... regressei hoje após o almoço da casa, a pé, pelo Campo Alegre, decidido a prosseguir os meus estudos de Lacan. Tentei-me a entrar no jardim botânico aqui ao lado. Pensei, já agora posso tentar ficar aqui a ler. Procurei um espaço junto de um pequeno lago, e entretanto ia tirando fotografias. Ao querer fotografar a camada superficial verde de pequenas plantas que atapetavam as águas mortas (e com um odor pouco agradável) daquele laguito, quando dei por mim, estava lá dentro. Escorreguei, porque as pedras estavam muito perigosas e a sola das botas tinha argila...e pareceu uma imensidade a minha queda desamparada. Felizmente a água ali deve dar-me abaixo da cintura, o muro interior não me danificou a perna direita (apenas está inchada e com dores). Mas tive de recuperar a minha máquina Leika debaixo de água (está sem resposta, vamos ver o que dizem os técnicos) e o mesmo com o telemóvel (vamos também ver se recupero os números do chip - entretanto estou incontactável). Felizmente o precioso dicionário do Lacan não se molhou e os meus documentos secaram, porque o saco deve ter saltado na queda e não se afundou na água porca, de que ainda enguli, por certo, umas gotas... brrrrrrr.
Lá voltei para casa a escorrer como se saído de um filme cómico, e a cena, se a máquina fotográfica e os números de telefone se salvarem, e se eu não apanhar alguma doença com o que ali ingeri, até teve piada. Os traumas são importantes na vida. As perdas também. O importante é amanhã a primeira aula do novo curso...