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22 fevereiro 2024

Não é mais um "malbecão" :: Bariloche Patagonia Malbec 2021


País: Argentina
Região: Neuquén (Patagônia)
Uvas: 100% Malbec
Maturação: breve amadurecimento em inox
Álcool: 14%

Quem já bebe vinhos com uma regularidade maior - vamos falar em dez anos, por exemplo - já sentiu uma mudança no paladar, no gosto pessoal. Nossas escolhas iniciais costumam recair sobre vinhos muito frutados, amadeirados, encorpados e alcoólicos. Normal, levando em consideração que o paladar do brasileiro médio tende ao doce, porque nossa alimentação está muito ligada às frutas, aos doces caseiros, ao café com açúcar e até à mamadeira com leite adoçado. 

Com o passar do tempo vamos mudando isso e escolhendo vinhos menos encorpados, menos tânicos, mais macios e "tranquilos". Dá para descrever como uma parábola: quem está começando está na parte ascendente da curva, quem é mais experiente está caminhando na curva descendente. Tudo isso me parece uma trajetória natural para o consumo de vinhos. 

Por já estar nessa curva descendente, preferindo vinhos mais francos, com a fruta mais fresca e sem grandes interferências, fico feliz quando ouço que há um certo movimento acontecendo na argentina no qual os enólogos estão buscando vinhos tintos mais leves, menos amadeirados, com menos extração de fruta. Em outras palavras, fugindo do "malbecão" a que nos acostumamos de tanto beber Catena e seus rótulos super concentrados.

O vinho de hoje é um desses vinhos fáceis e francos, sem (ou com pouca) passagem por madeira. Aroma muito fresco, com presença marcante de ameixas, cerejas e algo floral no fundo. Tem corpo médio e taninos macios, com acidez moderada. O frutado intenso em boca se repete no final de boca, longo e prazeroso.

Um vinho versátil para acompanhar diversos pratos, como pizzas diversas, carnes vermelhas ou mesmo para beber sem compromissos com uma boa tábua de pães, queijos e embutidos. 

Pronto para beber agora ou guardar por, no máximo, um ano para aproveitar todo esse frescor. 


Detalhes da compra:

O vinho é importado pela Enoteca Decanter e vendido em seu site por R$ 98. Aqui em Minas Gerais paguei R$ 109 em razão dos tributos. 

Saúde a todos!



30 janeiro 2024

Franqueza na taça :: Larentis Flos Reserva 2023


País: Brasil
Região: Vale dos Vinhedos
Produtor: Larentis
Uvas: Chardonnay e Viognier
Maturação: apenas em tanques de inox
Álcool: 13,8%

No fim de janeiro estivemos na Larentis para uma visita depois de alguns anos e, como em muitos empreendimentos na região, o lugar está mudado, e para muito melhor. André, o jovem enólogo da família, e sua mãe, nos receberam com a atenção de sempre e ficamos muito felizes com as novidades da vinícola, que agora conta com uma área muito boa para receber os turistas e também eventos. Muito bom ver esse crescimento de quem trabalha com amor e honestidade! 

Degustamos três brancos e dois tintos. O primeiro foi esse corte muito interessante de Chardonnay (65%) e Viognier (35%), sem passagem por madeira, mas muito interessante porque as boas características das variedades podem ser experimentadas com muita clareza. 

Na taça um amarelo palha, bem límpido e brilhante. Aromas de frutos brancos, notas florais, dando a ideia de refrescância e da riqueza de sensações bem claras das variedades, já que não tem madeira. 

Na boca é elegante, muito equilibrado, certa untuosidade e uma acidez bem presente, deixando o vinho pronto para algum prato mais leve, como peixe assado, uma massa com camarões. Fiquei pensando em um carbonara, que mesmo com o peso característica poderia ir bem, já que o vinho limparia a boca a cada gole. Final de boa persistência, super agradável.   

Sobre a visita e as novidades da vinícola: https://x.gd/zFw48.


Detalhes da compra:

O vinho é vendido na loja virtual da vinícola por R$ 79, mas aqui em Minas Gerais deve chegar à casa dos R$ 90 em razão dos tributos. Mesmo assim vale a pena. 

Saúde a todos!




26 maio 2019

Festivo, mas elegante :: Clearwater Cove Sauvignon Blanc 2017


País: Nova Zelândia
Região: Marlborough
Produtor: Clearwater Cove
Uvas: 100% Sauvignon Blanc
Maturação: sem estágio por madeira. 
Álcool: 12,5%

Esse é o segundo vinho do produtor que comento por aqui. O primeiro foi um excelente Pinot Noir (relembre), outra uva que se dá muito bem na Nova Zelândia, ao lado da Sauvignon Blanc. Talvez sejam elas que melhor simbolizam os vinhos daquele país. 

O meu estilo preferido de Sauvignon Blanc é aquele com mais notas frutadas do que vegetais, porque não ficam enjoativos, de modo que posso afirmar que prefiro eles mais elegantes do que intensos. E esse entregou exatamente isso. 

Escrevi assim a respeito dele na minha conta do Vivino

"Aqueles aromas intensos mais para o lado vegetal, folha de tomate, grama... mas uma presença frutada interessante, tropical, maracujá especialmente. Isso deixa o vinho mais interessante, mais complexo. Em boca essas sensações se repetem. Acidez média-alta. Final persistente".

