O meu artigo de hoje no jornal “i”: Em Portugal é difícil desmontar um argumento fraudulento utilizado por qualquer figura de autoridade.
quarta-feira, 26 de dezembro de 2012
quinta-feira, 20 de dezembro de 2012
“A Idade da Dívida”
O meu artigo desta semana no jornal “i”: Estamos a viver uma "Idade da Dívida", que marca a ruptura do contrato entre gerações.
quinta-feira, 13 de dezembro de 2012
Crise do euro, episódio 427
O meu artigo desta semana no “i”: O governo italiano é a mais recente vítima da crise do euro, mas não será a última.
quinta-feira, 6 de dezembro de 2012
Semi-soluções
O meu artigo desta semana no “i”: A troika acordou mais uma
semi-solução para a Grécia, que pode vir a ter consequências muito nefastas
para a zona do euro.
quarta-feira, 28 de novembro de 2012
“O amor como critério de gestão”
O meu artigo no “i”: António Pinto Leite publicou um livro
muito promissor, que traz o amor para a gestão.
quarta-feira, 21 de novembro de 2012
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
sexta-feira, 9 de novembro de 2012
quinta-feira, 8 de novembro de 2012
Escapar ao abismo
Meu artigo no Jornal de Negócios, em que tento usar uma
abordagem mais conciliatória do que tenho usado recentemente.
Gente avisada
É certo que o investimento na ANA é para durar décadas, pelo
que este pedido de garantias não deve ser lido como indicador de uma catástrofe
iminente. Mesmo assim, é mais um sinal da falta de confiança no futuro do euro
e, sobretudo, da permanência de Portugal nesta moeda.
quarta-feira, 7 de novembro de 2012
quinta-feira, 1 de novembro de 2012
Redefinir as funções do Estado?
O meu artigo no “i”: Vivemos no grave equívoco de pensar
que, se uma área é essencial, então toda a despesa actualmente realizada nessa
área é também essencial.
terça-feira, 30 de outubro de 2012
“França preparou-se para saída de Grécia em 2011”
Isto é, de certeza absoluta, apenas a ponta do iceberg do
que se passou na altura. Relembro que, em Novembro de 2011, a Itália e a
Espanha também estiveram a três passos do abismo.
Em relação ao que se está a passar nos bastidores neste
momento, provavelmente só o saberemos, o que vier a ser conhecido, daqui a
algum tempo.
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
“E se o euro se desagregar?”
O Nordea, o mais importante banco de investimentos da
Escandinávia, apresentou hoje um relatório sobre a eventual desagregação do
euro. Mais uma acha para a fogueira do fim do euro.
quarta-feira, 24 de outubro de 2012
terça-feira, 23 de outubro de 2012
sábado, 20 de outubro de 2012
Referendo ao euro
Paulo Gorjão tem um excelente blog, excelente pela qualidade
das análises e, sobretudo, nos tempos que correm, pelo bom senso e serenidade
das suas opiniões.
Esta discussão parece-me muito útil, nem tanto para o PM
reconquistar a iniciativa política, mas para os portugueses acordarem. Na
verdade, considero altamente provável que Portugal seja forçado a sair do euro
muito antes de haver condições práticas para realizar este referendo, e já nem
falo em condições políticas.
Consultório financeiro (2)
Nas respostas aos leitores, não vou respeitar a ordem cronológica,
vou antes dar precedência às questões mais curtas e relevantes.
Questiona o P.A. (19-Out). “O problema é que a maioria dos
Portugueses não sabe como colocar algumas poupanças no estrangeiro. Gostaria
imenso que me explicasse como é que, legalmente, isso pode ser feito. Já
coloquei essa questão no meu banco mas responderam-me que não prestavam esse
tipo de serviço…”
Como regra geral, se o vosso banco não faz certo tipo de
serviço, recomendo que façam uma pesquisa em outros bancos para ver onde ele
pode ser feito. Há dois bancos, o Barclays e o Deutsche Bank, em que se podem
fazer depósitos em moeda estrangeira e que ficam abrangidos pelas garantias,
respectivamente, do Reino Unido e da Alemanha.
Mas fazer depósitos em divisas (dólares, francos suíços,
etc.) em bancos portugueses é uma acção equivalente a colocar poupanças no
estrangeiro, sobretudo se não estivermos a falar de grandes montantes.
Uma outra alternativa é comprar títulos estrangeiros, como dívida
pública alemã e americana, bem como acções de algumas empresas mais sólidas.
sexta-feira, 19 de outubro de 2012
Consultório financeiro (1)
A partir de hoje vou criar uma rubrica de consultório
financeiro de resposta a perguntas que os leitores me têm enviado por mail. Vou
indicar o nome do leitor por iniciais, para respeitar o seu anonimato.
Pergunta o M. A. (15-Out): “Quando aconselha o depósito em
bancos ingleses, americanos ou suíços, não fica claramente expresso se esses
depósitos têm de ser feitos no país desses bancos ou se podem ser feitos em
agências dos mesmos em Portugal. Se eu, por exemplo, depositar no Barclays Bank
Portugal numa conta em libras, não estaria esse depósito garantido pelo FSCS da
FSA e protegido da passagem de Euros para o novo Escudo? Pela mesma lógica, não
seriam também boas hipóteses depósitos em moeda estrangeira em agências em
Portugal do Deustche Bank (mesmo sendo de um país de um euro será de todos eles
o mais seguro) e do Banco do Brasil.”
Tem razão, caro M. A. No caso do Barclays e do Deutsche
Bank, os depósitos podem ser feitos em moeda estrangeira em Portugal e ficam
abrangidos pelos sistemas de garantia dos depósitos, respectivamente, o Reino
Unido e da Alemanha. No caso do Banco do Brasil, não consegui confirmar mas,
como não faz parte das entidades participantes no Fundo de Garantia dos
Depósitos português, é provável que tenha uma garantia ao abrigo das regras
brasileiras.
O Deutsche Bank tem estado envolvido em notícias menos favoráveis,
mas se fizer depósitos não muito grandes, diria até 25 mil euros, não deverá
correr um grande risco, tanto quanto se pode dizer no contexto de pré-catástrofe
que estamos a viver.
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
Saída de depósitos
A crise do euro tem
levado a uma saída de depósitos dos países periféricos para os países mais
seguros, mas muito menor em Portugal
Desde o início da crise do euro que se detectou um movimento
significativo de fuga de depósitos, dos países periféricos para lugares mais
seguros. Na Grécia, estas saídas de capitais começaram a notar-se logo em
Janeiro de 2010, registando perdas acumuladas de 35% (dados do BCE, até Agosto
de 2012). Em Abril daquele ano a Grécia foi forçada a pedir ajuda e desde então
tem-se assistido a um verdadeiro descalabro neste país, que já incluiu um
perdão de dívida de 74%.
