Nome: "O Rapaz do Pijama às Riscas"
Autor: John Boyne
Nº de Páginas: 176
Editora: Edições ASA
Sinopse: "Ao regressar da escola um dia, Bruno constata que as suas coisas estão a ser empacotadas. O seu pai tinha sido promovido no trabalho e toda a família tem de deixar a luxuosa casa onde vivia e mudar-se para outra cidade, onde Bruno não encontra ninguém com quem brincar nem nada para fazer. Pior do que isso, a nova casa é delimitada por uma vedação de arame que se estende a perder de vista e que o isola das pessoas que ele consegue ver, através da janela, do outro lado da vedação, as quais, curiosamente, usam todas um pijama às riscas. Como Bruno adora fazer explorações, certo dia, desobedecendo às ordens expressas do pai, resolve investigar até onde vai a vedação. É então que encontra um rapazinho mais ou menos da sua idade, vestido com o pijama às riscas que ele já tinha observado, e que em breve se torna o seu melhor amigo…"
Opinião: “O Rapaz do Pijama às riscas” é o relato de Bruno, um menino de 9 anos, na realidade que foi o Holocausto. Certo dia chega a casa e depara-se com Maria, a sua empregada, a empacotar as suas coisas. Ao questionar a sua mãe compreende que irão mudar de casa, devido ao pai ter sido promovido. Quando chega à sua nova habitação parece-lhe impossível poder ser feliz, pois é a única nas imediações e não existe ninguém com quem possa brincar. Como aventureiro e destemido que é, decide fazer uma das explorações que tanto adora e assim conhece um menino vestido com um pijama às riscas do outro lado da cerca que divide os dois mundos, tornando-se desde logo amigos.
A frase subjacente na contra capa retracta deveras bem o que é esta obra. É “uma história de inocência num mundo de ignorância”. Encontra-se repleto de ternura e da inocência que só as crianças conseguem possuir. Sendo um relato muito especial, pela forma como Bruno percepciona este tempo conturbado.
Penso que John Boyne conseguiu retratar de uma forma soberba o valor e a importância da amizade, a inocência das crianças e a arrogância e maldade da época. Esta altura é, só por si, uma época atroz, que penso que toca a todos, mas quando vista pelos olhos de um menino o impacto que tem sobre nós é completamente distinto, até porque pensamos sempre nas crianças, tal como os idosos como alguém a proteger e saber e sentir o que se fazia naquela altura é além de triste revoltante.
Adorei ver a relação entre Bruno e o seu novo amigo, pois foi uma amizade pura e ternurenta que só quando crianças conseguimos sentir. Quase desde o primeiro momento em que se vêem e falam um com o outro, tornam-se amigos e, como qualquer criança com aquela idade, parece que as amizades são para uma vida inteira. Gostei também de presenciar como dois meninos que nasceram no mesmo dia e tinham a mesma idade conseguiam ser tão diferentes, tanto em termos sociais como psicológicos e ainda assim considerarem-se como melhores amigos, pois a amizade é isso mesmo, amar o próximo sem ligar a rótulos.
Tal como me havia sido ressalvado antes de ler a obra senti que o Bruno poderia ter sido um pouco infantilizado em demasia, mas concordo que foi graças a esse facto que nos conseguimos sentir mais ligados à personagem e à dura realidade que o envolve.
Com um final de cortar a respiração esta obra passou a ter, sem dúvida, um lugar especial na minha memória. Aconselho vivamente!
Citações a reter: "Temos de aprender a tirar o melhor partido das más situações"
Avaliação: 4/5 (Gostei Bastante!)