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AGOSTO na Esplanada d’Os Artistas – às 4ªf - 22h – Entrada Livre!

Sonic enigmas – documentários musicais!


Aproveitar a Esplanada d’os Artistas para um belo ciclo ao ar livre dedicado a alguns dos maiores e mais criativos músicos de sempre!

(links sobre os filmes nas imagens)

Dia 1
NO DIRECTION HOME: BOB DYLAN
Martin Scorsese, EUA, 2005, 208’




Dia 8
THE DEVIL AND DANIEL JOHNSTON - LOUCURAS DE UM GÉNIO
Jeff Feuerzeig, EUA, 2005, 110’



Dia 15
SCOTT WALKER: 30 CENTURY MAN
Stephen Kijak, EUA/UK, 2006, 95’




Dia 22
OS GATOS PERSAS
Bahman Ghobadi, Irão, 2009, 106’



Dia 29
DECONSTRUCTING DAD: THE MUSIC, MACHINES AND MYSTERY OF RAYMOND SCOTT Stanley Warnow, EUA, 2010, 100’
+
MOOG
Hans Fjellestad, EUA, 2004, 72’



!ENTRADA LIVRE!


BOAS FÉRIAS!


(os nossos serviços reabrem dia 3 de Setembro)

O MELHOR CINEMA AO AR LIVRE - 16 A 27 JULHO, 22H. CLAUSTROS DO MUSEU MUNICIPAL

16 a 27
Exposição evocativa de Fernando Lopes
Feira do Livro de Cinema

DIA 16
EM CÂMARA LENTA, Fernando Lopes, Portugal, 2011, 71’

HOMENAGEM A FERNANDO LOPES - inauguração de Exposição Evocativa às 21h e apresentação deste filme pelo seu filho, Pedro Lopes, às 22h

Visão poética do realizador que recupera o melhor da sua estética, do seu olhar, com diálogos menos naturalistas, citações abundantes, imagens que preenchem a alma. Um sentido estético próximo de Lá fora. Santiago talvez seja o engenheiro que constrói os não lugares desse outro filme. Só que aqui o artificialismo não prevalece. Há uma poética do vazio e dos espaços sem fim, outrora artificiais, aqui apenas imensos. Uma aventura aquática pelos abismos da alma de um mártir de si próprio.
Manuel Halpern



Dia 17
UM AMOR DE JUVENTUDE, Mia Hansen-Løve, França/Alemanha, 2011, 110’, M/12

O terceiro (e, para nós, melhor) filme da francesa Mia Hansen-Løve ilustra na perfeição o velho adágio “não há amor como o primeiro” - e adiciona-lhe uma “segunda parte” que diz “e é uma coisa inexplicável”. Na prática, contudo, Um Amor de Juventude vai ganhando consistência à medida que avança, graças à limpidez e ao desassombro com que a realizadora olha para esta experiência fundadora das emoções, e sobretudo porque o lado bonito e romântico da coisa não esconde que há tanto de terno e ingénuo como de iludido e malsão nas obsessões românticas da juventude.
Jorge Mourinha



Dia 18
RAFA, João Salaviza, Portugal, 2012, 25’
NANA, Valerie Massadian, França, 2012, 68’, M/12

Nana (Kelyna Lecomte), de apenas quatro anos, vive com a mãe e o avô numa casa perto da floresta. Certo dia, ao chegar da escola, encontra a casa totalmente silenciosa e vazia. Depois da sensação física do vazio e do abandono, Nana retoma a sua vida normal: veste-se, alimenta-se, brinca e cuida da casa. É assim que aquela menina assume-se num mundo à altura dos seus 90 centímetros, liberta dos adultos e da sua orientação. Primeira longa-metragem da fotógrafa Valérie Massadian, foi o filme-revelação em Locarno, onde recebeu o prémio Opera Prima para primeiras obras.
Em complemento a curta "Rafa", de João Salaviza, sobre um rapaz de 13 anos que deixa a sua casa nos subúrbios e ruma a Lisboa, em busca da mãe que não regressou na noite anterior. "Rafa" foi o vencedor do Urso de Ouro para melhor curta-metragem na edição de 2012 do Festival de Berlim.

(trailers de ambos os filmes)


Dia 19
A MINHA SEMANA COM MARILYN, Simon Curtis, Reino Unido/EUA, 2011, 99’, M/12

Tudo aponta para que “A Minha Semana com Marilyn” queira ser o “Discurso do Rei” versão 2011 - um filme competente, profissional, clássico, um tudo-nada anónimo.Isso apenas torna mais digna de crédito a despretensão e o profissionalismo que tornam a primeira longa-metragem de Simon Curtis num filme simpático e perspicaz que tem uma noção exacta do que se esconde por trás da grande ilusão do mundo do cinema. Filme profissional, clássico, com excelentes interpretações de um elenco de luxo, tudo, evidentemente, feito com a impecável reconstituição de época e profissionalismo a que os ingleses nos habituaram.
Jorge Mourinha



Dia 20
SHAME, Steve McQueen, Reino Unido, 2011, 101’, M/18

Depois da “Fome”, a “Vergonha”: ao segundo tomo, a obra cinematográfica de Steve McQueen começa a parecer uma reflexão serialista sobre as misérias humanas, e talvez acabe aos sete, como os pecados. Já tínhamos gostado imenso de “Fome”, produto de um olhar fresco que tentava habitar a convenção (de um cinema “mainstream”, ou quase “mainstream”) para a rasgar, por dentro e com delicadeza, sem a pose sobranceira com que outros “artistas” se aproximam da “facilidade” do cinema. “Vergonha” sugere que “Fome” não foi um acaso, e que há que contar, de facto, com este olhar de McQueen. Um balanço perfeito entre um modo “cerebral” de fazer cinema e o inesgotável poder, muito físico, dos seres e dos lugares.
Luís Oliveira



