Mostrar mensagens com a etiqueta Um beijo em Havana. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Um beijo em Havana. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

[Entrevista Internacional] Michelle Jackson, autora de "Um Beijo em Havana" [ Quinta Essência]




Michelle Jackson - autora de "Um beijo em Havana"

 
  Entrevistamos  Michelle Jackson, autora britânica recentemente editada em Portugal com a chancela de Qualidade da Nossa Parceira editorial Quinta Essência , tendo sido recentemente publicado o seu romance "Um Beijo em Havana". Muito simpática e acessível, Michelle é, por natureza e vocação, criativa, sendo designer e Professora de Arte. Leitora aficcionada desde muito jovem, encontra na escrita o seu "tempo especial". Concilia todas as suas paixões criativas com a maternidade de duas crianças. Viajar é uma das suas grandes paixões, sendo esta bem ilustrada nas suas maravilhosas narrativas.
 
 
Vamos então conhecer melhor Michelle Jackson.
 
 
ENTREVISTA INTERNACIONAL COM: MICHELLE JACKSON
 
 
Por: Isabel Alexandra Almeida/Os Livros Nossos
 
 
 
1)    Michelle, quando descobriu que era o momento para se tornar escritora?
- [Michelle Jackson]: Eu sempre gostei de ler – quando criança, eu corria para uma biblioteca, como a Matilda de Roald Dahl, e devorava livros. Mas à medida que fui crescendo, e na minha adolescência, eu senti o meu amor pelas artes visuais e tomar conta de mim, e nunca sonhei que, um dia, seria capaz de escrever, eu própria, um livro. Transportei este pensamento noas profundezas da mente e fui para a faculdade de arte quando sai da escola secundária. Tornei-me designer e Professora de Arte. Foi apenas quando  dei à luz a minha filha, no final dos meus trinta anos, que senti uma necessidade de escrever. Foi uma experiência muito libertadora e a minha filha foi a minha musa inspiradora.
2)    Concorda com a distinção entre escritor (aquele que escreve) e autor (aquele que começa a ver publicado o que escreveu?
- [M.J]: Eu penso que qualquer pessoa que escreva é um escritor. Muitos autores maravilhosos têm enorme dificuldade em ser publicados e é por isto que muitos novos talentos estão agora a ser descobertos com o fenómeno dos ebook. Eu não vejo uma distinção entre aqueles que são responsáveis pela edição das suas próprias obras, e os que são publicados através de uma editora. Os autores publicados têm a vantagem de um editor!
3)    Os seus romances incluem sempre belas e interessantes paisagens (Havana, Las Vegas, Irlanda), na sua opinião, este pormenor é relevante para cativar os leitores?
- [M.J.]: Viajar é uma das paixões na minha vida. Adoro visitar novos lugares e ter novas experiências. O que me rodeia é importante para mim e encontro muita inspiração em diferentes arquitecturas, comidas, músicas e outras diferenças culturais, que variam de pais para país. Gosto de ser tão precisa quanto possível nas minhas descrições, e passo muito tempo  a assegurar que os detalhes nos meus livros são credíveis e reais. Se viajar para um dado local num dos meus, eu gosto que, enquanto leitor, sinta que esteve, de facto, no local acerca do qual eu escrevi.
