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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014
Carnaval de Torres Vedras - Programa
28 FEVEREIRO - SEXTA-FEIRA
09h30 – Corso Escolar | centro da cidade*
22h00 – Chegada Reis Carnaval | Praça Sr. Vinho - Mercado Municipal de Torres Vedras
22h30 – Dj’s Carnaval Party I
Palco 1 | Praça Machado Santos
Palco 2 | Jardim de Santiago
Palco 3 | Mercado Municipal
04h00 – Encerramento dos Palcos
01 MARÇO - SÁBADO
21h00 – Corso Nocturno - Concurso Grupos Mascarados, Tó'Candar | centro da cidade*
22h30 – Dj’s Carnaval Party II
Palco 1 | Praça Machado Santos
Palco 2 | Jardim de Santiago
Palco 3 | Mercado Municipal
03h00 – Abertura de portas do recinto
05h00 – Encerramento dos Palcos
2 MARÇO - DOMINGO
14h30 – Corso Diurno – Tó'Candar | centro da cidade*
22h30 – Dj’s Carnaval Party III
Palco 1 | Praça Machado Santos
Palco 2 | Jardim de Santiago
04h00 – Encerramento dos Palcos
3 MARÇO - SEGUNDA-FEIRA
14h30 – Baile Máscaras Tradição | Expotorres - Pavilhão Multiusos
21h00 – Corso Trapalhão, Tó'Candar | centro da cidade*
22h30 – Dj’s Carnaval Party IV
Palco 1 | Praça Machado Santos
Palco 2 | Jardim de Santiago
Palco 3 | Mercado Municipal
03h00 – Abertura de portas do recinto
05h00 – Encerramento dos Palcos
4 MARÇO - TERÇA-FEIRA
14h30 – Corso Diurno – Tó'Candar | centro da cidade*
19h00 – Abertura de portas do recinto
5 MARÇO - QUARTA-FEIRA
21h00 – Enterro do Entrudo c/ Fogo-de-artifício | Praça da República ao Tribunal
quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014
Carnaval de Torres Vedras - Apontamentos Históricos
O historiador Venerando Aspra de Matos fez, no seu blogue, um breve apontamento histórico sobre o Carnaval de Torres Vedras, que passa pelos primórdios deste festejo, seguindo pela invenção da marca "Carnaval de Torres Vedras", as suas vivências nos anos 30 e 40, a afirmação nos anos 60 e o crescimento no pós-25 de abril.
No seu trabalho também são assinaladas as especificidades deste Carnaval. Para ler o artigo completo, consulte o blogue Vedrografias.
quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014
Carnaval de Torres Vedras - Os Reis e As Matrafonas
Os Reis
"Eram 10 horas e 17 minutos quando o comboio entrou na Estação. Sobem ao ar foguetes. A banda musical atroa aos ares com uma marcha real (...) na assistência há palmas e gargalhadas".
Foi em 1923 que se iniciou a tradição de fazer a receção ao Rei do Carnaval, "chegando no comboio, após o que percorreu as ruas da Vila, integrado num cortejo".
A Rainha surgiu pela primeira vez no Carnaval de 1924, ano em que se atingiu uma animação de rua nunca antes vista.
A persistência do modelo dos "Reis do Carnaval" de Torres é surpreendente pela sua composição (sempre dois homens, por razões que a tradição social explica), pela pose sarcasticamente grandiloquente, pelos adereços desconcertantes ou pela sua afirmação como referência a foliões.
As Matrafonas
As "matrafonas", sendo um dos símbolos fortes do Carnaval de Torres, demonstram a capacidade de renovação assegurando a fidelidade à tradição.
Os grupos de "matrafonas", homens mascarados de mulher, surgem por volta de 1926, segundo testemunho oral.
Esses grupos "mais não eram do que indivíduos que vestiam um fato de mulher - mas que não ficava bem a senhora nenhuma, procuravam era vestir um fato que lhes ficasse horrivelmente mal e feio".
Inicialmente, esses homens eram homens do campo, com poucas posses para comprarem máscaras e recorriam às roupas velhas das mulheres lá de casa, usando caraças feitas com caixas de sapatos *.
