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domingo, 16 de agosto de 2020

Sem mistérios

 



Tal como acontece tantas vezes….também aqui, muito provavelmente, Jorge Amado e Saramago, os dois seres humanos fotografados na Bahía pela escritora Zélia Gattai, estavam apenas a fazer horas para a feijoada que o Amado explicava… e que o Saramago prometia “pagar” com uma favada do Alentejo, ou um sável frito com açorda de ovas, acompanhado com magusto à moda da sua ribatejana Azinhaga.  

domingo, 1 de dezembro de 2013

Paulo Branco, Woody Allen... e “cenas” típicas de “tugas”


Paulo Branco acerta umas... e erra, com estrondo, outras. Esta sua recente ideia, ao acreditar que os habituais admiradores de João César Monteiro achariam graça ao facto de ter como protagonista numa homenagem ao falecido realizador, um membro de um governo que saca o revólver quando lhe falam em cultura e que abomina tudo o que César Monteiro e o seu cinema representavam e representam... é um triste exemplo disso mesmo.
Paulo branco tentou ser actor de cinema. Desistiu. A ver por um pequeno excerto de um filme luso-francês que passava, um dia destes, no canal de televisão franco-alemão “ARTE”... ainda bem que tomou essa decisão. Resolveu passar a lidar com os dinheiros que estão por detrás dos filmes, a conseguir financiamentos, contratar realizadores, argumentistas, actrizes e actores, equipas técnicas, promotores, adquirir salas para exibição... e fez muito bem, pois é bom nisso!
Woody Allen... é Woody Allen!!! Sessenta anos de carreira, sendo a esmagadora maioria como realizador de filmes merecedores de vários óscares e que ficarão na História do cinema mundial. Para além dos livros...
Por qualquer razão que não captei, Paulo Branco decidiu dar um ar de “tuga” declarando de forma vistosa que “os filmes de Woody Allen são panfletos turísticos”. Tudo leva a crer que Paulo Branco resolveu terraplanar uma carreira de autor que começou no ano em que ele nasceu, dado que em 1950 já Woody Allen escrevia colunas em jornais, resolvendo afunilar a sua “crítica”, aludindo aos filmes que, mais recentemente, Allen realizou em cidades fora dos EUA, ou pela sua insistência “histórica” em filmar Nova Iorque.
Para “justificar” esta apreciação extemporânea pode ter acontecido uma de duas coisas:
1. Woody Allen deu uma nega ao produtor Paulo Branco para realizar... ou fazer qualquer coisa em Lisboa.
2. Paulo Branco decidiu fazer exercício físico e o seu personal trainer aconselhou-o a, sempre que possível... pôr-se “em bicos de pés”!

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Viva a cultura!




Morto que foi o Ministério da Cultura, não só por manifesta falta de interesse do governo pela “coisa”, como por uma evidente aversão ao que significa e aos “perigos” que representa para gente daquela estirpe... criou-se uma Secretaria de Estado da Cultura. Ora, o que acontece é que aquilo não passa de um micro-organismo dependente directamente do gabinete de Passos Coelho, o que impediria, se existisse uma ponta de vergonha, a inclusão da palavra “Cultura” no nome do dito organismo.
Posto isto, chegamos ao infeliz secretário do organismo em causa, muito escandalizado por alguém ter achado que a contratação de um assessor vindodirectamente do “berçário” do PSD era, vá lá... esquisita. Em defesa do jovem de 24 anos, direi que – embora nada o indique – o rapaz pode ser um génio que, com esta idade, já apreendeu a cultura portuguesa, popular e erudita, imaterial e edificada, em toda a sua globalidade...  adiante!
O que eu quero destacar neste meu “devaneio” é a frase com que o infeliz secretário de estado, Jorge Barreto Xavier, tentou defender-se das críticas:
Tem o senhor Xavier toda a minha solidariedade! Na verdade, se o homem não puder gerir os “recursos humanos”, que diabo é que lhe resta para gerir?!
Ou ninguém reparou que o orçamento de que dispõe a secretaria de estado do infeliz, para apoiar, divulgar, manter, financiar, restaurar, criar... enfim, tudo o que implica(ria) a relação do Estado com a Cultura... é, para o próximo ano, de 174 milhões de euros?
Para ser mais claro... apenas mais 4 milhões do que os orçamentos de dois clubes de futebol, neste ano. A saber, 170 milhões. 100 do Porto e 70 do Benfica. Fantástico, não é?


