|Miguel Godinho
Está provado
que as dificuldades conjunturais
podem facilmente
conduzir-nos à poesia,
à modernidade
em todo o seu esplendor
está provado
que há verdade
nas políticas comuns
na austeridade
do enquadramento
está provada
a utilidade dos baldes
cheios de estrume
distribuídos pelas múltiplas
salas de reunião
está provado
que se concretizam
as previsões de crescimento
nos horóscopos
e nos telejornais
está provado
que eu sempre quis
ser um euro-cidadão
levar uma bofetada económica
ver Paris à noite, embebedar-me
nos bistrôs do quartier-latin
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terça-feira, 2 de abril de 2013
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013
A pornografia do sistema
Recensão do livro Odes de João Bentes
|Miguel Godinho
|Miguel Godinho
Melhor que ninguém, os poetas
bélicos sempre souberam munir-se das palavras certas para combater a nossa constante
sujeição à vidinha de todos os dias. E porque a poesia é arma da verdade e a
verdade é arma da poesia, eis que João Bentes – poeta bélico por natureza – finalmente
decide avançar para a publicação de «Odes», o seu primeiro livro de poesia (pese
embora a grande maioria dos textos que o compõem tenham sido escritos entre
2008 e 2011), tentando assim marcar a sua posição, dizendo que ele próprio está,
antes de mais, descontente com o mundo e, por isso mesmo, sempre esteve e
sempre estará na frente de batalha, na vanguarda da insubmissão. E cuidado porque
a sua poesia vem equipada de um rigor, de uma sinceridade que nos toma de
assalto; uma autenticidade que nos atinge de tão pura, revelada brutalmente da
primeira à última palavra do livro, como se ali não se assistisse a outra coisa
que não a uma investida musculada contra a pornografia do sistema vigorante,
contra o comodismo de toda a gente, contra a hipocrisia do mundo.
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