Na Irlanda, a queda nos depósitos começou a notar-se em Maio
de 2010 e este país acabou por pedir ajuda em Novembro desse ano. No entanto,
poucos meses depois a fuga de fundos estancou, totalizando apenas 10% do total
e tem estabilizado a esse nível até hoje.
Em Espanha, a fuga de depósitos iniciou-se em Julho de 2011,
já depois de Portugal ter pedido ajuda e tem vindo a acelerar, tendo já saído
14% do total de depósitos que se registava no seu máximo.
Em Itália, registou-se uma saída de capitais limitada
durante 2011 até quase ao final do ano, quando este Estado esteve próximo do
precipício. A partir daí, as medidas europeias e o governo de Monti conseguiram
inverter aquela fuga e houve um regresso do dinheiro transferido para o
exterior, que já foi praticamente todo recuperado.
No caso de Portugal, a saída de fundos só se iniciou em
Novembro de 2011, embora tenha vindo a acelerar nos últimos meses, totalizando
apenas 8% do total dos depósitos. Estes dados podem não coincidir exactamente
com aqueles que têm sido divulgados, mas são dados do BCE, do total de
depósitos excluindo a administração pública central e as instituições
financeiras monetárias (código 2.2.3), o que os permite comparar directamente
com os outros países.
Os dados portugueses revelam dois aspectos importantes. O
primeiro é que o movimento de fuga é muito atrasado em relação ao padrão que se
verificou nos restantes Estados. Enquanto nos outros as saídas de capital se
iniciam ANTES do pedido de auxílio, que nalguns casos ainda nem ocorreu, no
caso de Portugal a fuga só se iniciou cerca de seis meses DEPOIS do resgate
internacional.
O segundo aspecto é que de Portugal têm saído
comparativamente menos fundos do que dos outros países, à excepção de Itália,
em que o governo Monti tem inspirado muita confiança, algo de que o actual
governo português não pode ser “acusado”.
Saiu muitíssimo mais dinheiro da Grécia do que de Portugal,
mas isso não deve surpreender porque o caso grego é quase um caso perdido. Mas
a Irlanda tem-se portado muito bem e está a ter sucesso no programa de
ajustamento, coisa que se tornou mais evidente nos últimos meses que não é o
nosso caso. No entanto, saiu menos dinheiro de Portugal do que da Irlanda.
O caso espanhol pode-se considerar ainda mais flagrante, já
que Espanha ainda nem sequer pediu ajuda e já saiu de lá quase o dobro (em
termos relativos) do que saiu de Portugal.
Se aos dados sobre saída de capitais acrescentarmos uma
avaliação, um pouco menos científica, sobre declarações oficiais e comentários
na comunicação social, verificamos que nos outros países periféricos se discute
abertamente a saída do euro e mesmo o fim do euro. Por oposição, em Portugal
fala-se muito menos sobre estes temas, que são quase tabu, com raras excepções.
Por tudo isto ouso concluir que em Portugal há um generalizado
estado de negação sobre os problemas que se avizinham e uma grande falta de
preparação para eles.
Quando sair do euro a Grécia pode contar com montantes muito
volumosos de capitais no exterior, que poderão regressar ao país, aproveitando
as pechinchas que se encontrarão à venda e fornecendo uma ajuda preciosa à
recuperação económica do país. O mesmo se poderá dizer de Espanha, que não
deverá sofrer perdas cambiais tão fortes como a Grécia e que, desde logo, tem
uma economia muito mais atraente para investir do que a grega.
Portugal vai precisar de muito mais ajuda do que Espanha (em
termos relativos) mas, a manter-se a actual apatia dos portugueses, vai ter
muito menos fundos disponíveis no estrangeiro no momento em que precisar
desesperadamente deles.
[Publicado no Jornal “i”]
Adenda: Há quem
muito chocado com a minha insistência na colocação de dinheiro fora de
Portugal, por isso desejo contribuir para esclarecer este ponto.
Quais são os problemas que têm sido referidos em relação à
Grécia? O quase colapso do sistema partidário vigente; a contestação violenta
nas ruas; uma recessão profunda, com uma queda acumulada do PIB de mais de 20%
(uma depressão ocorre quando é ultrapassada a marca dos 10%); um desemprego
elevadíssimo (nos jovens já ultrapassou os 50%!); perdão forçado da dívida, com
prejuízo de 74% para os investidores; etc.
Entre os principais problemas gregos não se inclui – e bem –
a fuga de capitais, que já dura há quase três anos. Ou seja, esta fuga é um mal
menor.
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
Uma excelente ideia
Acho muito bem que se investigue a actuação de Cândida
Almeida e que se vá até às últimas consequências, incluindo, eventualmente,
cadeia.
O último orçamento
O meu artigo no “i”: O Orçamento de 2013 parece que será oúltimo deste governo e o último em euros
Adenda: Ainda no
IMI há outras duas questões. A primeira é a da avaliação dos imóveis, em que
convinha que se tomasse consciência que estamos em presença de um claro
movimento de diminuição do valor, nalguns casos superior a 20% e que as
Finanças não cobrassem IMI com base em valores acima do mercado. Também era
conveniente que a avaliação usasse como parâmetro o facto de o imóvel estar
arrendado e qual o valor da renda. Dá vontade de usar um insulto à la António
Borges, porque não se percebe qual a lógica de atribuir a mesma avaliação a uma
habitação, quer tenha uma renda de 50€, quer de 500€.
A segunda questão é a pretendida eliminação da cláusula de
salvaguarda. Algum tipo de alteração desta cláusula é admissível, mas a sua
eliminação parece incompreensível, sob todos os pontos de vista, sobretudo
políticos.
terça-feira, 9 de outubro de 2012
Divórcio europeu
O meu artigo deste mês no Jornal de Negócios.
PS. O 3º parágrafo é um bug, é um texto de outro autor.
quinta-feira, 4 de outubro de 2012
A próxima ministra?
Têm surgido rumores de que Vítor Gaspar estaria de saída,
por moto próprio ou por pressões dentro do governo. Apesar de tudo, preferia
que o ministro permanecesse no lugar, sobretudo devido ao seu prestígio junto
dos nossos parceiros comunitários, algo de precioso para os tempos muito
difíceis que se avizinham.