Viva a cultura!!!

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Prioridades...


“Quanto mais lêem as ovelhas... mais “negras” se tornam!”
É uma verdade! Uma verdade aparentemente simples... mas profundamente cruel para nós, se atentarmos na tragédia que representa esta notícia já com uns dias. Ou, para ser mais preciso... desgraçadamente, já com muitas, muitas, muitas décadas!!!

sábado, 16 de novembro de 2013

Rumo a Paris...


Álvaro Cunhal teve uma breve, mas intensa relação com Paris. Ou melhor, com alguns seres humanos que, nessa altura habitavam Paris, uma cidade em que se respirava a liberdade que em Portugal ainda não passava de um projecto dolorosamente trabalhado e incansavelmente sonhado... liberdade da qual, convenhamos, mesmo estando em Paris não podia desfrutar abertamente, já que os olhos e ouvidos da PIDE se encarregavam de vigiar de perto aqueles que tinham emigrado, fosse por razões políticas, fosse apenas para matar a fome.
Dessa “vida de Paris” de Cunhal, vida tão menos dourada do que a de outros conhecidos exilados, não posso falar, por assumida “incompetência” para o fazer. Outros amigos, nomeadamente os companheiros do outro blog onde estas letras serão também publicadas, têm certamente um mundo de estórias e História para partilhar sobre o tema.
Pela parte que me toca, folgo em saber que foi ali criado Le Cercle Álvaro Cunhal” que, entre outras iniciativas, promove um encontro de dois dias, a começar hoje mesmo e a acabar amanhã, Domingo 17, encontro/convívio onde se lembrará o exilado, o lutador anti-fascista, o político, o artista... o amigo comum.
Como podem ver no programa "afixado" aqui em cima, amanhã, Domingo, haverá um déjeuner convivial (gastronomie portugaise). Mesmo atendendo a que o Palais des Congrès de Nanterre fica um pouquinho fora de mão... como resistir a um almoço assim?
Lá estarei, se tudo correr de forma tecnicamente escorreita! Parece que a seguir também haverá umas canções…

sábado, 12 de outubro de 2013

Semear livros


“Se quiser divulgar, Samuel, as meninas cá do Porto ficavam-lhe ainda mais agradecidasBeijinhos

Há uns tempos, como relatei aqui, fui convidado pelas “meninas do Porto” da CulturePrint, para ajudar na apresentação de um livro que falava (fala) dos “contactos” de muitas pessoas, eu incluído, com o José Afonso.
Chamaram-me agora a atenção, por mail, para uma iniciativa a que estão ligadas, com várias outras editoras e “militantes da cultura”. Para divulgar essa iniciativa e agitar a monotonia, como poderão ver no vídeo e ler no texto que está abaixo dele, resolveram semear livros pela cidade. Muitas centenas de livros.
Tendo consciência de que se tivesse sido um qualquer clube desportivo a publicitar uma sua qualquer acção distribuindo bolas de futebol pelos bairros, as televisões e jornais não teriam falado de outra coisa... mas que esta coisa dos livros tem sempre que romper uma espessa barreira de indiferença, quando não é mesmo hostilidade por parte daqueles que acham a cultura uma coisa perigosa... aqui fica a minha participação na divulgação (a escolha da ilustração é minha) e um forte abraço às “meninas do Porto” e aos seus amigos e amigas.

sábado, 10 de agosto de 2013

Urbano Tavares Rodrigues (1923-2013) – As coisas importantes


Hoje, no dia do funeral do grande ser humano, cidadão e homem de cultura que foi Urbano Tavares Rodrigues, quero juntar-me aos seus companheiros de sempre e a todos aqueles que o leram, amaram, estimaram e admiraram
Disse um dia o José Carlos Ary dos Santos numa letra para uma canção:
“É preciso pensar
que não basta rimar
mas fazer coisas mais importantes.”

