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sexta-feira, 18 de setembro de 2020

As pombas

 










 

Reza a lenda ter sido num jardim de Évora que, apesar de ficar a uns bons quilómetros de Lavre e de o Saramago ter então pouco mais de 30 anos, eu pela primeira vez me vi subitamente “levantado chão”, ao ter decidido começar a andar sem qualquer ajuda, para grande espanto de quem me tinha levado para o jardim.
Já agora conto eu, apesar de este “flash” de memória também parecer uma lenda atendendo à tenra idade, que tenho plantada no cérebro a imagem das pombas brancas de leque, das quais só os mais velhos se lembram em Évora… que andavam por ali a esvoaçar à minha volta.
Reza a lenda que eu tinha com a tais “extintas” pombas brancas de leque uma relação muito mais confortável e amistosa do que a deste meu parceiro aqui na fotografia, apesar de ser muito mais idoso do que eu era aquando desta história.
Infelizmente, ninguém então me fotografou!

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Palavras caídas em desuso

 




Ainda sou do tempo em que os erros de cálculo nas correrias no quintal acabavam, normalmente, com os joelhos “em obras” por vários dias.

Esperava-se então que as feridas não começassem a “criar”… e suportava-se o tempo que as feridas levavam ainda a “comer”… e depois “aquilo” caía e tudo passava.

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Camarinhas

 




Não encontro as palavras certas para explicar o sabor das camarinhas… nem como contar a saudade dos momentos em que elas chegavam, nas canastras transportadas à cabeça, ao portão da casa das primas de Ouca (Vagos)… ou, caso mais raro, quando as apanhava directamente dos arbustos que povoavam as matas da Torreira e São Jacinto, quando o passeio à praia nos levava para esse lado... uma memória já com mais de cinquenta anos.

Dito isto e como solução, na falta de palavras chamo a música.

A Galiza tem um povoado lindíssimo, em plena Costa da Morte, chamado Camariñas e tem uma fantástica cantora, Luz Casal, que é quase galega de tão asturiana... e que canta desta forma a cantiga popular “Camariñas”, com o acompanhamento de luxo dos “Luar na Lubre”, já na fase da vocalista portuguesa Sara Vidal, que também participa no vídeo.


Camariñas

(Tradicional da Galiza)


Ao pasar por Camariñas

por Camariñas, cantando

as nenas de Camariñas

quedan no río lavando


Camariñas, Camariñas

xa me vas camariñando

por unha de Camariñas

vivo no mundo penando.


Camariñas

(Luz Casal-Luar na Lubre)






segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Cavaleiro Andante - 2

 



Nunca consegui resolver a contradição escarrapachada no nome desta saudosa revista de banda desenhada.

Ou bem que era "cavaleiro", ou bem que era "andante".

"Cavaleiro Andante"




Li bastante… mas sobretudo exemplares já usados e emprestados, dado o facto infeliz de a revista ter deixado de ser publicada quando eu tinha apenas 10 anos de idade.


sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Amália - Formiga Bossa Nova





Já que falei do O'Neil... aqui fica uma das suas pérolas. Um contributo para a velha disputa entre as formigas e as cigarras, a que o Alain Oulmain juntou uma espécie de "bossa nova" e a Amália uma dose de saborosa ironia.

É uma "nova" versão, arranjada pelo Thilo Krassman em 1970.


“Formiga Bossa Nova”

(Alexandre O’Neil/Alain Oulmain)


Minuciosa formiga

Não tem que se lhe diga

Leva a sua palhinha

Não tem que se lhe diga

Leva a sua palhinha

Asinha, asinha


Assim devera eu ser

Assim devera eu ser

Assim devera eu ser

Assim devera eu ser


Assim devera eu ser

E não esta cigarra

Que se põe a cantar

E não esta cigarra

Que se põe a cantar

E me deita a perder


Assim devera eu ser

De patinhas no chão

Formiguinha ao trabalho

De patinhas no chão

Formiguinha ao trabalho

E ao tostão


Assim devera eu ser

Assim devera eu ser

Assim devera eu ser

Se não fora não querer.


Formiga Bossa Nova

(Amália Rodrigues)



terça-feira, 18 de agosto de 2020

Pá... Samuel...

