A fábrica Raul da Bernarda em Alcobaça, produziu nas décadas de 50 e 60, um conjunto de peças biomórficas em cores primárias e secundárias.
As floreiras gomadas abaixo reproduzidas fazem parte de um vasto conjunto de peças que incluía castiçais, jarras, pratos e caixas.
Estas peças são pintadas a aerógrafo, de modo a acentuar a modelação das superfícies através de sombreados, vivendo sobretudo dos jogos entre saliências e reentrâncias, sublinhados pelo claro-escuro.
Embora as formas possam evocar elementos decorativos do Barroco ou do Rococó, as decorações encontram-se entre as mais sintéticas produzidas pela RB nestas décadas, trabalhando apenas a cor e a sua modelação.
Floreira de parede, modelo 1184, com 18 cm de largura e 17,5 cm de altura:
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Raul da Bernarda - floreira de parede, modelo 1184. © CMP |
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Raul da Bernarda - floreira de parede, modelo 1184. © CMP |
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Marca de fábrica - "RB ALCOBAÇA PORTUGAL 1184". © CMP |
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Marca de fábrica - RB ALCOBAÇA PORTUGAL 1184. © CMP |
A grande maioria destas peças, vulgarmente chamadas Arco-íris, são de inspiração italiana, tanto nas formas como na decoração. O que acontece também com outras linhas produzidas pela Raul da Bernarda nas décadas de 50 e 60.
Floreira modelo 1170, com 20 cm de altura e 33 cm de largura:
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Raul da Bernarda - floreira, modelo 1170. © CMP |
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Raul da Bernarda - floreira, modelo 1170. © CMP |
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Raul da Bernarda - floreira, modelo 1170. © CMP |
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Raul da Bernarda - floreira, modelo 1170. © CMP |
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Raul da Bernarda - floreira, modelo 1170. © CMP |
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Marca de fábrica - RB ALCOBAÇA PORTUGAL 1170. © CMP |
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Raul da Bernarda - jarra 25 cm de altura. © CMP |
Durante a década de 60, muitos destes modelos foram produzidos com decorações a dourado, consubstanciando um problema visível em muitas peças RB desta época: as formas são orgânicas e assimétricas, de cariz modernista, no entanto as decorações são muitas vezes de gosto Rococó, utilizando filetes dourados, arabescos, elementos florais e paisagísticos.
Nos exemplares abaixo reproduzidos, podemos observar a combinação entre cores saturadas e o padrão
Chintz estampado a ouro.
Este padrão tornou-se muito comum na produção da década de 60 por influência do gosto britânico, materializando uma contradição entre forma e elementos decorativos, também observável em muita da produção internacional.
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Raul da Bernarda - caixa modelo 1196, 17 cm de altura. © CMP |
Seguindo um critério semelhante, o prato abaixo reproduzido combina uma paisagem naturalista, ao centro, com a alternância entre cores vivas e preto tão característica da década de 50, na cercadura.
Este género de paisagem estereotipada aparece abundantemente em peças produzidas em série, ainda que pintadas à mão, nas fábricas da região de Alcobaça, como a ELPA (Elias & Paiva Lda.), ou a Pereiras de Valado dos Frades, para além da Raul da Bernarda.
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Raul da Bernarda - prato 850 com paisagem. © CMP |
Paisagens pitorescas semelhantes povoam a produção alemã (especialmente da Baviera) e holandesa do mesmo período.
Pode, portanto, concluir-se que não revelam nenhuma tendência nacionalista, uma vez que não possuem elementos tipicamente portugueses, mas apenas a correspondência ao gosto dominante, servindo dos mercados internacionais.
No prato abaixo reproduzido, tenta-se uma solução de maior síntese, a três faixas horizontais em cores primárias (azul, amarelo e magenta) sobrepõe-se uma paisagem desenhada a pincel, apenas a negro, com maior rapidez de traço, de modo a esbater o carácter estilístico estereotipado.
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Raul da Bernarda - jarra 796, 11,43 cm de altura e 12,7 cm de diâmetro. © CMP |
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Raul da Bernarda - jarra 714 B, 11,43 cm de altura e 12,7 cm de diâmetro. © MAFLS |
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Marca de fabrico - R.B. Alcobaça Portugal 714 B. © MAFLS |
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Raul da Bernarda - jarra 706, 11,43 cm de altura e 12,7 cm de diâmetro. ebay |
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Marca de fabrico - R.B. Made in Portugal 706. ebay |
Gostei.
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