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27.9.11

saudades do verão


Michael Holborn. «Ready to Rise and Shine».
Inédito [2011].

[E o Verão foi embora há tão pouco tempo!]

22.8.11

o que faz as noites

A noite de sexta-feira e a de sábado passados foram, provavelmente, as duas noites mais quentes e mais agradáveis do ano até agora. Para mim, foram duas noites excepcionais. Hoje [é uma da manhã de segunda-feira], chove e até já trovejou. Quem comparar a noite anterior com esta, quase não acredita que aconteceram em dias seguidos.

Sucede que o que faz as noites não é a meteorologia, mas a companhia. Daí as minhas, independentemente dos graus que o termómetro marcou, terem sido todas absolutamente excepcionais.

© [m.m. botelho]

16.7.11

pré-preparação

Durante estes dias: novo pouso, novos ares, em pré-preparação - digamos assim - para, daqui a pouco tempo, a ansiada viagem a Israel. Sol, mar, areia, muita conversa e muitas gargalhadas. Posso antevê-lo e isto ainda mal começou. Posso antevê-lo porque, felizmente, ainda vai havendo pares de braços abertos com que sabemos que podemos contar. Eu chamo-lhes os meus "112". Tenho vários e os próximos dias serão passados junto a um deles. Sou uma abençoadinha, sim, e isso nunca eu hei-de fartar-me de repetir. Eu sou uma abençoadinha.

© [m.m. botelho]

8.7.11

chama-me "nerd" que eu gosto

Um dos motivos pelos quais eu não posso duvidar de que, como diz a O., eu sou «uma abençoada» é o facto de a minha vida ter momentos magníficos, às vezes em catadupa. As últimas três semanas foram exemplo disso, porque me aconteceram coisas muito boas, muito inesperadas e sobre as quais, por isso, tenho mesmo de escrever, ou não estivesse este blogue a tornar-se um espaço cada vez mais importante para mim. Ando desde então para o fazer, mas o tempo não tem sido muito e fui adiando, porque outros valores mais altos se alevantaram. Mas de hoje, isto não passa.

Como uma coisa boa nunca vem só, este ano terei quatro destinos de férias e/ou descanso. Um deles já está cumprido e é sobre isso que quero escrever aqui, para que fique registado nesta espécie de "diário das coisas importantes e pessoais" em que se transformou o «voo.inclinado». Sucede que foi tudo tão retemperador e bom que eu só consigo resumir aqueles dias assim:

Dia 1: Santa Apolónia à noite. Um hamburguer comprado no Chiado [e logo naquela noite o molho de salsa haveria de estar esgotado!] e comido no Miradouro da Graça. Uma tarte de maçã que, sem eu saber, afinal foi novidade. Bairro Alto em excelente companhia [nunca te esqueças, Marta: se, à uma da manhã, há quem páre o carro em plena auto-estrada para te telefonar e perguntar se continua para o Porto ou se vai ter contigo a Lisboa porque sabe que tu lá estás a passar uns dias, só para beber um copo contigo e te dar um abraço quando o poderia fazer dali a uns dias, ergue os olhos ao céu e agradece por teres pessoas assim na tua vida]. Um pé-de-dança no «Frágil». «Sabeis quem era o Chiado?» e ninguém sabia nem queria saber, pelo que «Tu [que sou eu] és mesmo "nerd", pá!» [palavras da L.]. Um discurso da J., merecedor de bastos aplausos, na mesa do Fernando Pessoa n'«A Brasileira», com poemas e o mais que veio à memória. A cena mais surreal alguma vez vista na Avenida Casal Ribeiro, com direito a imitações do "gandim" e da "Madonna" com chapéu e tudo. Uma mulher de burqa [que eu não vi!]. Uma conversa indescritível e irrepetível num dialecto inventado pela J. e pela M.. Muitas barrigadas de riso. Uma das noites mais doidas que já vivi na cidade [e já vivi algumas]. Muitos abraços dados e retribuídos. Um «adoro-vos» gritado da janela aberta do carro às seis da manhã.

Dia 2: Pequeno-almoço preparado por gentileza alheia [manteiga nas torradas incluída]. Ponte «Vasco da Gama». A verdadeira Torta de Azeitão pelo caminho. Ferryboat para Tróia. Almoço tardio no «Comporta Café» [tagliatelli vegetariano e água lisa]. Música cubana ao vivo [por um dueto que eu mesma baptizei de «Zé Maria e Zé Manel»] e um café. O adeus à esplanada ao som de «Comandante Che Guevara». Praia da Comporta. Mar da Comporta. Conversa. Cavalos na praia ao cair da noite. Jantar em Cachopos, n'«A Escola» [queijo de Azeitão, arroz de choco com camarão, empada de coelho bravo com coentros, doce de pinhão bravo com limão, o vinho que, infelizmente, já não recordo]. Um par de cigarros. Viagem desde Alcácer do Sal até Lisboa ao som da noite [rádio no "off"]. «Já chegámos».

Dia 3: Pequeno-almoço preparado por gentileza alheia [mas desta vez sem manteiga nas torradas incluída]. Ponte «25 de Abril». Caparica. Café com gelo no bar da Praia da Rainha. A areia a escaldar da Praia da Rainha. Muito sol e mar. Muita conversa. Uma bola de Berlim com creme [e que se dane a ASAE!]. Mais mar e sol. Regresso a Lisboa. Um belo banho reparador. Jantar no «Mesa de Frades» [sangria de vinho tinto, linguiça grelhada, salada de bacalhau com grão, azeitonas, pataniscas de bacalhau com arroz de feijão vermelho, mousse de chocolate e abacaxi]. Muito calor. Três fados para começar. Um cigarro à porta para arejar. A voz do Pedro Moutinho, que chegou atrasado, mas chegou. Um descafeinado com gelo e conversa à porta com o Pedro Moutinho. Mais fados do Pedro Moutinho, partilhados com o Norte via telemóvel. Outros fados por ilustres desconhecidos. «O amor é louco» cantado por uma inesperada parelha da assistência. Mais cigarros e sangria à porta. O fecho da noite com quatro fados de amadores só para os cinco que resistiam sentados. O regresso a casa. Uma conversa à janela com a linha do eléctrico mesmo abaixo. Uma cerveja, uma «Coca Cola», alguns cigarros e a luz da TV a revelar só parte da sala.

Dia 4: Pequeno-almoço preparado por mim [à terceira, lá consegui antecipar-me]. Café com gelo no Largo de S. Martinho. Marginal em direcção a Cascais. Mais um «Olá!» ao Senhor El-Rei D. Carlos [já foram tantos, que já lhe perdi a conta]. Um périplo que prefiro não lembrar, mas que foi divertido. Uma fila interminável de carros até ao Parque da praia. Uma "espécie de slide" numa duna para chegar até à areia da praia Grande do Guincho porque não me apetecia ir pelo trilho [ainda estou para saber como consegui a proeza do convencimento da L. para a "aventura"]. Muito mar do Guincho, bastante para lá da rebentação das ondas, areia e sol. Uma bola de Berlim sem creme [no Guincho cumpre-se a lei, que maçada!]. Mais mar do Guincho na companhia de uma "espécie de surfista" que por lá andava. Mais areia e mais sol até o dia findar. De novo a marginal e o indispensável «Adeus!» ao Senhor El-Rei D. Carlos. Jantar numa mesa mesmo junto à praia na «Capricciosa» de Carcavelos [pizza «4 Stagioni» e «Imperiale» e «Coca Cola»]. O pôr-do-sol visto da esplanada. A minha indispensável meia-de-leite com gelo. Regresso a Lisboa. Banho terapêutico. A baixa de Lisboa à noite a pé, boa companhia e muita conversa. Rever, no cruzamento de almas mais inesperado da noite, a T. [com quem não estava desde Janeiro e que, só por acaso, é do Porto]. Uma cerveja e uma água lisa. O regresso a casa de táxi porque as pernas pesavam. Mais conversa e um par de cigarros na sala. Janela aberta e a TV sem som, num canal qualquer.

Dia 5: Pequeno-almoço preparado por gentileza alheia [resultado final: ganhei por 3-1, sim, que quem saiu a ganhar fui eu]. Café com gelo no Largo de S. Martinho. Conversa e arrumações. Mais de metade da empada de coelho bravo que havia sobrado do jantar n'«A Escola» para almoço. Um pulo aos «Pastéis de Belém» para fugir ao calor e adoçar o bico. Uma visita ao Museu dos Coches porque «Tu [que sou eu] és uma "nerd", tens cara de "nerd", fumas à "nerd" e falas à "nerd".» e, portanto, se tenho a fama, que ao menos tenha o proveito e sempre se vê o landau em que o Senhor El-Rei D. Carlos e o Príncipe Luís Filipe seguiam quando foram assassinados. Mais um café com gelo em Santa Apolónia. A passagem em revista das memórias excelentes dos dias anteriores. Um abraço apertado e um «Até logo.».

Foram dias fantásticos, que vou lembrar durante muito, muito tempo, não só por terem sido bem passados, mas ainda por todo o significado que tiveram, o qual não posso explicar porque não há como explicar, mas que quem gosta de mim e partilhou estes momentos comigo compreende sem que eu diga uma palavra. Só posso mesmo agradecer aos que estiveram ali, ao meu lado, sempre, não obstante eu ser uma "nerd", rótulo que, vindo de quem vem e com a estima com que me é posto, aceito de bom grado e sei ser elogio.

[A vossa sorte é que eu, mais do que "nerd", sou uma paz de alma, é o que é. E, sim, também é verdade: gramo-vos à brava.]

© [m.m. botelho]

5.7.11

israel

A minha primeira resolução para o ano de 2011, ainda eu não sabia nada do que ele seria, foi que queria viajar. Porque quem com Deus anda, Deus ajuda, sem que sequer o imaginasse na altura, este ano estava-me reservada uma viagem a um daqueles destinos a que só se vai em duas circunstâncias: ou por obrigação, ou porque se encontra pelo menos uma alma que esteja disposta a acompanhar-nos na aventura, o que não é nada fácil. Eu vou porque quero, mas se me perguntassem se há uns tempos imaginava pôr lá o pé, diria que não, pelo menos nunca antes dos 40 ou 50 anos.

O destino é Israel. Jerusalém, Tel Aviv, Haifa, Nazaré, Jaffa, a região do Mar Morto e uma data de outros sítios que não sei agora de memória. Vou. Empacotar umas quantas peças de roupa essenciais na mochila [que se lixe o secador: já imensa gente me disse que o meu cabelo fica lindo mesmo que seco ao natural e é verdade], levar o indispensável guia da «Lonely Planet», o passaporte na bolsa interior e, no peito e na cabeça, o espírito totalmente aberto. Terei oportunidade de pisar um território que nunca foi uma das minhas prioridades, mas sempre foi um dos meus secretos desejos. E de ver o Mar Morto de perto, senti-lo na pele. Tem tudo para ser maravilhoso.

Ainda não sei o que hei-de escrever no papelinho que conto deixar no Muro das Lamentações, mas já tenho uma ideia. Se outra coisa não for, escrevo o que digo sempre que vejo uma estrela-cadente, que é o que mais quero. Simples e conciso.

Parto ainda este mês. Já sinto o bichinho a mexer cá dentro. Adoro viajar e gosto particularmente de viagens assim: inesperadas e surpreendentes, seja pelo modo como as faço, seja pelo destino. Pressinto que será uma viagem extraordinária e, verdade seja dita, a minha intuição raramente me engana [se é que alguma vez me enganou].

Só tenho motivos para sorrir, caramba. De uma coisa não posso duvidar, durante o tempo de vida que ainda me resta: eu sou uma mulher de sorte em tudo, mesmo naquilo que à primeira vista [me] possa parecer que não. Sim, eu sou uma mulher de sorte e hoje não tenho qualquer receio, pudor ou temor em afirmá-lo, porque sei que fazê-lo não vai afugentar essa fortuna. Ao invés, reconhecê-la e estar grata por ela talvez ajude a multiplicá-la. Espero que sim. Por isso, obrigada, Universo, por tudo o que me deste, dás e darás. Obrigada, mil vezes obrigada. Oxalá eu seja sempre merecedora de tanto.

© [m.m. botelho]

21.6.11

de novo, verão

fonte: visto aqui

E, como é consabido, as histórias de Verão nunca passarão disso mesmo: de histórias de Verão.

© [m.m. botelho]

13.5.11

gostar de sextas-feiras

fonte: visto aqui

Desde Maio a meados de Outubro, todas as sextas-feiras deveriam ser casual fridays. Aproveitar o sol, o cheiro a mar (para quem possa usufruir desse privilégio), de ténis calçados, jeans ou calções, t-shirts ou tank tops, tudo excepto calças vincandas e camisas engomadas. Dedicar a manhã ao trabalho intensamente, para compensar a dispensa da tarde. E ir, usufruir da vida e daquilo que não faz promessas e, por isso, nunca desilude. Porque não é bem verdade que de certo nesta vida só temos o seu fim: dificilmente não haverá sempre sol, mar, esplanadas, crianças a sorrir. E todas essas coisas são excelentes e não implicam desgostos de partir o coração ou outras sensações menos confortáveis: não nos desapontam.

Hoje dediquei a mim mesma a minha tarde de sexta-feira, após os compromissos cumpridos. Afinal de contas, é a mim que devo mimar, antes de mimar seja quem for. E soube tão bem, tão bem, que eu achei que hoje, para além de ser um belíssimo dia para começar a escrever o meu «Simple Diary», também era um bom dia para deixar isto registado aqui. Uma bela sexta-feira, esta! É um facto: eu voltei a gostar de sextas-feiras. Não sei se dê graças a Deus, se dê graças a mim por isso. Aos dois, pronto, e não se fala mais nisso.

[Adenda: só agora reparei que hoje é sexta-feira, dia 13. Providencial.]

© [m.m. botelho]

19.4.11

cada um é como cada qual

Pelo que tenho visto por aí fora, o padrão da moda para este Verão é floreado. Flores pequeninas, de várias cores, sobre fundos escuros ou brancos. Em t-shirts, camisas, túnicas. Ora, eu sempre fui fã dos lisos. Os padrões que aprecio são muito poucos: tweed, escocês, riscas na vertical e na horizontal (estas últimas, mais para os cavalheiros) e mais um par deles que não me ocorre agora. Tenho uma infinidade de peças de roupa do mesmo modelo, mudando apenas a cor, mas todas elas lisas. Os padrões mais arrojados deixo-os para os acessórios: lenços, cachecóis, anéis. Raramente perco mais do que três minutos a pensar no que vou vestir e os lisos facilitam imenso a tarefa, porque apenas tenho de pensar nas cores.

Talvez possa dizer-se que sou uma clássica, para outros talvez eu não passe de uma básica. Whatever. O que visto, tal como o que digo e o que faço, sou eu que o decido e tendo em conta o melhor para mim, o que me é mais confortável. Não vou em modas, nem convenções, nem ditames, nem no mainstream, nem no que é suposto. Mas não sou uma desajustada, longe disso. Passo perfeitamente despercebida entre a multidão e convivo pacificamente com ela. Simplesmente, não sou parte dela. Nem no que visto, nem no que digo, nem no que faço e sou cada vez mais assim.

Assim, este Verão, quando os outros andarem de camisa às flores, eu andarei de t-shirt lisa. Conviveremos todos muito saudavelmente, porque embora saiba muito bem o que quero para mim, nunca me dei ao trabalho de o querer impor aos outros (sou um bocadinho egoísta nessa matéria: acho que não compensa a maçada e eu gosto de me poupar a chatices desnecessárias). Esforço-me por respeitar a regra de que cada um é como cada qual. Nos trapos e em tudo o resto.

© [m.m. botelho]

3.9.10

summer nights


© [m.m. botelho]

E assim vão sendo queimados os últimos cartuchos das noites de Verão. É preciso queimá-los, porque só haverá um Verão 2010, um Verão com trinta anos e porque os momentos verdadeiramente especiais, daqueles que perdurarão na memória durante muito tempo, são para ser vividos intensamente, de olhos e coração bem abertos.

© [m.m. botelho]

14.7.10

mais um Verão

«Mesmo que não conheças nem o mês nem o lugar
caminha para o mar pelo Verão.»

Ruy Belo [1933-1978]

O primeiro passeio pela praia do ano. Algum vento, o cheiro do mar a invadir-me as narinas e a entranhar-se na pele, o reconforto dos pés a serem massajados pela areia.
A sensação do começo de mais um Verão num final de tarde. Uma sensação muito boa.

© [m.m. botelho]

18.8.08

o carro em transgressão

reflexo | viana do castelo | 18.08.2008

O carro (indevidamente) estacionado num lugar privativo. Uma noite muito mais fria do que o que a minha t-shirt podia enfrentar. Um passeio junto ao rio com direito a revelações sobre uma adolescência transgressiva. Uma breve dissertação sobre o facto de todas as adolescências serem transgressivas, cada uma à sua maneira. Algumas considerações sobre as luzes, os cheiros, os sons de uma noite de Verão ventosa e, contudo, povoada. A partilha de um cigarro a caminho do carro em transgressão. Algumas gargalhadas perante o tópico «o meu carro não passou da adolescência». Desta vez, escapou.