Dia 23
MIDNIGHT IN PARIS, Woody Allen, EUA/Espanha, 2011, 100’, M/12

Comparado com a escuridão escarninha de filmes mais recentes como “O Sonho de Cassandra” ou “Vais Conhecer o Homem dos Teus Sonhos”, “Meia-Noite em Paris” é literalmente luminoso - é o filme de um realizador que, de certo modo, acabou de fazer as pazes com o mundo e se concentra naquilo que realmente interessa, com uma elegância e um humor abertos que já não víamos em Allen há uns anitos largos. Por trás da imagem há vida e emoção que vão muito para lá da superfície. E se, como se diz a certa altura no filme, o trabalho de um artista é “não sucumbir ao desespero”, Allen, por uma vez, recusou-se a fazê-lo. E sim, o resultado é o seu melhor filme desde “Match Point”.
Jorge Mourinha



Dia 24
A VINGANÇA DE UMA MULHER, Rita Azevedo Gomes, Portugal, 2012, 100’, M/12

A palavra-chave, neste filme, é cerimónia. Porque A Vingança de uma Mulher progride por antecâmaras que dão acesso a um espaço mental.Que homem se torna no fim Roberto? Que espectadores nos tornamos? É das experiências de maior envolvimento físico, por isso, neste momento em sala. E das mais fantasmáticas. Nada de arqueológico em A Vingança de uma Mulher: este fantasma de filme - de um cinema que se faz perigosamente físico ao tocar nos adereços de estúdio e, por isso, a desencadear coisas estranhas na nossa mente e no nosso corpo - insiste em manter-se aqui.
Vasco Câmara



Dia 25
MELANCOLIA, Lars von Trier, Dinamarca/Suécia/França/Alemanha, 2011, 136’, M/12

Em “Melancolia”, filme-catástrofe de câmara passado numa luxuosa mansão campestre, o fim do mundo é uma metáfora mal disfarçada da depressão e do niilismo da sua personagem principal; o filme estica-se para lá do que a história aguenta, roda em seco parte do tempo, tem apenas duas personagens com espessura (sublimemente interpretadas por Kirsten Dunst e Charlotte Gainsbourg) e uma mão-cheia de bonecos a preencher o resto. Mas é também o filme mais sincero, mais frágil, mais desarmado de Von Trier, aquele em que sentimos um ser humano por trás de todo o estilo visual (aqui apurado ao limite da opulência) e não apenas um brincalhão irritante. Se continuar assim, ainda pode voltar ao panteão dos grandes.
Jorge Mourinha



Dia 26
O CAVALO DE TURIM, Béla Tarr, Hungria/França/Alemanha/Suécia, EUA, 2011, 146’, M/12

"O Cavalo de Turim" não é um filme que se revele à superfície, que responda às lógicas lineares da convenção tal como o cinema mais tradicional as usa. O Cavalo de Turim é um filme para quem espera do cinema que mexa consigo de uma forma elementar, quase inexplicável, puramente sensorial. Bela Tarr não é para quem quer, nem mesmo para quem pode - e não há nisto nada de elitista: trata-se apenas de admitir que há muitas maneiras diferentes de fazer cinema e a dele é “outra coisa”, a um tempo tão depurada que chega a ser arcaica e tão radical que chega a ser visionária. O Cavalo de Turim diz que o cinema é o que um artista quiser - e o que Béla Tarr quer deixa marcas inapagáveis. Saibamos merecê-lo.
Jorge Mourinha



Dia 27
A INVENÇÃO DE HUGO, Martin Scorsese, EUA, 2011, 127’, M/12

Provavelmente, reside aqui o mais singular objecto que Hollywood produziu nos últimos tempos, e basta sentir o desfasamento entre o “trailer” que promete uma coisa e o filme que é outra totalmente diferente para perceber essa singularidade. É que, com “A Invenção de Hugo”, Martin Scorsese assina uma carta de amor ao cinema meia de lição de história, disfarçada de filme familiar à moda antiga que quase podia ser um filme de imagem real da Disney dos anos 1950. Não há explosões nem violências desnecessárias (à excepção de um par de sequências de pesadelo), há uma história que repousa no engenho de um órfão decidido a resolver um mistério que o vai colocar em rota de colisão com o pioneiro do cinema Georges Méliès na Paris dos anos 1920.
Jorge Mourinha



Preço por sessão
Sócios CCF 2€, Estudantes 3,5€, Restante 4€
Passe para os 10 dias
Sócios 15€
Não-Sócios 25€

Reservas
cineclubefaro@gmail.com
Informações sobre os filmes
neste blog

Apoios
Câmara Municipal de Faro
Direção da Cultura do Algarve
Hotel Faro


ABRIL - 56º ANIVERSÁRIO - CICLO Melancolias. IPJ, às 3ªf. 21h30.

DIA 3
EM CÂMARA LENTA, Fernando Lopes, Portugal, 2011, 71’
Visão poética do realizador que recupera o melhor da sua estética, do seu olhar, com diálogos menos naturalistas, citações abundantes, imagens que preenchem a alma. Um sentido estético próximo de Lá fora. Santiago talvez seja o engenheiro que constrói os não lugares desse outro filme. Só que aqui o artificialismo não prevalece. Há uma poética do vazio e dos espaços sem fim, outrora artificiais, aqui apenas imensos. Uma aventura aquática pelos abismos da alma de um mártir de si próprio.
Manuel Halpern




DIA 10
INQUIETOS, Gus Van Sant, EUA, 2011, 91’, M/12
Com boa direcção de actores, belíssima música (partitura original de Danny Elfman e canções de Sufjan Stevens ou Nico), um argumento que sabe não tropeçar nas armadilhas da lágrima fácil de um Love Story mas, ao mesmo tempo, manter todo um programa emotivo como tutano que alimenta a narrativa e um saber (já várias vezes demonstrado) no encontrar de bom relacionamento entre espaço e acção, Inquietos é, afinal, uma bela surpresa. E confirma, depois do já sólido Milk, que o realizador parece ter encontrando uma forma de lidar com os seus projectos para o grande público .
Nuno Galopim

