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segunda-feira, 14 de abril de 2014

Tigana - A Lâmina na Alma


Nome: “Tigana – A Lâmina na Alma”

Autor: Guy Gavriel Kay

Nº de Páginas: 320

Editora: Saída de Emergência

Resumo: “Tigana é uma obra rara e encantadora onde mito e magia se tornam reais e entram nas nossas vidas. Esta é a história de uma nação oprimida que luta para ser livre depois de cair nas mãos de conquistadores implacáveis. É a história de um povo tão amaldiçoado pelas negras feitiçarias do rei Brandin que o próprio nome da sua bela terra não pode ser lembrado ou pronunciado. Mas anos após a devastação da sua capital, um pequeno grupo de sobreviventes, liderado pelo príncipe Alessan, inicia uma cruzada perigosa para destronar os reis despóticos que governam a Península da Palma, numa tentativa recuperar um nome banido: Tigana. Num mundo ricamente detalhado, onde impera a violência das paixões, este épico sublime sobre um povo determinado em alcançar os seus sonhos mudou para sempre as fronteiras da fantasia.”

Opinião: Guy Gavriel Kay é um escritor Canadiano, que reside em Toronto. Autor de nove romances e de uma conhecida complicação de poesia, “Beyond This Dark House”, o escritor venceu por duas vezes o Aurora Award e recebeu o International Goliardos Award, pela sua contribuição ao Fantástico, tendo sido igualmente nomeado por três vezes para o World Fantasy Award.

A obra “Tigana”, editada inicialmente em 1990, foi traduzida pela Saída de Emergência no presente ano em dois volumes com os títulos “Tigana – A Lâmina na Alma” e “Tigana – A Voz da Vingança”, que foi lançado no passado dia 21 de Março.

“Tigana” foi fadada ao esquecimento, devido à maldição do Rei Brandin, que levou à omissão desta civilização e até que o pronunciamento do seu nome se tornasse impossível. Todavia, um grupo de sobreviventes, por ocasiões do destino, acabam por se cruzar e irão tentar derrubar os reis que lideram a Península de Palma, de modo a devolverem a Tigana a sua existência.

Após a leitura de “Os Leões deAl-Rassan”, que mostrou ser uma obra bastante cativante, tinha muita curiosidade em ler mais obras do escritor, pelo que com a saída de “Tigana” foi com interesse que iniciei a sua leitura. Confesso que, contrariamente ao que aconteceu com “Os Leões de Al-Rassan”, não senti que a história fosse muito confusa, nem demasiado intricada, o que facilitou a ambientação ao mundo e às personagens criadas pelo autor.

No que se refere à idealização e contextualização do mundo, foi outro dos aspectos que me agradaram, penso que o autor tem uma capacidade soberba de descrever os cenários e as personagens, de modo que praticamente nos transporta para o seu mundo. Nesta obra somos apresentados à história de uma civilização perdida na História, tendo-lhe sido roubada a sua identidade, cultura e lendas. Aquilo em que o indivíduo se torna é-lhe transmitido através da socialização primária, através dos seus pais, e da socialização secundária, da sociedade onde se encontra inserido, o que leva à consolidação da sua personalidade. Se a nossa sociedade deixasse de existir, parte da nossa essência estaria para sempre comprometida, perdida no esquecimento e esta obra aborda este tema de uma forma perfeita, sendo efectivamente muito interessante do ponto vista sociológico.

Relativamente às personagens, somos apresentados a um enredo cativante e bastante diverso, que nos presenteiam com uma humanidade, perspicácia, paixão e força de vontade enormes, que não deixam de nos sensibilizar.

Numa escrita cuidada, Guy Gavriel Kay não nos apresenta uma obra que se leia de uma assentada, muito pelo contrário, trata-se de uma narrativa que se aprende a apreciar a cada folhear de página, para se degustar e, por este mesmo motivo, tem um início algo lento e requer que façamos algumas pausas para assimilar e apreciar a história da forma que a mesma merece.

Em suma “Tigana – A Lâmina na Alma” é uma história repleta de conspiração, acção e traição, polvilhado com algum amor, que nos deixa rendidos e ansiosos pelo segundo volume “Tigana – A Voz da Vingança”, que será certamente das minhas próximas leituras.

Citações a Reter: “Não existem caminhos errados. Apenas caminhos que não sabíamos que teríamos de percorrer.” (p. 307)


Avaliação: 4/5 (Gostei Bastante!)