O nosso amigo Urbano Tavares Rodrigues dedicou-se, apaixonadamente, sobretudo a essas coisas “mais importantes”. Ainda assim, aqui e ali... também rimou. Nomeadamente nestes versos corajosos, musicados e cantados pelo Adriano Correia de Oliveira. Chama-se “Margem Sul” a canção que daí resultou e foi editada em 1967.
Recentemente, num espectáculo que o Urbano deveria ter gostado de ver, já que é uma homenagem ao seu velho amigo Álvaro Cunhal, revisitámos essa canção, numa versão dividida entre mim e a Luísa Basto, gravada ao vivo com a ajuda dos “meus” músicos e coros (e com os defeitos que podem ter as gravações ao vivo).
Obrigado, Urbano!



terça-feira, 30 de julho de 2013

Cultura – Porra... até o António Ferro era melhor!!!


Puxando a brasa à minha sardinha, viro-me hoje para a política cultural deste governo em “novo ciclo”... ou, para ser mais exacto, para a ausência, verdadeiramente enxovalhante para o país e para a inteligência, dessa política.
Por mais voltas que deem os marmanjos que nos governam, por mais números de que falem, por mais orçamentos e verdades que “martelem”... um país, ou uma qualquer geração desse ou de qualquer país, um povo, uma época, são lembrados pelas suas realizações enquanto seres portadores de espírito e sim!, pela sua criação cultural. Nunca pelo cinzentismo bacoco dos “passos coelhos”, das histéricas e irrevogáveis cambalhotas dos “paulos portas”, ou com a sonsice insuportável das “marias luíses albuquerques”, a pouca vergonha dos “machetes”.
Mais uma prova do plano miserável de destruição de Portugal que estes bandalhos estão a levar a cabo... é, seja no “velho ciclo”, no “novo ciclo” e com ou sem remodelação... a total ausência de notícias sobre qualquer actividade governativa que se pareça, ainda que vagamente, com uma política para a cultura.
Destruído que foi o Ministério da Cultura – o que é uma coisa que fica sempre bem a um país com criadores como tem Portugal – Viegas, feito “secretário”, não deu conta do recado. Provavelmente, porque não havia qualquer recado para dar conta.
A seguir, Passos contratou um empregado de que nem guardei o nome (e nem sei se foi reconduzido na remodelação), que lhe vai tratando de uns “recados” que não possam de todo ser evitados e, com a pontualidade de um relógio, vai assinando cortes sobre cortes sobre tudo o que cheire a cultura. O pobre coitado não tem existência! As pouquíssimas notícias que é possível arrancar à internet sobre actos oficiais ligados à cultura, aparecem "assinados", anonimamente, pela Secretaria de Estado.
Depois fiquem ofendidinhos e com dói dói... se os compararmos aos outros que sempre que lhes falavam de cultura, puxavam da pistola!

domingo, 14 de julho de 2013

Drama em Pamplona – Será só em Pamplona?!