Creio ser um belo exemplar para você experimentar, até porque o preço não é tão salgado como costumam ser os vinhos neozelandeses. Será uma excelente companhia para a culinária asiática, mesmo as mais condimentadas, mas também será ótimo com peixes fritos ou assados, camarões grelhados ou uma manhã de domingo à beira da piscina.  


Detalhes da compra:

Esse vinho é importado pela Domno do Brasil e vendido em sua loja virtual por R$ 99. Paguei um pouco menos aqui em Uberlândia. 

Saúde a todos!



28 outubro 2018

Tem meu respeito :: Alto de La Ballena Tannat Merlot Cabernet Franc 2013


País: Uruguai
Região: Maldonado
Uvas: 50% Tannat, 35% Merlot e 15% Cabernet Franc
Maturação: apenas a Tannat envelheceu 9 meses em barricas de carvalho americano de 2° e 3° uso
Álcool: 13,9%


Essa vinícola está entre minhas preferidas no Uruguai. Não me lembro de ter provado algum vinho deles que não me agradasse bastante. 

Esse é um corte que provavelmente é feito com objetivo de dar mais elegância à Tannat e tirar dela um pouco de potência, embora já não se encontre mais aqueles vinhos dessa uva extremamente tânicos como em outros tempos. 

Na taça uma bonita coloração rubi. Com cinco anos de idade parece ter perdido levemente a intensidade de cores. Aromas de frutos maduros e um toque achocolatado. Na boca é muito macio, com taninos dóceis e boa acidez. Frutas maduras, tabaco e alguma especiaria. Notas lácteas dão uma sensação de maciez muito interessante. 

Final mediano. Agradável demais, fácil de beber. Creio já estar na linha descendente de sua evolução, mas ainda não apareceram as notas terciárias. Bom corte dessas três tintas! 

Fará boa companhia para queijos curados, massas com molho de tomate e, claro, carnes vermelhas. 


Detalhes da compra:

O vinho é importado pela Winebrands, que o vende em sua loja virtual por R$97. 

Saúde a todos!



07 julho 2018

Frescor e elegância :: Braccobosca Ombú Sauvignon Blanc 2016


País: Uruguai
Região: Atlantida
Produtor: Braccobosca
Uvas: Sauvignon Blanc
Maturação: sem passagem por madeira
Álcool: 13%

Consigo me lembrar a primeira vez que provei um Sauvignon Blanc uruguaio: foi em um restaurante em Ilhabela e a lembrança que guardo é a de um vinho mais elegante, menos intenso nos aromas e sabores que os vizinhos chilenos, por exemplo. Lembro de ter gostado do equilíbrio. 

Ao provar esse vinho de hoje voltei alguns anos no tempo. 

Na taça tem coloração amarelo palha, com reflexos esverdeados. Nos aromas é fresco, com notas florais e minerais. Cheguei a anotar no Vivino: "um branco menos vegetal que os chilenos, tão mineral quanto alguns argentinos".

Em boca muito equilíbrio, encontrando frutos brancos, notas cítricas e nuances minerais. Boa acidez. Vinho puxando para a maciez, sem deixar de lado o frescor. Final de boa persistência, com algo vegetal e lembrança mineral no palato. 

Gostei mais desse que dos tintos provados da mesma linha. 


Detalhes da compra:

O vinho é importado pela Domno do Brasil, que o vende em sua loja virtual por R$ 96.

Saúde a todos!






24 setembro 2017

Bela experiência com um tinto brasileiro de 11 anos :: Marco Luigi Grande Reserva Cabernet Sauvignon 2006


País: Brasil
Região: Vale dos Vinhedos (Serra Gaúcha)
Produtor: Marco Luigi
Uvas: 100% Cabernet Sauvignon
Maturação: 20 meses de maturação em barricas de carvalho
Álcool: 13,5%

Na mesma noite de pizzas na casa do Marcel e da Carol esse tinto brasileiro "apareceu" na adega deles. Na verdade, ninguém sabe quem levou, nem quando... mas, como a adega me foi liberada não tive dúvida em abri-lo, movido pela grande curiosidade de provas vinhos com tanta idade. 

O vinho surpreendeu, porque mesmo com 11 anos de idade não apresentou demasiados sinais do tempo, como depósitos no fundo da garrafa, aquela fruta "passada do ponto" e um certo "peso" que pode deixar o vinho mais difícil de agradar. Ao contrário, esteve vivo e prazeroso durante todo tempo em que foi degustado, porque a primeira taça e a última foram minhas, justamente para observar essas características. 

Na taça uma cor viva, rubi, com bordas discretamente alaranjadas, fruto da ação do tempo. Sem turbidez. Lágrimas grossas nas paredes da taça. 

Aromas fechados de início, aparecendo notas terciárias. Com um tempo respirando na taça, apareceram notas de fruta em compota, leve tabaco e ervas secas.  

Em boca está macio, com taninos ainda presentes, bem finos. Acidez marcante. As notas de evolução, formaram bom conjunto com frutos compotados, feno, tostado e ervas secas. Madeira elegante, bem integrada. Final médio-longo, repetindo tudo. Vinho bem vivo e prazeroso, repito. 

A produção desse grande reserva foi limitada a 5.000 garrafas e abrimos a de número 2.900.


Detalhes da compra

Esse é um vinho que não é mais comercializado, mas considerando os preços das demais linhas acredito que custaria atualmente algo entre 80-100 reais. 