 




Se isso das cantigas aí em Portugal não der… 

podes sempre vir comigo dar uma volta à Europa, 

de mota… como fez o Che Guevara na América do Sul.



sábado, 15 de agosto de 2020

Sempre o mesmo filme…



Dê-nos duas pastilhas “Gorila” de morango…
- Pastilhas não temos.
- Então pode ser dois copinhos de "Frisumo" de maçã.

 

domingo, 9 de agosto de 2020

Tremenda moda!


Memória dos saudosos finais dos anos 60 e toda a década de 70, em que a inexplicável moda das calças “boca-de-sino” não deixou indiferente praticamente ninguém… nem mesmo algumas raças de cavalos… como esta, de seu nome “Shire”.

A montada perfeita para chegar, em absoluto triunfo, ao recinto de “Woodstock”, ou do nosso “Vilar de Mouros”… sobretudo, o de 1971. 

Anúncio de 1917

Não me interessa saber se, como prometia o Dr. G. Ricabal, célebre médico e cientista russo, os seios da mulher ficavam “belos, desenvolvidos, fortificados, aformoseados e reconstituídos”.

Não! Por muito que eu goste de seios com os mais variados tamanhos e em todo o leque de possíveis formatos, aquilo que me fascina neste anúncio é saber que na velha Rússia de 1917… havia quem se preocupasse com assuntos realmente importantes!


Ver outro anúncio:

https://www.propagandashistoricas.com.br/2013/03/pasta-russa-1917.html


 

sexta-feira, 7 de agosto de 2020

A noiva

À procura de uma boa imagem para ilustrar o texto que iria escrever sobre esta canção fantástica que descobri, por acaso, quando andei a mexer em vídeos do "Trio Odemira", uma pérola deste “Trio Gaúcho” sobre um noivado para a vida… palavra puxa palavra, imagem puxa imagem… fui “abençoado” com esta noiva do Fernando Botero.

Isto anda tudo ligado!



Anel de Noivado
(Trio Gaúcho)


 

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Ricas “borlas”!




Nos nossos "gloriosos e heróicos" tempos do “Canto Livre”, das actuações tendencialmente à borla, das viagens sabe-se lá como, das dormidas idem, dos palcos em cima de estrados feitos de qualquer coisa que parecesse aguentar e aparelhagens sonoras que atrapalhavam mais do que ajudavam... fomos um bando de jovens felizes que acreditaram – com razão!!! – que estavam a fazer o que era certo!
Todo o desprendimento económico e técnico que descrevi poderia fazer de nós “líricos”, militantes, comprometidos, militantes... mas não parvos!
E assim chegamos à recordação de um “colega” de profissão que, por esses dias, também dava as suas “borlas” e que, gozando do eterno estatuto de “amigo”, levava muitos membros das organizações, ainda que sem má intenção para connosco, a tratá-lo com muito maior atenção do que ao resto da maralha que, a bem dizer, era “da família”... e éramos mesmo!
O mais incómodo não eram as “atenções”. Na verdade, o problema é que o “amigo” cantava “de borla”, mas cobrava pelo som (de que era proprietário), pela participação dos músicos e do técnico de som, facto que levava a que mesmo nas poucas ocasiões em que até já ganhávamos alguma espécie de cachet, a “borla” do nosso “amigo” pudesse chegar a ser dez vezes o nosso cachet. Isso fez com que alguns de nós, meio a sério meio a brincar, disséssemos uma ou outra vez “Quem me dera ganhar a borla dele!”
Tudo isto me veio à memória ao ler a notícia sobre a “borla” que Vítor Gaspar, o nosso ex-ministro das Finanças, vai dar à União Europeia, como consultor não remunerado nomeado por Durão Barroso... enquanto já vai fazendo contas aos milhões que virão atrás desta “borla”, em contratos futuros, vindos de todos os lados, garantidos pela notoriedade conseguida com esta “tão generosa oferta”.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Paulo Portas – Não mudou nada!!!


Aproveitei o “recorte”... e acabei por esquecer de que publicação se tratava. Aí, pelo meio de um trabalho jornalístico sobre a vida do irrevogável Paulo Portas, vinha esta fotografia dele, em “formato” infantil, acompanhada de uma legenda mais ou menos microscópica, dizendo: 
“Com 5 anos, Paulo Portas já gostava de política: costumava imitar Marcelo Caetano”

Costumava?! E agora... faz o quê?!!!

