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sábado, 8 de agosto de 2020

Bom pra xuxu

 

Maria Ana Bobone resolveu há já muitos anos a questão da sua presença e aparência em palco. Quis a sorte que fosse muito bonita, serena e capaz de disfarçar a fragilidade, transformando-a em charme.

Pôde assim concentrar toda a sua atenção na forma de cantar e apostou tudo na simplicidade, por vezes desconcertante, dispensando a gritaria, os trejeitos, o fogo de artifício e as “voltinhas” inúteis e a intensidade deslocada artificial daquele tipo de abordagem interpretativa a que costumo chamar “panela de expressão”.

Esta fase em que ela apostou em comandar o seu som sentado-se ao piano e tocando, ainda por cima muito bem, é surpreendente. Bom pra xuxu!

Fiquem bem... com esta interpretação da velha canção de Amadeu do Vale e Frederico Valério.

sábado, 16 de novembro de 2013

Rumo a Paris...


Álvaro Cunhal teve uma breve, mas intensa relação com Paris. Ou melhor, com alguns seres humanos que, nessa altura habitavam Paris, uma cidade em que se respirava a liberdade que em Portugal ainda não passava de um projecto dolorosamente trabalhado e incansavelmente sonhado... liberdade da qual, convenhamos, mesmo estando em Paris não podia desfrutar abertamente, já que os olhos e ouvidos da PIDE se encarregavam de vigiar de perto aqueles que tinham emigrado, fosse por razões políticas, fosse apenas para matar a fome.
Dessa “vida de Paris” de Cunhal, vida tão menos dourada do que a de outros conhecidos exilados, não posso falar, por assumida “incompetência” para o fazer. Outros amigos, nomeadamente os companheiros do outro blog onde estas letras serão também publicadas, têm certamente um mundo de estórias e História para partilhar sobre o tema.
Pela parte que me toca, folgo em saber que foi ali criado Le Cercle Álvaro Cunhal” que, entre outras iniciativas, promove um encontro de dois dias, a começar hoje mesmo e a acabar amanhã, Domingo 17, encontro/convívio onde se lembrará o exilado, o lutador anti-fascista, o político, o artista... o amigo comum.
Como podem ver no programa "afixado" aqui em cima, amanhã, Domingo, haverá um déjeuner convivial (gastronomie portugaise). Mesmo atendendo a que o Palais des Congrès de Nanterre fica um pouquinho fora de mão... como resistir a um almoço assim?
Lá estarei, se tudo correr de forma tecnicamente escorreita! Parece que a seguir também haverá umas canções…

sábado, 9 de novembro de 2013

Bruno Nogueira – Nunca é demais...






Voltando à “vaca fria” (insisto que isto é uma frase-feita que quer dizer blá blá blá...) e para arrumar, por esta vez, o assunto da autora de resmas de papel encadernadas como livros... queria dizer que, embora o vídeo (ou áudio, conforme os casos) já tenha – e ainda bem! – invadido tudo o que é rede social, não quero deixar, também eu, de assinalar o feito do humorista Bruno Nogueira.
Na verdade, os muitos humoristas que exercem a sua arte em terras de Portugal... nem sempre acertam (para dizer o mínimo). Entre os que acertam, há os que têm alguma graça, os que têm muita... e os que têm momentos geniais.
Foi este o caso do Bruno Nogueira, que fez tudo bem nesta sua “interacção” com a declaração de Margarida Rebelo Pinto, que aqui partilhei antes. Vale a pena ouvir até ao fim!

Parabéns!!!




sábado, 2 de novembro de 2013

Pobre Eva!