As "matrafonas" persistem no Carnaval de Torres porque se tornaram num dos seus ícones mais fortes e atualizam a sua sátira.
Não se confundindo nunca com um travesti, as "matrafonas" ora satirizam alguns dos toques femininos mais vulgarizados, ora dão uma visão da mulher, nem sempre inocente e nunca isenta, na ótica masculina.
A imagem da mulher socialmente "mal comportada" é um papel recorrentemente retomado por muitas "matrafonas".
A Associação de Ministros & Matrafonas reúne muitos dos atores mais participativos do Carnaval de Torres.
"Eram 10 horas e 17 minutos quando o comboio entrou na Estação. Sobem ao ar foguetes. A banda musical atroa aos ares com uma marcha real (...) na assistência há palmas e gargalhadas".
Foi em 1923 que se iniciou a tradição de fazer a receção ao Rei do Carnaval, "chegando no comboio, após o que percorreu as ruas da Vila, integrado num cortejo".
A Rainha surgiu pela primeira vez no Carnaval de 1924, ano em que se atingiu uma animação de rua nunca antes vista.
A persistência do modelo dos "Reis do Carnaval" de Torres é surpreendente pela sua composição (sempre dois homens, por razões que a tradição social explica), pela pose sarcasticamente grandiloquente, pelos adereços desconcertantes ou pela sua afirmação como referência a foliões.
As Matrafonas
As "matrafonas", sendo um dos símbolos fortes do Carnaval de Torres, demonstram a capacidade de renovação assegurando a fidelidade à tradição.
Os grupos de "matrafonas", homens mascarados de mulher, surgem por volta de 1926, segundo testemunho oral.
Esses grupos "mais não eram do que indivíduos que vestiam um fato de mulher - mas que não ficava bem a senhora nenhuma, procuravam era vestir um fato que lhes ficasse horrivelmente mal e feio".
Inicialmente, esses homens eram homens do campo, com poucas posses para comprarem máscaras e recorriam às roupas velhas das mulheres lá de casa, usando caraças feitas com caixas de sapatos *.
As "matrafonas" persistem no Carnaval de Torres porque se tornaram num dos seus ícones mais fortes e atualizam a sua sátira.
Não se confundindo nunca com um travesti, as "matrafonas" ora satirizam alguns dos toques femininos mais vulgarizados, ora dão uma visão da mulher, nem sempre inocente e nunca isenta, na ótica masculina.
A imagem da mulher socialmente "mal comportada" é um papel recorrentemente retomado por muitas "matrafonas".
A Associação de Ministros & Matrafonas reúne muitos dos atores mais participativos do Carnaval de Torres.
Mais em http://www.carnavaldetorres.com/
terça-feira, 25 de fevereiro de 2014
segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014
Carnaval de Torres Vedras - As Origens de uma Tradição Antiga
|Carlos Guardado da Silva
Já no século XIII, nomeadamente no reinado de D. Afonso III, se festejava o Entrudo em Portugal, do latim introitus, "entrada", referindo-se ao período de três dias que precedia a entrada na Quaresma. Tratava-se de uma festa popular resultante de comportamentos espontâneos onde se lançavam pelas ruas baldes de água, ovos, laranjas, farelos entre outros produtos.
No século XVI, atesta-se também a utilização do termo Carnaval, evocando as festas romanas então recuperadas pelo Cristianismo, que começavam no dia de Reis (Epifania) e terminavam na quarta-feira de cinzas, vésperas da Quaresma. A sua origem parece advir do latim medieval carnelevāre, véspera de quarta-feira de cinzas, dia em que se inicia(va) "a abstenção da carne". Uma alusão ao dia em que, anualmente, o sacerdote colocava as cinzas resultantes da queima das palmas bentas do ano anterior sobre a cabeça dos fiéis... idênticas às cinzas que resultariam da queima do Entrudo, o Carnaval personificado, num rito purificador de retorno à ordem social e religiosa quotidiana. As mesmas cinzas a que seria votado, mais tarde, o rei do Carnaval, aquele que melhor encarna o espírito carnavalesco.
