|Minês Carvalheira
Se as noites existem,
e elas existem e passeiam
nos telhados das casas dos amigos,
e, às vezes, não há telhados
mas só mesas e candeeiros
onde miam os gatos e cai
a chuva e se embalam
os amigos, a água que entrou
pela porta
e nos amigos
deve secar no estendal da palavra.
Se as noites existem e
elas existem se não há como
as não deixar sair
pelas janelas das casas,
e só os gatos, na verdade, entram e saem
ao mesmo tempo
porque não são exactamente de dentro
ou de fora
e miam mas nunca caem só,
como a chuva,
há sempre mais telhados do
que amigos
ou abrigos.