Diz-me uma notícia de jornal que andava para aqui a “anhar” há uns dias... que foi descoberto um, chamemos-lhe assim, radar, no cérebro dos primatas, que lhes serve de alarme contra serpentes.
Os criacionistas então felicíssimos com a novidade!
Os criacionistas são aquelas pessoas que acreditam que os primeiros seres humanos foram Adão e Eva, criados por esta ordem, por Deus, sendo que Adão foi criado a partir de um boneco de barro e Eva, logo de seguida, a partir de uma costeleta do Adão... o que é uma crença verdadeiramente extraordinária!
Bem... quase tão extraordinária como a crença de que tudo apareceu do nada, num instante longínquo a que se decidiu chamar “big bang”.
Voltando aos criacionistas e à sua compreensível felicidade, esta deve-se ao facto feliz de a tal fantástica descoberta vir provar, definitivamente, que o homem, ou a mulher, não descendem, de todo, dos primatas.
Tivesse Eva este precioso “radar”... e nunca se teria deixado endrominar pelo conto do vigário (como ainda não existiam vigários, não sei se o nome do “conto” será o mais adequado) da pérfida serpente do paraíso, de uma forma tão pateta… e com os trágicos resultados que todos bem sabemos!!!

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Desconfiança justificada?


Aquilo que torna alguns seres humanos extraordinários... é a capacidade de rirem de si próprios, das suas fraquezas e até das desgraças e injustiças sofridas... mas fazendo desse riso uma arma, uma ferramenta na luta contra essas mesmas fraquezas, desgraças e injustiças.
Monginho, autor destes deliciosos “cartoons”, no jornal “Avante!”
é um desses seres humanos extraordinários!

sábado, 10 de agosto de 2013

Urbano Tavares Rodrigues (1923-2013) – As coisas importantes


Hoje, no dia do funeral do grande ser humano, cidadão e homem de cultura que foi Urbano Tavares Rodrigues, quero juntar-me aos seus companheiros de sempre e a todos aqueles que o leram, amaram, estimaram e admiraram
Disse um dia o José Carlos Ary dos Santos numa letra para uma canção:
“É preciso pensar
que não basta rimar
mas fazer coisas mais importantes.”

O nosso amigo Urbano Tavares Rodrigues dedicou-se, apaixonadamente, sobretudo a essas coisas “mais importantes”. Ainda assim, aqui e ali... também rimou. Nomeadamente nestes versos corajosos, musicados e cantados pelo Adriano Correia de Oliveira. Chama-se “Margem Sul” a canção que daí resultou e foi editada em 1967.
Recentemente, num espectáculo que o Urbano deveria ter gostado de ver, já que é uma homenagem ao seu velho amigo Álvaro Cunhal, revisitámos essa canção, numa versão dividida entre mim e a Luísa Basto, gravada ao vivo com a ajuda dos “meus” músicos e coros (e com os defeitos que podem ter as gravações ao vivo).
Obrigado, Urbano!



domingo, 23 de junho de 2013

Valeriy Sokolov – Que os “deuses” o conservem!


É uma prática que vem de tempos imemoriais. Os canalhas que estão no poder, exercendo esse poder  de uma forma condizente com a sua condição de canalhas, vêem-se obrigados a fazer-se rodear, por razões de sobrevivência, por várias camadas de invertebrados predispostos à condição de lacaios, ou “boys”, como agora se diz, que vão ocupar os mais variados postos na administração pública. Quase sempre, a única “competência” que demonstram para os cargos... é exactamente a condição de lacaios do “chefe”. Salazar não era excepção!
É famosa a estória de um desses lacaios de Salazar, colocado num lugar de chefia na Emissora Nacional. Ali chegado, o “grande conhecedor” do mundo da rádio e das artes, fez a primeira visita à Orquestra da Emissora Nacional, velha glória da casa.
Demonstrando a mais espessa ignorância sobre as motivações que ligam um músico ao instrumento que escolheu para companhia e ferramenta de toda uma vida, ao ser apresentado a um velho músico da secção de violoncelos e tendo-lhe sido dito que o homem era violoncelista da orquestra, havia quase trinta anos... exclamou fascinado:
- E sempre a tocar o mesmo instrumento!!!
E aqui, entra em cena este jovem ucraniano, Valeriy Sokolov, um novo génio do violino, de quem seleccionei um vídeo dos mais “simples”... aconselhando vivamente que pesquisem os muitos outros que estão disponíveis e que atestam o seu irresistível virtuosismo e talento.
Voltando à “anedota” da Emissora Nacional... a bem da Humanidade, espero que todos os deuses, com Orfeu e Euterpe à cabeça, tornem possível que o nosso amigo Valeriy Sokolov continue tocando sempre o mesmo instrumento. Por muitos e muitos anos.
Bom domingo!
“Cânticos húngaros” – Valeriy Sokolov
(Bartok/Szigeti)




domingo, 16 de junho de 2013

Villa-Lobos e o Choro nº1 – O regresso a casa...