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Os Leões de Al-Rassan




Nome: "Os Leões de Al-Rassan"

Autor: Guy Gavriel Kay

Nº de Páginas: 548

Editora: Saída de Emergência

Sinopse: "Imagine uma Península Ibérica de fantasia, durante o período sangrento e apaixonante da Reconquista, onde realidade e fantasia se entrelaçam numa história poderosa e comovente. 

Inspirado na História da Península Ibérica, Os Leões de Al-Rassan é uma épica e comovente história sobre amor, lealdades divididas e aquilo que acontece aos homens e mulheres quando crenças apaixonadas conspiram para refazer – ou destruir – o mundo. Lar de três culturas muito diferentes, Al-Rassan é uma terra de beleza sedutora e história violenta. A paz entre Jaddites, Asharites e Kindath é precária e frágil, mas é precisamente a sombra que separa os povos que acaba por unir três personagens extraordinárias: o orgulhoso Ammar ibn Khairan – poeta, diplomata e soldado, o corajoso Rodrigo Belmonte – famoso líder militar, e a bela e sensual Jehane bet Ishak – física brilhante. Três figuras cuja vida se irá cruzar devido a uma série de eventos marcantes que levam Al-Rassan ao limiar da guerra."



Opinião: Guy Gavriel Kay, autor de nove romances, recebeu por duas vezes o prémio Aurora Award e o International Goliardos Award, pela sua contribuição ao mundo do fantástico, tendo sido nomeado por três vezes para o World Fantasy Award.


Sendo um autor de renome e com críticas fantásticas a ele enaltecidas, era muita a expectativa de embrenhar no mundo d’ “Os Leões de Al-Rassan”. Inspirado na Península Ibérica medieval retracta a divisão existente em termos de religiões, os Jaditas, Kindates e Asharitas, representativos dos cristãos, judeus e muçulmanos, respectivamente. Os Asharitas dominam o sul até ao momento em que a paz é colocada em causa, devido à sede de conquista dos poderosos de Al-Rassan. É neste contexto que nos são apresentadas as nossas três personagens principais, o capitão jadita Rodrigo Belmonte, a médica kindate Jehane bet Ishak e o poeta asharita Ammar ibn Khairan.

Confesso que me custou um pouco entrar na história e demorei bastante a ler as primeiras 150, 200 páginas, devido à história ser intrincada e, em certa medida, até algo confusa. Contudo, quando comecei a compreender melhor o ambiente, a apreciar a escrita e personagens criadas pelo autor, tornou-se um prazer poder embrenhar-me na obra.

Gostei muito da contextualização do mundo, as descrições das cidades visitadas pelas nossas personagens principais e das pessoas e costumes existentes nas mesmas, que quase nos transportavam para as suas ruas e casas. Gostei também da mensagem que não existem povos melhores ou piores, simplesmente diferentes e que é essa diferença que os torna especiais, sendo importante haver uma maior permissividade e compreensão entre os mesmos.

Relativamente às personagens apreciei bastante as personagens principais e, por estranho que pareça, apreciei as três de igual modo, pois cada uma é especial à sua maneira. Penso que os três se encontram muito bem estruturados e imensamente humanos, sentindo especialmente tal facto, pela forma como interagem e se expressam com os que ama, a contraposição entre a razão e a emoção, a luta pelo que se acredita, entre tantos outros momentos. Também as personagens secundárias são interessantes, tornando a narrativa ainda mais especial.

A escrita é bastante singela, mas ao mesmo tempo muito bela e própria. Embora reconheça que, na minha opinião, o autor se repetia um pouco em certos momentos, todo o mistério subjacente na obra; os trocadilhos levados a cabo pelo autor, que nos fazem pensar que irá acontecer algo e depois sucede exactamente o contrário; as personagens interessantes; a escrita própria fizeram com que apreciasse muito a obra.


Em suma, “Os Leões de Al-Rassan” foi uma obra que me agradou bastante pela sua ambiguidade entre o Romance Histórico e o Fantástico e que acredito que poderá agradar os apreciadores de ambos os géneros.

Frases a reter: "A coragem residia em lutar para tentar ultrapassar esse medo, em erguer-se  para fazer o que tinha de ser feito."


Avaliação: 4/5 (Gostei Bastante!)