Título: Mais Forte que o Desejo
Autora: Cheryl Holt
Editora: Quinta Essência
Edição: Agosto de 2013
Páginas: 340
Genéro: Romance histórico/erótico
Crítica por Isabel Alexandra Almeida para o Blog Os Livros Nossos:
Mais forte que o Desejo, é o quarto romance de Cheryl Holt editado em Portugal, com a chancela da Quinta Essência [Grupo LeYa]. Trata-se de um romance feminino, por excelência, marcadamente sensual, mas que se mostra escrita num ritmo bastante intenso, ao nível narrativo, e cuja acção decorre no delicioso cenário social da Inglaterra do Século XIX (a acção tem início em 1813, mas somos transportados a diversos acontecimentos relevantes para o decurso da trama, do quais tomamos conhecimento através de interessantes analepses, que nos permitem revisitar o passado, através de recordações e descobertas de algumas das personagens).
Muito embora o papel de protagonistas caiba, de forma bastante destacada, ao casal composto por Lady Olivia Hopkins, uma jovem da nobreza, filha de um Conde entretanto falecido, e que enfrenta a falência financeira da família, e por Philip Paxton, o filho ilegítimo do Conde de Salisbury (viúvo, sem descendência de linha legítima de sucessão, e que procura encontrar uma jovem de boas famílias com a qual possa refazer a vida e ter filhos), o chefe da estrebaria da propriedade de seu pai, que sofre por não haver sido aceite entre os arrogantes e pretensiosos membros da alta sociedade local; a obra apresenta um leque bastante generoso de personagens secundárias com as quais automaticamente o leitor acaba por simpatizar e empatizar, nunca casos, e antipatizar noutros.
Assim, embora tenha sido do nosso agrado o casal protagonista (embora nos pareça que não ficaria mal a Olívia ter-se mostrado algo mais corajosa perante as adversidades), foi bastante interessante travar conhecimento com Winnie Stewart (a prima mal amada e acolhida numa caridade camuflada, da vilã Margaret - a arrogante e malévola Condessa viúva, madrasta de Lady Olivia), uma mulher sensual, apaixonada, que luta por ajudar Helen [a sobrinha de Olívia, filha ilegítima do seu falecido irmão, que é maldosamente considerada um fardo pesado pela pérfida Condessa Margaret, que não hesita em atirar a pobre criança para um orfanato bastante duvidoso, dirigido por pessoas sem escrúpulos, e onde paira mesmo a ameaça de pedofilia], e que se questiona se será legítimo poder vivenciar o amor que inesperadamente começou a sentir pelo Conde de Salisbury (amor este correspondido, mas que ambos receiam assumir, por diversas circunstâncias).
Em termos de vilãs, temos ainda a licenciosa Penelope, filha de Margaret (de um anterior casamento), uma jovem atrevida, maldosa, imoral, que iremos adorar detestar, e que nos vai deixando sempre na expetactiva de qual será a sua próxima maldade, e que, em parceria com a mãe, tudo irá fazer (enquanto oponente) para minar o caminho possível de Olivia em direcção à merecida felicidade.
Tratando-se de um romance erótico por excelência, não faltam as cenas tórridas, envolventes, descritas com a mestria a que Cheryl Holt já habituou os seus leitores, bem doseadas com intriga, segredos de família, pecados e virtudes, e com uma trama bastante completa, plena de mistérios que mantêm o leitor agarrado às páginas do livro, até ao desenlace final.
Bastante interessante a referência a temas delicados, como o tratamento de menosprezo dado a pessoas com deficiência, ou os riscos a que estavam sujeitos os órfãos que eram direccionados para orfanatos dirigidos por pessoas sem quaisquer princípios ou valores humanitários. Tratam-se de dois temas que bastante enriquecem a obra, e que a fazem destacar-se de tantos outros títulos cuja acção decorre no mesmo momento histórico.
A linguagem, como é característica da autora, é fluída, intensa, e bem contextualizada.
Ousadia, Paixão, sensualidade, sexo, intriga, e belas histórias de amor, que têm tudo o necessário para não deixar indiferente quem seja adepto deste tipo de romance histórico com acentuado sabor sensual, mas que não deixa de parte os detalhes sociais de uma sociedade bastante exigente, e algo hipócrita, como a da Inglaterra do século XIX.
Um livro ideal para levarmos connosco para a esplanada mais próxima, e dele desfrutarmos na companhia de um chá gelado!
Adorámos, recomendamos, e queremos mais romances de Cheryl Holt !
Relembremos a entrevista à simpática autora:
- Pode ler ou reler a entrevista AQUI