Antigamente, muito antigamente, quando via uma pessoa com necessidades físicas ou mentais logo me vinha um sentimento de pena, horrível, eu sei, mas era inevitável. Como pode uma criança ser feliz sem enxergar, sem correr, sem falar e etc.? Como pode um pai sentir-se feliz sem desfrutar de nenhum ou quase nenhum progresso de seu filho? E a preocupação que deve acompanhar esse pai que tem um filho tão dependente, eu pensava? Será que alguns pais “escondem” seus filhos com necessidades especiais por medo, vergonha ou proteção?
O tempo foi passando e as coisas foram mudando... Na escola de meus filhos, existem classes para crianças com necessidades especiais, físicas e mentais, vivendo harmoniosamente com as crianças “normais”, com classes especiais de acordo com suas necessidades, mas com atividades de socialização juntas. Graças à isso e a afinidade de meus pimpolhos com um ou outro amigo especial, fui me tornando amiga dos pais dessas crianças como acontece com os pais das outras. É uma festinha de aniversário aqui (sim eles também fazem aniversário, sabia?), é um passeio no shopping ali (sim eles também vão ao shopping), é um encontro extra na casa de um amigo (sim eles também têm e convivem com amiguinhos), é um encontro sem querer num parque ou na praia (sim, e sim eles têm uma vida igual à nossa!) e fomos convivendo cada vez mais de perto com essa realidade.
Com essa convivência mais de perto, pude perceber que as crianças “normais” não enxergam as “deficiências” como necessidades especiais, mas apenas como necessidades como tantas outras que eles também têm. Eles se divertem juntos, constroem formas de se comunicar de acordo com a capacidade de cada um e tudo dá certo. A cadeira de rodas não é um bicho com sete cabeças, a audição (pra nós tão necessária) ou a falta dela, não os separa. E a visão que pra nós é indispensável, pra eles é só mais um detalhe, pois enxergam com o coração. E a pouca ou muita deficiência mental é absorvida sem traumas, sem que ninguém se incomode.
Diante de tudo isso, percebi o quanto especiais são os pais dessas crianças, que ao invés de sentir pena de seus filhos, resolveram torná-los independentes, como fazemos nós, simples e amorosas mães e pais de “crianças normais”. E tudo com muito amor, dedicação e paciência como nós.
É galera, que bom que a gente muda, aprende e melhora! E vou te falar que os pequenos têm muito a nos ensinar com sua ingenuidade, simplicidade e pureza. Eles têm os olhos bem abertos ao novo e, principalmente o coração!
VIVA AS DIFERENÇAS!!
Beijocas,
Cristina João
Fotos: bebe e mae, mennino, menina e maos