Isto dito, apreceei a prestação da Secretária de Estado do
Tesouro e das Finanças, Maria Luís Albuquerque, ontem na RTP1, em que foi “apertada”
pelo José Rodrigues dos Santos. Ela conseguiu manter-se muito tranquila,
traduzir o economês para português e falar para as pessoas. Revelou algum
talento político, que precisa agora de ser trabalhado pela experiência, mas
pareceu-me que poderia estar ali a próxima ministra das Finanças ou,
eventualmente, num outro ministério.
quarta-feira, 3 de outubro de 2012
“Nova sede do BCE vai custar mais de mil milhões”
Ou muito me engano, ou o BCE nunca irá ocupar este edifício,
pela simples razão que quando ele estiver pronto ou o BCE já não existe, ou
existe numa versão muito mais reduzida do que a actual, não justificando a
mudança de espaço.
terça-feira, 2 de outubro de 2012
Investimentos a evitar
Várias empresas portuguesas, vítimas do fecho da torneira do
crédito interno e quase impedidas de recorrer ao financiamento externo, têm
recorrido à emissão de obrigações de médio prazo, como é este caso.
Dado que estou convicto que Portugal deverá sair do euro nos
próximos meses, desaconselho vivamente a compra destas obrigações. Em primeiro
lugar, a excepcional turbulência dos tempos que vivemos sugere que se assumam
compromissos com os menores prazos possíveis, evitando ficar com os vossos
fundos paralisados num investimento de médio prazo. Mesmo para aqueles que
acreditam que o euro ainda vai aguentar durante algum tempo, acham que Portugal
ainda estará no euro daqui a cinco anos?
Em segundo lugar, como explico com mais detalhe no meu livro
“O fim do euro em Portugal?”, páginas 219-220, as obrigações a taxa fixa
deverão sofrer duas perdas de valor significativas: i) pela desvalorização do
novo escudo; ii) por terem taxas muito inferiores às que vigorarão no novo
escudo.
Se estas obrigações vierem a ser cotadas em bolsa, poderão
ser resgatadas com facilidade e o dinheiro não estará tão “paralisado”, mas
isso não impedirá as perdas de que falo acima.
domingo, 30 de setembro de 2012
sábado, 29 de setembro de 2012
quarta-feira, 26 de setembro de 2012
O meu artigo no “i”: A incapacidade de pensamento estratégico das “elites” portuguesas levam-nas a sugerir subidas de impostos, um remendo que não pode continuar
Daqui a um ano estaremos a discutir a subida do IVA para
25%? No orçamento de 2018 teremos passado a taxa reduzida e a taxa intermédia do
IVA para a taxa normal e colocá-la-emos nos 30%? Subiremos o escalão máximo do
IRS para 60%? Subiremos os impostos sobre os combustíveis para colocar o preço
do litro de gasolina nos 3 euros? Faremos o mesmo ao tabaco, colocando o maço
acima dos 5 euros? Subiremos o IRC para 40% para garantir que nenhuma empresa
estrangeira cometa a imprudência de vir criar um emprego que seja em Portugal?
sexta-feira, 21 de setembro de 2012
"Os nossos políticos não são corruptos"
Cândida Almeida disse recentemente que "Os nossos políticos não são corruptos". Vejam o vídeo abaixo para poderem perceber
como ela está carregadinha de razão.
quinta-feira, 20 de setembro de 2012
Bom senso
O meu artigo desta semana no jornal “i”: Esperemos que o governo tenha o bom senso derecuar na TSU, uma medida que corre o risco de transformar Portugal numa Grécia
Adenda: Esta
medida tem um grave problema adicional, de expectativas. Ela suscitou tanta
oposição que, mesmo que seja aprovada, é muito provável que seja revertida pelo
próximo governo. Como, ainda por cima, esta medida quase matou a actual coligação,
nem sequer devemos estar muito longe de ter um novo governo (diria que é quase
certo que isso aconteça nos próximos 12 meses). Ou seja, nenhum empresário
acreditará que a medida é duradoura e, nesse caso, quase nenhum emprego será
criado em resultado das alterações na TSU.
Por isso mesmo, entrar-se-á no exemplo clássico de “auto-concretização
das expectativas”. À medida que se for percebendo que esta política não produz
resultados, maior será a convicção de que ela não pode durar e menos resultados
ainda produzirá.
segunda-feira, 17 de setembro de 2012
Garantia de depósitos
O fim do euro deve levar à conversão dos depósitos bancários
em novos escudos na proporção de um para um, embora o novo escudo se deva
desvalorizar de forma significativa face ao euro, o que se traduzirá numa forte
perda para os depositantes.
Há também o risco de os bancos virem a ser nacionalizados
por não se conseguirem aguentar no período de transição entre moedas,
colocando-se o risco da perda parcial do valor nominal dos depósitos mais
elevados.
O Fundo de Garantia dos Depósitos “garante o reembolso datotalidade do valor global dos saldos em dinheiro de cada depositante, até ao limite de 100 000 euros por depositante e por instituição.” No entanto, esta
garantia tem que ser encarada com cepticismo por duas razões. Em primeiro
lugar, porque o Fundo tem em reservas o equivalente a apenas 1% dos depósitos
segurados, pelo que dificilmente poderá exercer a sua função perante um
cataclismo. Em segundo lugar, porque o fim do euro é algo que é suposto não
poder acontecer, pelo que nem sequer há regras definidas e muitas outras que o
estão neste momento poderão ser alteradas sem pré-aviso.
Vale a pena salientar que “Os depósitos são garantidos independentemente da moeda em que se encontram denominados e de o depositante ser ou não residente em Portugal.” Ou seja, os portugueses podem, em princípio
(a tal incerteza sobre o fim do euro…), fazer depósitos em moeda estrangeira, o
que os colocaria a salvo da desvalorização do novo escudo e, mesmo assim,
beneficiar da garantia de depósitos existente.
“O reembolso dos depósitos pelo FGD é realizado no prazo de sete dias, para uma parcela de até 10 000 euros dos depósitos garantidos, sendo o montante remanescente, até ao limite da garantia, reembolsado no prazo máximo de vinte dias úteis após a data de indisponibilidade dos depósitos.” Este valor
dos 10 mil euros é indicativo de que os depósitos até este montante poderão
esperar um tratamento preferencial, embora continue a insistir que estamos
perante um enorme imprevisto.
quarta-feira, 12 de setembro de 2012
terça-feira, 11 de setembro de 2012
Socorro!