Saúde a todos!



23 julho 2017

Tipicidade sul-africana :: De Grendel Shiraz e Petit Verdot 2014


País: África do Sul
Região: Tygerberg (Coastal Region)
Produtor: De Grendel Wines
Uvas: Shiraz (86%) e Petit Verdot (14%)  
Maturação: breve passagem por barricas de carvalho
Álcool: 14%

Vinhos da África do Sul aparecem por qui menos do que eu gostaria e até acredito que isso ocorra com a maioria dos apreciadores de vinhos - exceto os que residem em grandes centros - porque a oferta de rótulos daquele belo país não é tão abundante. 

Esse aqui é um belo assemblage de duas uvas que aprecio bastante e juntas formaram um ótimo conjunto. Com predominância da Shiraz, que compõe grande parte do corte, é um vinho suculento, moderno e muito fácil de beber. 

A coloração, dá para ver isso na foto, é rubi com grande transparência, parecendo um Pinot Noir. Os aromas são uma boa mescla de frutos vermelhos, especiarias, baunilha (em razão da madeira) e algo floral em alguns momentos. 

Na boca é suculento, fresco, moderno, sem madeira em excesso. Confirma um estilo muito particular dos vinhos sul-africanos, como se percebe em grande parte dos Pinotage que experimento. Frutado lembrando ameixa, mirtilo e algo defumado formam um conjunto interessante, com taninos macios e boa acidez. 

Final de boa persistência, marcado por fruta, madeira e chocolate discreto. Muito fácil de beber e agradar. Pode ser ótimo como aperitivo, mas acompanhará bem um risoto de cogumelos. 


Detalhes da compra:

O importador é a Domno e pode ser comprado aqui em Uberlândia por R$ 88.     



09 março 2017

Mais um branco espanhol que vale a pena provar :: Honoro Vera Blanco Verdejo 2015


De uns tempos para cá os vinhos brancos tem feito mais sucesso em casa do que os tintos. E dentre as uvas brancas a Verdejo tem sido muito frequente em nossas taças, como já disse aqui há um tempo atrás. 

O vinho de hoje é elaborado pela Bodegas Juan Gil, fundada em 1916 e atualmente é administrada pelos bisnetos de seu fundador, Juan Gil Giménez. Possui 120 hectares de terras, ocupados principalmente com a uva Monastrell, originária da região. Já comentei um ótimo Moscatel seco deles aqui no blog (relembre).

As uvas desse vinho vêm da região de Rueda, localizada a noroeste do país, na comunidade de Castilla y León. Seu status de Denominación de Origen (DO) foi adquirida em 1980.

É um 100% Verdejo, sem passagem por madeira, apenas um período de afinamento em aço inoxidável. Tem 13% de álcool.

Na taça uma coloração amarelo palha. No nariz aromas de flores brancas e frutas frescas, mas alguma tropicalidade em segundo plano. Na boca é leve, muito fresco e de bom equilíbrio. Levíssimas notas adocicadas deixando o vinho mais maduro, com maior destaque para frutos brancos, como melão. Vinho com ótimo equilíbrio, de boa acidez e final persistente.

Vinho ideal para quem gosta desse estilo privilegiando o frescor e a fruta fresca, sem interferência da madeira ou o peso do álcool. Ideal para uma infinidade de pratos à base de frutos do mar, paella, risotos e saladas.


Detalhes da compra:

Esse vinho é importado pela Mercovino e consigo comprá-lo aqui em Uberlândia por R$ 95.

Saúde a todos!




11 dezembro 2016

Ótima experiência com esse tinto argentino de seis anos de idade: R Goulart Reserva Malbec / Cabernet 2008


Aos seis anos de idade esse vinho está em plena forma e poderia ser guardado por mais 1-2 anos sem maiores problemas, pois ainda é vibrante e com características de um vinho mais jovem. As notas de evolução ainda não marcam presença, tanto na cor quanto aromas e sabores. 

Na taça tem coloração rubi, com boa transparência. Os aromas são intensos e desde o início demonstram um grande equilíbrio entre as frutas vermelhas com a madeira (francesa e americana). Aparecem também notas condimentadas lembrando pimenta, além de chocolate. 

Em boca é concentrado, os taninos já estão amaciados, com levíssima sensação rascante. Acidez mediana. Muita fruta vermelha e negra, chocolate, tostado e baunilha. Volumoso, equilibrado e elegante. Final persistente e muito prazeroso.

Ideal para acompanhar carnes vermelhas assadas, de preferência um belo corte argentino! 

É elaborado pela Bodega Goulart, que pertence a Erika Gourlart, uma paulistana descendente do Marechal Gastão Goulart, figura importante da Revolução Constitucionalista de 1932, no Brasil. O vinhedo foi adquirido pelo Marechal em 1915, na região de Lunlunta, em Lujan de Cuyo, e ampliados para mais 28 hectares quando esteva exilado na Argentina, na época, plantados com cabernet sauvignon e malbec. Erika assumiu a propriedade em 1995 e iniciou a recuperação de toda a estrutura, elaborando seu primeiro vinho em 2002. Atualmente possui 55 hectares de vinhedos próprios.

Esse vinho tem 14,3% e álcool, que não se mostrou alcoólico em nenhum momento, apenas deu potência ao vinho. Segundo o contra-rótulo descansou 8 meses em tonéis franceses e americanos.  