Heitor Villa-Lobos (1887-1959), maestro e compositor brasileiro, foi um apaixonado das raízes da música do seu país. Acreditou que o poder e encanto da sua música “modernista”, viria da possibilidade de criar um som próprio e original. Conseguiu-o trazendo para a linguagem da erudição as tradições da música mais popular e mesmo da musicalidade indígena.
Executante de violoncelo e guitarra clássica, deixou uma obra fantástica exactamente para este último instrumento, obra que anda nas mãos de quase todos os guitarristas, desde então. O “Choro nº1” é, sem dúvida, uma das suas peças mais tocadas.
O José Afonso tinha este velho “LP” do grande guitarrista inglês Julian Bream, com a sua interpretação do “Choro nº1”. Acho que gastei aquela faixa do disco ao Zeca, tantas vezes a ouvi em casa dele... até saber de cor a melodia do “chorinho”. Quarenta anos depois desta “descoberta” e ouvidas muitas dezenas de outras interpretações, continuo convencido de que Bream captou como quase ninguém a “brasilidade” da peça, transmitindo aquele incomparável balanço popular, que a escrita erudita não consegue disfarçar.
Sempre imaginei (e é como a cantarolo para mim) o “Choro nº1” na versão e andamento em que o imagino tocado por um grupo de músicos populares, ou numa qualquer roda de choro de um bairro carioca. O acaso resolveu presentear-me com esta versão deliciosa do “Conjunto Época de Ouro”, grupo fundado nos anos 60 do séc.XX pelo grande Jacob do Bandolim. O grupo de “choro” teve um papel de verdadeira resistência cultural em favor da preservação e sobrevivência daquele género de música popular, numa época em que a “bossa” e outras grandes (e numerosas) novidades pareciam ir tomar de assalto todo o espaço musical.
Este “duelo” de interpretações do “Choro nº1”, entre o erudito Julian Bream, tocando a peça, como foi escrita pelo compositor... e entre o grupo tradicional, mostrando de onde foi “tirada” a música por Heitor Villa-Lobos... é fantástico. Como se o grupo popular “renacionalizasse” a peça musical, fazendo-a regressar à origem, depois de ter viajado pelos salões burgueses e salas de concerto de todo o mundo.
Bom domingo!
“Choro nº1” – J. Bream
(Heitor Villa-Lobos)



“Choro nº1” – Conjunto Época de Ouro
(Heitor Villa-Lobos)




sábado, 15 de junho de 2013

Beja é já ali...


Contra ventos e marés, sobretudo os ventos e as marés da inércia – provavelmente os mais retrógrados e desmobilizadores ventos e marés da História – continua a nossa viagem pelo Alentejo e pela memória (e pelo futuro) da Reforma Agrária, esta jornada que dedicámos à figura de Álvaro Cunhal, no Centenário do seu nascimento.
Desta vez é em Beja. Será um acontecimento diferente dos outros nove espectáculos que até agora já fizemos. O nosso reportório será ligeiramente compactado, para acomodar os vários convidados que esta noite especial vai ter. Uns para cantar... outros para falar.
Apesar de já saber que, a menos que tenha recuperado a voz, a fadista Ana Sofia Varela não poderá cantar... tudo o que está no cartaz irá acontecer. Desde os numerosos amigos dos grupos corais, durante a tarde, até ao espectáculo da noite.
Até lá!

domingo, 9 de junho de 2013

Filipa Pais – Uma pequena batota...