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Mário Coluna – O escravo contente



É sempre triste ver algo que já foi viçoso… apodrecer!
Seja como for… louve-se a frontalidade! Saudoso do fascismo e do tempo em que em Moçambique (e no Benfica) só existiam “portugueses”… não faz de conta que deixou de ser um “amigo de Salazar”, apenas por oportunismo… como, desgraçada e vergonhosamente, tantos outros.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Papa Francisco - Memórias do nosso “Easy Rider” da Bairrada...


Uns espertalhaços das relações públicas das motas “Harley Davidson” resolveram oferecer uma mota ao Papa. Pouco depois, estou absolutamente certo de que apenas por inspiração divina, vemos o Papa abençoando uma porradaria de Harleys e respectivos motoqueiros.
Foi comovente! Os motoqueiros estavam praticamente todos sóbrios... e as stripers vestidas, o que, se bem que tenha retirado o costumeiro brilho à concentração motard, causou menor embaraço à divindade e aos beatos turistas que por ali andavam.
Sei bem do abismo que separa a selecta “Harley Davidson” da plebeia “Famel Foguete” da minha juventude, em meados dos anos sessenta, quando a “Famel” nem tinha, ainda, aderido aos motores “Zundapp”, rodando com os tremendos motores “ILO”.
Mesmo assim, não perco a esperança de ver o Papa abençoando uma concentração dos meus companheiros de escola de Águeda, belo pretexto para nos revermos, visitarmos Roma... e acelerarmos, mais uma vez, as nossas tonitruantes Famel... imaginando as nossas colegas de saias plissadas e camisas “TV”, de cabelos esvoaçando (qual capacete?!), sentadas no lugar do pendura, a caminho do Souto do Rio...
Não há ninguém disposto a oferecer uma “Famel” ao homem?

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Ribeira – Pequeno roteiro turístico


Foi muitas vezes o meu itinerário. Esgotadas as hipóteses de conseguir encontrar um lugar para estacionar na zona dos Aliados, rumar ao parque da Trindade... e nos dias mais atrapalhados de vagas, ao “silo-auto”, já bem lá para cima, porta com porta com a Junta de Freguesia de Santo Ildefonso. Depois era descer a pé, pela rua do Bonjardim, ou de Camões, até chegar à Avenida. Feitos os “recados” que me tivessem levado à baixa, seguia-se, muitas vezes, o lazer, que volta que não volta, consistia em confirmar a minha atracção pelo Mercado Ferreira Borges... e descer ao meu encantamento: o rio e a Ribeira.
Por vezes, a descida fazia-se directamente até ao “cubo” do José Rodrigues, mas, programa de luxo era, a partir do fundo do Ferreira Borges, rumar ao túnel que leva directamente ao tabuleiro inferior da ponte Dom Luís e percorrê-lo a pé, coisa que não teria a menor graça, não fosse ter a oportunidade de poder ver, com calma (e continuado prazer e surpresa)... a “Ribeira Negra” do pintor Júlio Resende.
E a que vem este roteiro turístico, tantos anos depois de ter vivido no Porto? – perguntam vocês. Vem a propósito de uma boa notícia... entre as quase sempre más que nos chegam, quando falamos da minha profissão. O grupo Jáfumega voltou a ser assunto.
Grande grupo! Durante algum tempo, pensei que os “Jáfumega” tinha sido atingidos pela “maldição” que atacava todos os artistas de quem eu gostava (salvo um ou outro estrangeiro), “maldição” que ditava ou o seu rápido desaparecimento, ou o ostensivo desprezo dos media. Depois acabei por descobrir que a "culpa" não era minha, mas sim da “vergonha” que quase toda a gente tinha de tudo o que lhes lembrasse Abril. O próprio José Afonso, quase esquecido e sem trabalho, só voltou a ser um “grande artista” depois de ficar muito doente e morrer. 
Resumindo (que isto vai muito longo), os “Jáfumega” vão reunir-se para alguns concertos. Bela ideia! O tempo só lhes deve ter feito bem... e eles já eram do melhor que cá tivemos (ou temos)!
Fechando o círculo desta estória que acabou por ser “como as cerejas”, aqui fica a “Ribeira” uma das melhores cantigas que a grande banda do Porto criou.
Bom domingo!
“Ribeira” – Jáfumega
(Jáfumega)



quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

O homem que gostava de canções


“Festa de aldeia” – Álvaro Cunhal, in “Desenhos da prisão”