Mais uma vez, é de notar o tom altamente crítico da
esmagadora maioria dos comentários a esta notícia delirante.
quinta-feira, 6 de setembro de 2012
Recessão em 2013
O meu artigo no Jornal de Negócios, em que falo da recessão mundial de 2013, que se deverá seguir ao fim do euro.
quarta-feira, 5 de setembro de 2012
quinta-feira, 30 de agosto de 2012
Convite para o lançamento do meu livro
O meu livro será lançado 3ª feira, 11 de Setembro (bem sei...) na Livraria Almedina do Saldanha, pelas 19h. A apresentação será feita pelo João Ferreira do Amaral e todos são bem-vindos. (Clique na imagem para a ver melhor)
Medidas adicionais
O meu artigo desta semana no jornal “i”: Medidas adicionais em 2012 poderão ajudar a que Portugal saia do euro em condições mais favoráveis.
quarta-feira, 22 de agosto de 2012
Euro a rebentar dos dois lados
O meu artigo de hoje no jornal “i”: O euro está em risco de se desmoronar, quer do lado dos países mais fracos, quer do lado dos maisfortes.
quarta-feira, 15 de agosto de 2012
Economia a fraquejar
O meu artigo de hoje no jornal “i”, onde não escondo o meu
pessimismo sobre as perspectivas económicas.
segunda-feira, 13 de agosto de 2012
Ascensão e queda do euro (1)
O link que o site resistir.info colocou a um texto meu
aumentou em muito as visitas a este blog e acabei por receber a oferta de um
exemplar do livro “Ascensão e queda do euro”, coordenado por Jorge Figueiredo
(2012, Chiado Editora), com a promessa de eu fazer uma resenha do mesmo, que
vou agora iniciar.
Antes de mais tenho que declarar que estou nos antípodas
científicos e ideológicos dos autores, pelo que será mais do que natural a
presença de inúmeras discordâncias. O livro inicia-se com a republicação de
seis textos de Rudo Ruijter, de 2007 a 2011, que passo a rever. Como estes
textos eram artigos autónomos, há várias repetições dos mesmos temas.
Fico com algumas dúvidas na tradução, devido aos chamados “falsos
amigos”. Quem não está por dentro dos temas terá tendência para traduzir “fiscal
measures” por “medidas fiscais” (p. 85), quando a tradução correcta seria “medidas
orçamentais”. Há casos em que o erro é evidente, mas nesta situação concreta
fiquei na dúvida.
As suas teses sobre a criação de moeda são um pouco insólitas,
até porque pretendem revelar (mal) um suposto segredo, que é ensinado há décadas
nas faculdades de economia, logo no primeiro ano.
A secção “Os bancos centrais precisam de inflação” (p. 28-34)
é particularmente estranha porque há cada vez mais bancos centrais a adoptar
metas explícitas de inflação, muito baixas. O BCE, em particular, tem uma meta
de inflação excessivamente baixa (inferior a 2%), que é um forte obstáculo à
correcção dos desequilíbrios dos países periféricos.
Já os artigos sobre o Mecanismo Europeu de Estabilidade
(MEE) são mais interessantes e denunciam que este pode exigir dinheiro dos países
membros de modo ilimitado, sem o direito de veto dos parlamentos nacionais (p. 97).
Este MEE provocou uma forte celeuma na Alemanha e indigna este autor holandês. Não
por acaso, em Portugal não se ouviu o mais leve protesto. A explicação parece-me
simples: a Alemanha e a Holanda correm graves riscos de ficarem com grandes facturas
que não controlam, enquanto Portugal poderá beneficiar de quantias crescentes
de ajuda.
O último artigo de Ruijter recomenda a saída do euro e traça
um cenário idílico da transição, que não consigo acompanhar. Insiste na tese da
criação de um Banco de Estado, diferente dos actuais bancos centrais, cujas
vantagens tenho dificuldade em perceber. Suspeito, aliás, que esta crítica ao
sistema actual seja mais bem recebida nestas paragens na parte em que coloca em
causa as instituições vigentes, do que na parte em sugere uma alternativa
concreta.
Há aqui uma gralha irritante (p. 111), que se repete na
contracapa, de dizer que a zona do euro é composta por 23 países, quando são só
17.
domingo, 12 de agosto de 2012
Estão a brincar com quem?
Desconhece-se o destino? É assim que se investiga em
Portugal? O ministério da Defesa não tem responsáveis pelos arquivos? O que é
que a PGR está à espera para abrir imediatamente um inquérito a este
desaparecimento de documentos que é para lá de suspeito?
Depois não se esqueçam de vir com a conversa que há um complot para dizer mal da justiça, que há
muita má vontade, etc. Uma justiça que tem o descaramento de dar notícias
destas só pode ter a pior avaliação pública possível.
Saindo agora deste caso particular, a luta contra a corrupção
tem que começar pela corrupção na justiça. Enquanto não virmos vários juízes e
vários procuradores na cadeia não é possível confiar na justiça nem termos a
fantasia de que se pode combater a corrupção em Portugal.
sexta-feira, 10 de agosto de 2012
O memorando Merkel
The Economist
desta semana tem um memorando fictício que teria sido entregue à chanceler alemã,
recomendado uma redução da zona do euro para um grupo mais restrito de países,
sem a Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha e Chipre.
Apesar de admitir que a zona do euro ficaria mais robusta
sem estes Estados, o relatório também reconhece que o que sobrar também corre o
risco de desintegração. Posso dizer que está muito em linha com o que penso
sobre o futuro do euro.
quinta-feira, 9 de agosto de 2012
O fim do euro em Portugal
O meu artigo deste mês no Jornal de Negócios, de apresentação do meu livro, que deverá estar
em breve disponível.
Aos trambolhões
O meu artigo desta semana no “i”: Em vez de aproveitarem ossinais do fim do euro, as autoridades europeias parecem estar a ignorar osgraves riscos que ele enfrenta.
segunda-feira, 6 de agosto de 2012
Despertar
O meu livro "O fim do euro em Portugal?" deverá sair nos próximos dias, pela Actual Editora, do grupo Almedina. Por isso vou ressuscitar este blog e começo por indicar um link para todos os textos que escrevi no blog Cachimbo de Magritte sobre este tema.
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012
Hibernação
Há já vários meses que os posts deste blog são um mero espelho do que tenho vindo a publicar no Cachimbo de Magritte. Por isso, este blog vai hibernar por tempo indeterminado.
Muito obrigado a todos os leitores, que podem continuar a seguir-me naquele blog colectivo.