Quando quero partilhar uma música, mas não estou com vontade de me esforçar para explicar claramente porque escolhi o que escolhi, porque é que fico, perante essa música, com o ar espantado do miúdo que assiste a algo prodigioso e, de uma forma geral, porque é que fiquei sem palavras... refugio-me numa pequena batota.
Uma das formas de fazer essa pequena batota é esconder-me atrás de uma canção cantada pela Filipa Pais... e acreditar que estou defendido. Que durante uns minutos não há um lugar mais seguro e prazeroso no mundo. Que enquanto durar a canção... tudo o que é feio não poderá atingir-me.
Apenas uma reflexão sobre a canção: desconfio que o Vitorino não tinha feito, até este dia, uma cantiga tão bonita... mas espero que volte a conseguir.
Bom domingo!
“Tocador de concertina” – Filipa Pais
(Vitorino)



domingo, 2 de junho de 2013

Sara Lazarus... e os ciganos


Venho de um tempo em que os mais velhos, por vezes, exortavam as crianças a obedecer a esta ou aquela ordem com uma ameaça quase sempre apenas pateta... embora, algumas vezes, ressumando um indisfarçável aroma de xenofobia: “Olha que vêm aí os ciganos e levam-te!”
Era quase sempre uma ameaça falhada. Ninguém acreditava. Na verdade, nunca soube de algum dos meus amigos ou conhecidos a quem tenha acontecido isso... mas mesmo assim, pensava muitas vezes como seria partir com os ciganos, em caravana, fazendo aquela vida “livre” que, para a miudagem, parecia fantástica. Claro que para tudo é preciso ter uma ponta de sorte. É o caso da Sara Lazarus.
Fazendo orelhas moucas aos avisos, esta jovem cantora de jazz deixou-se levar pelos ciganos... e “rais ma parta” se não ostenta um ar escandalosamente feliz por tê-lo feito!
Dos ciganos aqui em causa, os músicos que a acompanham ao melhor estilo do jazz “manouche”, destaca-se o gigante guitarrista Biréli Lagrène. Ela, a “raptada”, é uma natural dos EUA que actua maioritariamente na França.
É muito bom “ouver” cantar e tocar assim. Faz bem a (quase) tudo!
Bom domingo!
It’s all right with me” – Sara Lazarus
(Cole Porter)




domingo, 26 de maio de 2013

Aline Frazão – Tanto... talento!


Costumo dizer, em tom de brincadeira, mas, na realidade, mais a sério de que a brincar, que tivemos um grande azar quanto à “nossa” música africana. Ao passo que países como a França, ou a Inglaterra, ou os EUA, países com uma História de relacionamento com a África, o seu povo e as suas raízes culturais, tão ou mais turbulentas do que as nossas, tiveram a sorte (e o talento) de valorizar e “herdar” dessa relação com as ex-colónias, ou mesmo a importação de escravos, o melhor da inspiração africana, se pensarmos nos “blues”, no “jazz”, ou, na actualidade, nos grandes artistas africanos que fazem boa parte da sua vida nos palcos desses países que antes os colonizaram.
Infelizmente, salvo raras e maravilhosas excepções... não é o nosso caso. Por uma qualquer maldição, ou tendência para atrair a desgraça, parece que fomos condenados a dar guarida a uma música africana meio apimbalhada, própria para alimentar bailaricos copofónicos.
Na verdade, deixando à parte as tais excepções, das quais Cesária Évora é o mais admirável exemplo, exemplo a que se vieram somar nomes jovens como Mayra Andrade ou Lura, para ficar apenas por mulheres... o panorama é pobre.
No caso angolano, agravado pela minha ignorância sobre os novos valores, ignorância muito “ajudada” pela quase total ausência de divulgação de música de qualidade... a minha memória andava parada lá bem longe, no tempo de Monangambé e mais uma mão cheia de saudosas canções do Rui Mingas... e pouco mais. Até há uns poucos dias!
Entra em cena a nossa muito jovem convidada, Aline Frazão. Instrumentista, arranjadora, autora dos textos e das músicas, grande intérprete.
Vinte e poucos anos, angolana, viajada, estudante em Lisboa, depois passando por Barcelona, ganhando asas na Galiza, deixando-se contaminar pela cultura e novos sons dos novos mundos e novas gentes... mas não permitindo que a grande distância a que deixou Angola (ou então exactamente por isso) lhe nublasse a visão sobre a realidade do seu povo. Visão aguda, clara, desassombrada, despida de rodriguinhos e postais ilustrados para turista ver.
A letra da canção que aqui partilho, merece ser lida do princípio ao fim, por isso vai publicada na íntegra.
Grande canção! Grande futuro pode ter esta tão jovem mulher do mundo!
Bom domingo.
Tanto
(Aline Frazão)

