro de quem pouco se sabe.”

Opinião: Stieg Larrson iniciou a sua carreira profissional como designer gráfico e anos mais tarde como jornalista, editor da revista Expo e escritor. Conhecido como um dos mais destemidos lutadores contra a extrema-direita nazista, sofreu por diversas vezes ameaças de morte. A 9 de Novembro de 2004 perece, devido a um enfarte, quando se dirigia para o seu escritório na revista Expo. Devido às ameaças de morte que sofreu e a sua luta incessante pelos direitos humanos, foi colocada em causa os motivos da sua morte, contudo tal possibilidade rapidamente se viu descartada.

Após ter lido o primeiro volume desta trilogia, “Os Homens que Odeiam as Mulheres”, que foi lançado inicialmente em 2005 e três anos mais tarde em Portugal, a expectativa de ler o segundo volume era muita. Stieg Larrson escreve deveras bem, conseguindo surpreender-nos constantemente.

Neste volume, Lisbeth Salander é considerada a principal suspeita de três estranhos assassinatos, que assolam um jovem casal que se encontrava a investigar sobre o tráfico de mulheres e exploração sexual. Para Mikael é difícil pensar que tenha sido Lisbeth, que tanto o auxiliou anteriormente, a causadora de tais mortes e inicia uma investigação de modo a desvendar o que se passou, aproveitando as notas deixadas pelo casal que faleceu, Dug e Mia. Enquanto a polícia persegue afincadamente Lisbeth, também ela se vê ameaçada por um estranho gigante loiro, que poderá colocar a sua vida em perigo.

Esta obra foi uma surpresa constante. Parti para esta leitura sem ter lido opiniões ou sequer a sinopse da obra, somente sabia que iria de certeza ver-me perante uma obra inesquecível. Por isso, nada me preparava que a Lisbeth, que aprendemos a gostar na anterior obra, a hacker, com um sentido de justiça muito próprio, mas que mesmo assim não seria capaz de fazer mal a ninguém, se esse alguém não a ameaçasse anteriormente, acabasse por ser suspeita por dois assassinatos e mais tarde por um terceiro. Nunca em momento algum pensei que ela pudesse ter algo a ver com estas mortes, pelo menos no que ao casal diz respeito, por várias razões, por serem um casal inocente, que só por um momento tiveram contacto com ela e porque se encontravam a desvendar um crime contra as mulheres e a Lisbeth é, sem dúvida, alguém que “odeia os homens que odeiam as mulheres”.

Adorei o modo como o escritor criou todo o cenário por detrás do tráfico de mulheres e exploração sexual e como conseguiu encaixar todas as peças na perfeição. Durante a obra, apanhei-me por diversas vezes a pensar no que se passaria seguidamente, a tentar desvendar por mim mesma os mistérios e a ligação entre as personagens, contudo Stieg Larrson conseguiu surpreender-me da primeira à última página. Não tenho dúvidas nenhumas que Stieg Larrson era uma mente brilhante, muito parecido a Lisbeth Salander, só tenho pena que tenha falecido tão prematuramente e que não tenha escrito mais obras desta incrível trilogia, que sinto que se irá tornar numa das minhas preferidas.

Relativamente às personagens, Lisbeth continua a ser a minha personagem preferida na trilogia. Foi muito bom poder conhecê-la melhor e saber mais sobre o seu passado. Tinha mais ou menos ideia do que ela teria feito para ter sido internada, contudo o resto, quem eram os seus pais e tudo o que teve de passar devido a essa revelação, nem em sonhos me tinha passado tal possibilidade. Com estas revelações, do seu passado e do modo como foi tratada antes de se tornar adolescente, conseguimos perceber muita da sua dificuldade em expressar-se e em confiar nos outros. É frustrante sentir que por causa de um segredo, Salander foi abusada das mais diversas formas e teve de aprender a sobreviver por si mesma.

Quanto a Mikael nesta obra foi importante para o desenrolar dos acontecimentos e gostei de o ver defender tão afincadamente Lisbeth. É, sem margem para dúvidas, alguém perspicaz, que sabe procurar nos sítios certos a informação certa. Foi bom vê-lo tão focado e a fazer o que melhor sabe fazer, demonstrando que realmente sente uma amizade sincera por esta hacker.

Numa escrita compulsiva, que nos consegue surpreender constantemente, Stieg Larrson apresenta-nos uma obra algo descritiva, que, no meu parecer, só confere mais substância à sua história. Utilizando referências matemáticas, que tenho de confessar que me agradaram e que me apanhei a resolvê-las, tal como algumas alusões a termos da psicologia, que tornam esta obra ainda mais especial.

Este segundo volume traz toda uma nova visão sobre Lisbeth e com o seu final em aberto deixa-nos expectantes pelo seguinte volume, “A Rainha no Palácio das Correntes de Ar”.

Frases a reter: "Não há inocentes. Há apenas diferentes graus de responsabilidade."

Avaliação: 4/5 (Gostei Bastante!)