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
Fim do euro (5) Dois fins
O fim das colónias e o fim do euro têm em comum o facto de quem tiver saído a tempo poderá sair incólume.
[Publicado no jornal "i"]
Fim do euro (4) Recomendações práticas, adenda
O post anterior desta série suscitou dúvidas – inteiramente legítimas – porque falei em três seguros diferentes sem ter o cuidado de os diferenciar. Gostaria, desde logo, de renovar os meus agradecimentos a quem colocou as dúvidas, que me têm ajudado imenso a pensar melhor sobre estes temas.
O risco de saída de Portugal do euro tem associado múltiplos riscos, dos quais gostaria de salientar três: o risco do colapso temporário do sistema de pagamentos, o risco do colapso temporário do sistema de distribuição de produtos e o risco de perda – definitiva – de valor de inúmeros activos (depósitos à ordem e a prazo, obrigações, acções e imobiliário, entre outros).
O post anterior foi dedicado quase exclusivamente aos dois primeiros riscos. O risco do colapso do sistema de pagamentos levou-me à recomendação, meramente indicativa, de ter em casa notas no montante equivalente a um mês de rendimento. Esta recomendação tem o benefício secundário de proteger também, de forma muito limitada e parcial, contra o terceiro risco que referi acima: o de perda de valor dos depósitos à ordem.
Este terceiro risco é um tema vastíssimo, que deverá ocupar inúmeros posts posteriores, sobre o qual não me irei debruçar agora.
O segundo risco, o do colapso temporário do sistema de distribuição de produtos, levou-me à recomendação, de novo meramente indicativa, de ter em casa na despensa o equivalente a um mês de consumo de bens não perecíveis.
Retomando agora o tema do primeiro risco, o do colapso temporário do sistema de pagamentos – um dos temas centrais do post anterior –, gostaria de salientar que os moldes da saída de Portugal do euro são incertos. Gostaria de contemplar quatro cenários: a) Portugal sai do euro (ou é forçado a sair) individualmente pouco depois da saída da Grécia; b) Portugal sente-se obrigado a acompanhar a saída – forçada – da Itália; c) os países fortes decidem sair do euro, porque as medidas necessárias à sobrevivência do euro o descaracterizariam por completo; d) dá-se a implosão total do euro, com todos os países a voltarem a moedas nacionais.
Os cenários a), b) e d) são relativamente semelhantes em relação ao risco de colapso do sistema de pagamentos. Para nos protegermos contra estes cenários, devermos ter euros em casa. Isso protege-nos contra o risco de colapso do sistema de pagamentos e parcialmente contra o terceiro risco, o da perda de valor.
No cenário c) o euro continua a ser a moeda portuguesa, embora se desvalorize face ao novo marco. Neste caso não haverá sequer risco de colapso do sistema de pagamentos, que se manterá. Nesta hipótese seria inútil ter os euros em casa e estes euros também já não seriam uma reserva de valor como nos cenários anteriores. Neste caso só dólares e outras divisas é que serviriam como refúgio. Mas dificilmente poderíamos comprar pão e outros produtos essenciais com dólares, pelo que os dólares podem ser bons na perspectiva de reserva valor (que não é o tema aqui), mas não tanto para acudir a uma situação temporária de problemas de pagamentos.
Resumindo: ter alguns euros em casa previne contra o colapso do sistema de pagamentos, mas pode ou não proteger contra a perda de valor da moeda que circula em Portugal. Mas este outro risco merece muito mais atenção, nos próximos posts.
O risco de saída de Portugal do euro tem associado múltiplos riscos, dos quais gostaria de salientar três: o risco do colapso temporário do sistema de pagamentos, o risco do colapso temporário do sistema de distribuição de produtos e o risco de perda – definitiva – de valor de inúmeros activos (depósitos à ordem e a prazo, obrigações, acções e imobiliário, entre outros).
O post anterior foi dedicado quase exclusivamente aos dois primeiros riscos. O risco do colapso do sistema de pagamentos levou-me à recomendação, meramente indicativa, de ter em casa notas no montante equivalente a um mês de rendimento. Esta recomendação tem o benefício secundário de proteger também, de forma muito limitada e parcial, contra o terceiro risco que referi acima: o de perda de valor dos depósitos à ordem.
Este terceiro risco é um tema vastíssimo, que deverá ocupar inúmeros posts posteriores, sobre o qual não me irei debruçar agora.
O segundo risco, o do colapso temporário do sistema de distribuição de produtos, levou-me à recomendação, de novo meramente indicativa, de ter em casa na despensa o equivalente a um mês de consumo de bens não perecíveis.
Retomando agora o tema do primeiro risco, o do colapso temporário do sistema de pagamentos – um dos temas centrais do post anterior –, gostaria de salientar que os moldes da saída de Portugal do euro são incertos. Gostaria de contemplar quatro cenários: a) Portugal sai do euro (ou é forçado a sair) individualmente pouco depois da saída da Grécia; b) Portugal sente-se obrigado a acompanhar a saída – forçada – da Itália; c) os países fortes decidem sair do euro, porque as medidas necessárias à sobrevivência do euro o descaracterizariam por completo; d) dá-se a implosão total do euro, com todos os países a voltarem a moedas nacionais.
Os cenários a), b) e d) são relativamente semelhantes em relação ao risco de colapso do sistema de pagamentos. Para nos protegermos contra estes cenários, devermos ter euros em casa. Isso protege-nos contra o risco de colapso do sistema de pagamentos e parcialmente contra o terceiro risco, o da perda de valor.
No cenário c) o euro continua a ser a moeda portuguesa, embora se desvalorize face ao novo marco. Neste caso não haverá sequer risco de colapso do sistema de pagamentos, que se manterá. Nesta hipótese seria inútil ter os euros em casa e estes euros também já não seriam uma reserva de valor como nos cenários anteriores. Neste caso só dólares e outras divisas é que serviriam como refúgio. Mas dificilmente poderíamos comprar pão e outros produtos essenciais com dólares, pelo que os dólares podem ser bons na perspectiva de reserva valor (que não é o tema aqui), mas não tanto para acudir a uma situação temporária de problemas de pagamentos.
Resumindo: ter alguns euros em casa previne contra o colapso do sistema de pagamentos, mas pode ou não proteger contra a perda de valor da moeda que circula em Portugal. Mas este outro risco merece muito mais atenção, nos próximos posts.
sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
segunda-feira, 16 de janeiro de 2012
Fim do euro (3) Recomendações práticas
Parece que as mais altas instâncias europeias consideram que a Grécia deverá sair do euro em algum momento dentro dos próximos meses. Quando isso acontecer, é possível – mas não necessário – que Portugal saia também do euro, talvez alguns meses depois.