É tanta luz aqui - Que até parece claridade
É tanto amigo aqui - Que até parece que é verdade
É tanta coisa aqui - Que até parece não há custo
É tanta regra aqui - Que até parece um jogo justo
É tanto tempo aqui - Que até parece não há pressa
É tanta pressa aqui - Que até parece não há tempo
É tanto excesso aqui - Que até parece não há falta
É tanto muro aqui - Que até parece que é seguro

Tanto, tanto, tanto
Na embriaguez do encanto
É tanto ‘tanto faz’
Que ninguém sabe quem fez
Mundo, gira, mundo
Mundo vagabundo
Não olhes, senão vês

É tanta pose aqui - Que até parece não há esquema
É tanta História aqui - Que até parece um problema
É tanto festa aqui - Que até parece sexta-feira
É tanta dança aqui - Que até parece a das cadeiras
Tanto flash aqui - Que até parece que ilumina
É tanta frase aqui - Que até parece que resolve
É tanto ecrã aqui - Que até parece um grande invento
É tanta força aqui - Que até parece um movimento.

É tanta coisa aqui - Que até parece não há custo
É tanta regra aqui - Que até parece um jogo justo
É tanto excesso aqui - Que até parece não há falta
É tanto dano aqui - Que até parece ninguém nota

“Tanto” – Aline Frazão
(Aline Frazão)



domingo, 28 de abril de 2013

Han-Na Chang – Um post excessivo


Demos as boas vindas à jovem sul-coreana Han-Na Chang. Violoncelista e directora de orquestra. Tem um currículo que dificilmente cabe nos escassos trinta e um anos de vida que conta... o que é perfeitamente normal num post feito de “excessos”.
É excessiva a beleza que Camille Saint-Saens concentrou num dos vários e pequenos movimentos do seu “Carnaval dos animais”... uma peça que fez por puro divertimento e que durante muito tempo, erradamente, pensou que não abonaria muito à sua imagem de compositor “sério”. Apesar dessa humilde desconfiança, até ele achava que este “Cisne” era uma excepção.
É excessiva a perfeição com que os pais de Han-Na Chang passaram do sonho à prática, quando se tratou de “criar” o rosto (e tudo o mais) da filha e seleccionaram os genes que, acrescentado o trabalho técnico necessário... floresceram como génio puro.
É excessiva a qualidade da “alma” que o construtor do violoncelo colocou dentro do instrumento que ela aqui toca... e que resulta neste som fabuloso que exibe no encore de final de concerto.
É excessiva a distância que Han-Na Chang percorre na viagem que a leva lá para onde “vai” enquanto toca. Assim olhando apenas, imagina-se que, para além de longínquo, seja um lugar onde a beleza e o prazer correm... excessivamente.
Bom domingo!
“O cisne” – Han-Na Chang
(Camille Saint-Saens)



domingo, 21 de abril de 2013

Outro mundo é possível...