4). Como é que encontra as ideias para um novo romance?
-[M.J.]: Habitualmente, começo pelo local, mas há sempre uma mensagem ou um tema forte que quero transmitir. O tema da rivalidade entre irmãs é explorado no meu livro “Um beijo em Havana”, a amizade e os seus laços são explorados em “Dois dias em Biarritz”. O meu novo romance publicado na Irlanda tem como cenário a Austrália e o tema é a emigração. Deverá estar pronto para ser lançado no final de Setembro.
5). Escreve de acordo um horário específico, ou quando se sente com disposição para escrever?
-[ M. J.]: Eu escrevo sempre que me é possível. É o meu prazer, o meu tempo especial. Sou mãe de duas crianças pequenas que exigem bastante atenção e tempo e também ainda dou aulas de arte, a tempo parcial, por isso penso que a mistura e o equilíbrio na minha vida resultam para mim.
6). Quais são alguns dos seus autores preferidos (Clássicos e contemporâneos)?
- [M. J.]: Adoro Ernest Hemingway e Jane Austen. Mas a minha escritora contemporânea preferida é Melissa Hill, que é também Irlandesa. Eu creio que temos uma forte herança literária na Irlanda, já que usámos a palavra falada enquanto meio de nos auto-expressarmos durante séculos, e na Idade Média eramos conhecidos pela terra dos Santos e Escolásticos. Outros autores de que gosto são: Micth Albom e Audrey niffnegger. O meu livro preferido de todos os tempos foi escrito na primeira metade do Século XX, e tem por título “Reviver o passado em Brideshead”, de Evelyn Waugh, e decorre entre as duas guerras mundiais. É a história de família aristocrata Britânica e eu adorei as personagens.
7). Como se sentiu quando viu o seu primeiro romance a ser publicado?
-[M.J.]: Não consigo explicar o quão excitada fiquei quando segurei o meu primeiro livro – foi um pouco como dar à luz- Embora eu seja muito afortunada e tenha tido cinco livros publicados, não há nada como a sensação de ver o nosso primeiro livro publicado.
8). Pode falar-nos um pouco sobre o seu próximo romance?
-[M.J.]: O meu novo romance tem por título “5, Peppermint Grove” e é a história de dois amigos que são separados pela emigração. Este é um grande tema na Irlanda, neste momento em que tantas pessoas estão a emigrar por razões económicas. É algo que temos conhecido durante várias vezes ao longo dos últimos dois séculos, e queria explorá-lo num contexto moderno. A mãe da minha personagem central também emigrou nos anos 70 e ela esconde um segredo desta época que a filha irá desvendar no decurso do livro.
9). Que mensagem gostaria de deixar a todos os seus leitores em Portugal?
- [M.J.]:Eu gostaria de dizer obrigado a cada pessoa que leu o meu livro. Estou muito satisfeita por ver o meu trabalho no vosso bonito idioma. Visitei o vosso país várias vezes e sempre passei ali bons momentos. Espero regressar tão brevemente quanto possível, e talvez um dia um dos meus romances tenha Portugal como cenário. Muito obrigado e felizes leituras!
 O nosso agradecimento à autora Michelle Jackson, pela disponibilidade e simpatia, e também à editora Quinta Essência, por ter disponibilizado para review, um exemplar do livro "Um beijo em Havana".
 