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DIA 17
O MIÚDO DA BICICLETA, Jean-Pierre e Luc Dardenne, Bélgica/ França/ Itália, 2011, 87’, M/12
Depois do “quase-melodrama” que era “O Silêncio de Lorna”, “O Miúdo da Bicicleta” vem confirmar que os irmãos Dardenne encontraram, algures, um coração: já não filmam seres humanos compenetrados na “animalidade” de uma luta pela sobrevivência, filmam seres humanos no momento em que, justamente, a “humanidade” se lhes impõe. A ausência de explicações (cabais), a psicologia impenetrável, os efeitos do acaso, tudo isto são elementos que os irmãos belgas continuam a trabalhar muito bem e a constituir em assinatura natural, nada forçada.
Luís Miguel Oliveira

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DIA 24
LE HAVRE, Aki Kaurismaki, Finlândia/ França/ Alemanha, 2011, 93’, M/12Q
O cinema também foi feito para figurar milagres a Aki em “Le Havre”, arrisca timidamente o seu. Não o revelaremos, nem saberíamos como o fazer. Digamos antes, que em “Le Havre”, Aki se atreve a colorir de esperança o negrume dos dias com uma poesia humanista da qual só ele tem o copyright e que é todo um programa – admirável mundo novo que, lá por não ser natural, não deixa de ter os pés na terra.
Francisco Ferreira




.......................................Sócios 2€ // Estudantes 3,5€ // Restantes 4€

ÀS 3ªF (TERÇAS) (TERÇAS-FEIRAS) NO IPJ - FEV-MAR - MARIAS CHEIAS DE GRAÇA

Sócios 2€, Estudantes 3,5€, Restantes 4€

FEVEREIRO

Dia 7
CRAZY HORSE
Frederick Wiseman

EUA, França, 2011, 134’, M/16

Criado por Alain Bernardin e inaugurado a 19 de Maio de 1951 na Avenida George V, em Paris, Crazy Horse tornou-se num dos mais emblemáticos cabarés de todo o mundo, onde o estereótipo da beleza feminina e o erotismo dão o mote a um espectáculo de striptease.
É neste cenário inspirador que o mais importante documentarista americano, Frederick Wiseman, regressa ao seu registo habitual, apresentando à sua própria assistência as hierarquias, a disciplina e o sacrifício que implicam uma encenação destas proporções.




Dia 14
UMA SEPARAÇÃO
Asghar Farhadi

Irão, 2011, 123’, M/12

Quinta longa-metragem do iraniano Asghar Farhadi, o filme foi o grande vencedor da 61.ª edição do Festival de Berlim, arrecadando o Urso de Ouro, bem como ganhou o Globo de Ouro e se perfila como o melhor candidato ao Óscar para Melhor Filme Estrangeiro. “A minha homenagem aos cineclubes, que pelo "resto" do país, vai divulgando como pode, estas cinematografias e este "Uma Separação" será mais um. Actores fabulosos que têm aqui a representação das suas vidas. "Uma Separação" é obrigatoriamente um filme a ver.” J. Vieira Pinto




Dia 28
EFEITOS SECUNDÁRIOS
Paulo Rebelo

Portugal, 2008, 97’, M/12

A estreia na longa-metragem de Paulo Rebelo, colaborador de João Pedro Rodrigues em “Odete” e “O Fantasma”, é um bom exemplo de um filme que sabe usar as mais-valias que tem para ultrapassar as suas fraquezas - no caso, um trio central de actores de luxo absoluto e uma encenação escorreita e cumpridora, mesmo que pouco inspirada. Mais inexplicável é o porquê deste filme estar na prateleira desde que foi completado em 2009, exibido apenas em alguns festivais para surgir agora numa estreia “de autor” quase confidencial - destino que, apesar das suas evidentes fragilidades (que não são apenas de primeiro filme) e devido ao capital de simpatia que gera, “Efeitos Secundários” não merecia.
Jorge Mourinha



MARÇO

Dia 6
OFFSIDE – FORA DE JOGO
Jafar Panahi

Irão, 2006, 93’, M/12

Estar fora de jogo é a opção de Jafar Panahi, em "Offside", uma das mais brilhantes e atuantes das suas obras, de 2006, que se estreia agora em
Portugal. Um filme de futebol em que nunca se vê uma bola. Porque muitas vezes o mais importante passa-se onde ninguém está a olhar. No Irão, como noutros países islâmicos, as mulheres estão impedidas de ir ao futebol. Não quer dizer que não vão. Dezenas de raparigas, disfarçadas de rapazes, tentam à viva força entrar no estádio para aplaudir a sua seleção. E os soldados esforçam-se para que isso não aconteça.
"Offside" é sobre as raparigas que são proibidas de assistir ao futebol. Claro que, desta forma criativa, o realizador coloca o foco sobre o próprio regime e sobre a condição feminina nas sociedades islâmicas. Tudo com uma ironia brutal. O filme, em estilo documental, tem um travo de comédia. É simpático e complacente até com os próprios soldados e está cheio de momentos de humor que mostram os aspetos caricatos do próprio regime. E é mesmo ao regime que
se aponta o dedo, apesar de nenhum dado palpável o poder demonstrar. O que Jafar Panahi não esperava é que, deste feita, em vez do futebol, fosse o seu cinema que ficasse fora-de-jogo (foi por causa deste filme que o regime o prendeu e proibiu de filmar durante 20 anos). Um filme que revela a coragem de um homem livre, inspirado num evento real que aconteceu com a filha do próprio realizador, e o vencedor do Urso de Prata no Festival de Berlim de 2006.