Enquanto decidia o que escrever para este post, um noticiário da SIC-N mostrava-me um slide onde tinham escrito “Drama em Pamplona”. O desenvolvimento da notícia explicava que, pela milionésima vez, bandos de irresponsáveis se tinham feito trucidar por toiros em corrida tresloucada pelas ruas, alguns em fúria... todos os restantes apenas aterrorizados pela selvajaria dos “humanos” que festejam desta forma a memória de um indivíduo que dava pelo nome de Fermin... e que chegou a “santo”.
Pensei com os meus botões: realmente, Pamplona tem um drama... mas não é apenas hoje! É o drama diário de ser habitada e gerida pelo que parece ser uma maioria de débeis mentais que, ano após ano, repetem esta insanidade, por não resistirem à ancestral sede de sangue mascarada de cultura.
Por uma estranha coincidência, pouquíssimo tempo antes tinha assistido a alguns escassos minutos da estreia de um “imponente” programa da SIC, dedicado ao mesmo universo: o da a relação amorosa de alguns cromos com os cornos dos toiros.
Vivemos num tempo (que dura há anos) em que qualquer uma das televisões não consegue encontrar justificação para pagar o que quer que seja aos artistas (sobretudo cantores) que convida para abrilhantar os seus programas, programas em que apenas os apresentadores têm o estatuto – e o ordenado – de grandes vedetas. Os artistas, na expectativa de assim poderem promover os seus espectáculos ao vivo, caem no conto do vigário.
Ao mesmo tempo, no entanto, assistimos a estas mega-produções, com custos de montagem ostensivamente milionários, como é este “Olé”, que promete pôr "famosos" a pegar toiros no luxo climatizado do novo Campo Pequeno. Para compor o ramalhete, junta-se sempre o mesmo grupo de indigentes, que andam de concurso em concurso, fazendo de bobos a troco de dez reis de mel coado, bobos que tanto podem ser escritoras “light”, como “lilis-caneças”, como ex-concorrentes do “bigbrother”. Veste-se a Bárbara Guimarães mais ou menos de espanhola... e já está!
Nunca, é uma palavra demasiado forte... e neste tempo de coisas “irrevogáveis” deve usar-se como os ouriços cacheiro fazem amor: com muita cautela. Por isso mesmo, digo apenas que se é extremamente difícil alguém conseguir ver-me a participar de uma daquelas manifestações pró-animais e anti-touradas... é ainda mais difícil conseguir ver-me a assistir a uma dessas touradas.
Costumo dizer que bastará esperar, sem grandes hostilidades nem discursos inflamados de parte a parte, que o tempo e a evolução se encarreguem de varrer dos (poucos) palcos em que ainda persiste, o espectáculo “artístico” da tourada... como já antes varreu os não menos “artísticos” espectáculos das lutas de gladiadores, etc., etc.
Enquanto eu me perguntava se, numa altura destas, mesmo que apenas como entretenimento, era mesmo de um espectáculo de televisão assim que o país precisava... a minha mais recente namorada (pronto... a coisa dura há já 30 anos, mas nem por isso deixa de ser a mais recente) leu-me o pensamento e, vendo as cores berrantes, as maquilhagens exageradas, o luxo bacoco, a entrada esvoaçante do Castelo Branco... comparou aquilo ao fim do Império Romano.
Como acrescentar mais seja o que for? É aquilo! O país a agonizar, as suas instituições e as estruturas do poder a apodrecerem, lenta e irremediavelmente... por debaixo do brilho falso e decadente dos espectáculos de arena.

domingo, 19 de maio de 2013

Arlindo Cruz – No seu lugar


“O meu lugar

É cercado de luta e suor

Esperança num mundo melhor

E cerveja pra comemorar

Ai que lugar

Tem mil coisas pra gente dizer

O difícil é saber terminar...”

Arlindo Cruz é já um histórico do samba. Ao longo da carreira foi sendo coberto de prémios e reconhecimento popular (não, nem sempre andam de mãos dadas). Reconhecimento pela genuinidade, pelo talento, pelas suas canções que falam do dia a dia do seu povo.
Hoje partilho um samba que o Arlindo Cruz dedica à sua Madureira. Ao mundo dos seus medos, amores, alegrias, superstições, fé, lutas, danças, cansaços, pó na garganta e toda a cerveja necessária para o lavar. Um hino às crianças, às mulheres, aos homens e, sobretudo, aos seus velhos, fonte de toda a tradição cultural, sabedoria e História.
Por imposição, enquanto jovem, imposição depois seguida de um voluntário estilo de vida pouco dado a sedentarismos... não sou de lugar algum! Se fosse, como gostaria de ser de um lugar que merecesse uma canção assim!
Bom domingo!
“O meu lugar” – Arlindo Cruz
(Arlindo Cruz)



