Só hoje me apercebi que o preço do combustível subiu 50% em Angola. Estando fora de Angola há algum tempo**, justifica-se esta minha distracção. Sem saber muito (para não dizer nada) sobre as razões desta subida tão drástica, prevejo já alguns problemas. Uma rápida pesquisa pela net, nos jornais de hoje, percebe-se que como sempre, o pobrezinho é que leva com a factura mais alta. O governo diz que os táxis não podem subir os preços. Hã Hã... Não podem. Imagino que não deve ter sido a primeira coisa que fizeram. E, como diziam alguns dos comentadores da notícia (sim, estou a referir-me ao jornal espectacular que tem os comentários livres a toda - e mais alguma - diarreia mental quando o assunto mete estrangeiros, com especial relevo para os da minha nacionalidade, oh yeah), pouca alternativa resta a quem realmente precisa do táxi para ir trabalhar. E aí, imagino, entrará a cooperação das empresas. Não sendo obrigatório pela lei geral do trabalho, o subsídio de transporte é prática comum nas empresas. Caso contrário, muitos dos trabalhadores gastariam grande parte dos magros salários em transportes. E, muito sinceramente, com uma subida tão brusca dos preços, não creio que os táxis aguentarão por muito tempo não subir os preços. Basta uma grevezinha, como aliás já aconteceu, para o governo perceber que afinal eles até dão jeito porque a malta precisa de ir trabalhar. E aí, começará o choradinho dos trabalhadores que mesmo que lhes seja prometido mais um subsídio extra caso sejam assíduos e pontuais, de forma a existir mais daquela coisa fixe chamada "produtividade" que geralmente, as empresas muito apreciam, estão-se mesmo a "fazer cocó" para o dinheiro extra e, continuarão a faltar ao ponto de em casos extremos, terem férias negativas. Como em muitos países, e aí incluo o meu com todos os seus defeitos, as consequências das decisões não são estudadas. Soluções alternativas? Não existem. Transportes públicos? Poucos, quase nenhuns. Regra geral, tão cheios que é difícil entrar mais um alfinete. Mas é esperar para ver as consequências desta decisão. Posso até estar enganadinha e tudo continuar maravilhoso como até agora.
**Ooooh... mas volto sim? ah ah ah ah (ler, em voz alta preferencialmente, como sorriso maléfico).