Anuncio mais uma mulher guitarrista clássica... e logo vocês: lá vem ele com a Ana Vidovic, ou outra que tal! Não. As mulheres guitarristas clássicas tomaram a cena de assalto de uma forma esmagadora. Começam a chegar de todos os lados... e assim chegamos à novidade de hoje: Kim Chung.
Vem do Vietname, é assombrosa. Algures os mistérios da Alhambra de que ela não pode recordar-se verdadeiramente, arranjaram maneira de lhe habitar o berço e produzir a maravilha que é esta interpretação dos “Recuerdos de la Alhambra”, de Francisco Tárrega.
Há algo de mágico na serenidade deste momento, na perfeição do equilíbrio entre a linha melódica e o tremolo que lhe serve de acompanhamento, na ilusão, tremendamente enganadora, de facilidade.
Há algo de mobilizador neste vislumbre breve do que seria um mundo em que tudo se fosse depurando assim... a caminho da paz, da beleza, da perfeição, da poesia.
Bom domingo!
Recuerdos de la Alhambra” – Kim Chung
(Francisco Tárrega)



domingo, 14 de abril de 2013

Algo na maneira como ela se move...


Ao mesmo tempo que estou de partida para um concerto recheado das chamadas canções de intervenção, deixo o “Cantigueiro” encarregado de lembrar uma extraordinária canção de amor.
Espero que nenhum de vocês ache que existe qualquer espécie de contradição entre as canções ditas de intervenção e as ditas de amor. A única coisa que separa as canções é a sua qualidade e, sobretudo, a sua intenção.
Na verdade, uma canção de intervenção é sempre, ao mesmo tempo, uma canção de amor. Da mesma forma, as canções de amor intervêm na realidade que as rodeia, dependendo do seu conteúdo a forma como o fazem.
Chegamos à canção de hoje. “Something”, composta pelo “Beatle” mais sereno, Geoge Harrison, é um clássico dos clássicos e fez parte do álbum histórico “AbbeyRoad”, que o grupo editou em 1969.
No vídeo que hoje partilho, um excerto de um grande concerto de homenagem a Harrison, temos uma épica versão de “Something”, interpretada pelos Beatles sobreviventes Paul McCartney e Ringo (este, como sempre, na bateria, com a participação preciosa de Eric Clapton, acompanhados por um tremendo grupo de músicos.
Something”, já todos ouvimos centenas de vezes. O que poderemos não ter ouvido é a estória da dedicatória... e assim chegamos (finalmente!) ao verdadeiro assunto deste post, a jovem inglesa da fotografia, modelo, fotógrafa e autora: Pattie Boyd.
Quando a canção foi escrita por Geoge Harrison, ela era casada com ele e, ao que parece, a canção foi-lhe dedicada. Só que, anos depois e findo o casamento,Pattie casou novamente, desta vez com Eric Clapton, que lhe terá dedicado dois dos seus maiores êxitos musicais, “Layla” e “Wonderful tonight”.
Provavelmente, estas não são as únicas canções que os jovens autores da época lhe dedicaram… mas mesmo só estas, fazem dela uma espécie de encantador “íman” para atrair grandes canções, uma “musa” absolutamente campeã… isto se existisse algum campeonato para estas coisas.
Ah… aqueles anos 60 e 70!...
Bom domingo!
Something” – Paul McCartney e Eric Clapton
(George Harrison)




sexta-feira, 12 de abril de 2013

Vemo-nos em Santarém?


Esperando que ninguém de entre vós tenha, entretanto, contraído qualquer alergia à minha estimada pessoa... direi que não haverá, então, qualquer desculpa para que aqueles e aquelas que estiverem em Santarém e arredores, não se desloquem ao local indicado no cartaz e à hora anunciada.
A minha presença cantando duas cantigas é apenas uma gota no mar de gente boa que vai ali estar prestigiando com a sua arte, militância e anseio de futuro... um grande amigo comum.
Estamos à vossa espera!
(Entretanto, amanhã, Sábado... vemo-nos no Barreiro)

domingo, 7 de abril de 2013

Hilary Hahn – Porque a beleza pode ajudar a salvar a Humanidade...