Neste momento, considero que todos os portugueses devem “subscrever” um seguro contra essa eventualidade, tal como fazem um seguro contra o incêndio da sua própria casa. Quando se compra este seguro, o que nos move não é a expectativa de que a nossa casa sofra um incêndio nos próximos meses, um acontecimento com uma probabilidade muito baixa, mas sim a perda gigantesca que sofreríamos se a nossa habitação ardesse. A esmagadora maioria dos portugueses vive toda a sua vida sem sofrer qualquer incêndio nas suas casas mas, mesmo assim, a maioria de nós tem um seguro contra incêndio.
A probabilidade de Portugal sair do euro em 2012 é muito superior à probabilidade de termos um incêndio nas nossas casas durante toda a nossa vida. Por este motivo é que considero que todos os portugueses deveriam “subscrever” o tal seguro contra a saída do euro.
Quais são as consequências imediatas de Portugal sair do euro? A nova moeda portuguesa, o cruzado, sofreria uma desvalorização face ao euro de, pelo menos, 20%. Todos os depósitos bancários seriam imediatamente transformados em cruzados, perdendo, pelo menos, 20% em valor. Todos os depósitos ficariam imediatamente indisponíveis durante algum tempo (dias? semanas?) e não haveria notas e moedas de cruzados, porque o nosso governo e o Banco de Portugal não consideram necessário estarmos preparados para essa eventualidade.
O mais provável é que a saída do euro fosse anunciada numa sexta-feira à tarde, havendo apenas o fim-de-semana para tratar da mudança de moeda. Logo na sexta-feira os bancos retirariam todas as notas de euros das máquinas de Multibanco e quem não tivesse euros em casa ou na carteira ficaria sem qualquer meio de pagamento.
Durante algumas semanas (ou mais tempo) teríamos um colapso do sistema de pagamentos e, provavelmente, também um corte nos fornecimentos. As mercearias e supermercados ficariam incapazes de se reabastecer, devido às dificuldades associadas à troca de moeda.
Este “seguro” de que vos falo, contra este cenário catastrófico, não pode ser comprado em nenhuma companhia de seguros, mas pode ser construído por todos os portugueses, estando ao alcance de todos, adaptado à sua realidade pessoal.
O que recomendo é algo muito simples que – todos – podem fazer. Ter em casa dinheiro vivo num montante da ordem de um mês de rendimento e a despensa cheia para um mês. Esta ideia de um mês de prevenção é indicativa e pode ser adaptada à realidade de cada família.
Não recomendo que façam isso de forma abrupta, mas lentamente e também em função das notícias que forem saindo. De cada vez que levantarem dinheiro, levantem um pouco mais do que o costume e guardem a diferença. De cada vez que dizerem compras tragam mais alguns produtos para a despensa de reserva. Aconselho que procurem produtos com fim de validade em 2013 ou posterior mas, nos casos em que isso não seja possível, vão gastando os produtos de reserva e trocando-os por outros com validade mais tardia. Desta forma, sem qualquer ruptura, vão construindo calmamente o vosso seguro contra o fim do euro.
Mas se, entretanto, a Grécia sair do euro, o caso muda de figura e é necessário acelerarem a constituição das vossas reservas. Se surgirem quaisquer outras notícias que indiquem algo de mais grave, darei aqui conta disso e actualizarei estas recomendações.
Quanto custará este seguro? Pouquíssimo. Em relação ao dinheiro de reserva, o custo é deixarem de receber os juros de depósito à ordem que, ou são nulos, ou são baixíssimos. Em relação aos produtos na despensa de reserva, é dinheiro empatado, que também deixa de render juros insignificantes.
Quais são os benefícios deste seguro? Se o euro acabar em 2012, como prevejo, o dinheiro em casa não se desvaloriza, mas o dinheiro no banco perderá, no mínimo, 20% do seu valor. Para além disso terão o benefício de poder fazer pagamentos no período de transição, que se prevê extremamente caótico. A despensa também vos pode prevenir contra qualquer provável ruptura de fornecimentos, garantindo a alimentação essencial no período terrível de transição entre moedas. Parece-me que o benefício de não passar fome é algo de significativo.
E se, por um improvável acaso, a crise do euro se resolver em 2012 e chegarmos a 2013 com o euro mais seguro do que nunca? Nesse caso – altamente improvável – a resposta não podia ser mais simples: basta depositar no banco o dinheiro que têm em casa e ir gastando os produtos na despensa à medida das vossas necessidades.
Fim do euro (2) Grécia e Itália
Fim do euro (1) Contagem decrescente
Neste momento, considero que todos os portugueses devem “subscrever” um seguro contra essa eventualidade, tal como fazem um seguro contra o incêndio da sua própria casa. Quando se compra este seguro, o que nos move não é a expectativa de que a nossa casa sofra um incêndio nos próximos meses, um acontecimento com uma probabilidade muito baixa, mas sim a perda gigantesca que sofreríamos se a nossa habitação ardesse. A esmagadora maioria dos portugueses vive toda a sua vida sem sofrer qualquer incêndio nas suas casas mas, mesmo assim, a maioria de nós tem um seguro contra incêndio.
A probabilidade de Portugal sair do euro em 2012 é muito superior à probabilidade de termos um incêndio nas nossas casas durante toda a nossa vida. Por este motivo é que considero que todos os portugueses deveriam “subscrever” o tal seguro contra a saída do euro.
Quais são as consequências imediatas de Portugal sair do euro? A nova moeda portuguesa, o cruzado, sofreria uma desvalorização face ao euro de, pelo menos, 20%. Todos os depósitos bancários seriam imediatamente transformados em cruzados, perdendo, pelo menos, 20% em valor. Todos os depósitos ficariam imediatamente indisponíveis durante algum tempo (dias? semanas?) e não haveria notas e moedas de cruzados, porque o nosso governo e o Banco de Portugal não consideram necessário estarmos preparados para essa eventualidade.
O mais provável é que a saída do euro fosse anunciada numa sexta-feira à tarde, havendo apenas o fim-de-semana para tratar da mudança de moeda. Logo na sexta-feira os bancos retirariam todas as notas de euros das máquinas de Multibanco e quem não tivesse euros em casa ou na carteira ficaria sem qualquer meio de pagamento.