Dia 13
APOLLONIDE - MEMÓRIAS DE UM BORDEL
Bertrand Bonello

França, 2011, 122’. M/16

Não era preciso chegarmos, já perto do fim de “Apollonide”, ao momento em que as prostitutas de um bordel parisiense de 1900 dançam ao som dos Moody Blues para perceber que o filme de Bertrand Bonello não quer ser um objecto realista. Esta reinvenção do quotidiano de um bordel de luxo na transição do século XIX para o XX como um espaço onde a submissão sexual é a chave da liberdade feminina numa sociedade patriarcal onde as mulheres (e por arrasto as prostitutas) são seres de segunda classe é uma espécie de “féerie” luxuriantemente decadente, de uma sublime e requintada elegância, como só o cinema é capaz de criar. O Apollonide de Bonello não é um bordel do corpo tanto como um bordel da alma, onde o sexo é simultaneamente salvação e perdição; é um filme deslumbrantemente esquivo e sedutor, espécie de equivalente fílmico das alucinações geradas pelo absinto.
Jorge Mourinha




Dia 19 (2ªf)
AMÉRICA
João Nuno Pinto
Portugal/Rússia/Brasil/Espanha, 2010, 111’, M/16

Presença de Luísa Costa Gomes, escritora e argumentista

Vítor (Fernando Luís) é um conhecido charlatão, especialista em enganar velhinhas, que envereda por um esquema novo: falsificação de documentos. Liza (Chulpan Khamatova), a sua jovem mulher, é uma imigrante russa que, desde o dia em que casou com ele, se vê sempre metida em sarilhos. Com esta nova ocupação, a vida - e a casa - de Vítor torna-se num ponto de encontro de ex-mulheres, vigaristas e imigrantes ilegais de todas as origens e nações. E é assim que Liza conhece Andrei (Mikhail Evlanov), um emigrante ucraniano por quem se apaixona e com quem tenciona fugir. Mas parece que a propensão de Liza para arranjar problemas só tem tendência a piorar: é que Andrei é procurado pela máfia do Leste europeu, que o tenciona ver morto... Uma comédia em estilo burlesco, realizada por João Nuno Pinto, com a participação do humorista Raúl Solnado, argumento e diálogos de Luísa Costa Gomes.




Dia 27
ATTENBERG
Athina Rachel Tsangari

Grécia, 2010, Cores, 96’, M/16

“Attenberg”, segunda longa de Athina Rachel Tsangari, caiu de pára-quedas em Veneza 2010 e desde então tem vindo a fazer uma carreira internacional que tem dividido a crítica entre a rendição e a rejeição, e faz sentido que assim seja. A realizadora, que estudou nos EUA, vem do experimentalismo e da arte multimedia, pelo que a sua abordagem a esta história de uma rapariga que enfrenta com grande relutância a entrada na idade adulta é tudo menos convencional. “Attenberg” tem tanto de genuinamente humano e emocional como de deliberadamente confuso e provocador, traindo o controlo preciso e formalista com que Athina Rachel Tsangari conduz a sua história. É um filme que, à imagem da sua personagem principal, concilia uma inegável maturidade criativa com um tactear à procura do melhor meio de a utilizar dentro de um quadro narrativo. Tão provocante como mas bem mais acessível do que “Canino”, “Attenberg” é uma pequena e muito recomendável surpresa que não pode nem deve ser vista como um reflexo da sociedade grega contemporânea - mas que é certamente um bom exemplo do cinema grego contemporâneo.
Jorge Mourinha


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CICLO É A POLÍTICA, ........! às 2ªf, 21h30, no IPJ.

sócios 2€, estudantes 3,5€, restantes 4€


Dia 9
O BARÃO

Edgar Pêra

Portugal, 2011, 105’, M/12
(o realizador afinal não pode vir por motivos de doença de familiar)

Edgar Pêra assina com “O Barão” o seu filme mais acessível, e uma deliciosa homenagem ao cinema de terror clássico, inspirada por uma novela de Branquinho de Fonseca.
“Aqui quem manda sou eu!”, diz o Barão, criação do escritor Branquinho da Fonseca que Pêra situa num Portugal com laivos de “Mittel-Europa” intemporal, gótico e atrasado, misto de superstição e paganismo. O filme já estava pronto antes da crise da dívida (anda a circular por festivais, internacionais e nacionais, desde o início do ano) mas o olhar impiedoso que lança sobre um Portugal paroquial, corrupto, mesquinho, conservador, orgulhosamente parolo (e talvez não tão perdido no tempo como isso) é certeiro no momento que vivemos.
A alegoria do Barão como metáfora salazarista pode ser óbvia, mas é inegável. O que já é mais surpreendente é que essa alegoria seja embrulhada no preto-e-branco contrastado de um filme de terror da RKO dos anos 1950 filmado em estúdio por um Guy Maddin hiper-activo, com Nuno Melo a tornar o Barão numa espécie de Bela Lugosi-Drácula-Nosferatu-Salazar e Marcos Barbosa como o seu Renfield inspector das escolas que não gosta que lhe dêem cabo do sossego.
Um dos mais singulares e estimulantes filmes portugueses de 2011, e isto num ano onde a média da produção está a ser bem superior ao habitual.

Jorge Mourinha, Público




Dia 16
ISTO NÃO É UM FILME

Jafar Panahi

Irão, 2010, 75’, M/12

Preso pela primeira vez em Julho de 2009, Jafar Panahi teve o passaporte apreendido e foi proibido de sair do Irão. Preso novamente em Março de 2010, ficou encarcerado na prisão de Evin, em Teerão, até finais de Maio, saindo sob uma fiança de 145 mil euros; em Dezembro desse mesmo ano, foi condenado a seis anos de prisão e vinte anos de proibição de filmar e de sair do país. Agora, a aguardar, em prisão domiciliária, o veredicto ao recurso interposto pelo seu advogado, Panahi e outro cineasta iraniano, Mojtaba Mirtahmasb, decidem "contar" um filme. Assim, usando um tapete como maqueta, Panahi desenha um cenário imaginário construindo um filme onde demonstra o poder do cinema contra a repressão e liberdade de expressão, seja no Irão ou em qualquer outra parte do mundo.
Devido às restrições do realizador, este filme, em competição em Cannes 2011, chegou numa "pen" USB escondida dentro de um bolo. Jafar Panahi foi também homenageado na última edição da Berlinale, onde foram exibidos todos os seus filmes. Uma vez que não lhe foi possibilitada a deslocação a Berlim, como também não tinha sido em Cannes, a sua cadeira de júri foi mais uma vez deixada vazia como manifestação de pesar.
O mais político de todos os filmes passa-se entre quatro paredes.




