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13.2.14

profundamente, sequer um pio

Avó - Então, F., ouviste muito a tempestade "Stephanie" lá em casa? A Mamã disse que se ouvia imenso.
F. - Olha, Avó, eu estava a dormir profundamente. Não ouvi sequer um pio.

[F., cinco anos e sete meses, mais coisa, menos coisa.]

© [m.m. botelho]

14.3.13

lá dos confins

Disse que ia ao WC e depois, em vez de regressar para acabarmos a montagem das «Mini Figures» da Lego, resolveu ir explorar o piano para a sala-de-estar e deixou-me pendurada. Eu, que queria arrumar o assunto para voltar ao que estava a fazer antes, chamei-o:
- Ó fofo?...
E ele, de pronto, responde, lá dos confins:
- Sim, fofa?

[Já não bastava responder-me em igual moeda ao «amore mio». Ele, pois, o sobrinho-afilhado-maravilha.]

© [m.m. botelho]

7.3.13

um desenho do inverno

O sobrinho-afilhado-maravilha diz-me que fez um desenho do Inverno com "repângalos".
- E o que são "repângalos"? - perguntei eu.
- "Repângalos" é aquilo que dá no Inverno - diz ele, enquanto abre e fecha a mão.
Ah, bom, muito mais esclarecida: "repângalo", "relâmpago", é por aí, F., é por aí.

[Em 25.02.2013.]

© [m.m. botelho]

10.2.13

«tens tanto a aprender»

Há duas semanas, mais dia, menos dia, eu explicava ao meu sobrinho-afilhado-maravilha por que razão ele deveria beber leite e não água (a sua bebida favorita) ao lanche.

Eu - «Quando temos sede, bebemos água, mas quando precisamos de alimentar-nos, devemos beber leite. Ora, se estamos a lanchar e o lanche é uma refeição, devemos alimentar-nos, por isso, é melhor bebermos leite. Bebemos água não para nos alimentarmos, mas para nos hidratarmos e para matarmos a sede, compreendes?»
F. - «Sim. [passam uns segundos] Mas o Pedro, o Abrunhosa, diz que o corpo... o corpo é que mata a sede.»

Não soube o que lhe responder imediatamente. Tentei explicar-lhe que, nas canções, o Pedro usa linguagem poética e que a poesia é uma forma mais elaborada e simbólica de expressão, diferente da que eu estava a usar na minha explicação sobre a água. O F. levantou os olhos, olhou para mim, fez que "sim" com a cabeça, eu sem saber muito bem como lhe explicar o que é a poesia e o simbolismo, eu a sorrir pelo cuidado dele em explicar-me que "o Pedro" era "o Abrunhosa", eu a pensar naquela frase, "o corpo é que mata a sede", eu uma vez mais surpreendida pela memória e capacidade de raciocínio do F..

Até então, eu não sabia, mas o Pedro, o Abrunhosa, diz mesmo numa canção que "o corpo mata a sede". E assim se demonstra, para lá de qualquer dúvida, que aquele miúdo de quatro anos pode ensinar umas coisas, poéticas e simbólicas (ainda por cima!) a esta miúda de trinta e dois. É mesmo como diz o Pedro, na mesma canção: «tens tanto a aprender».

© [m.m. botelho]

22.6.12

4 anos de f.

Há quatro anos, nascia o meu querido sobrinho-afilhado-maravilha F.. Pregou uma partida a toda a gente: só o esperávamos na semana seguinte, mas ele entendeu que haveria de vir ao mundo naquele Domingo em que a Mãe dele me havia feito uma visita e o brunch.

Quando, por volta das 20h30, soube que ele ia nascer, fiquei muito contente e, simultaneamente, muito calma. Era a primeira vez que ia ser tia - e a única, pelo menos até agora - sabia que isso traria grandes responsabilidades, mas naquele momento só me preocupava a minha querida Irmã, saber se teria dores, se estaria confortável.

Depois, por volta das 22h30, o F. nasceu de cesariana e passado um quarto-de-hora eu já lhe punha a vista em cima. A primeira frase que lhe disse foi esta: «Bem-vindo ao Mundo, meu querido. Que tenhas sempre muito amor, muita saúde e que sejas muito feliz.» Eram estes, somente estes, os votos que me pareciam importantes naquela altura. E continuam a ser.