Durante algumas semanas (ou mais tempo) teríamos um colapso do sistema de pagamentos e, provavelmente, também um corte nos fornecimentos. As mercearias e supermercados ficariam incapazes de se reabastecer, devido às dificuldades associadas à troca de moeda.
Este “seguro” de que vos falo, contra este cenário catastrófico, não pode ser comprado em nenhuma companhia de seguros, mas pode ser construído por todos os portugueses, estando ao alcance de todos, adaptado à sua realidade pessoal.
O que recomendo é algo muito simples que – todos – podem fazer. Ter em casa dinheiro vivo num montante da ordem de um mês de rendimento e a despensa cheia para um mês. Esta ideia de um mês de prevenção é indicativa e pode ser adaptada à realidade de cada família.
Não recomendo que façam isso de forma abrupta, mas lentamente e também em função das notícias que forem saindo. De cada vez que levantarem dinheiro, levantem um pouco mais do que o costume e guardem a diferença. De cada vez que dizerem compras tragam mais alguns produtos para a despensa de reserva. Aconselho que procurem produtos com fim de validade em 2013 ou posterior mas, nos casos em que isso não seja possível, vão gastando os produtos de reserva e trocando-os por outros com validade mais tardia. Desta forma, sem qualquer ruptura, vão construindo calmamente o vosso seguro contra o fim do euro.
Mas se, entretanto, a Grécia sair do euro, o caso muda de figura e é necessário acelerarem a constituição das vossas reservas. Se surgirem quaisquer outras notícias que indiquem algo de mais grave, darei aqui conta disso e actualizarei estas recomendações.
Quanto custará este seguro? Pouquíssimo. Em relação ao dinheiro de reserva, o custo é deixarem de receber os juros de depósito à ordem que, ou são nulos, ou são baixíssimos. Em relação aos produtos na despensa de reserva, é dinheiro empatado, que também deixa de render juros insignificantes.
Quais são os benefícios deste seguro? Se o euro acabar em 2012, como prevejo, o dinheiro em casa não se desvaloriza, mas o dinheiro no banco perderá, no mínimo, 20% do seu valor. Para além disso terão o benefício de poder fazer pagamentos no período de transição, que se prevê extremamente caótico. A despensa também vos pode prevenir contra qualquer provável ruptura de fornecimentos, garantindo a alimentação essencial no período terrível de transição entre moedas. Parece-me que o benefício de não passar fome é algo de significativo.
E se, por um improvável acaso, a crise do euro se resolver em 2012 e chegarmos a 2013 com o euro mais seguro do que nunca? Nesse caso – altamente improvável – a resposta não podia ser mais simples: basta depositar no banco o dinheiro que têm em casa e ir gastando os produtos na despensa à medida das vossas necessidades.
Fim do euro (2) Grécia e Itália
Fim do euro (1) Contagem decrescente
sexta-feira, 6 de janeiro de 2012
Propostas interessantes mas discutíveis (2)
Este post pretende ser uma resposta a alguns dos comentários feitos aqui, que aproveito para agradecer, às minhas observações sobre a proposta de João Ferreira do Amaral de uma saída negociada do euro, em particular a ideia de os depósitos nos bancos em Portugal preservarem o valor em euros, após a nossa saída. O argumento daquele economista é que essa condição é essencial para evitar uma fuga de depósitos durante as negociações.
Essa garantia custaria cerca de 25% do PIB português, no caso da depreciação negociada ser de apenas 20%, sendo que parece que a depreciação a negociar deveria ser superior a isso, o que colocaria o custo desta garantia em níveis ainda mais elevados.
Considero que, antes das negociações se iniciarem, Portugal deveria ter feito muito trabalho de casa, de molde a que as negociações ficassem concluídas num único fim-de-semana, pelo que nem sequer haveria o risco de fuga de depósitos, o que eliminaria a necessidade de suportar qualquer encargo com a garantia dos depósitos.
Mas imaginemos que o governo iniciava as negociações, anunciando – um absurdo – que estas deveriam estar concluídas ao fim de 30 dias. Para evitar a tal, mais do que previsível, fuga de depósitos, o governo declararia o compromisso solene de garantir o valor dos depósitos em euros.
Esta promessa, tendo em atenção o custo elevadíssimo que lhe estaria associada, teria uma credibilidade muito reduzida. Ou seja, teríamos o custo elevadíssimo de garantir os depósitos, sem o benefício de evitar uma fuga dos mesmos. É difícil imaginar uma combinação pior.
Para evitar este problema, o governo anunciaria que esta garantia seria paga pelos parceiros europeus. Mas como é que o governo pode garantir algo sobre os parceiros europeus no início das negociações? Como é óbvio, esta garantia não sossegaria ninguém, e continuaríamos a ter fuga dos depósitos.
Imaginem o cenário, em que durante um mês o governo pedia uma desvalorização de 30% e os parceiros europeus só estariam dispostos a aceitar uma de 15%, sendo esta questão – gravíssima – discutida todos os dias na praça pública. Quem é que não retiraria todos os seus depósitos de Portugal? Os mais pobres levavam-no para casa e os mais ricos para a Suíça.
Há uma outra questão, que merece ser salientada, que é que, com a saída do euro, todos os preços dos activos sofrerão uma queda brutal. Os preços do imobiliário sofrerão um crash brutal, de mais de 50%, os preços das acções cairão brutalmente (com a provável mas rara excepção das empresas exportadoras), os preços das obrigações cairão de forma drástica. Porquê este preocupação com os depósitos, cuja garantia envolveria custos tão elevados?
Há a ideia – errada – de que a garantia dos depósitos impediria a falência generalizada dos bancos portugueses. A verdade é o oposto: a garantia dos depósitos em euros é que provocaria a falência dos bancos portugueses.
Os bancos portugueses têm um elevadíssimo excesso de crédito em relação aos depósitos. Para garantir a sobrevivência dos bancos portugueses o que é necessário é garantir que esse excesso passa a ser denominado na nova moeda portuguesa. Para isto é que seria utilíssimo garantir a ajuda europeia, não para garantir os depósitos.
Resumindo, não faz sentido que se peça ajuda europeia para garantir a protecção dos depósitos, mas antes para garantir a sobrevivência do sistema bancário português.
Quanto aos depósitos, estão condenados a grandes perdas, tanto maiores quanto maior for a depreciação da nova moeda portuguesa.
Essa garantia custaria cerca de 25% do PIB português, no caso da depreciação negociada ser de apenas 20%, sendo que parece que a depreciação a negociar deveria ser superior a isso, o que colocaria o custo desta garantia em níveis ainda mais elevados.