Quando no dia 13 de Abril de 1980 chegou a hora do grande comício de encerramento da 4ª Conferência da Reforma Agrária, em Évora, nem um ano tinha passado sobre o assassinato do “Casquinha” e do “Caravela” às mãos da GNR e a mando do Governo de Maria de Lurdes Pintassilgo, apoiado na lei criminosa de Barreto.
Já se tinha entendido que iria ser muito difícil defender a mais bela conquista do 25 de Abril... mas ainda assim, era o que faltava que se perdesse sem luta! Daí o lema da Conferência, “Defender a Reforma Agrária, prosseguir Abril”. Daí a redobrada importância do discurso que encerraria a Conferência e o comício, proferido por Álvaro Cunhal.
Eu tinha acabado de cantar algumas canções, duas delas (pelo menos) saídas do meu mais recente disco, editado no ano anterior. Palmas... sentei-me no grande estrado feito palco, a alguns lugares de distância de Álvaro Cunhal, que estava a escassos minutos de ir discursar para aqueles milhares de pessoas.
De mansinho, levantou-se e veio, sem dar muito nas vistas, sentar-se ao meu lado. Queria saber como estava a correr a “carreira” do meu disco. Gostava de várias das suas canções (não caiu na tentação de me dizer que gostava de todas!). Deu-me algumas razões técnicas para explicar o seu gosto pela minha canção com poema do AryLlanto para Alfonso Sastre y todos” (a ligação da música com a letra, a cavalgada rítmica que eu tinha decidido compor, a forma de a cantar)... mas preferia, decididamente, “Ao alcance das mãos”. Para meu grande prazer enquanto autor, disse-me também porquê. Uma mão a apertar-me o ombro, a dar-me força... e foi para o seu lugar, praticamente no momento em que o seu nome era anunciado.
Um membro da organização, provavelmente daqueles (já me cruzei com tantos!) para quem os cantores, assim que cantam a última nota com que “abrilhantaram” a sessão para que foram convidados, deixam de ter qualquer utilidade ou interesse... não aguentou a dúvida que o “angustiava” e perguntou-me:
- O que é que o Álvaro tanto tinha pra falar contigo em cima do palco?
Uma das minhas razoáveis qualidades (há horas em que é um defeito) foi sempre a capacidade de responder a perguntas deste “género” com respostas por vezes insolentemente anárquicas:
- Estava a dar-lhe umas ideias para o discurso!
Não lhe dei tempo para “chegar lá” por si... tive pena do seu ar algo perdido e optei por explicar-lhe o que se tinha passado realmente.
Afinal, aquela figura carregada de História, de anos de heroísmo, de algum mistério e mais tudo o que sabemos... era, também, apenas mais um homem que gostava de canções!


Adenda: Entretanto, recebi esta prenda do Monginho (sim, o Monginho dos cartoons do Avante)... que sempre tem mais uma corzinha, como ele diz. Faz toda a diferença! O cartaz é da autoria do saudoso João Martins, outro cartonista, mas este de "O Diário".

Publicado em paralelo no "2013 - Centenário de Álvaro Cunhal"

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Luiz Goes (1933-2012) – É preciso acreditar


 “Tu que crês num mundo maior e melhor
Grita bem alto que o céu está aqui
Tu que vês irmão, só irmãos em redor
Crê que esse mundo começa por ti

Canta, canta como uma ave ou um rio
Dá o teu braço aos que querem sonhar
Quem trouxer mãos livres ou um assobio
Nem é preciso que saiba cantar”
(Excerto de “Cantiga para quem sonha” – Leonel Neves/João Gomes)

Partiu o Luiz Goes. Deixou-nos a memória das suas cantigas coimbrãs e da sua emocionante e emocionada voz clara.
Na última vez em que cantámos juntos, numa homenagem ao José Niza, em Santarém (com o José Niza presente), apesar dos setenta e tantos anos, ainda terminava a sua “Cantiga para quem sonha” com um final corajoso e irrepreensível, uma oitava acima do normal, para “inveja” dos colegas.
Conheceu-me junto ao Zeca, ainda nos meus vinte anos e não sei o que captou da relação dele comigo, que o fez continuar sempre a tratar-me como se eu fosse eternamente aquele miúdo que precisava de ser acarinhado, provavelmente, por ousar cantar “aquelas coisas deles”.
Cantava que “É preciso acreditar que a canção de quem trabalha é um bem pra se guardar”. Pelo menos alguns de nós acreditámos... e acreditamos!
Até sempre, Luiz!