Recordo-me de como era frágil, tão frágil, naquela altura, o F.. Conseguia deitá-lo sobre o meu braço enquanto lhe fazia festinhas nas costas e ele adormecia assim. Fazia-lhe muitas festinhas nas orelhas e ele encolhia-se contra o meu peito. Foram tempos de privilégio.

E privilégio continua a ser poder tê-lo na minha vida e sentir da parte dele muito amor e muito respeito. Às vezes, nem sempre é fácil lidar com o facto de ele me adorar, porque não quer sair de cima de mim, mas lá temos conseguido gerir as coisas, com alguma parcimónia e muitas doses de paciência.


© [m.m. botelho] [2012]

Hoje, o F. faz 4 anos. De certa forma, fazemos todos 4 anos com ele: primeiro filho, primeiro neto, primeiro bisneto. E o dia foi em grande.


© [m.m. botelho] [2012]

Começou no Colégio, onde o F. e os Colegas se deliciaram com um bolo imaginado pela minha Irmã e feito pela minha Mãe: uma nuvem azul coberta de gomas em forma de ratinho, como ele gosta!


© [m.m. botelho] [2012]

E terminou em casa da Avó materna, com outro bolo feito e decorado pela minha Mãe: uma nuvem branca, coberta de Crème fraîche.


© [m.m. botelho] [2012]

Eu, como Madrinha, tive direito a uma lembrança: gomas e chupa-chupas, pois claro!


© [m.m. botelho] [2012]

E o F. teve direito a um presente especial, o livro «Maria Botelha, a garrafa aventureira», escrito e ilustrado por Pedro Seromenho, que o F. leu de uma ponta à outra mal desembrulhou.

Depois houve beijinhos, abraços e o F. foi para casa dormir. E eu vim escrever este texto, porque tenho o coração a transbordar e não é todos os dias que uma sensação destas nos enche corpo e alma.

© [m.m. botelho]

20.6.12

se não os podes vencer, usa da paciência

O sobrinho-afilhado-maravilha, que hoje está cá porque ainda não pode ir para o Colégio (porque ainda tem uma ponta de temperatura) e as Madrinhas também servem para tomar conta deles quando é preciso, finalmente acalmou quando lhe permiti entrar na minha sala e brincar com um baralho de citações para meditação de inspiração budista.

Está deliciado com a «mandala cósmica», a «roda da Vida» e as imagens de Buda que decoram cada uma das cartas, mas a parte melhor é ouvi-lo ler os textos, que estão escritos em inglês. O som é o equivalente a um dialecto estranho que, estranhamente também, me vai embalando o trabalho.

[Constatação: isto de trabalhar a paciência surte efeitos maravilhosos, de que só nos damos conta quando precisamos de a pôr à prova.]

Acho que isto, finalmente, acalmou um bocado o "terrorista" que (também) há nele. Obrigada, Buda. Agora, se não for pedir muito, ajuda-me a mim a concentrar-me melhor, sim? Tens, as always, a minha gratidão.

© [m.m. botelho]

30.1.12

3 anos, 6 meses e 8 dias

Há instantes, o meu sobrinho-afilhado entrou na sala onde estou para se despedir de mim. Eu tinha o computador ligado em cima da secretária e aberto no blogue do José Luís Peixoto porque estava a ler a crónica «Amor burguês», que me recomendaram por e-mail.

O sobrinho-afilhado trepa para a minha cadeira para me dar um beijo e um abraço, olha para o monitor do computador e diz: «O José Luís Peixoto é um escritor da minha Mãe, não é teu!». Isto porque a Mãe lê livros do José Luís Peixoto e está, presentemente, a ler o «Morreste-me», que o meu sobrinho-afilhado folheia e também lê porque tem o hábito de se enfiar no peito da Mãe nos momentos de leitura desta.

Eu fico parvinha de todo por isto: se a memória me não trai, há 3 anos, 6 meses e 8 dias o tipo estava a sair da barriga da Mãe para hoje estar aqui a ler com esta pinta e a dizer-me isto.

Se não é suposto que eu seja uma tia-madrinha babadona, não sei o que é suposto, mas que o meu sobrinho-afilhado é excepcional, lá isso é. É um miúdo incrível e mais não vale a pena dizer. Só visto.