Ainda uma jovem mulher de 33 anos, a norte americana Hilary Hahn já foi antes visita “aqui de casa”. Apeteceu-me voltar a partilhar o seu génio convosco.
Como que numa tentativa de explicar o inexplicável, Hilary diz que a sua forma de tocar e entender a música, deve-se em parte ao facto ter começado a estudar, aos dez anos de idade, com um mestre russo que ia já nos mais de oitenta anos e que não se cansava de lhe falar daqueles que tinham sido os seus mestres, fazendo-a interiorizar a sensibilidade de violinistas que abarcavam mais de um século de vida.
Se não for essa a explicação para a dimensão da sua “cultura” musical, pelo menos mostra bem o respeito que os verdadeiramente grandes têm pelos seus mestres.
No primeiro vídeo, um encore do seu concerto de estreia na Alemanha, aos 15 anos de idade, pode ouvir-se como era “fraquinha” a tocar... mas escolhi o vídeo pela escolha do guarda-roupa que, nessa altura, desgraçadamente, ainda não devia ser da sua responsabilidade.
A escolha do segundo vídeo, já dos dias de hoje, serve apenas para mostrar como ela passou a apresentar-se infinitamente mais bem vestida... embora a tocar continue a ser mesma “desgraça” de sempre.
Bom domingo!
Gigue” (em ré menor) – Hilary Hahn
(J. S. Bach)



Bouree” (from Partita No. 3), Siciliana” (from Sonata No. 1)
 e
“Medley trad.” – Hilary Hahn
(Bach – Bach - Charles Ives)



domingo, 31 de março de 2013

Jake Bugg – De vez em quando…



“Stuck in speed bump city
Where the only thing that's pretty
Is the thought of getting out

Somewhere there's a secret road
To take me far away I know
But til then I am hollow”
De vez em quando acontece. Aparece algo novo... que parece ser-nos familiar desde sempre. Entra em cena o jovem inglês Jake Bugg!
Diz-se influenciado por Jimi Hendrix, Johnny Cash, os Beatles, Donovan e, evidentemente, embora faça por o admitir menos do que em relação aos anteriores, Bob Dylan. Aliás, no meu ouvido fica a pairar como que um cruzamento exactamente de Dylan e Donovam... mas isso sou eu...
Entre baladas românticas e nova música de intervenção com a dureza dos subúrbios problemáticos e bairros operários de uma cidade inglesa de província, como é o caso da canção que hoje partilho, este miúdo de Nottingham, se não for cilindrado pela máquina de soterrar talentos com dinheiro... será um caso muitíssimo sério!
Bom domingo!
Trouble town” – Jake Bugg
(Jake Bugg)



domingo, 24 de março de 2013

Bach – O homem que sonhou um bandoneon


No dia em que estou a “pagar” a intensidade (saborosa intensidade!) da tarde de ontem, na Aula Magna, apetece-me a calma suave da beleza desta ária de Bach. Se existem bálsamos sonoros, esta ária tem que estar na lista.
Esta versão é tocada pelo, normalmente, vertiginoso acordeonista de jazz, o francês Richard Galliano, interpretada num bandoneon, instrumento ligado ao imaginários dos amantes do tango argentino e uruguaio.
Johann Sebastian Bach, como grande visionário, sabia que cerca de cem anos após a sua morte viria a existir um seu compatriota, Heinrich Band, que nos escassos quarenta anos que teve de vida, haveria de criar o “bandoneon”. Bach sabia que, independentemente das tórridas coreografias dançadas ao som dos tangos produzidos pelas palhetas deste bandoneon depois de ter sido levado para a Argentina e Uruguai por emigrantes alemães, este era o instrumento com a sonoridade, a suavidade e a respiração perfeitas para protagonizar esta sua fantástica ária.
Como “extra” partilho ainda uma interpretação de “Minuete e Badinerie”, desta vez, tocado numa “accordina”, um instrumento criado muito mais recentemente... e com a ajuda dos excelentes músicos de uma das diferentes formações que, dependendo do género musical, acompanham Galliano.
Bom domingo!
“Aria na corda de Sol” - Richard Galliano
(Johann Sebastian Bach)



“Minuete & Badinerie” - Richard Galliano
(Johann Sebastian Bach)



sábado, 23 de março de 2013

Óscar Lopes (1917-2013)


A História, a boa literatura, o pensamento e a inteligência... perderam um grande militante.
O PCP perdeu um grande ser humano.
A Humanidade perdeu um dos "imprescindíveis".