Dia 23
HABEMUS PAPAM

Nanni Moretti

Itália/França, 2011, 102’, M12
Um psicanalista (Moretti) é chamado para tratar do pânico papal. A princípio causando dúvidas no Vaticano a aproximação do inconsciente à fé, as duas visões acabam por ficar reféns do mesmo jogo - o psicanalista fica condenado a organizar um torneio ecuménico de voleibol com os assustados e suspensos cardeais. O Vaticano como cenário para um burlesco emudecido - há diálogos, mas a coreografia entre planos e cenas podia prescindir deles, pelo desejo de silêncio de “Habemus Papam”. A ele, ao Papa de Piccoli, a liberdade com a dúvida gloriosa. Neste filme de um ateu que foi criado por católicos, a psicanálise (Moretti e a tentação ditatorial da sua “persona”) é mais maltratada do que a Igreja. O realizador não se deixa prender pela episódica “realidade”, suspende-a - passa ao lado de denúncia de escândalos de pedofilia ou de polvos financeiros, por exemplo.
Enche-se de uma ternura humanista que em momentos temos a tentação de chamar “rosselliniana” (por causa de “Francesco, Giullare di Dio”). Nesse equilíbrio com os outros, Moretti permite que com Piccoli entre Manoel de Oliveira para o seu filme. Quando Piccoli, respondendo a uma psicanalista, diz que foi em tempos actor, tanto está a falar dos rituais de teatralidade no Vaticano como do filme de Oliveira em que ele, como actor, desistia e ia para casa. “Je Rentre à La Maison” (2001) não está aqui, contudo, como citação cinéfila, coisa estranha em Moretti. Está como mais mundo. Como uma contiguidade de que o cineasta hoje precisa. A dúvida liberta.

Vasco Câmara, Público




Dia 30
PATER

Alain Cavalier

França, 2011, 105’, M/12

Alain Cavalier e Vincent Lindon, amigos há longos anos, examinam a interacção entre um realizador e um actor e a natureza das relações de poder entre ambos. Numa conversa a dois, e através de uma relação de realizador/actor, pai/filho, discutem que filme farão juntos. Cúmplices, vestindo as peles de um Presidente da República e do seu primeiro-ministro, delineiam um jogo político, discutem estratégias, reais e fictícias, concordam e divergem...
O seu principal mérito, no meio de tanto jogo? Nunca parecer só um jogo, conservar a aparência de espontaneidade e improviso sem nunca andar ao Deus dará, investir de uma profunda intencionalidade todos aqueles momentos em que se está “entre” (entre aquilo que Cavalier e Lindon são e aquilo que Cavalier e Lindon representam), e ao mesmo tempo ser, efectivamente, uma invenção, uma invenção política e uma invenção da “política”, cheia de ressonâncias contemporâneas (o dinheiro, claro) e até premonitórias (o “affair” Strauss-Kahn).
Um filme entre a ficção e o documentário que tenta baralhar o espectador. Em competição no Festival de Cannes, "Pater" conquistou os críticos e o público, recebendo uma ovação de 17 minutos.

Luís Miguel Oliveira (e sinopse), Público



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VIDAS - o nosso EX-CELS-SO Ciclo Setembro-Outubro no IPJ. 21h30.

O título diz tudo: são biografias, senhores, são - que! - biografias.

Sócios - 2€

Estudantes - 3,5€
Restantes - 4€

SETEMBRO


DIA 19
48

Susana de Sousa Dias
Portugal, 2010, 93’, M/12

Partindo de uma série de fotografias de prisioneiros políticos, Susana Sousa Dias volta a centrar-se no período do Estado Novo e realiza um documentário sobre os 48 anos de ditadura em Portugal (1926-1974). Mostrando os rostos das vítimas da PIDE, pretende-se que o espectador observe cada imagem ouvindo, em voz off, o depoimento vivo da pessoa em questão, usando as pausas e os silêncios como meio de reflexão.



DIA 26
DURANTE O FIM

João Trabulo
Portugal, 2003, 70’, M/12

Este documentário segue Rui Chafes nas suas actividades, desde a idealização até à concepção dos seus trabalhos, mostrando ao espectador o indivíduo que existe para lá do artista plástico, considerado, com toda a justiça, um dos mais importantes da actualidade. Filme que abre portas para o Ciclo “Cinema e Belas-Artes ao fim da tarde” no Museu Municipal (post a publicar oportunamente).



OUTUBRO

DIA 3
VÉNUS NEGRA

Abdellatif Kechiche
França/Bélgica, 2010, 159’

Um filme biográfico sobre a trágica história de Saartjes Baartman, uma mulher da tribo Khoikhoi que, no início do século XIX e devido às suas características físicas específicas, deixou o sul de África para ser exibida nos salões europeus sob o nome "Venus Hotentote", com promessas vãs de uma vida dourada. Perturbante e necessário.



DIA 10
AUTOBIOGRAFIA DE NICOLAE CEAUSESCU

Andrei Ujica
Roménia, 2010, 180’

Um dos filmes maiores do ano cinematográfico português, que retrata a história de uma ditadura a partir das imagens da sua própria propaganda. É um filme invulgar, invulgarmente inteligente, sobretudo porque acredita na inteligência do seu espectador (João Lopes).



DIA 17
O ATALHO

Kelly Reichardt
EUA, 2010, 104’, M/12

Um western, baseado em diários dos pioneiros encontrados no estado do Oregon, é uma reflexão sobre as origens dos Estados Unidos e o papel das mulheres na expansão do Oeste americano. Com um casting brilhantemente capitaneado por Michelle Williams (Blue Valentine), «Reichardt consegue tocar nos mitos americanos e transformá-los num espaço metafísico, sem regresso.»



DIA 24
CARLOS (O CHACAL)

Olivier Assayas
França/Alemanha, 2010, 163’, M/12

Biografia violenta e ultra-realista da vida do célebre terrorista Carlos o Chacal, o filme cobre todo o período que vai da integração de Carlos o Chacal nas fileiras militares palestinianas até à sua prisão no Sudão em 1994, passando pelas suas intervenções mais célebres como a operação no quartel-general da OPEC em Viena onde fez reféns todos os aí presentes, em 1975.



DIA 31
UIVO (ALLEN GINSBERG)

Rob Epstein e Jeffrey Friedman
EUA, 2010, 90’

São Francisco, 1957. Uma obra-prima é julgada e esse é um momento decisivo para a contra-cultura americana. O filme recria a vida de Allen Ginsberg e do poema Howl, explorando géneros e temas que ainda hoje são actuais: a definição de obscenidade, os limites da liberdade de expressão, a natureza da arte.


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SOB AS ESTRELAS EM CACELA VELHA - falemos em locais mágicos para dar mágicos filmes...

Olá, que tal de férias? :-)

Nós retomamos com o já habitual ciclo de cinema ao ar livre na mágica Cacela Velha, no mágico Cemitério Antigo (desactivado, naturalmente). É um pouquito longe, mas vale a pena, pelo menos uma ida! Seja porque perdeu, quando os demos, os belos documentários A CIDADE DOS MORTOS e LIXO EXTRAORDINÁRIO, seja porque perdeu, quando estreou no Teatro Municipal, A ILHA (de Faro), que contará com a presença dos realizadores Mauro Amaral e Carlos Fraga, e será de entrada livre, seja porque quer assistir à estreia do último de Tiago Pereira, na sua labuta de pôr a música portuguesa a gostar dela própria – e se, no ano passado, em Cacela exactamente, ele apresentou Significado, Cacela volta a acolher a obra de recolha deste porfiado cineasta, sob encomenda do INATEL agora, com SINFONIA IMATERIAL.

Do resto da programação (de Setembro e Outubro) falaremos em próximo post.

Bom regresso!


CINEMA AO AR LIVRE - Setembro - Cacela Velha – Cemitério Antigo – 22h

ENTRADA PAGA (salvo a excepção assinalada com *), 1€ para sócios do CCF e do Inatel (estes, na sessão de dia 15), 2€ restante público

DIA 6
CIDADE DOS MORTOS, Sérgio Tréfaut, Portugal, 2010, 63'

DIA 8
LIXO EXTRAORDINÁRIO (UM PROJECTO DE VIK MUNIZ), Lucy Walker, João Jardim, Karen Harley, Brasil, 2010, 99'

DIA 13*
A ILHA, Carlos Fraga e Mauro Amaral, Portugal, 2010, 54'
entrada livre, presença dos realizadores

DIA 15
SINFONIA IMATERIAL, Tiago Pereira, Portugal, 2010, 60'

Organização
CIIP Cacela, Câmara Municipal VRSA
Colaboração
Cineclube de Faro


ALGUMA INFORMAÇÃO (mais, no blog, como de costume, filme a filme - fique atento)

DIA 6
CIDADE DOS MORTOS, Sérgio Tréfaut

«Na vastidão do cemitério El Arafa, no Cairo, existe uma cidade com um milhão de habitantes que vivem em edifícios construídos entre túmulos e mausoléus. Há funerais todos os dias, enquanto à sua volta a vida decorre normalmente nas padarias, cafés, mercados e escolas. Tudo dentro da maior necrópole do mundo. Como diz uma local “viver tão perto dos mortos só pode trazer sabedoria”. Preparado e rodado ao longo de cinco anos (2004-2009), este filme procura dar a ver a alma invisível do cemitério. Seleccionado para dezenas de festivais de cinema documental, obteve o Grande Prémio Documenta Madrid 2010.»



DIA 8
LIXO EXTRAORDINÁRIO (UM PROJECTO DE VIK MUNIZ), Lucy Walker, João Jardim, Karen Harley

«Um filme surpreendente que mostra como a arte pode afectar a vida de um grupo de catadores no maior aterro do mundo no Rio de Janeiro» «O filme tem um efeito arrebatador por juntar arte e lixo, elementos quase opostos, não só pelo valor estético, mas também por sua representação social.» «Vê-se com alegria, apesar de toda a miséria que é filmada. Não é um simples documentário sobre o trabalho de um artista e apela enormemente à emoção do público.»



DIA 13*
A ILHA, Carlos Fraga e Mauro Amaral
entrada livre, presença dos realizadores
«“Ilha” é o primeiro documentário cinematográfico realizado sobre a comunidade de pescadores e mariscadores que habita a Praia de Faro há mais de meio século. Com narração do cantor José Mário Branco. Os realizadores, Mauro Amaral, 33 anos, e Carlos Fraga, 56, definem o resultado final como um documento intimista e plural que aborda a autenticidade dos pescadores e o medo de verem as suas casas demolidas pelo “Polis Ria Formosa”, um programa governamental para requalificar 48 quilómetros de frente costeira desde a Praia de Vale do Lobo até Vila Real de Santo António.»



DIA 15
SINFONIA IMATERIAL, Tiago Pereira

«De forma pioneira em Portugal, a Fundação INATEL, Direcção de Cultura, decidiu encomendar a realização do documentário “Sinfonia Imaterial”, ao realizador Tiago Pereira com direcção de produção da QUIVIART, que pretendeu registar as actuais práticas musicais de tradição oral portuguesa, que estão vivas e que prevalecem nas várias regiões de Portugal continental e ilhas.»

(O MELHOR) CINEMA AO AR LIVRE! 10 noites inesquecíveis no mágico ambiente dos Claustros do Museu Municipal! 18 a 27 de Julho, 22h. Passe SÓ a 25€!

e ainda... BANCA DE FEIRA DE LIVROS DE CINEMA!

Sócios 2€
Não Sócios: Estudantes 3,5€ // Restantes 4€// Passe para os 10 dias 25€



2ªf, Dia 18
YOU WILL MEET A TALL DARK STRANGER - VAIS CONHECER O HOMEM DOS TEUS SONHOS
, Woody Allen, EUA/Espanha, 2010, 98’, M/12

Há um casal. Depois há outro. Aparece um terceiro. Existe Londres em pano de fundo. Um triângulo amoroso, que passa a quadrado, depois a paralelepípedo antes de regressar a triângulo e esmorecer em desilusão. Os temas habituais em Allen, desta vez ‘interpretado’por Anthony Hopkins. Allen é sempre Allen.



3ªf, Dia 19
MICMACS - UMA BRILHANTE CONFUSÃO
, Jean-Pierre Jeunet, França, 2009, 105’, M/12

O humor fácil, aliado a diálogos cómicos e uma dose burlesca de diversos acontecimentos fazem de Micmacs um bom e divertido filme, num misto de comédia com um intrincado e surreal heist movie. A marca intemporal de Jeunet continua bem viva e recomenda-se.



4ªf, Dia 20
O ESTRANHO CASO DE ANGÉLICA
, Manoel de Oliveira, Portugal, 2010, 97’, M/12

Um homem fotografa uma jovem morta e a imagem... sorri para ele! Comédia? Drama» Dir-se-ia um cruzamento perverso de ambos, filmado como se fosse um requiem irónico por todas as ilusões e desilusões do romantismo. Manoel de Oliveira nunca desistiu deste velho projecto (o argumento original foi escrito em 1954) e ainda bem: o resultado é um objecto de deliciosa e contagiante liberdade artística.



5ªf, Dia 21
BANKSY - PINTA A PAREDE!
, Banksy, EUA/Reino Unido, 2010, 87’, M/6

É uma figura de culto da "street art". As pinturas subversivas que Banksy deixou nos mais inesperados locais tornaram-no mundialmente famoso e as suas obras já deram origem a exposições em galerias e foram vendidas por avultadas quantias, mas a sua identidade continua por revelar. É um filme feito com perfeição: original e perspicaz, coloca questões em vez de nos dizer o que pensar e, ao mesmo tempo, consegue ser muito, mesmo muito engraçado.



6ªf, Dia 22
SOMEWHERE - ALGURES
, Sofia Coppola, EUA, 2010, 97’, M/12

Um retrato melancólico e único da solidão e do tédio. Um retrato fiel do nada, do sentimento depressivo de estar algures e não estar em lado nenhum. Algures está o sentido da vida. Sofia Coppola filma, com a coragem de quem conhece por dentro, a vida das estrelas de cinema.



Sab, Dia 23
LIXO EXTRAORDINÁRIO (UM PROJECTO DE VIK MUNIZ)
, Lucy Walker, Karen Harley e João Jardim, Brasil/Reino Unido, 2010, 99’, M/6

Um filme extraordinário que tem conquistado o público pela forma sensível e digna como retrata o trabalho de Vik Muniz, um dos maiores artistas brasileiros contemporâneos, e o de um grupo de pessoas que trabalham na maior lixeira a céu aberto do mundo, no Rio de Janeiro, Brasil.



Dom, Dia 24
BLUE VALENTINE - SÓ TU E EU
, Derek Cianfrance, EUA, 2010, 112’, M/16

Podia ser - até certo ponto é - um filme feito por e para os seus actores. E tudo o resto deixaria de ser necessário quando os actores são Ryan Gosling e Michelle Williams (nomeada para Oscar de Melhor Actriz) - e só eles chegam para fazer de "Só Tu e Eu" um espectáculo de representação, numa história agridoce de amor e desilusão.



2ªf, Dia 25
POTICHE - MINHA RICA MULHERZINHA
, François Ozon, França, 2010, M/12

Não apenas uma comédia que é um retumbante alerta para a actualidade, mas também um manifesto feminista sublime, com uma Catherine Deneuve hilariante, a não perder. Primeiro Vaudeville retro, depois sátira da actualidade, Potiche transforma-se pouco a pouco numa utopia futurista onde Aragon e Ferrat se poderiam identificar, com o mote “A mulher é o futuro da França”.



3ªf, Dia 26
ROAD TO NOWHERE - SEM DESTINO
, Monte Hellman, EUA, 2010, 112’, M/12

Objecto vindo de lugar nenhum, autêntico "monólito negro" na paisagem do cinema americano contemporâneo. São muito raros os filmes que exalem, como "Sem Destino", tanto amor ao cinema, que definam tão certeiramente a mistura de sonho e pesadelo, fascínio malsão e entrega abnegada, masoquismo e transcendência de quem verdadeiramente vive o cinema.



4ªf, Dia 27
TOURNÉE - EM DIGRESSÃO
, Mathieu Amalric, França, 2010, 111’, M/16

Um grupo de artistas de "burlesque" e o seu empresário. Selvagem e melancólico. E vampírico. A ficção bebe a energia do documentário. Uma orgia de carne e espírito, uma alegria para os olhos e para o coração, um gesto louco, poético, divertido, alegre, desesperado, insolente, miraculoso!




Como habitualmente, post por filme. Fique atento!

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programação de Março!

CICLO A VERDADE DA MENTIRA

IPJ – 21H30

Dia 7
I'm still Here

Casey Affleck

EUA, 2010, 107’, M/16

É o filme mais polémico do ano e está a gerar reacções viscerais por todo o lado . Um dia Joaquin Phoenix enlouqueceu. Contava com duas nomeações aos Óscares quando disse ao mundo que queria deixar a sua carreira de actor para dar início à sua vida de rapper. Pouco depois apareceu no talk show de David Letterman. Com milhões a ver o programa, o actor surgiu barbudo, desleixado e com ar de quem não estava totalmente consciente. Pensou-se que seria mais uma típica história de uma estrela caída em desgraça. Uma ideia que ganhava outra força se pensarmos que River Phoenix, o irmão e também actor, morrera aos 23 anos com uma overdose. A carreira de rapper não pegou e de repente começamos a ouvir falar de um documentário que o cunhado do actor, Casey Affleck, andava a realizar.
Quando o filme começou a ser exibido surgiu a dúvida: seria documentário ou ficção? Será que Casey Affleck tinha filmado uma obra muito pessoal, porque invasiva, sobre a decadência de Joaquin? Ou afinal tinha sido tudo encenado?
Pedro Pina

Dia 14
Tu Que Vives

Roy Andersson

Suécia/ Alemanha/ França/ Dinamarca/ Noruega/ Japão, 2007, 95´, M/12

57 pequenos episódios tragicómicos sobre o dia-a-dia dos homens e mulheres nas cidades e nos países da Terra: os seus desejos e ambições, as suas misérias e desgostos, as suas grandezas e a sua mesquinhez... Uma comédia seca e existencialista realizada pelo cineasta de culto sueco Roy Andersson ("Songs from the Second Floor"), considerado um dos segredos mais bem guardados do cinema contemporâneo. Combinando a precisão maníaca do Tati da era "Playtime" com o absurdo levado às últimas consequências, o cinema de Andersson compõe-se de curtos sketches secos, de um humor negro quase desesperado, agrupados não por uma (inexistente) sequência narrativa mas por uma lógica sensorial. Mais trabalhado que o anterior filme, construído com um requinte visual e formal meticuloso à volta de personagens que contam os seus sonhos aos espectadores, "Tu Que Vives" revela ao público português um talento absolutamente único que se recusa a encaixar em qualquer gaveta onde se queira arrumá-lo.
Jorge Mourinha

Dia 21
O Mágico*

Sylvain Chomet

Reino Unido/ França, 2010, 80’, M/6

A partir de um guião original de Tati, o autor de "Belleville Rendez-vous" animou uma pequena elegia melancólica sobre o tempo que passa. Poesia em movimento. Tati sem ser Tati, Chomet sem ser Chomet, amalgamando elementos de ambos (e também da banda-desenhada clássica, com um perfume da "linha clara" franco-belga) para construir uma pequena elegia melancólica sobre um tempo perdido para nunca mais voltar. O filme é, cena a cena, visualmente espantoso, com panorâmicas de estarrecer e a colher do universo de Tati uma atenção inusitada aos detalhes, aos pequenos nadas do dia-a-dia, além de uma quase total ausência de diálogos, substituídos, na maioria das vezes, por expressões ininteligíveis. Mais ainda: há na relação entre as duas personagens centrais uma ternura, uma riqueza e uma complexidade não verbalizadas que deixam a perder a vista a maior parte do cinema que por aí vemos. Ou seja, pura magia cinematográfica.
Luís Salvado

*Sessões para escolas às 10h30 e 14h30

Dia 28
Dos Homens e dos Deuses

Xavier Beauvois

França, 2010, 120’, M/12

Com base em factos reais, o filme vencedor, em 2010, do Grande Prémio do Júri em Cannes é, acima de tudo, uma reconciliação entre a fé católica e a islâmica e uma recusa absoluta de qualquer forma de fundamentalismo. A história, que culmina no assassinato de sete monges na Argélia dos anos 90, é um belíssimo hino espiritual e profundamente humanista.
As personagens são o maior segredo do filme. Consagrados à vida monástica, os monges de Beauvois manter-se-ão fiéis a uma forma de resistência que os condena a ficar - e vão até ao fim do sacrifício. Até que aquele receio de morrer se transforme numa certeza pacificadora, fraternal, que se sabe pronta para o que vai receber. Nesta transformação está a profissão de fé de um filme torturado, controverso, que desafia a nossa consciência.
Francisco Ferreira


CICLO BEAUTIFUL IÑÁRRITU

SEDE - 21H30 - ENTRADA LIVRE


Uma revisitação da obra do mexicano Alejandro González Iñárritu a propósito do seu recente Biutiful – a qualidade dos três primeiros filmes devia-se aos argumentos de Guillermo Arriaga ou Iñarritu vale por si mesmo?



Dia 9
Amor Cão

México, 2000, 147’, M/12

Nomeado para Oscar na categoria de Melhor Filme de Língua Estrangeira . Prémios: Canal +, Hugo de Ouro para Melhor Filme e e Hugo de Prata para Melhor(es) Actor(es) em Chicago, Melhor Filme e Melhor Realização nos festivais de Edimburgo, Flandres, Havana, Tóquio e Fantasporto.

Dia 16
21 Gramas

EUA, 2003, 124’, M/16

O maior prodígio do filme é precisamente esse: apesar da montagem dar mais pulos do que um gafanhoto, no final o espectador tem diante de si uma história com sentido e bem engendrada. Um dos filmes mais intelectualmente estimulantes dos últimos tempos. E dizer isto já não é dizer pouco.

Dia 23
Babel

EUA/ México, 2006, 142’, M/12

Quatro histórias, quatro países, seis idiomas, centenas de actores (e não actores). Com tudo isso lidou Iñárritu para completar a sua “trilogia da dor”. Brad Pitt, Cate Blanchett e Gael García Bernal são os nomes mais conhecidos do grande elenco de um filme feito a partir das entranhas, duríssimo mas cheio de esperança.
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