Silvio Berlusconi não é um homem qualquer, nem no modo de fazer política, nem na aparência, nem no modo como se expressa e muito menos no branco lívido da dentição. Oscila entre o excessivo e o disparatado, entre o indiscreto e o ofuscante, entre o piroso e o inconveniente. Não podia esperar-se que o seu divórcio fosse nada menos do que aparatoso.
Berlusconi faz questão de propagandear aos sete ventos que aprecia mulheres bonitas. Até aqui, nada de anormal nem de novo, não fosse o modo como o faz. Berlusconi é mais do que óbvio, é ostensivo na afirmação do facto, de tal forma que o mundo inteiro dele tem conhecimento e sabe até quem são as suas preferidas.
Veronica suportou tudo isto (e, quem sabe, algo mais) em silêncio durante cerca de trinta anos. Provavelmente, mentalizou-se de que tinha um marido mulherengo e deixou os dias e a tinta dos jornais correrem. É intrigante, por isso, que tenha vindo agora, alegadamente por causa das vinte e cinco beldades que Berlusconi e o seu partido escolheram para integrarem as listas como candidatas ao Parlamento Europeu, dizer que quer divorciar-se. Terá Veronica temido que Silvio se antecipasse a ela nessa intenção? Terá Veronica encontrado um novo amor? Ou estará Veronica, simplesmente, farta do modo como o marido se revela insensível perante a vergonha e humilhação que ela sofre sempre que as eleitas de Silvio têm direito a mais umas parangonas?
Ninguém sabe e, prevê-se, ninguém saberá, até porque após a bombástica revelação tanto o Primeiro-Ministro italiano como a sua (ainda) mulher se remeteram ao silêncio e não parecem muito dispostos a alimentar curiosidades.
Porém, Berlusconi, mais do que todos os adjectivos com que o caracterizei no início deste texto, é imprevisível e o desfecho desta história parece distante e afigura-se rocambolesco. Recostemo-nos, pois, na cadeira porque, como o velho Silvio já nos habituou, os melhores (e mais belos) episódios, com certeza, ainda estão para vir.
[Também publicado em PnetCrónicas.]
© Marta Madalena Botelho
Berlusconi faz questão de propagandear aos sete ventos que aprecia mulheres bonitas. Até aqui, nada de anormal nem de novo, não fosse o modo como o faz. Berlusconi é mais do que óbvio, é ostensivo na afirmação do facto, de tal forma que o mundo inteiro dele tem conhecimento e sabe até quem são as suas preferidas.
Veronica suportou tudo isto (e, quem sabe, algo mais) em silêncio durante cerca de trinta anos. Provavelmente, mentalizou-se de que tinha um marido mulherengo e deixou os dias e a tinta dos jornais correrem. É intrigante, por isso, que tenha vindo agora, alegadamente por causa das vinte e cinco beldades que Berlusconi e o seu partido escolheram para integrarem as listas como candidatas ao Parlamento Europeu, dizer que quer divorciar-se. Terá Veronica temido que Silvio se antecipasse a ela nessa intenção? Terá Veronica encontrado um novo amor? Ou estará Veronica, simplesmente, farta do modo como o marido se revela insensível perante a vergonha e humilhação que ela sofre sempre que as eleitas de Silvio têm direito a mais umas parangonas?
Ninguém sabe e, prevê-se, ninguém saberá, até porque após a bombástica revelação tanto o Primeiro-Ministro italiano como a sua (ainda) mulher se remeteram ao silêncio e não parecem muito dispostos a alimentar curiosidades.
Porém, Berlusconi, mais do que todos os adjectivos com que o caracterizei no início deste texto, é imprevisível e o desfecho desta história parece distante e afigura-se rocambolesco. Recostemo-nos, pois, na cadeira porque, como o velho Silvio já nos habituou, os melhores (e mais belos) episódios, com certeza, ainda estão para vir.
[Também publicado em PnetCrónicas.]
© Marta Madalena Botelho