domingo, 28 de abril de 2013

Han-Na Chang – Um post excessivo


Demos as boas vindas à jovem sul-coreana Han-Na Chang. Violoncelista e directora de orquestra. Tem um currículo que dificilmente cabe nos escassos trinta e um anos de vida que conta... o que é perfeitamente normal num post feito de “excessos”.
É excessiva a beleza que Camille Saint-Saens concentrou num dos vários e pequenos movimentos do seu “Carnaval dos animais”... uma peça que fez por puro divertimento e que durante muito tempo, erradamente, pensou que não abonaria muito à sua imagem de compositor “sério”. Apesar dessa humilde desconfiança, até ele achava que este “Cisne” era uma excepção.
É excessiva a perfeição com que os pais de Han-Na Chang passaram do sonho à prática, quando se tratou de “criar” o rosto (e tudo o mais) da filha e seleccionaram os genes que, acrescentado o trabalho técnico necessário... floresceram como génio puro.
É excessiva a qualidade da “alma” que o construtor do violoncelo colocou dentro do instrumento que ela aqui toca... e que resulta neste som fabuloso que exibe no encore de final de concerto.
É excessiva a distância que Han-Na Chang percorre na viagem que a leva lá para onde “vai” enquanto toca. Assim olhando apenas, imagina-se que, para além de longínquo, seja um lugar onde a beleza e o prazer correm... excessivamente.
Bom domingo!
“O cisne” – Han-Na Chang
(Camille Saint-Saens)



sexta-feira, 12 de abril de 2013

Vemo-nos em Santarém?


Esperando que ninguém de entre vós tenha, entretanto, contraído qualquer alergia à minha estimada pessoa... direi que não haverá, então, qualquer desculpa para que aqueles e aquelas que estiverem em Santarém e arredores, não se desloquem ao local indicado no cartaz e à hora anunciada.
A minha presença cantando duas cantigas é apenas uma gota no mar de gente boa que vai ali estar prestigiando com a sua arte, militância e anseio de futuro... um grande amigo comum.
Estamos à vossa espera!
(Entretanto, amanhã, Sábado... vemo-nos no Barreiro)

quinta-feira, 11 de abril de 2013

A corja – Não é de estranhar...




É perfeitamente natural que a corja que nos governa tencione cortar ainda mais nas verbas destinadas à Educação, apesar de essas verbas já terem recuado para valores de há mais de dez anos.
A corja tem sentido na pele o quanto é incómodo ter uma população jovem cada vez mais preparada para criticar, com conhecimento e fundamentos, estas suas políticas de desastre e roubo do país.
A corja sabe que é mais fácil convencer um exército de desempregados semi-analfabetos, ou que, tendo estudado, nem acabou o 12º ano, como já acontece a milhares de jovens... a aceitar ordenados de miséria, do que impor essa realidade, eternamente, a jovens licenciados, sobretudo se também forem cultos e esclarecidos politicamente.
A corja sabe que, ainda que tenham simpatia pelas ideias de direita com que têm sido formatados pelos esmagadores meios de propaganda do “pensamento único”, alguns desses jovens qualificados acabam, eventualmente, por entender a dimensão do logro em que caíram.
Assim, não é de estranhar ver a corja a tudo fazer para sufocar a Educação e desmantelar a produção livre de Cultura e Pensamento... tudo coisas consideradas como extremamente perigosas por uma corja infestada de tiques salazaristas e “inspirada” pela velha inclinação fascista para puxar da pistola sempre que lhe falam em cultura.

sábado, 23 de março de 2013

Aula Magna – Sessão cultural


Alguns dos leitores habituais deste blog não irão ler este texto senão lá para as tantas... por uma excelente razão: estarão, exactamente à hora a que este post vai “para o ar”, a instalar-se nas cadeiras da Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa, para assistir a uma tarde cultural dedicada à figura de Álvaro Cunhal.
Sobre o homenageado, não preciso de acrescentar, hoje, mais palavras; sobre o elenco presente no palco, passe a imodéstia (dada a minha pequena quota parte no acontecimento)... mas é de peso!
Durante algumas horas vai-se ali respirar um “ar” de primeiríssima qualidade! Porque para alguns de nós a nossa arte não é amorfa, inodora e incolor. Porque a nossa arte se deixa "contaminar" pela realidade e quer "contaminar" aqueles que toca. Porque toda a arte intervém no que a rodeia... dependendo apenas de cada criador a decisão sobre qual o tipo de intervenção em que se quer empenhar.
Maldigo la poesía 

concebida como un lujo 
cultural
por los neutrales, 

que lavándose las manos 

se desentienden y evaden, 

maldigo la poesía 

de quien no toma partido, 
   
partido hasta mancharse
(Gabriel Celaya)

Óscar Lopes (1917-2013)


A História, a boa literatura, o pensamento e a inteligência... perderam um grande militante.
O PCP perdeu um grande ser humano.
A Humanidade perdeu um dos "imprescindíveis".

domingo, 3 de março de 2013

Tatyana Ryzhkova – Fantasia…


Eu sei... eu sei que aconteceu ontem uma manifestação, ou melhor, dezenas de manifestação que juntaram para cima de uma quantidade de pessoas de várias idades... as idades físicas e as outras. Disso falarei amanhã, segunda-feira, depois de recobrar o fôlego.
Por hoje, e para não fugir a repetir esta domingueira “experiência que deu certo”, que é, até hoje, a melhor definição de “tradição”, fico-me pela música. Uma sequência de fantasias à volta da “Traviata” do senhor Verdi, inventadas por Francisco Tárrega... compositor e guitarrista espanhol que há mais de cem anos perdeu a possibilidade de me agradecer de viva voz esta escolha musical.
Como aqueles bombons que, mesmo já sendo muito bons, ainda assim vêm embrulhados em invólucros luxuosos, apenas pelo caprichoso bom gosto de quem os oferece, também este momento musical chega pelas mãos da jovem bielorussa Tatyana Ryzhkova, uma recentíssima descoberta deste estabelecimento.
Ainda sem ter chegado sequer aos trinta, Tatyana é uma daquelas guitarristas que faz muitas das guitarras que não tiveram a fortuna de ir morar para casa dela definharem, estalar-se-lhes a madeira… e finarem-se por aí numa vil tristeza (estou neste momento a olhar para uma). Há guitarras muito felizes! Ouvindo e vendo o vídeo, ouvindo e vendo quanto a dona da guitarra se diverte com pequenos pormenores da música e como se transforma e ilumina ao tocá-los... percebe-se porquê.
Bom domingo!
Fantasia sobre temas da Traviata - Tatyana Ryzhkova
(Francísco Tárrega)



domingo, 27 de janeiro de 2013

Mónica Salmaso – “Até a vista se atrapaia, ai, ai, ai...”


Hoje temos uma recolha de folclore brasileiro (um colhido, como dizem por lá). É uma cantiga deslumbrante, muito bem acompanhada à viola por Paulo Freire, que chama para a cantar, uma cantora “boa absurdo!”, segundo as suas palavras.
E é mesmo “boa absurdo”! É a Mónica Salmaso, cuja preferência pela cultura, pela música de recolha, a música mais comprometida com a qualidade literária, embora não a impedindo de ter um vasto público, não se pode dizer que lhe tenha aberto as portas do estrelato. Dá gosto ouvir correr a sua voz. Dá gosto ouvi-la ousar “falar errado”... coisa que repugna a tantos intelectuais de pacotilha.
Quanto à cantiga, o Cuitelinho” (beija-flor)... que diacho se pode dizer de uma coisa assim doida de bonita?
Espero que vos chegue ao peito, que como a letra diz no final (sim, é preciso ouvir até ao fim!), «é onde o coração “trabaia”».
Bom domingo.
Cuitelinho” – Mónica Salmaso
(Popular – Recolha de Paulo Vanzolini e António Xandó)



quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Um novo “tacho” – Alô, alô, experiência...


