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quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Feliz Ano Velho - Marcelo Rubens Paiva - Ed. Brasiliense


"O futuro é uma quantidade infinita de incertezas".

Fazia uns 15 anos, por baixo, que eu queria ler esse livro. Agora que terminei, quero assistir ao filme. Espero que eu não demore 15 anos para fazê-lo. Humpf. O livro foi lançado no ano em que nasci e vendeu como água, passando a ser adotado até em algumas escolas.

Feliz Ano Velho é um livro que conta a história do ano seguinte ao acidente mega bobo que deixou Marcelo Rubens Paiva paraplégico. Imagino como ele deve ter se arrependido e se odiado por ter dado aquele salto que mudou sua vida para sempre. 

Mesmo tendo como pano de fundo uma tragédia, Marcelo não perde o bom humor e escreve de maneira leve, tornando a leitura agradável até nos momentos mais tensos. Eu me peguei rindo diversas vezes, principalmente quando ele falava das mulheres de sua vida. E, por falar nisso, é bem triste um jovem no auge da curtição ter que passar por uma barra dessas, depois de já ter visto seu pai sumir durante a Ditadura Militar e nunca mais voltar pra casa. 

A história conta desde o momento do acidente até seu primeiro ano na nova vida, quando sai do hospital depois de meses e meses internado e passa a viver de uma maneira completamente diferente da maneira que vivia antes do pulo fatídico. É impressionante a presença de espírito de Marcelo e sua falta de vocação para a tristeza. Marcelo encara a vida de frente e, por isso, já pode ser considerado um cara de sorte. Tanta gente por aí com a saúde perfeita vive chorando e andando pelos cantos e ele, com todos os motivos do mundo, não se entregou. Admiro.

Recomendo fortemente e acho que o livro deveria ser incluído no currículo escolar ontem!


Sobre o autor

Nascido em São Paulo em 1959, mudou-se para a cidade do Rio de Janeiro em 1966, depois que seu pai, o ex-deputado federal socialista Rubens Paiva, foi exilado pelo Golpe de Estado no Brasil em 1964.

Em 1971, aos onze anos de idade, Marcelo sofreu o primeiro grande trauma da sua vida: o "desaparecimento"' do pai, que, depois de preso, foi torturado e morto na cidade do Rio de Janeiro.

Voltou a morar em São Paulo em 1974. Estudou no tradicional Colégio Santa Cruz. Depois, estudou engenharia agrícola na Universidade Estadual de Campinas. E então, aos vinte anos de idade, sofreu o segundo grande trauma: após saltar em um lago, fraturou uma vértebra (a quinta cervical) do pescoço ao chocar a cabeça em uma pedra, ficando tetraplégico. 


Após tratamento de fisioterapia e terapia ocupacional, voltou a locomover as mãos e os braços, relatando os fatos em seu primeiro livro, Feliz Ano Velho. Publicado em 1982, foi traduzido para muitos idiomas e se converteu no livro nacional mais vendido da década de 1980, contando com mais de quarenta edições. O livro virou peça dirigida por Paulo Betti e também filme, dirigido por Roberto Gervitz. Ganhou os prêmios Jabuti e Moinho Santista.

Formou-se em comunicação pela Universidade de São Paulo e em teoria literária pela Universidade Estadual de Campinas. Em 1986, lançou seu segundo romance: "Blecaute".

Desde 1989, depois que estudou dramaturgia no Centro de Pesquisa Teatral do Serviço Social do Comércio, na cidade de São Paulo, passou a escrever para teatro. Estreou com a peça 525 Linhas, dirigida por Ricardo Karman.

Em 1990, lançou o romance "Ua:brari". Em 1992, lançou "As Fêmeas", um ensaio sobre sexualidade.

No começo da década de 1990, apresentou o "Fanzine", um programa de entrevistas na TV Cultura. Em 1996, lançou o romance "Não És Tu, Brasil", baseado no episódio histórico da Guerrilha do Vale do Ribeira. Em 1994, lançou o romance "Bala na Agulha".

Em 1998, montou E aí, Comeu?, peça dirigida por Rafael Ponzi que, depois, mudou de nome pra Da Boca pra fora. Com ela, ganhou o Prêmio Shell de melhor autor em 2000.