© [m.m. botelho]

15.8.08

m.u.n.d.o. ou mais uma noite de ócio

festival m.u.n.d.o.
15.08.2008 | forte de santiago da barra | viana do castelo

e soubesse eu artifícios
de falar sem o dizer
não ia ser tão difícil
revelar-te o meu querer

Deolinda. A melhor das supresas. Depois de todas as excelentes críticas ao concerto no Sudoeste '08, ao qual não assisti inteiramente, com muita pena minha, muitas expectativas, todas elas superadas. O público era parco, mas isso não assustou a Deolinda, que se entregou de corpo e alma à actuação e encantou todos. Onde ela for, eu irei lá ter.  
Dead Combo. Pouca interacção com o público. Sei que faz parte da postura teatral do duo, mas cria uma estagnação difícil de contrariar quando se trata de um concerto puramente instrumental, sem espectáculo e sem letras para cantar. A meio, a inevitável dispersão.  
A Naifa. Sem João Aguardela e com um Luís Varatojo demasiado tímido, Maria Antónia Mendes foi dona e senhora do palco. Nas canções d'A Naifa não há electrónica, pop ou fado: há Música. Na voz de Mitó não há estridência, cadência nem dolência: há Voz. E um corpo a vaguear elegantemente no escuro de uma noite em que as nuvens encobriram uma lua a encher. O remate foi perfeito com as versões de «Subida aos Céus» e «Desfolhada». Já agora, por onde andam os Três Tristes Tigres que tanta saudade deixaram?  

Depois, apenas a chuva sobre o pára-brisas e o movimento repetitivo das escovas. Dentro da cabeça, ainda o eco dos sons do M.U.N.D.O..

© [m.m. botelho]

11.8.08

sudoeste '08. súmula.

sudoeste '08
07,08,09 e 10.08.2008 | herdade da casa branca | zambujeira do mar

Poeira, aperto, corpos suados, o cansaço dos dias pesados que sucediam às noites longas. Ao longe, as luzes do palco, misturadas com os sons das canções que todos queriam ouvir, a diluírem-se nas nuvens que o vento teimou em arrastar.

Quem disse que as noites a Sudoeste não podem ser românticas?

© [m.m. botelho]

3.8.08

contra a rotina

Preciso vitalmente de contrariar aquilo a que ironicamente chamo «a rotina das férias». Tempo de descanso, se transformado em rotina, deixa de ser o que é. Pavor. De maneira que faço um esforço por me perder, sim, perder é o termo correcto. Perco-me por temporadas – gosto de dizer temporadas, sem contar os dias, pois saber quantos são ao certo aviva a memória do seu fim e torna-os mais pequenos – imitando as cigarras. A meteorologia, essa incógnita e imperscrutável personagem, contudo, ainda não consegui contrariar. Embora ela me altere os planos não raras vezes, eu sei que, mais dia, menos dia, será a minha vez de clamar por desforra.

Gosto de partir para o nada, para o silêncio, a acalmia. Onde quer que vá, quero perder-me de mim nos outros. Anseio por passear em ruas cheias de gente desconhecida, não fazer ideia da nacionalidade do casal que se deita ao meu lado na praia, deixar de ver pessoas e ver somente vultos a quem não tenha de endereçar as expressões da praxe. Aliás, o mais provável que aconteça se, por acaso, me cruzar com algum rosto familiar é que não o reconheça mesmo. Embora leve os olhos abertos, não será para ver gente, mas para me deixar inundar desta claridade única que tem o sol no Estio.

Não vale a pena sentir ou verbalizar saudades. As férias são sempre um tempo demasiado curto para que a falta desponte. Gosto de acreditar que apenas invocamos a falta porque somos uns românticos incuráveis que odeiam despedidas.

Durante uma temporada estarei singularmente gozando o que a tal da aleivosa meteorologia só oferece quando lhe dá na gana: sol, azul e verde. Quero embriagar-me de luz, mar e natureza e a taça é pequena só para mim.

À noite, tenciono quedar-me no breu a ouvir os grilos, sem pensar em nada a não ser na maravilha que é uma noite fresca depois de um dia de soalheira.

A viagem ainda é longa. Nos ouvidos levo uns headphones velhinhos ligados a um ainda mais velhinho leitor de CDs, que eu não sou nem nunca serei menina de iPod – preciso de sentir que a minha música tem qualquer coisa de real que me prenda ao mundo.

Quando as pilhas estiverem gastas, restará a quietude do nada e o ruído emudecido do relógio esquecido na gaveta.

[Também publicado em PNETmulher.]

© Marta Madalena Botelho

1.8.08

a primeira noite de agosto

Depois do repasto, caminhar sob o luar, na primeira noite do mês de Agosto. O calor das noites de Agosto ainda tímido, mas já a ameaçar. Os meus calções brancos em destaque na paisagem. Sou eu, ali no escuro. Bem distinguível.

© [m.m. botelho]

eu

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