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segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Eu, prisioneira das FARC - Clara Rojas - Ediouro


Estava super empolgada para ler esse livro e descobrir o fato mais polêmico do sequestro de Clara Rojas: sua gravidez e o nascimento de seu filho, Emmanuel.

Comecei a leitura e já fiquei passada com o cenário que culminou no sequestro, por seis anos, de Clara Rojas (juntamente com Ingrid Bittencourt, que foi libertada depois).
Clara havia recebido alertas de que a viagem que estava prestes a fazer era perigosa e ela, por sua vez, alertou Ingrid sobre o perigo, pedindo para que ela não fosse. Mas, Ingrid insistiu que iria sozinha se fosse preciso. Mostrando profissionalismo e amizade, já que Clara era a diretora da campanha a presidência de Ingrid, ela seguiu com Ingrid e acabou sequestrada junto com a amiga, que depois virou as costas para ela e acabou por ignora-la por completo no cativeiro.

O livro emociona, mas ao mesmo tempo me deixou super confusa com algumas questões.

Primeiro, achei admirável ela falar dos guerrilheiros com tanto respeito e, algumas vezes, até com carinho. Não estive na pele dela e nem imagino como seja ficar 6 longos anos no meio de uma selva, com pessoas estranhas, longe de quem eu amo e sem perspectiva nemhuma. Acho que, no mínimo, eu enlouqueceria.

Depois, achei super fofa a maneira com que os cativos eram tratados!! Pasmem! Isso porque, pelo que li no livro, todos eram tratados com muito respeito, recebiam explicações quando pediam, recebiam os objetos e artigos que precisavam e eram alvo da preocupação constante dos sequestradores. Não houve agração nem verbal, nem física durante todo o tempo em que aqueles 20 cativos ficaram presos no meio da selva. Ou ela floreou os fatos ou, realmente, esses guerrilheiros não eram tão mals assim. Fiquei mega surpresa!

Outro detalhe que me deixou sem entender nada é a relação conflituosa que os cativos mantinham. Segundo Clara, havia brigas constantes, ela era hostilizada a todo tempo pelos outros sequestrados e Ingrid, antes sua amiga, teve atitudes completamente horríveis e sem sentido no cativeiro em relação a ela. Não consegui entender o sentido de tudo isso. O que será que Clara fez para Ingrid? Porque pessoas sequestradas preferiam brigar ao invés de se unir? O que ocasionava essas brigas? Não sei, porque ela não explica nada disso no livro.

Agora, se teve um fato que me decepcionou no livro foi a sua gravidez. Que ela é um assutno particular de Clara, é mesmo, como todo o resto de sua experiência traumática. Mas, se ela se propôs a escrever um livro sobre seu sequestro, tem que escrever um livro que fale absolutamente tudo sobre ele. E o fato mais polêmico, ou seja, como ela engravidou (estupro? caso de amor? com cativo ou com guerrilheiro?) e o que aconteceu ao pai de Emmanuel foi simplesmente ignorado no livro, com a desculpa de que ela ainda não estava preparada para contar. Desculpa, flor, mas então escrevesse o livro quando estivesse preparada, néaaammm?

Pelas entrelinhas, entendi que o pai é mesmo um guerrilheiro, e que ela teve uma relação amorosa com ele por livre e espontânea vontade (acredito que por isso ela era tão hostilizada pelos outros cativos). Mas, tudo isso é suposição, né? Não há nada no livro que comprove isso. Será que ela se apaixonou? Como será que ela se sentiu ao saber que estava grávida? O livro seria perfeito se essa informação estivesse lá, completinha para os leitores ficarem por dentro de tudo!

Clara consegue se redimir um pouco contando com detalhes o parto dramático e cheio de complicações. Fiquei aflita e não consegui parar de ler até saber como era Emmanuel e se ele havia nascido com algum tipo de problema. E nessa hora eu, se fosse Clara, teria muito nítido em minha mente que, realmente, milagres acontecem.

O momento da libertação e o reencontro com sua mãe foram pontos muito emocionantes no relato. Certamente, foi sua fé e seu auto controle que fizeram sua sanidade mental permanecer intacta.

O livro é muito bom, mas me deixou ainda mais curiosas sobre esses fatos que ficaram sem respostas. Fiquei tão curiosa que comprei o livro escrito por Ingrid Bittencourt sobre o mesmo período, chamado Cartas à Mãe. Será que algumas dessas questões serão respondidas por lá?

Vou descobrir e depois volto aqui para contar! :)

Para ver vídeos sobre a relação de Clara e Ingrid e do seu reenconotro com o filho, que foi separado dela com 8 meses e só devolvido após a libertação, quando ele já andava, falava e mal lembrava dela, acesse o site oficial do livro. No final da história, fica aquela sensação de pesar pelo tanto de vida que foi tirada de Clara. Mas, por outro lado, muito alívio por ela ter tido a chance de continuar nesse mundo, sã e salva.

Sobre a Autora


Nascida em 1963, em Bogotá, Clara Rojas, advogada de direito comercial, foi professora universitária e era diretora da campanha de Ingrid Betancourt pelo Partido Verde Oxigênio para presidente da Colômbia em 2002, antes de ser sequestrada pelas Farc. Vive hoje com o filho Emmanuel na capital colombiana.