Os livros Feliz Ano Velho e Blecaute foram publicados inicialmente pela Editora Brasiliense. Atualmente, Marcelo é contratado da Editora Objetiva. Rafael Ponzi ainda dirigiu suas peças Mais-que-Imperfeito (2001) e Closet Show (2003).

Marcelo Paiva adaptou o livro As Mentiras que Os Homens Contam para o teatro. Em 2003, estreou a peça No Retrovisor, com Marcelo Serrado e Otávio Müller, dirigida por Mauro Mendonça Filho. Em 2003, lançou o romance "Malu de Bicicleta", o qual Flávio Tambellini transformou em filme em 20101 . Em 2006, fez a peça Amo-te, dirigida por Mauro Mendonça. No mesmo ano, lançou o livro de contos "O Homem que Conhecia as Mulheres". Em 2008, lançou o romance "A Segunda Vez que Te Conheci".

A partir de 2009, passou a dirigir suas próprias peças. A primeira experiência foi com A Noite Mais Fria do Ano, com Hugo Possolo, Paula Cohen, Alex Gruli e seu amigo e também dramaturgo Mário Bortolotto. Em 2010, dirigiu O Predador Entra na Sala, com Raul Barreto, Anna Cecília Junqueira e Celso Melez e o texto teatral da autora Priscila Nicolielo, Lá Fora, Algum Pássaro Dá Bom Dia.

Participou de projetos teatrais como a Mostra de Teatro do Serviço Social da Indústria com a peça Os Marcianos, do Festival de Um Minuto no Espaço Parlapatões, Teatrokê, Terça Insana. Escreveu também para a Rede Globo episódios com Pedro Cardoso para o Fantástico e, com João Falcão, para a série Guerra dos Sexos.

Trabalhou também muitos anos na imprensa escrita. Começou na revista Veja, em que foi crítico literário, passou pela Vogue, Folha de São Paulo, como colunista, articulista e repórter e, desde 2004, é colunista aos sábados do Caderno 2 do jornal O Estado de São Paulo, onde também mantém o blogue premiado pelo TopBlog de 2009 como "Melhor Blogue de Comunicação" no portal www.estadao.com.br.

Paiva também escreveu os roteiros do documentário "Fiel", "Polanski" e dos filmes baseados em seus livros "Malu de Bicicleta" e "E Aí... Comeu?", parceria com Bruno Mazzeo. Recebeu o prêmio em 2012 da Academia Brasileira de Letras pelo roteiro de "Malu de Bicicleta".


Fonte: Wikipedia.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Feliz Ano Velho - Marcelo Rubens Paiva - Cantadas Literárias


Por Lu Vieira, uma dos responsáveis pelo blog Máquina de Letras ser tãooooo agradável de ler e super atualizado. Parabéns, flor! Confiram a resenha da Lu:


Finalmente! Consegui realizar o sonho de ler “Feliz Ano Velho”, de Marcelo Rubens Paiva. Mais que um sonho, era uma meta. Uma leitura mais que obrigatória para mim. Entre inúmeros livros que desejo ler, encontrei “Feliz Ano Velho” na biblioteca recentemente criada na empresa onde trabalho. Os livros da biblioteca foram doados pelos próprios funcionários.


Este livro é o primeiro de Marcelo Rubens Paiva, considerado um dos maiores best-sellers dos anos 80. É uma autobiografia que conta como o autor ficou tetraplégico aos 20 anos de idade, publicada pela primeira vez em 1982. Durante um passeio com um grupo de amigos, Marcelo deu um mergulho no lago. Saltou, de brincadeira, em estilo “Tio Patinhas” em busca do tesouro. Meio metro de profundidade tinha o lago. A vértebra quebrou e o corpo não respondeu. Começa nesse mergulho do dia 14 de dezembro de 1979 o relato de “Feliz Ano Velho”.



O livro possui muitos “flashbacks” da vida do autor antes do acidente, um jovem que fez tudo o que podia e queria e, de repente, sua vida mudou radicalmente. No seu relato estão os dias que passou no hospital, a recuperação lenta e dolorosa, o colete de ferro que usou, as visitas que recebeu, as histórias da infância, das relações amorosas e da faculdade que viveu sob uma nova perspectiva, os momentos que chegou a contemplar o suicídio, a impotência sentida diante dos acontecimentos, a ajuda que necessitou dos amigos e familiares.