Detalhes da compra:

O vinho é importado pela Wine, que vende a safra atual a R$95 ou $81 para os associados de seus clubes.

Saúde a todos!



27 novembro 2016

Mais um belo tinto espanhol de Jumilla, mas dessa vez orgânico: Honoro Vera Monastrell NOP 2015


Minha experiência com vinhos orgânicos não é vasta e coleciono algumas decepções. Então, sou daqueles que avaliam esse tipo de vinho sem levar em consideração essa origem orgânica ou ecológica, porque não tenho parâmetros para avaliar. Aliás, confesso algumas decepções com vinhos que pareciam "cozidos"... pode ser pura ignorância minha, mas não gostei dessas experiências!  

Esse aqui deixou boas impressões. É um 100% Monastrell, da região espanhola de Jumilla, elaborada por uma respeitável bodega, a Juan Gil, fundada em 1916 e atualmente administrada pelos bisnetos de seu fundador, Juan Gil Giménez. Possui 120 hectares de terras, ocupados principalmente com a uva Monastrell, originária da região.

Segundo o site da vinícola, o vinho é elaborado com uvas de vinhedos ecológicos, respeitando normas da União Europeia e dos Estados Unidos. Não há irrigação e a região é pobre em chuvas, não ultrapassando 300 mm de chuvas anuais, sem necessidade de adição de produtos fitosanitários. 

A sigla NOP no rótulo do vinho indica que está adequado às normas certificadoras dos Estados Unidos.  

Na taça a coloração é rubi. Aromas doces, destaques para frutos vermelhos, flores, geleia e discretas notas vegetais. Em boca tem taninos macios e acidez média. Tem corpo médio, mas os 15% de teor alcoólico lhe dão potência e não há desequilíbrio mesmo com todo esse álcool. Tem-se a sensação de ser levemente adocicado, mas não é demi-sèc. Agradável a diversos paladares.

Final de boa persistência. Vinho de personalidade, sem passagem por madeira, apenas um tempo de afinamento em tanques de aço inoxidável. Para ser bebido jovem, em no máximo 2 anos para que todas as características sejam aproveitadas ao máximo.  

A vinícola indica para harmonização: massas, pescados brancos e auis, queijos de cabra, embutidos sem muitos condimentos, carnes brancas e vermelhas assadas. 


Detalhes da compra:

O vinho é importado pela Mercovino e vendido a preços que variam entre R$82 e $91. 

Saúde a todos! 




14 agosto 2016

No estilo típico da Malbec argentina: Clos de Chacras "Cavas de Crianza" Malbec 2014


Esse vinho é elaborado pela Clos de Chacras, vinícola de Mendoza que teve sua primeira safra em 2004, embora o prédio em que está instalada tenha sido construído em 1921 e pertencido a um complexo chamado Bodegas y Viñedos Garantini, nome de uma família suíça que chegou à região no fim do século XIX.

A bodega foi uma das maiores empresas vinícolas de sua época, mas o prédio ficou abandonada até 1987 quando os descendentes do pioneiro Bautista Gargantini recuperaram o patrimônio. Com a reforma e acréscimo de moderna tecnologia o lugar ficou pronto para elaboração de vinhos finos. 

Esse vinho pertence à linha "Cavas de Crianza" e passa 6 meses por barricas de carvalho francês de terceiro uso. 

Na taça tem coloração púrpura, demonstrando juventude. Lágrimas grossas se formam na parede da taça. Nos aromas é um Malbec típico com sua fruta abundante, principalmente ameixa e cereja, leve floral, além das notas amadeiradas, baunilha e chocolate. Em boca tem boa estrutura, com muita fruta madura bem integrada à madeira, sem que essa seja mais importante no conjunto. Vinho macio, com taninos redondos e média acidez. Potência dada pelo álcool (14% de teor). 

Final de boa persistência, com destaque para a fruta madura, chocolate, um dedinho de álcool aparecendo para dar "calor" e uma mineralidade discreta no palato. 

Vinho de perfil mais adocicado, já no aroma e repetindo esse perfil em boca. Madeira presente e álcool dando potência, um conjunto ideal para quem gosta do estilo. Para os paladares iniciantes, que estão migrando para os vinhos finos, tem uma intensidade que certamente agradará. 

Opinião pessoal: o vinho me parece potente para servir apenas como aperitivo, indicando que ficará melhor acompanhando um churrasco ou queijos maduros, ou seja, pratos mais potentes. Embora não seja meu estilo preferido de vinhos, tenho que reconhecer seus predicados. 


Detalhes da compra

O vinho é importado pela Mercovino e a garrafa custa na faixa dos R$ 92-97. 

Saúde a todos! 


19 junho 2016

Um clássico nunca sai de moda :: Taylor's Select Reserve Port


É incrível como perdemos oportunidade de bebermos vinhos de sobremesa, principalmente os tradicionalíssimos vinhos do Porto. Parece que ainda não damos tanta importância à harmonização entre a sobremesa e o vinho, o que para os portugueses deve parecer um sinal de ignorância nossa e de certa forma incompreensível, já que o brasileiro tem um paladar tão adocicado pelo costume com frutas e doces.

Mas, esse débito que o blog tem com os vinhos de sobremesa hoje diminui um pouco e diria que de forma muito elegante! Isso porque no último dia 23 de maio o pessoal do Winebar realizou mais uma degustação virtual e recebi uma garrafa para participar e comentar aqui as minhas impressões. 

Dessa vez o evento aconteceu com os vinhos da Taylor's, casa mais que tradicional em Portugal, fundada em 1692, e sinônimo de qualidade quando se trata de Vinho do Porto. Quem participou como entrevistado foi o Fernando Seixas, diretor da vinícola, que bateu um papo descontraído com o Daniel Perches.  

* Para assistir ao programa pelo Youtube: https://goo.gl/ckdOyc

O vinho que me foi enviado para a degustação foi o Select Reserva, elaborado a partir de um lote de vinhos jovens produzidos nas áreas do Baixo Corgo e do Cima Corgo, na região demarcada do Douro. Segundo a vinícola, para a composição desse lote foram escolhidos vinhos "pela sua profundidade de cor, frutado intenso e paladar cheio e firme", estagiando cerca de três anos em tonéis de carvalho, mantendo seu frescor, frutado e cor. Tem 20% de teor alcoólico.

Não é um vinho para ser guardado por longo tempo, já que está pronto para o consumo logo após o seu engarrafamento. Ideal para acompanhar queijos mais estruturados e ricos, frutas secas e sobremesas feitas à base de chocolate.


Aqui em casa harmonizamos com uma torta da Doces Bárbaros, um lugar bem bacana para comprar doces aqui em Uberlândia. 

Na taça o vinho tem coloração vermelho rubi, com bordas alaranjadas (granada). Os aromas são elegantes e clássicos, lembrando frutos silvestres e uma pontinha de álcool aparecendo. Talvez seja a temperatura, porque não sirvo esses vinhos gelados, como vejo por aí em muitos restaurantes. O ideal é na casa dos 15º C. Em boca é untuoso e não tem um adocicado exagerado, pois a fruta abundante e a boa complexidade estão em harmonia com o dulçor. Final persistente, repetindo o frutado intenso.

Vinho para ser bebido já, porque tem um perfil mais frutado, menos complexos que outros estilos de vinhos do Porto. Não guarde!  


Detalhes da compra:

O vinho é importado pela Qualimpor e pode ser encontrado em lojas virtuais com preços variando entre R$89 e R$96. 

Saúde a todos!



02 junho 2016

Corte espanhol bem interessante: Abadal Pla de Bages D.O. 2013 #CBE


O tema desse mês para nossa Confraria Brasileira de Enoblogs - CBE foi escolhido pelo amigo Deco Rossi, do consistente blog Enodeco. Amante que é da cabernet franc, escolheu que o vinho do mês deveria ser um corte em que essa uva prevaleça, o que não foi uma tarefa fácil. 

A maioria dos vinhos disponíveis no mercado brasileiro têm a cabernet franc como coadjuvante, normalmente da cabernet sauvignon ou da merlot. Mas, ao encontrar esse espanhol em que a cabernet franc predomina sobre a tempranillo, uva símbolo do país, não tive dúvida de que seria uma experiência interessante. Até porque vem de uma região que eu ainda não tinha provado: Pla de Bages, uma Denominación de Origen bem pequena, que possui atualmente 14 vinícolas, representada por sua uva autóctone (nativa) chamada Picapoll, da qual se obtém um vinho branco frutado, de aroma fresco, de boa textura e personalidade.

Esse vinho é elaborado pela Bodega Abadal, fundada em 1983. É um corte de 60% cabernet franc e 40% tempranillo, que passa 4 meses em barricas de carvalho francês e americano, de diversas idades. Tem 13,5% de álcool. 

Na taça a coloração é rubi, brilhante e com boa transparência. Aromas não muito intensos, mas de boa qualidade: frutos vermelhos delicados, framboesa, cerejas e lembrança de especiarias. Tem corpo médio, com taninos finos e boa acidez. Fruta muito intensa, mas com delicadeza, provavelmente por conta da tempranillo

Bem equilibrado. Álcool sem aparecer. A cabernet franc parece ter contribuído para certa potência, embora prevaleça a elegância e delicadeza no vinho. Final persistente, repetindo fruta e boca seca pelos taninos. 

Vinho que parece estar com um pé no Velho e outro no Novo Mundo do Vinho. Experiência interessante considerando o corte e a região. Obrigado, amigo Deco!

* Para saber mais sobre a uva Picapoll: https://goo.gl/7FEfsT


Detalhes da compra:

O vinho é importado pela Decanter, que o vende em sua loja virtual por R$91.

* Esse é o 117º vinho que comento para a CBE, primeira e única confraria virtual do Brasil, desde fevereiro de 2007.  

Saúde a todos!



15 maio 2016

Moscatel seco e marcante: Juan Gil Moscatel DOP 2014


Dois detalhes me fizeram comprar esse vinho: a região e a uva. Jumilla é uma DOP (Denominación de Origen Protegida) criada em 1966 e pertence à comunidade autônoma de Murcia. Por lá predominam os tintos com a uva monastrell. Quanto à uva moscatel, normalmente a relacionamos com vinhos doces, mas esse é um branco seco e muito interessante. 

A Bodegas Juan Gil foi fundada em 1916 e atualmente é administrada pelos bisnetos de seu fundador, Juan Gil Giménez. Possui 120 hectares de terras, ocupados principalmente com a uva Monastrell, originária da região. 

Na taça a coloração é amarelo palha, com reflexos esverdeados.

Na taça tem aromas em ótima intensidade, frescos, lembrança forte de flores, frutos cítricos, frutos brancos e toques minerais. Ótima complexidade, mesmo sem passagem por madeira. Demonstra as características da variedade sem qualquer interferência.

Em boca a intensidade se repete. Tem pouco corpo, mas apresenta grande frescor, é maduro sem ser adocicado em demasia, repetição dos frutos brancos e flores, com final de boa persistência aparecendo notas minerais muito claras, lembrança de eucalipto e mel dependendo da temperatura. Boca salivando e pedindo mais um gole. .

Vinho muito interessante, que pode ser servido como aperitivo porque tem frescor para isso, mas sua complexidade aromática e em boca pedem que acompanhe comidas leves, como saladas e pratos à base de frutos do mar. É seco e de personalidade. Os 13,5% de álcool deixam a sensação de mais corpo e intensidade, mas não há desequilíbrio. Aliás, trata-se de um vinho muito intenso e harmonioso.

Uma grande experiência!


Detalhes da compra:

O vinho é importado pela Mercovino e aqui em Uberlândia é vendido na faixa dos R$90.

Saúde a todos!



24 abril 2016

Com a Tannat também se faz vinho de sobremesa: Alcyone Reserve 2007

Foto: Instagram @vinhoparatodos

Quando estivemos no Uruguai, em 2013, não visitamos tantas vinícolas quanto gostaríamos, mas uma de nossas visitas foi bem especial, pois fomos muito bem recebidos na Viñedo de Los Vientos, numa tarde gelada, pelos simpáticos proprietários da bodega.

Um dos vinhos que compramos foi esse de sobremesa, que ficou guardado na adega por todos esses anos, esperando uma boa ocasião para ser aberto. 

É um 100% Tannat que passou 12 meses por barricas de carvalho francês e tem 17% de teor alcoólico. 

Na taça tem coloração rubi, bem profundo. Bastante aromático e complexo, com notas de chocolate, tabaco, café, caramelo e frutos negros bem maduros. Na boca é macio, aveludado, untuoso. A sensação mais marcante é o alto dulçor, mas com boa acidez que deixa o vinho mais harmônico. Boa complexidade em boca, repetindo as sensações olfativas. Final longo, prazeroso, com álcool sem incomodar. 

Em razão do dulçor bem intenso do vinho, parece que as sobremesas menos doces serão mais indicadas nas harmonizações. Fiz alguns testes com chocolates e o que se saiu melhor foi o amargo, porque o contraste foi mais interessante. Um meio-amargo ou um chocolate ao leite deixam tudo bem doce e menos interessante. Também acredito que as tortas com frutos secos, castanhas e amêndoas cairão bem.  


Detalhes da compra:

Essa garrafa eu comprei na própria vinícola, mas a Wine importa o outro vinho de sobremesa da vinícola, pelo que posso concluir que esse aqui seria vendido no Brasil a um preço superior, talvez abaixo dos R$ 100. 

Saúde a todos!



10 abril 2016

Se acha que os malbec são todos iguais, precisa provar esse! Mar Malbec 2011


Há alguns anos a frase "malbec é tudo igual" parece ter incomodado muito os produtores argentinos, tanto que começaram a explorar outras uvas de forma mais intensa, como a cabernet franc e a petit verdot. Mas, o principal efeito dessa frase é o número cada vez maior de vinhos com a mesma uva, às vezes cultivadas em regiões muito próximas, que apresentam na taça um resultado bem distinto. 

Já tive oportunidade de falar sobre isso aqui em abril de 2013 quando a Wines of Argentina realizou ações junto aos blogues por ocasião do Dia Mundial do Malbec. Foi uma grande experiência. 

O vinho de hoje está aqui justamente por isso, por ser diferente (e muito) da maioria dos malbec que encontramos no mercado. 

É elaborado pela Bodega Océano, localizada no Vale de Viedma, na província de Rio Negro, na região da Patagônia argentina. Foi fundada em 1998 por dois irmãos com o objetivo de elaborar vinhos com a cara da região, que sofre muita influência do Oceano Atlântico. Seus produtos são considerados os “primeiros vinhos marítimos da Argentina. Foi eleita em 2013 como a vinícola revelação da Argentina pelo famoso Guia Descorchados e elabora apenas 30.000 garrafas por ano.

Esse é um malbec que não passa por madeira e tem 14% de álcool. Está com 5 anos de idade e apresenta uma excelente evolução, porque já está "domado" pelo tempo, ganhou complexidade e mantém boa estrutura. 

Na taça tem cor rubi, lacrimoso. Aromas remetendo a frutos negros e muita azeitona preta. Vinho de bom corpo, "gordo". Taninos dóceis e acidez mediana. Boa complexidade nos aromas e em boca. Final longo, com uma pontinha de álcool indicando ser melhor servi-lo a uma temperatura mais baixa. 

Vinho muito interessante, sem madeira. Como dito acima, um malbec diferente da grande maioria dos que experimentamos no cotidiano. Ótima experiência!


Detalhes da compra:

O vinho é importado pela La Charbonnade, de Canela (RS). Em outros estados que não são atingidos por uma das cargas tributárias mais altas do universo conhecido, o preço é melhor. Mas, aqui em Minas Gerais está na faixa dos R$80. 

Saúde a todos! 



27 março 2016

Direto da "montanha sagrada": Yarden Mount Hermon White 2013


Não é todo dia que bebemos vinhos de Israel. Na verdade, esse é apenas o segundo vinho que vem para o blog, mas assim como outros vinhos daquela região, como Marrocos, o resultado é sempre interessante. 

O produtor desse vinho branco é a Golan Heights Winery, que teve suas primeiras vinhas plantadas em 1976, mas somente em 1983 instituiu-se como vinícola, lançando no ano seguinte o Yarden Sauvigonon Blanc que recebeu críticas muito positivas no país e no exterior. Atualmente a bodega conta com 28 vinhedos espalhados por cerca de 600 hectares, uma extensão bastante considerável.  

Esse vinho pertence à linha Mount Hermon, uma das cinco que a vinícola comercializa. Seu nome é uma homenagem ao Monte Hérmon, que significa "montanha sagrada" em árabe, mas também pode ser traduzida como "montanha nevada", uma alusão ao contraste entre o deserto que a cerca e o pico sempre coberto por neve. Ao longo da história a montanha foi palco de inúmeras batalhas e menções na literatura, inclusive na Bíblia.

Segundo o produtor a Galileia é a região vinícola mais setentrional (norte) de Israel, sendo que Golan Heights é a região mais fria e que resulta vinhos da mais alta qualidade do país, com vinhedos localizados a 1.200 metros de altitude, beneficiando-se do degelo das montanhas. 

O vinho é um corte com predominância de Sauvignon Blanc e Viognier, mas uma pitada de Chardonnay e Semillon, sem passagem por barricas de carvalho, apenas um período em tanques de inox para ganhar equilíbrio. Tem 13,5% de álcool.

Na taça tem coloração amarelo palha. Aroma em  boa intensidade, notas minerais, frutos brancos como melão e algo tropical, como tangerina e goiaba branca. Discretas notas adocicadas lembrando mel. Na boca é intenso, tem uma pontinha de álcool que lhe dá potência, mas tem uma acidez refrescante. A sensação de boa fruta se repete, mas o destaque é para a boa mineralidade. 

Final de média persistência, muito agradável, marcado por uma complexidade bem interessante, mesclando os frutos tropicais, notas cítricas e mineralidade. 

Tem uma vocação gastronômica indiscutível, podendo ser um bom par para saladas, peixes assados e, claro, sushi e sashimi serão ótimas opções também.


Detalhes da compra:

Comprei esse vinho na simpática Wine Soul Store, em São Paulo. Um espaço pequeno, mas com muito charme, que foi visitado pelo amigo Beto Duarte, que gravou um vídeo com a sommelière Eliana Araújo, mas quem nos atendeu no dia da compra foi sua sócia, Ana de Andrade (assista aqui). 

Saúde a todos!



01 março 2016

Para você que procura uma boa companhia para o churrasco: Garzón Tannat 2013 #CBE


O desafio de provar um vinho mensalmente para nossa Confraria Brasileira de Enoblogs, primeira e única virtual do país, é um dos momentos mais especiais para mim, porque a comunhão entre as dezenas de blogs participantes é algo muito gratificante. Por isso, antes de mais nada, ergo um brinde à CBE, desejando que ela seja duradoura e continue ajudando aos leitores na escolha de seus vinhos. 

O tema desse mês de março veio do Recife, com a escolha feita pelo casal Maykel e Anna, do blog Vinho por 2: "Tannat uruguaio, em qualquer faixa de preços". Devo confessar que é um prazer procurar por vinhos uruguaios para o blog, porque aquele país é encantador e seus vinhos me agradam bastante. 

Esse Tannat é elaborado pela Bodega Garzón, cujo projeto capitaneado pelo casal Betina e Alejandro Bulgheroni teve início em 1999 que consideraram o lugar a sua "pequena Toscana no Uruguai". A construção da bodega de 19 mil metros quadrados levou em conta princípios ecologicamente corretos, como a menor utilização de energia elétrica, captação natural da água da chuva, restauração da biodiversidade etc, possuindo certificações internacionais nesse sentido. 

O vinho pertence à linha de Varietais da vinícola, que também tem vinhos Reserva. É um 100% Tannat, com passagem de 9 meses por barricas de carvalho francês. Tem 14,5% de álcool. 

Na taça tem coloração rubi, lacrimoso. Na taça aromas em boa intensidade, lembrando o carvalho, chocolate, café e muita fruta madura, como ameixa. Depois de um tempo aberto a complexidade aumentou, com o surgimento de notas de especiarias e geleia. 

Na boca tem corpo médio, taninos já macios, boa acidez e muita fruta madura se repetindo. Está entre os Tannat mais "parrudos" do Uruguai e aqueles com  notas doces que acabam sendo enjoativos. Esse é um meio-seco, segundo a legislação brasileira (informação do contra-rótulo), mas ao acompanhar carnes vermelhas assadas se mostrou um bom par. 

Final persistente, repetindo as sensações em boca, muita fruta e presença amadeirada, mas em bom equilíbrio. 

Enfim, um vinho muito fácil de beber, macio, sem desequilíbrios e mesmo sendo um demi-sèc (tem em torno de 3,5 gramas de açúcar por litro) passa longe de ser enjoativo e está pronto para beber agora.  


Detalhes da compra:

O vinho é importado pela World Wine, que o vende em sua loja virtual por R$ 89. 