© [m.m. botelho]

16.1.12

o meu, o teu e o nosso

Na passada semana, o meu sobrinho-afilhado-maravilha insistiu para que o deixassem arrancar uma determinada folha de um catálogo de um hipermercado. Quando chegou o Pai, teve lugar a seguinte conversa:
O Pai - F., para que trazes essa folha na mão?
O sobrinho-afilhado - Estás a ver este camião de carga que está aqui? Eu trouxe a folha para tu veres porque tens de me comprar um.
O Pai - E, por acaso, tu sabes se o Papá e a Mamã têm dinheiro para te comprarem o camião de carga?
O sobrinho-afilhado - Temos, temos.

E assim se conclui que o dinheiro que até há instantes era da Mamã e do Papá, passou a ser da Mamã, do Papá e do F.. Toma lá, que é democrata!

© [m.m. botelho]

24.12.11

«muito estilo»

A minha Mãe para o meu sobrinho-afilhado-maravilha:
- F., então vamos lá: deseja à Madrinha um Feliz Natal e diz-lhe que peça ao Menino Jesus que lhe dê muita saúde e muito juízo.
E diz o F., voltado para mim:
- Madrinha, Feliz Natal e pede ao Menino Jesus que te dê muita saúde e muito estilo.

Facto assente: o meu sobrinho-afilhado-maravilha, que é um tipo brilhantemente inteligente, percebe que não vale de muito ter juízo se não se tiver muito estilo, portanto, toca de pedir ao Menino Jesus que me dê este último, já que para pedir que me dê juízo já cá está a minha Mãe.

[Grande F.! Oxalá o Menino Jesus te dê também muita saúde e muito juízo, mas também muito, muito estilo, meu querido amor. E não só no Natal, mas por toda a tua vida. Adoro-te, afilhado lindo. Também, como não te adorar, não é?]

© [m.m. botelho]

17.12.11

a brincadeira imita a realidade

Ontem, eu e o meu sobrinho-afilhado-maravilha estivemos a construir várias "Torres 5" do "Bairro do Aleixo" em Lego, que depois fazíamos colapsar com grande estrondo. É a brincadeira a imitar a realidade, mas desta vez sem perímetros de segurança, explosivos, bombeiros e polícias à mistura.

Fartámo-nos de rir. E foi tão bom. :)

[m.m. botelho]

25.10.11

ser pequenino

Mãe - F., vá lá, come a sopa. Já sabes que tens de comer a sopa.
F. [fazendo a voz mais mimalha que possa imaginar-se] - Ó Mamã, por favor, hoje não.
Mãe - Hoje, sim. Tens de comer a sopa todos os dias para cresceres e seres grande.
F. - Ó Mamã, mas hoje, não. Hoje eu quero ser pequenino.

E quando me contaram eu lembrei-me disto:

ser pequenina nas mãos de Deus
ser um sinal,
ser um sinal cheio de Amor, sempre a sorrir.
ser pequenina nas mãos de Deus,
pequenina.


© [m.m. botelho]

26.9.11

2 golos

O meu sobrinho lê desde os dois anos e meio. Agora, que já passou os três, não só lê como interpreta. Não quer que ninguém lhe leia as histórias antes de ir dormir, quer ser ele mesmo a pegar no livro, escolher a história e lê-la em voz alta para ele mesmo. Ninguém o ensinou a ler: naquela cabecinha fantástica que ele tem, foi capaz de perceber como funciona este código de letras que formam palavras que formam parágrafos que formam histórias.

Na passada semana, na quarta-feira, jogou à bola no Colégio. Segundo o seu relato entusiasta, corroborado pela educadora de infância e pelo motorista da carrinha que o vem trazer a casa, marcou dois golos. «Dois golos, dois!», repetiu, muitas vezes, à bisavó. Ninguém o ensinou a jogar à bola: naquela cabecinha fantástica que ele tem, foi capaz de perceber como funciona o código de passes que formam jogadas que originam remates que marcam golos.

Eu, acho que em toda a minha vida só marquei três golos (e até nem desgostava nem desgosto de jogar à bola, não tinha e não tenho é queda para a concretização dos golos). Assim sendo, há esperança! Há esperança de que, afinal, o meu sobrinho não seja um «nerd» como eu. Fiquemo-nos, portanto, pela mancha sépia na pele, a covinha no queixo e a mania das perguntas, que já ficamos muito bem.

© [m.m. botelho]

19.8.11

"guê érre"

Esta manhã, ligo para casa da minha Mãe e ouço o meu sobrinho-afilhado a palrar imenso. Pergunto o que está a fazer e a minha Mãe responde-me que ele está a ler uma receita de biscoitos a partir de um livro de culinária. Está a ler-lhe impecavelmente os ingredientes [não falhou nenhum], sendo que insiste particularmente para que a Avó não se esqueça da canela. Diz o número de ovos necessários e as medidas quase todas certas. Sabe ler "300", mas não sabe que "gr." é a abreviatura de gramas, por isso lê "300 guê érre de farinha".

São três anos feitos há pouco mais de um mês, mas isto já é assim há uma data de tempo. Lê receitas, notícias e rótulos das embalagens todas que apanhar à mão. Este rapaz deixa-nos de queixo caído. Completamente.

© [m.m. botelho]

26.4.11

mudar o mundo

Aparece na cozinha, onde se preparava o jantar, de comando da TV na mão e dirige-se para a varanda. Abre a porta e sai. Aponta o comando para o céu e começa a carregar em vários botões. O pai, intrigado, pergunta-lhe: «Filho, o que estás a fazer?», ao que ele responde: «Estou a mudar o mundo, Papá.».

O F., dois anos e nove meses acabados de fazer, já consciente de que o mundo precisa de ser mudado. Claro que rebento de orgulho nestes feitos aparentemente pouco importantes do meu sobrinho-afilhado. Este orgulho não se explica, sente-se, ponto final. A única coisa de que tenho pena é que a mudança não seja tão fácil como ele imagina, porque de resto, ele, tão pequenino, é capaz de transmitir aos crescidos que o mundo necessita de mudança e que ele está empenhadíssimo em fazer a sua parte para que isso aconteça.

© [m.m. botelho]

7.9.10

uma arroba


© [m.m. botelho]

Para mais tarde recordar: vai à casa-de-banho, empoleira-se em cima da balança, espera que o ponteiro pare e desce; depois vem caminhando corredor fora repetindo, com ar muito sério: «Quinze quilos, uma arroba, uma arroba, uma arroba.». Só visto.

© [m.m. botelho]

24.8.10

ring ring

Dez da noite. Toca o telefone. Eu atendo. Do outro lado, a voz mais deliciosa do mundo a chamar por mim. Eu respondo, perguntando-lhe se está bom. Diz-me que sim. Como de costume, espero que um adulto surja do outro lado para me dar conta do real motivo da chamada, mas não surge. Pergunto-lhe se foi ele que ligou e ele responde que sim. Pergunto-lhe onde está a mamã e ele diz que está ali e corre a chamá-la. Chegado à outra ponta da casa, a mãe mira-o de telemóvel na mão e intriga-se. Pega no aparelho e vê que está estabelecida uma ligação. Pede-lhe o telemóvel, que ele faculta sem qualquer resistência. A mãe fala comigo. Diz-me que S. Exa., o seu querido bebé, fez, moto proprio e pela primeira vez, uma chamada telefónica, sem que ela ou o pai se tenham apercebido. Tem dois anos, dois meses e dois dias, o que é uma bela fórmula para memorizar o dia em que o meu querido sobrinho e afilhado nos demonstrou mais uma das suas inesperadas habilidades: sabe usar um telemóvel e entabula conversas como gente grande. Não, isto não é treta de tia e madrinha babada. É apenas a constatação de que o F. é uma criatura excepcional e surpreendente. Todos os dias.

© [m.m. botelho]

16.7.10

«gosto muito de ti»

O meu sobrinho-afilhado-bebé-bonito, ao telefone:
«Marta, estás em casa.
É o F.
Marta, gosto muito de ti.
Tenho uma camisola e umas sapatilhas.
Partiu os óculos do avô.
Levou tau tau no rabinho.
O bebé vai ler o livro.
É o F.
Madrinha, gosto muito de ti.»


Eu não ouvi, porque o telefone para onde ele falava é um telemóvel que já não funciona, mas alguém assistiu à cena e contou-me. Não importa que não tenha ouvido, o que importa é que ele o disse e eu o sei. E que nunca me vou esquecer que foi hoje, 16 de Julho de 2010, durante a tarde, que ele disse pela primeira vez, espontaneamente e sem hesitar, que gosta muito de mim.