Neste período, de inversão das regras do mundo, a máscara, a mesma máscara usada no teatro grego, era um elemento obrigatório, símbolo da transformação de quem a usava em outra pessoa, de personna, termo latino para máscara. Com o mesmo sentido se estendeu aos restantes disfarces, de que são exemplo as matrafonas, testemunhos da inversão da ordem social e de quebra do interdito, sobretudo religioso.
De tudo isto bebeu o carnaval torriense, hoje como ontem desenvolvido na rua, com os seus cortejos, com as batalhas das flores em vez das laranjadas, por vezes violentas. Um tempo de excessos também na comida, através de alimentos gordos e flatulentos que libertariam gases pestilentos e sonoros, substituídos modernamente pelas bombas de mau cheiro.
A República domesticaria estes costumes espontâneos numa festa de rua organizada, dado o seu caráter profano. Assim se entende a popularidade do primeiro grande Carnaval de rua organizado em Torres Vedras, pela mão dos republicanos, que substituíram a procissão das cinzas pelo enterro do Entrudo, logo em 1912. Emergia uma nova festa cívica, porque invertia a ordem vigente, por extensão a ordem anticlerical. Como muitas outras, o carnaval afirmou-se, na primeira República, como uma festa de substituição, também ela de cariz republicano, democrática, substituindo, em parte, uma festa religiosa, pelo que não tardaria que, a partir de 1923, o carnaval passasse a ser uma cerimónia de rua, com organização continuada.
Publicado originalmente em janeiro de 2012 in Revista Torres Vedras nº06
Já no século XIII, nomeadamente no reinado de D. Afonso III, se festejava o Entrudo em Portugal, do latim introitus, "entrada", referindo-se ao período de três dias que precedia a entrada na Quaresma. Tratava-se de uma festa popular resultante de comportamentos espontâneos onde se lançavam pelas ruas baldes de água, ovos, laranjas, farelos entre outros produtos.
No século XVI, atesta-se também a utilização do termo Carnaval, evocando as festas romanas então recuperadas pelo Cristianismo, que começavam no dia de Reis (Epifania) e terminavam na quarta-feira de cinzas, vésperas da Quaresma. A sua origem parece advir do latim medieval carnelevāre, véspera de quarta-feira de cinzas, dia em que se inicia(va) "a abstenção da carne". Uma alusão ao dia em que, anualmente, o sacerdote colocava as cinzas resultantes da queima das palmas bentas do ano anterior sobre a cabeça dos fiéis... idênticas às cinzas que resultariam da queima do Entrudo, o Carnaval personificado, num rito purificador de retorno à ordem social e religiosa quotidiana. As mesmas cinzas a que seria votado, mais tarde, o rei do Carnaval, aquele que melhor encarna o espírito carnavalesco.
Neste período, de inversão das regras do mundo, a máscara, a mesma máscara usada no teatro grego, era um elemento obrigatório, símbolo da transformação de quem a usava em outra pessoa, de personna, termo latino para máscara. Com o mesmo sentido se estendeu aos restantes disfarces, de que são exemplo as matrafonas, testemunhos da inversão da ordem social e de quebra do interdito, sobretudo religioso.
De tudo isto bebeu o carnaval torriense, hoje como ontem desenvolvido na rua, com os seus cortejos, com as batalhas das flores em vez das laranjadas, por vezes violentas. Um tempo de excessos também na comida, através de alimentos gordos e flatulentos que libertariam gases pestilentos e sonoros, substituídos modernamente pelas bombas de mau cheiro.
A República domesticaria estes costumes espontâneos numa festa de rua organizada, dado o seu caráter profano. Assim se entende a popularidade do primeiro grande Carnaval de rua organizado em Torres Vedras, pela mão dos republicanos, que substituíram a procissão das cinzas pelo enterro do Entrudo, logo em 1912. Emergia uma nova festa cívica, porque invertia a ordem vigente, por extensão a ordem anticlerical. Como muitas outras, o carnaval afirmou-se, na primeira República, como uma festa de substituição, também ela de cariz republicano, democrática, substituindo, em parte, uma festa religiosa, pelo que não tardaria que, a partir de 1923, o carnaval passasse a ser uma cerimónia de rua, com organização continuada.
Publicado originalmente em janeiro de 2012 in Revista Torres Vedras nº06
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