Marcelo escreveu um texto sincero, direto, carismático, bom humorado e maduro sem cair na pieguice de livros de auto-ajuda. Em nenhum momento, ele quis se mostrar um “coitadinho” ou provar que é um bom sujeito. Na medida em que eu avançava na leitura, parecia que o Marcelo estava contando a sua história na minha frente. Não se limita a lamentar a má sorte de quem deu um mergulho em um lago de baixa profundidade e partiu a coluna vertebral. Ele mostra um rapaz que viveu plenamente como se cada minuto fosse o último de sua vida.


Antes de seu acidente, Marcelo e sua família tiveram uma experiência dolorosa: o “desaparecimento” de seu pai Rubens Paiva, ex-deputado federal, durante a ditadura militar. Marcelo tinha apenas 11 anos de idade. De estudante de Engenharia Agrícola da Unicamp, Marcelo, como tetraplégico, passa a reaprender a viver, a construir uma nova identidade, a traçar novos objetivos de vida e a fortalecer a fé de ser feliz e se tornar independente.


Veja um trecho de suas palavras:

“Meu futuro é uma quantidade infinitiva de incertezas. Não sei como vou estar fisicamente, não sei como irei ganhar a vida e não estou a fim de passar nenhuma lição. Não quero que as pessoas me encarem como um rapaz que apesar de tudo transmite muita força. Não sou modelo pra nada. Não sou herói, sou apenas vítima do destino, dentre milhões de destinos que nós não escolhemos. Aconteceu comigo. Injustamente, mas aconteceu. É foda, mas que jeito...”

Na leitura deste livro, é impossível deixar de pensar nos deficientes físicos que estão em nossa volta. Impossível deixar de pensar que a história de Marcelo pode acontecer comigo. No entanto, muitos pensam assim: “Isso não vai acontecer comigo”. Impossível deixar de reconhecer que ainda há muitos obstáculos, tais como o preconceito e o desrespeito aos seus direitos, enfrentados pelos deficientes físicos.


A TV Globo está transmitindo atualmente a novela “Viver a Vida” em que uma das personagens irá sofrer um acidente que a deixará paralítica. Creio que muita gente que leu “Feliz Ano Velho” vai se lembrar ou já se lembrou desse livro ao assistir o folhetim. Todos os dias, após o término do capítulo, a novela mostra o depoimento de uma pessoa real que é deficiente físico, seja de nascença ou não. Marcelo viveu a vida antes de ficar tetraplégico

. Tenho a crença de que ele hoje também vive plenamente a vida.


Como li “Feliz Ano Velho” emprestado da biblioteca da empresa onde trabalho, nele consta uma dedicatória na primeira folha: “À amiga Yáskara por sua grande ajuda. Um pensamento de S. Tomás de Aquino que tem muito a ver com este livro... “Viver pronto para morrer, mas viver como se nunca fosse morrer.”


E, na última página do livro, uma pessoa escreveu: “Li, gostei, mas pena que o rapaz não volta a andar.”

Outra pessoa registra: “Mais valem as lágrimas de não ter vencido, do que a vergonha de não ter lutado”.



Sobre o Autor


Além de escritor, Marcelo é dramaturgo e jornalista.


Nasceu em São Paulo no ano de 1959, onde estudou pela Escola de Comunicações e Artes da USP. Fez mestrado de Teoria Literária da Unicamp e o King Fellow Program da Universidade de Stanford, Califórnia. Depois de “Feliz Ano Velho”, publicou 6 romances:

“Blecaute” (1986),

Uabrari” (1990),

Bala na Agulha” (1992),

Não És Tu, Brasil” (1996),

Malu de Bicicleta” (2004)

“A Segunda Vez que Te Conheci” (2008).


Há crônicas e contos reunidos nos livros “As Fêmeas” (1994) e “O Homem Que Conhecia as Mulheres” (2006). Como dramaturgo, escreveu: “525 Linhas” (1989); “O Predador Entra na Sala (1997); “Da Boca pra Fora – E Aí, Comeu?” (1999); “Mais-Que-Imperfeito” (2000); “As Mentiras que os Homens Contam” (2001); “Closet Show” (2001) e “No Retrovisor” (2002).


Atua como colunista do Caderno 2 do jornal “O Estado de S.Paulo” e possui o blog Pequenas Neuroses Contemporâneas. “Feliz Ano Velho” foi transformado em filme estrelado por Marcos Breda e Malu Mader.


Confira o vídeo do filme, no momento do acidente: