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domingo, 23 de maio de 2010

Diversificação de depósitos

Os riscos de bancarrota que impendem quer sobre o Estado português, quer sobre a banca nacional, sugerem no mínimo que se faça uma diversificação de depósitos. Mas em que bancos devemos colocar os depósitos?

Julgo que a CGD estará num campeonato à parte. Mesmo que a calamidade das contas públicas impeça o Estado de cumprir a sua parte no Fundo de Garantia dos Depósitos, dificilmente deixará de o fazer sobre os depósitos na CGD.

A partir daqui, instala-se a dúvida. O BCP é o mais frágil, quer em termos de rácios, quer em termos de cotação, quer na falta de consistência da base accionista.

Caso seja necessário, será que os accionistas de referência dos outros bancos avançarão com os fundos necessários a aumentos de capital? O BES tem o Crédit Agricole como grande accionista, mas e se a França também ficar engalfinhada numa grave crise do euro? O BPI e o Santander tem fortes accionistas espanhóis que poderão suster a crise, excepto se enfrentarem também graves problemas no seu mercado doméstico.

Saindo dos cinco grandes e procurando um banco estrangeiro com bolsos bem fundos, que banco escolher? Bancos alemães ou franceses têm grande exposição às dívidas soberanas em risco, pelo que se uma crise de bancarrota se abater sobre a área do euro poderão falir eles próprios. Bancos ingleses têm problemas de outra natureza, mas também estão fragilizados.

Se, por um lado faz todo o sentido procurar diversificar os depósitos, fica muito difícil de perceber (sem uma análise mais aturada) quais os bancos mais seguros para onde faz sentido transferir recursos.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Uma decisão acertada

Acho extremamente louvável a decisão do BPI de sair do consórcio que financia o TGV Caia-Poceirão. É um sinal fortíssimo enviado aos seus concorrentes que é uma imprudência estar a dar o aval a grandes obras públicas de mais do que duvidosa utilidade e que podem causar graves danos ao sector bancário, como já tinha avisado aqui (2 Dez 2009), de que destaco:

Há banqueiros que aplaudem os projectos faraónicos de endividamento público (na expectativa de ganhar umas comissões de financiamento), esquecendo que este endividamento ajuda a que o cenário atrás descrito [de risco de falência da banca] se materialize, colocando os bancos em sério risco.

Já a decisão de Fernando Ulrich de apontar para as nossas dificuldades de financiamento foi interpretada como um tiro no pé por banqueiros no anonimato. Esta é uma escolha arriscada, embora Ulrich tenha falado mais sobre Portugal como um todo e não na banca em particular. Mas, apesar de tudo, acredito no discernimento de Ulrich, que deve ter sentido que só um balde de água gelada pode acabar com o autismo e negação em vive o governo e talvez mesmo alguns dos seus colegas banqueiros.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Socorro!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Na Europa o problema prioritário a resolver são as agências de rating:

http://www.jornaldenegocios.pt/index.php?template=SHOWNEWS&id=426155

Em Portugal, o ministro Vieira da Silva, em resposta aos avisos do presidente do BPI, “garante que nada mudou nos últimos dois anos, sublinhando que ‘Portugal sempre teve capacidade de se financiar’ ".

“nada mudou nos últimos dois anos” nas nossas condições de financiamento?????????????????????????????????????????????????????

Parece que estamos a fazer todas as asneiras possíveis para bater o mais depressa possível na parede!

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Independência

Fernando Ulrich, presidente executivo do BPI, preserva a independência na entrevista de hoje ao Público. Destaco:

“Neste momento, o único banco a que o Governo pode tirar a garantia do Estado é a Caixa Geral de Depósitos (CGD), que foi o único que a utilizou.”

“Todos temos que estar disponíveis para nos sentarmos à volta da mesa e discutir quais são as melhores soluções. Não vejo nenhuma vantagem em andarmos a atirar pedras uns aos outros. Isso não vai ajudar a resolver os problemas.” Revela mais serenidade do que o governo.

“Portugal é um dos países com um dos maiores défices da BTC do mundo. Quer em percentagem do PIB, quer em valor absoluto. O país com maior défice da BTC é os EUA, o segundo é a Espanha. E Portugal está nos dez primeiros. E o desafio é este, pois financiar este défice vai ser muito mais difícil do que foi até aqui. E pode até não ser possível.”

“A CGD não pode ser o saco azul do partido que está no governo”

“O que digo é que não está excluído que o BPP tenha que ser liquidado e não está excluído que o BPP tenha capitais próprios negativos.” [Meus sublinhados].

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Um pouco excessivo, não?

Noticia o Público de hoje, capa e p. 41, que Paulo Teixeira Pinto (PTP) se reformou (!) aos 47 anos, recebendo 10 milhões de euros à cabeça e um pensão vitalícia, paga pelo banco, de cerca de 35 mil euros por mês, em 14 prestações por ano. No total, o banco assume o conjunto destes compromissos, tendo o seu valor actualizado sido estimado em cerca de 22 milhões de euros.
Parece que os 10 milhões de euros se destinam a assegurar que PTP jamais volte a exercer funções em instituições bancárias concorrentes. Tendo em atenção a forma como lançou e geriu a OPA ao BPI, não parece que houvesse assim tantos concorrentes dispostos a pagar salários milionários por estes serviços. Uma coisa que sempre me delicia é quando uma empresa decide ir por um certo caminho e o mercado recebe essa decisão com uma estrepitosa queda das cotações. Um pouco mais à frente, essa decisão falha (como a corrida a uma privatização na Roménia) e o mercado saúda esse “fracasso”, com uma forte subida de cotações. É óbvia a mensagem que o mercado está a dar…
Agora cito de cor, mas o pretexto para uma reforma aos 47 anos parece ter sido por razões do foro psicológico, um pretexto que dá para tudo. Já agora como é que uma pessoa num dia é presidente do maior banco privado e no dia seguinte está incapaz do mais pequeno trabalho? Há aqui ainda outra pequena (ligeiríssima…) contradição. Se ele se reforma por manifesta incapacidade de voltar a trabalhar, qual a necessidade de lhe pagar uma indemnização para ele nunca mais trabalhar? Pois então ele não está reformado por incapacidade?
Há depois a questão “menor” dos valores envolvidos. Num período em que os resultados do banco vão ser substancialmente afectados pelos custos da OPA falhada sobre o BPI, não poderíamos falar de valores um pouco menores, que mostrassem um pouco mais de respeito pelos maltratados accionistas do BCP?
Para quem enchia a boca de valores éticos (não precisava de o fazer), também não fica lá muito bem, pois não?
Finalmente, a nabice de não saber fazer as coisas. Se as contas estão bem feitas, PTP poderia ter negociado receber os 22 milhões de euros à cabeça tal como o banco as escriturou. Depois comprava, um negócio privado que ninguém tinha que saber, a tal pensão vitalícia com 12 milhões de euros (de novo, parto do princípio que as contas estão bem feitas). Ao banco custava a mesma coisa. PTP receberia exactamente a mesma coisa e não tinha que passar pelo opróbio de uma reforma mal explicada. Aliás ainda recentemente apareceu nos jornais com extensa descrição de afazeres… Mas chama-se a isto não saber fazer as coisas. Falta de intuição política. Também necessária em outros lugares públicos, que não apenas na política.
A propósito, se PTP está apto para tantos afazeres, não será legítimo aos accionistas do BCP pedirem a suspensão da tal reforma por incapacidade?