© [m.m. botelho]

5.4.09

«I've got you under my skin»

Cá por casa sempre me chamaram «rabinho do gato». Como sou a filha mais nova e a neta mais nova e, além disso, tenho uma certa tendência (saudável) para a mimalhice, o nome assentava-me bem.

Isto foi assim durante 28 anos, até que em Junho passado nasceu o meu sobrinho que, como está bom de ver, veio descaradamente apoderar-se das atenções que antes eram todas minhas. Ora eu, que apesar de mimada sou sensata, tentei mentalizar-me de que aquela era a evolução natural das coisas, que a vida era mesmo assim, feita de cedências e que eu, como tia responsável e crescidinha, teria mesmo de partilhar o mimo com aquele pequenino rebento. Parecia evidente: havia alguém mais novo na família e eu corria o risco de deixar de ser o «rabinho do gato».

Mas eu não estava assim tão disposta a abdicar da minha posição e, por isso, cedo fiz questão de estruturar uma argumentação que me permitisse invocar o estatuto especial. Afinal de contas, o meu sobrinho era o «rabinho de um outro gato» que entretanto se havia iniciado com o casamento dos pais dele. Por mim, ele poderia ser rei de tudo e mais alguma coisa, desde que deixasse intocável a minha esfera e, principalmente, o meu gatinho.

Pouco tempo levaria, porém, até que o meu sobrinho conquistasse o meu coração e me fizesse apaixonar por ele ao ponto de quase esquecer a questão. Acreditem que é muito difícil resistir: o sacaninha tem charme até mais não. Nunca o vi acordar mal-disposto e até as birrinhas que vai fazendo (que nunca vi demorarem mais do que um minuto) têm graça. Deve ser qualquer coisa que lhe põem no leite para o fazer assim tão querido e simpático (digo eu, que não percebo nada de alimentação infantil).

Mas mesmo tendo em conta este meu estado de completa rendição aos encantos daquela pequena porção de gente, quando ontem à tarde a minha irmã requisitou os meus serviços de babysitter por um par de horas, eu estava longe de imaginar que seria tudo tão especial.

Como o meu sobrinho tem uma relação algo atribulada com cadeiras, espreguiçadeiras e todos os artefactos humanos que o confinem a uma sensação de aprisionamento (bem como com sapatos e sapatilhas, diga-se en passant), obrigou-me a andar com ele ao colo para todo o lado. Foi assim que descobri que até nem me safo mal a escrever no computador, a ler o jornal e a mudar os canais de televisão só com uma mão. Mais complicado, porém, é suportar alguns puxões de cabelos e o modo destemido e decidido com que me aperta o nariz, as bochechas e o queixo, mas com paciência, tudo se aguenta (agora que me lembro disso, é absolutamente incrível a força que aquelas mãozinhas têm, meu D'us).

Ainda assim, não pode dizer-se senão que passei uma tarde deliciosa na companhia do meu sobrinho-afilhado-concorrente-directo-ao-posto-de-«rabinho-do-gato», que acabou por adormecer no meu colo e dormir o sono dos justos durante um bom bocado. Para o adormecer dancei com ele e cantei-lhe o «I’ve got you under my skin», metade com letra, metade com murmúrios (precisamente naquelas partes em que não me lembrava da letra). Foi assim que dali a poucos minutos ele foi encostando a cabecita ao meu peito e desistindo de lutar contra o sono. Não sei se foi da minha voz melodiosa, se da verdade da declaração de amor que lhe fiz. Tudo o que importa é que resultou.

© Marta Madalena Botelho

23.6.08

francisco





© [m.m. botelho] | francisco | 23.06.2008 | 1 dia ainda não completo de vida

22.6.08

a maior e melhor de todas surpresas

Francisco. Hoje. Sem ninguém contar. A maior e melhor de todas surpresas. Sei que terás uma vida boa e bonita. Sei que viverás rodeado de mimos. Sei que serás muito feliz. E sei que és um ser maravilhoso, a quem eu amo com todo o meu coração.

© [m.m. botelho]

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[m.m. botelho] || Marta Madalena Botelho
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