 

ENGLISH VERSION:

 
INTERNATIONAL INTERVIEW WITH:  MICHELLE JACKSON:
By: Isabel Alexandra Almeida/Blog Our Books/Os Livros Nossos
1)      Michelle, when did you find out that it was the moment for becoming a writer?
I always enjoyed reading – as a child I would run off to the library like Roald Dahl’s Matilda and devour books. But as I grew older in my teenage years I felt my love of the visual arts take over and I never dreamed that I would one day be able to write a book myself. I carried this thought in the back of my mind and went to art college when I left school. I then became a designer and an art teacher. It was only when I gave birth to my daughter in my late thirties that I felt an urge to write. It was a very freeing experience and I credit my daughter with being my muse.
2)      Do you agree with the distinction between writer (the one who writes) and author (the one who starts publishing what he wrote)?
 
I think that anybody who writes is a writer. Many wonderful authors have great difficulty getting published and that is why some new talent is now being found from the ebook phenomenon.  I don’t see a distinction between  those who self publish and those who are published by a publisher. The published authors have the advantage of an editor!
 
3)      Your novels always include beautiful and interesting landscapes (Havana, Las Vegas, Ireland), in your opinion, is this detail important to captivate the readers?
Travel is one of my passions in life. I love to visit new places and experience new things. My surroundings are important to me and I find great inspiration in different architecture, food, music and other cultural differences that vary from country to country. I like to be as accurate in my descriptions as possible and spend a lot of time ensuring that the details in my books are believable and real. If you travel to a place in one of my books I would like you as a reader to feel that you have really been where I have written about.
4)      How do you usually come up with the ideas for a new novel?
 
I usually start with the place but there is always a strong theme or message that I want to convey also.  The theme of sibling rivalry is explored in my book Um Beijo em Havana – friendship and it’s boundaries is explored in Two Days in Biarritz. My new novel published in Ireland is set in Australia and the theme is emigration. It is due for release at the end of September.
 
5)      Do you write according to a specific timetable, your when you feel in the mood for writing?
 
I write whenever I can. It is my pleasure and my special time. I am the mother of two young children who require a lot of attention and time and I also still teach art on a part time basis so I find the mix and balance in my life works for me.
 
6)      What are some of your favourite authors (classics and contemporary)?
 
I love Ernest Hemingway and Jane Austen. But my favourite contemporary author is Melissa Hill who is also Irish. I think that we have a strong literary heritage in Ireland as we used the spoken word as a means to express ourselves for centuries and in the middle ages were known as the land of saints and scholars.  Other authors that I enjoy are Mitch Albom and Audrey Niffinegger. My favourite book of all time was written in the first half of the twentieth century and entitled ‘Brideshead Revisited’ by Evelyn Waugh and set between the two world wars. It is the tale of an English aristocratic family and I loved the characters.
 
7)      How did you feel when you saw your first novel being published?
 
I cannot explain how excited I was when I held my first book – it was a bit like giving birth! Although I am very fortunate and have had five books published there is nothing like that feeling of seeing your first book in print.
 
8)      Can you tell us a little about your next novel?
 
My new novel is entitled 5 Peppermint Grove and it is the story of two friends who are separated by emigration. This is a big theme in Ireland at the moment as so many people are emigrating for economic reasons. It is something that we have been known for several times over the last two centuries and I wanted to explore it in a modern context. My main character’s mother also emigrated in the 1970’s and she hides a secret from this time which her daughter unravels in the course of the book.
 
9)      What message would you like to leave to all your readers here in Portugal?
 
I would like to say thank you to each and every person who has read my book. I am so pleased to see my work in your beautiful language. I have visited your country several times and always had a marvelous time. I look forward to returning as soon as I can and maybe some day I will set a novel there. Many thanks and happy reading.
 
 
 


quarta-feira, 5 de setembro de 2012

[Opinião] "Um beijo em Havana", de Michelle Jackson [Quinta Essência]

 
 
 
Autora: Michelle Jackson
Título: "Um beijo em Havana"
Título Original: "One Kiss in Havana"
Editora: Quinta Essência ( Grupo Leya)
Edição: Julho de 2012
Páginas: 404
 
 
Sinopse:
Emma, Louise e Sophie são irmãs. Talentosas, artísticas e criativas, têm muito em comum, especialmente no que diz respeito a homens. Quando Emma recebe do seu falecido marido pelo correio dois bilhetes para Cuba, fica mais do que surpreendida. Decide levar Sophie, sem perceber que o marido sempre tivera a intenção de a levar com ele. Enquanto as irmãs aproveitam o sol das Caraíbas, Louise reencontra Jack Duggan, o amor do seu passado, o que vai abalar o seu casamento com Donal. Enquanto isso, em Cuba, Emma conhece um sósia de Che Guevara, Felipe, e Sophie conhece Greg, um negociante de arte canadiano. Num cenário paradisíaco de amenas noites tropicais, música cubana e cocktails de rum, as irmãs não fazem ideia de onde um beijo em Havana as vai levar...


Crítica/opinião por: Isabel Alexandra Almeida/Os Livros Nossos:
Michelle Jackson, autora Irlandesa, traz-nos um belissimo romance contemporâneo, de leitura rápida, e que nos transporta para Havana (Cuba), mas também para o seio de uma família Irlandesa, de mulheres fortes, criativas e que enfrentam os seus dramas pessoais.
As personagens centrais são as três irmãs Emma, Louise e Sophie. Com personalidades bem distintas e vincadas, veremos de que modo irão elas enfrentar os desafios que o destino lhes coloca no caminho.
Emma, Jornalista e escritora, enviúva de Paul, o qual é vítima de ataque cardíaco, deixando um mistério a rodear a sua morte. Inteligente, algo ingénua, dedicada à família, como irá Emma reaprender a viver após a perda que sofreu? Sairá vencedora do conflito familiar eminente?
Sophie, sedutora, sensual, impetuosa, mimada, egoista, egocêntrica, imatura e manipuladora, acaba por se ver subitamente confrontada com a perda do homem que amou, nada mais nada menos do que o seu cunhado Paul (marido de Emma), com o qual mantinha uma relação extra-conjugal, e com quem iria partilhar a vida, não hesitando em trair a irmã. Vive a angústia de um luto secreto, pelo amante falecido, e teme pela reacção de Emma, se souber que era Sophie quem iria viajar até Havana, com Paul (numa viagem por este marcada, que as duas irmãs acabam por realizar juntas, por ironia do destino). Irá Sophie encontrar um rumo digno para a sua vida instável e fútil?
Louise, Professora de Música, e agora dona de casa a tempo inteiro, luta interiormente contra a sua revolta perante a rotina e estagnação da sua vida pessoal, e da carreira, e volta a ser atormentada perante a tentação de adultério, ao reencontrar um amor do passado, Jack Duggan (um seu ex aluno, com o qual viveu um escaldante romance, pouco antes de se casar com o fiel e dedicado Donal). Irá Louise saber resistir à tentação?
O espaço social corresponde à classe média-alta Irlandesa. Quanto ao espaço físico do romance, este divide-se entre as belas paisagens da Irlanda natal das personagens (e da autora) e as exóticas e tropicais paisagens das caraíbas, em Cuba.
É interessante viajarmos até à vivência cubana, evocando Hemingway e "O velho e o mar", a vida de luxo proporcionada aos turistas nos resorts, em evidente contraste com a dificil vida do povo Cubano, com dificuldades de acesso aos mais elementares bens de consumo (como produtos de higiene e beleza), a multiplicidade étnica do povo, a sua hospitalidade, e , em alguns casos, os escrúpulos que se perdem em nome da sobrevivência. Verdadeiramente fascinante a forma como a autora nos transporta a Cuba, dando-nos uma completa imagem mental dos locais descritos e do ambiente circundante.
O enredo, tendo por base a vivência de uma família, é bastante elaborado, e empolgante, contendo surpreendentes reviravoltas, e agarrando bem o leitor, numa leitura compulsiva.
Sentimos a tensão entre as irmãs (Emma e Sophie) e o conflito interno das personagens, ao vivenciarem os seus problemas e contextos pessoais.
O amor e o sexo temperam também o enredo, Greg ( um negociante de arte bon vivant) irá envolver-se com uma das irmãs em Cuba, e ali Emma poderá encontrar o amor, se entender os sinais do tímido Felipe (um sósia de Che Guevara); na Irlanda, Louise terá de tomar a decisão da sua vida (pela segunda vez tem de optar entre Jack e Donal), qual será a sua decisão final?
Uma leitura diferente, com drama, sensualidade, paixão, amor, conflitos familiares e que nos leva a pensar que a vida é feita, tantas e tantas vezes, de oportunidades e escolhas que aproveitamos da melhor ou da pior forma.

Um livro que nos provoca um sorriso nos lábios, ou a lágrima sentida nos momentos mais dramáticos.
Michelle Jackson é uma autora a seguir, indubitavelmente. Recomendamos!