Cantiga para quem sonha” – Luiz Goes
(Leonel Neves/João Gomes)



“É preciso acreditar” – Luiz Goes
(Leonel Neves/Luiz Goes)

 


sábado, 25 de agosto de 2012

RTP – Memórias…



Onde vais rio que eu canto

Quero ver teu novo norte
 no cais p’ra onde vais
Mãos de vida não de morte

Vai no mar barco à vela

Vai de paz se abastecer
Mais além barco veleiro
Flor da vida vai colher

Onde vais rio que eu canto

Nova luz  te alumia
 no cais p’ra onde vais
Nasce amor dia após dia

(Excerto da canção "Onde vais rio que eu canto", vencedora do Festival RTP da Canção, em 1970, Cantada por Sérgio Borges, com Música de Nóbrega e Sousa e letra de Joaquim Pedro Gonçalves)

Ainda sou do tempo em que os “Borges” eram “Sérgios” e, juntamente com mais um punhado de autores e cantores, tentavam dar alguma “cor” ao cinzento da RTP do fascismo, tanto em programas como, por exemplo, o “Zip-Zip”, como, ainda que apenas por uns minutos, ousando “tomar de assalto” o Festival da Canção, com canções diferentes, servidas por letras “atrevidas” para a época, como esta, “Onde vais rio que eu canto”, que ganhou o Festival de 1970, deixando no 2º lugar a candidata de grande peso que foi a célebre “Canção de madrugar”, do Ary dos Santos e Nuno Nazareth Fernandes.
Agora os “Borges” são outros, estão ao serviço da anti-cultura, do mais reles fanatismo neoliberal... e dão um novo significado à expressão “tomar de assalto” a RTP.
Dizem alguns biógrafos e historiadores que Salazar, o “santinho salvador da pátria”, não contava muito com a televisão para a evolução do país ou do seu povo. Dizem mesmo que detestava a televisão pública e que não lhe importaria nada que esta fechasse portas. Estes seus salazarentos candidatos a discípulos dilectos que se instalaram no Governo, estão decididos, nisso como em tantas outras coisas... a fazer-lhe a vontade.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Eurico de Melo – Elogios de Dias Loureiro... nem depois de morto!


Desaparece do convívio dos vivos o engenheiro Eurico de Melo, político do PSD a quem a atávica parolice “tuga” se encarregou de dar o cognome de “vice-rei do norte”.
Pelos olhos e palavras dos seus amigos, perdeu-se um homem de consensos, pacificador, mediador, recto, de convicções firmes, discreto, de bom trato, homem de estado, digno, arguto, de princípios... e que, a fazer fé em Santana Lopes, levou consigo muitos segredos.
Não posso acompanhar todos os amigos nestas considerações compreensíveis, já que vindas precisamente dos amigos... por um lado, porque nunca estive sequer junto ao engenheiro Eurico de Melo; por outro lado, porque a imagem que guardo dele, a imagem que me deram os meios de comunicação social, foi a do trauliteiro de direita, portador daquela espécie de cegueira do norte, que tende a acrescentar aos problemas que o país já tem, mais um: o ódio regional.
Claro que a minha visão poderá estar toldada pelo calor do que então por cá se vivia...
Seja como for, não foi o natural ambiente de pesar e os mais que naturais elogios de circunstância à figura agora desaparecida, que me levam a escrever. Na verdade, o que é “irresistível” nesta estória é o aparecimento em cena de Manuel Dias Loureiro, dissertando, em pleno serviço fúnebre, sobre qualidades como a rectidão, honestidade, verticalidade, etc., etc., para acabar numa maniqueísta divisão da população mundial em apenas dois tipos de pessoas: boas e más.
Claro que, já que estava a falar, poderia ter dissertado sobre corrupção, desonestidade, aldrabice, impunidade intolerável, falta de vergonha na cara... tudo habilidades em que é um verdadeiro especialista... mas não. Ficou-se pela “bondade”.
Admirável momento de má ficção científica!!!