Nome: "O Segredo da Casa de Riverton"
Autora: Kate Morton
Nº de Páginas:480
Editora: Porto Editora
Sinopse: "Verão de 1924
Na
noite de um glamoroso evento social, um jovem poeta perde a vida junto
ao lago de uma grande casa de campo inglesa. Depois desse trágico
acontecimento, as suas únicas testemunhas, as irmãs Hannah e Emmeline
Hartford, jamais se voltariam a falar.
Inverno de 1999
Grace
Bradley, de noventa e oito anos de idade, antiga empregada da casa de
Riverton, recebe a visita de uma jovem realizadora que pretende fazer um
filme sobre a morte trágica do poeta.
Memórias antigas e fantasmas
adormecidos, há muito remetidos para o esquecimento, começam a ser
reavivados. Um segredo chocante ameaça ser revelado, algo que o tempo
parece ter apagado mas que Grace tem bem presente.
Passado numa
Inglaterra destroçada pela primeira guerra e rendida aos loucos anos 20,
O Segredo da Casa de Riverton é um romance misterioso e uma emocionante
história de amor."
Opinião: “O segredo da Casa de Riverton”
de Kate Morton foi a obra de estreia da autora australiana, tendo sido
considerado o best-seller do New York
Times e do Sunday Times. Eleito o melhor livro de Abril de 2008 pela
Amazon.com, vencedor do Australian Book
Industry Award of General Fiction
e finalista do Popular Fiction British
Book Awars. Obra esta que arrebatou inúmeros leitores e que lançou a autora
para o estrelo, tendo as suas obras publicadas em 31 países.
Com todos os prémios, nomeações e
críticas fantásticas tecidas à obra, a expectativa e curiosidade de embrenhar
neste mundo era bastante e a verdade é que não me desiludi de forma nenhuma,
pois contém felizmente todos os ingredientes que me agradam numa obra.
Esta história inicia-se no final
do século XX, através das memórias da nossa personagem principal e narradora
Grace, uma senhora de 98 anos, com uma vida plena e cheia de vitórias,
amarguras e segredos que merecem ser contados.
A mesma transporta-nos através do
presente até ao passado, mais concretamente até 1924, quando um jovem poeta
perde a vida no lago da Casa de Riverton, tendo como únicas testemunhas duas
irmãs, que depois de tal acontecimento nunca mais se voltam a ver ou sequer a
falar.
Quando uma realizadora decide
fazer um filme sobre esta família e sobre o estranho suicídio do poeta,
contacta Grace, que foi empregada na altura da família e que é a única pessoa
viva naquele momento. O contacto com esta jovem, faz a nonagenária reviver o
passado e um segredo que há muito a atormenta. Sendo, deste modo, que decide
começar a gravar as suas memórias em cassete, para seguidamente as enviar ao
neto.
Gostei muito da forma como a
autora nos narra a história e da forma como idealizou esta trama que além de
possível, é deveras contagiante. Fiquei rendida por autora ser bastante jovem e
ainda assim conseguir escrever na pele de Grace e fazer-me sentir como se
estivesse a ouvir a minha avó a falar comigo. Não é tarefa simples escrever na
pele de uma pessoa com uma idade bastante diferente da nossa, mas Kate Morton
consegue-o na perfeição.
Adorei a história em si, o amor
subjacente na trama, o suspense, os segredos, a acção. Aspectos bastante bem
desenvolvidos, de modo a que é impossível ficarmos indiferentes ao desenrolar
dos acontecimentos. Os flashbacks da nossa personagem principal, embora nos
transportem para mais de 70 anos antes, encontram-se tão bem conseguidos, que o
leitor sente que quase faz parte daquele ambiente, que conheceu as pessoas, as
casas onde se desenrola a acção, ou seja, como se fossemos parte integrante da
época onde se desenvolve.
As personagens são deveras
cativantes, tendo todas um papel preponderante e essencial no desenrolar da
história.
Sem dúvida, que a que mais me
disse foi Grace, por ser a nossa narradora, por se encontrar tão bem
caracterizada e humana, de modo a que partilhamos as suas emoções, como se de
uma amiga que se tratasse. Considero que foi um prazer e quase uma honra poder
ter acompanhado a vida desta nonagenária, o que mais uma vez ressalva que o
leitor quase sente que os acontecimentos foram reais e que estas personagens
existiram realmente. A mesma conta-nos acontecimentos variadíssimos, desde
histórias de guerra, de amor, de traição, amizade, ciúme, que nos trazem
inúmeros sentimentos, desde a alegria, à tristeza e até alguma amargura. Grace
foi uma pessoa repleta de histórias, de amor, de amizade, mas essencialmente
vejo-a como uma lutadora e com um sentimento de honra e dever, tal como os
restantes empregados da mansão, que nos tocam e que hoje em dia não são
sentimentos assim tão perceptíveis.
As restantes personagens são
bastante interessantes e até genuínas, o que faz com que não seja capaz de
distinguir mais nenhuma, pois todas foram especiais à sua maneira.
A escrita, como mencionei
anteriormente, surpreendeu-me, pela autora escrever deste modo tão genuíno na
pele de uma pessoa de idade. A obra é caracterizada por um estilo bastante
interessante e envolvente, quase mágico, que não deixará certamente ninguém
indiferente. Desde a caracterização das personagens, à descrição do ambiente
que as envolve, a autora destaca-se, pela forma como nos transporta tanto para
o limiar do século XXI, como para 1924.
Em suma, foi uma obra que me deu
um prazer enorme ler e que merece ser lida devagar, de modo a ser possível
interiorizar e saborear toda a magia da trama e da escrita desta autora, que
sinto que poderá tornar-se uma das minhas escritoras preferidas. Aconselho
vivamente!
Frases a reter: "Mas a felicidade... A felicidade cresce na nossa própria lareira. Não se colhe em jardins alheios."
Avaliação: 5/5 (Adorei!)