Tenho um novo “tacho”! Fui contratado para escrever e fazer parte da equipa de um novo blogue colectivo... por um ano.
Enquanto processo o orgulho e o prazer proporcionados pelo convite, este primeiro post é o equivalente ao clássico “alô, alô, experiência... isto está ligado?”, seguido das duas ou três pancadinhas no microfone com que alguns artistas menos dados às coisas da técnica presenteiam (e enlouquecem) os técnicos de som.
Vamos ao assunto. O novo blogue, acunhal.blogspot.pt, vai ter a existência de um ano, o tempo que durarão as muitas dezenas e dezenas de iniciativas integradas no Centenário do nascimento de Álvaro Cunhal. É essa a sua única função: noticiar, divulgar, comentar as muitas exposições, colóquios, lançamentos de livros, concertos, edições comemorativas, etc., etc., que essa grande figura do século vinte vai suscitar.
Para além do blogue, vou estar ligado a um grande projecto regional, cobrindo o Alentejo, centrado no fenómeno da Reforma Agrária, um dos “amores” de Álvaro Cunhal... projectomultifacetado de que também irei dando novidades e que me fará entrar em ensaios e estúdio dentro de muito poucos dias, acompanhado de um belo grupo de pessoas.
A característica (que se pretende uma das mais importantes) de todas as realizações que venham a acontecer durante este ano, é o seu carácter aberto a todas e todos, independentemente das suas filiações partidárias.
Conto com a vossa visita e leitura!
Um abraço colectivo,
Samuel
(Post publicado em paralelo com o novo blogue, “acunhal.blogspot.pt” 2013 - Centenário de Álvaro Cunhal)

domingo, 13 de janeiro de 2013

Dominguinhos e Yamandu – E o que eles se divertem?!!!


Dominguinhos é um enorme artista brasileiro! Ainda criança foi declarado pelo “rei do baião”, o histórico sanfoneiro e autor de “Asa branca”, Luís Gonzaga, herdeiro do seu legado artístico. Luís Gonzaga não poderia ter escolhido melhor!
De facto, rompendo com a possível limitação de ser apenas mais um sanfoneiro de província, Dominguinhos abriu os olhos e os ouvidos ao mundo, bebeu água de todas as fontes (coisa invejável, que se sabe ser mais importante que ter carros, parelhas e montes) e transformou-se num músico extraordinário, capaz de tornar um “baião” num standard de jazz... ou pegar num standard de jazz e contaminá-lo irremediavelmente com o sabor caipira das suas origens populares.
Há já quase um mês que um muito complicado quadro clínico o tem confinado a uma cama de hospital. Este post é também uma forma de desejar o melhor para Dominguinhos.
Hoje, depois de uma escolha que poderia ter recaído em dezenas de temas primorosamente tocados, proponho-vos este “Tico-tico no fubá”, seguido de "Asa branca/Prenda minha", recriados de forma espantosa, com a ajuda do sempre vertiginoso – e já nosso conhecido – Yamandu Costa.
Claro que enquanto fui ouvindo as várias músicas tocadas pelo Dominguinhos em parceria com o Yamandu... as minhas guitarras embalaram a trouxa e abandonaram o lar. Já me ameaçaram de que só voltam se eu prometer tentar, pelo menos, chegar a tocar “assim tipo”...  como o brasileiro. Mais uma vez, terei que lhes mentir descaradamente: que sim... que vou tentar, prometo...
Bom domingo!
“Tico-tico no fubá” – Dominguinhos e Yamandu Costa
(Zequinha de Abreu)



"Asa branca/Prenda minha" - Dominguinhos e Yamandu Costa
(Luís Gonzaga/Folclore do Rio Grande do Sul)