Considero que, antes das negociações se iniciarem, Portugal deveria ter feito muito trabalho de casa, de molde a que as negociações ficassem concluídas num único fim-de-semana, pelo que nem sequer haveria o risco de fuga de depósitos, o que eliminaria a necessidade de suportar qualquer encargo com a garantia dos depósitos.
Mas imaginemos que o governo iniciava as negociações, anunciando – um absurdo – que estas deveriam estar concluídas ao fim de 30 dias. Para evitar a tal, mais do que previsível, fuga de depósitos, o governo declararia o compromisso solene de garantir o valor dos depósitos em euros.
Esta promessa, tendo em atenção o custo elevadíssimo que lhe estaria associada, teria uma credibilidade muito reduzida. Ou seja, teríamos o custo elevadíssimo de garantir os depósitos, sem o benefício de evitar uma fuga dos mesmos. É difícil imaginar uma combinação pior.
Para evitar este problema, o governo anunciaria que esta garantia seria paga pelos parceiros europeus. Mas como é que o governo pode garantir algo sobre os parceiros europeus no início das negociações? Como é óbvio, esta garantia não sossegaria ninguém, e continuaríamos a ter fuga dos depósitos.
Imaginem o cenário, em que durante um mês o governo pedia uma desvalorização de 30% e os parceiros europeus só estariam dispostos a aceitar uma de 15%, sendo esta questão – gravíssima – discutida todos os dias na praça pública. Quem é que não retiraria todos os seus depósitos de Portugal? Os mais pobres levavam-no para casa e os mais ricos para a Suíça.
Há uma outra questão, que merece ser salientada, que é que, com a saída do euro, todos os preços dos activos sofrerão uma queda brutal. Os preços do imobiliário sofrerão um crash brutal, de mais de 50%, os preços das acções cairão brutalmente (com a provável mas rara excepção das empresas exportadoras), os preços das obrigações cairão de forma drástica. Porquê este preocupação com os depósitos, cuja garantia envolveria custos tão elevados?
Há a ideia – errada – de que a garantia dos depósitos impediria a falência generalizada dos bancos portugueses. A verdade é o oposto: a garantia dos depósitos em euros é que provocaria a falência dos bancos portugueses.
Os bancos portugueses têm um elevadíssimo excesso de crédito em relação aos depósitos. Para garantir a sobrevivência dos bancos portugueses o que é necessário é garantir que esse excesso passa a ser denominado na nova moeda portuguesa. Para isto é que seria utilíssimo garantir a ajuda europeia, não para garantir os depósitos.
Resumindo, não faz sentido que se peça ajuda europeia para garantir a protecção dos depósitos, mas antes para garantir a sobrevivência do sistema bancário português.
Quanto aos depósitos, estão condenados a grandes perdas, tanto maiores quanto maior for a depreciação da nova moeda portuguesa.
quinta-feira, 5 de janeiro de 2012
Não se preparem, não
Após algumas semanas, eis que a Grécia volta a recuperar a ribalta, desta feita com o porta-voz do governo a avisar que a Grécia pode sair do euro se não houver acordo com a troika.
É evidente que estas declarações devem ser lidas como uma forma de pressão sobre a troika, em especial sobre o BCE e a Comissão Europeia, no sentido de acentuar a ideia de que existe uma forte externalidade negativa no caso de falhanço das mesmas. Os parceiros europeus devem ceder mais do que o estritamente necessário, porque a saída da Grécia do euro provocará um abalo sistémico muitíssimo grave nesta moeda, com repercussões económicas mesmo para lá da UE e consequências políticas não menos graves dentro da UE.
De acordo com a Economist Intelligence Unit, a economia grega deverá cair 7,5% em 2012, depois de já ter caído 5,3% em 2011, devendo registar uma queda acumulada do PIB de uns astronómicos quase 20% desde 2007.
Pressionar mais austeridade num quadro económico destes é já profundamente contraproducente. Mas fazê-lo, quando isso coloca em risco, mais do que a Grécia, a integridade da zona do euro, é do domínio da mais pura irresponsabilidade.
Infelizmente, os líderes europeus já nos habituaram a isso e não deve ser posto de parte que eles deixem partir a corda. As declarações da Comissão Europeia, em resposta ao aviso grego, de que "não há nenhum plano para a saída de membros da zona euro em 2012 e adiante" são um susto. Alguma alma piedosa acreditará que isto é dito assim, para não alimentar especulações, e que alguma preparação está em curso, mas o que temo é que estas declarações sejam mesmo verdadeiras. Se a saída da Grécia é má, uma saída sem preparação é terrível.
Em resumo, se não for agora, pode ser daqui a três meses ou daqui a seis meses, mas a verdade é que há um risco muito elevado de a Grécia se ver obrigada a sair do euro. E se a Grécia cair, Portugal será o “senhor que se segue”.
É evidente que estas declarações devem ser lidas como uma forma de pressão sobre a troika, em especial sobre o BCE e a Comissão Europeia, no sentido de acentuar a ideia de que existe uma forte externalidade negativa no caso de falhanço das mesmas. Os parceiros europeus devem ceder mais do que o estritamente necessário, porque a saída da Grécia do euro provocará um abalo sistémico muitíssimo grave nesta moeda, com repercussões económicas mesmo para lá da UE e consequências políticas não menos graves dentro da UE.
De acordo com a Economist Intelligence Unit, a economia grega deverá cair 7,5% em 2012, depois de já ter caído 5,3% em 2011, devendo registar uma queda acumulada do PIB de uns astronómicos quase 20% desde 2007.
Pressionar mais austeridade num quadro económico destes é já profundamente contraproducente. Mas fazê-lo, quando isso coloca em risco, mais do que a Grécia, a integridade da zona do euro, é do domínio da mais pura irresponsabilidade.
Infelizmente, os líderes europeus já nos habituaram a isso e não deve ser posto de parte que eles deixem partir a corda. As declarações da Comissão Europeia, em resposta ao aviso grego, de que "não há nenhum plano para a saída de membros da zona euro em 2012 e adiante" são um susto. Alguma alma piedosa acreditará que isto é dito assim, para não alimentar especulações, e que alguma preparação está em curso, mas o que temo é que estas declarações sejam mesmo verdadeiras. Se a saída da Grécia é má, uma saída sem preparação é terrível.
Em resumo, se não for agora, pode ser daqui a três meses ou daqui a seis meses, mas a verdade é que há um risco muito elevado de a Grécia se ver obrigada a sair do euro. E se a Grécia cair, Portugal será o “senhor que se segue”.
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