* Esse é o 114º vinho que comento para a Confraria Brasileira de Enoblogs, primeira e única!

Saúde a todos!



07 fevereiro 2016

Um clássico argentino, pelas mãos de um francês: Clos de Los Siete 2012


Nas férias podemos mais do que o normal. Em plena terça-feira está autorizado abrir um vinho tinto mais potente, boa passagem por madeira, com boa fama e boas expectativas. Na adega, um argentino elaborado para ser um ícone do país, com interferência direta do francês Michel Rolland. Pronto! Era o que precisávamos.

A elaboração fica por conta da Bodega Clos de Los Siete, empreendimento que reúne quatro bodegas dirigidas por famílias procedentes de Bordeaux, com 850 hectares de vinhedos aos pés da Cordilheira dos Andes, no Vale do Uco, em Mendoza.

O vinho é um blend de seis variedades: 57% Malbec, 18% de Merlot, 14% Cabernet Sauvignon, 9% Syrah e 2% Pedit Verdot. Finalizado o corte o vinho passa 11 meses por barricas de carvalho francês, divididas igualmente entre barricas novas, com um ano de uso e com dois anos de uso. Quando isso acontece é interessante, porque o enólogo deseja que a interferência do carvalho não seja tão intensa e aporte elegância ao vinho.

Na taça é rubi, brilhante, denso, com lágrimas grossas na taça.

Bons aromas, frutos negros maduros, ameixa, amora, lembrança pela passagem por madeira, sem se sobrepor à fruta, notas mentoladas e especiadas em segundo plano. Um pouco de álcool no nariz no início da degustação (14,5%).

Em boca, é encorpado. Taninos ainda vivos, mas o vinho é muito macio e amigável. Acidez mediana. Fruta abundante, frutos negros, especiarias, tostado da madeira. Embora tenha muita fruta, não é enjoativo como alguns vinhos com esse perfil.

Final longo, com notas frutadas e amadeiras (baunilha, tostado e cedro) em boa composição. É potente, por isso é indicado para acompanhar comida, pois como aperitivo tem potência de sobra. A importadora indica assado de tiras, carré de cordeiro, risoto de funghi, medalhão de filé-mignon e picanha invertida.

Vinho com estilo de Novo Mundo, frutado e potente, com boa passagem por madeira, mas com um conjunto muito interessante, capaz de evoluir com mais alguns anos de guarda, talvez mais 2-3 anos, sem perder qualidades.  

* Devo confessar que ao ler o nome de Michel Rolland como consultor de qualquer vinho que abro sempre aparece um ponto de interrogação em minha cabeça, porque há muitas referências ao enólogo-consultor-global como um dos responsáveis pela "padronização" dos vinhos de Bordeaux e de outras plagas. 

Nada que a verdade do vinho na taça não apague (ou confirme). Foi o que aconteceu com esse vinho. Esperava menos e encontrei mais. 


Detalhes da compra:

O vinho é importado pela Wine e atualmente é vendido em seu site por R$ 98, mas para os associados de seus clubes o vinho sai por R$ 83. 

Saúde a todos!



04 fevereiro 2016

Boa opção de Borgonha por R$ 90 (ou menos): Ropiteau Frères Mâcon-Villages AOC 2013 #CBE


Não é fácil apostar em vinhos da Borgonha abaixo dos R$ 100. Mas, os riscos me parecem menores entre os brancos, porque os Pinot Noir nessa faixa de preços costumam ser muito simples ou decepcionantes. 

Esse vinho deveria ter sido comentado aqui em abril do ano passado, quando o amigo Silvestre Tavares (do excelente Vivendo a Vida) escolheu o tema do mês para nossa Confraria Brasileira de Enoblogs - CBE: "Branco da Borgonha até 150 reais". 

Então, antes tarde do que nunca!

No dia 14 de janeiro abrimos em casa esse 100% Chardonnay, elaborado pela Ropiteau Frères, fundada em 1848, que tem vinhos de 12 denominações dentro da complexa Borgonha, atendendo a todos os gostos e bolsos. Esse vem da AOC Mâcon-Villages, destinada apenas aos vinhos brancos elaborados exclusivamente com a Chardonnay, cujas regras foram estabelecidas em 1937.

Segundo o importador o vinho tem amadurecimento parte em tanques de inox, parte em barricas de carvalho. Tem 12,5% de álcool.

Na taça coloração palha. Bons aromas, Notas cítricas mais evidentes, mas também frutos tropicais e leve mineralidade. Em boca tem bom corpo e untuosidade. Elegante, tem interferência da madeira, mas sem excessos. Mineral e boa fruta cítrica e tropical dão boa complexidade.

Final persistente. Fruta se sobrepondo à madeira. Palato com toques minerais e leve álcool aparecendo, apesar do baixo teor. Talvez o único senão para esse vinho.

Boa compra para experimentar um Borgonha de região "menos genérica". Para harmonizar imagino queijos leves, ceviche, peixes grelhados, saladas de folhas ou entradinhas descontraídas.


Detalhes da compra:

Por essa garrafa paguei R$76 no site da Wine, por ser associado a um clube deles, mas seu preço normal de venda é R$90. Eles também são os importadores desse produtor para o Brasil.

* Esse é o 113º vinho que comento para a primeira e única confraria virtual do país, nossa gloriosa CBE. 

Saúde a todos!