Menezes pediu aos militantes do PSD que “não votem no pior dos passados”. Ou seja, pediu que não votem nas candidaturas de/ou associadas a Menezes e Santana Lopes.
Adenda
Menezes diz: “deixei de ser presidente porque quis” e “canalha que me fez a vida negra”. Não haverá aqui uma “ligeira” incoerência, imagem de marca de Menezes? Será que a saída foi assim tão voluntária? Será que não foi empurrado pela “canalha”?
sábado, 31 de maio de 2008
sexta-feira, 30 de maio de 2008
Menezes despede-se em “grande”
Menezes, no seu estilo inimitável, despede-se hoje de presidente do PSD com um artigo inenarrável no Diário de Notícias:
http://dn.sapo.pt/2008/05/30/nacional/regresso_passado_nao.html
Parece que ele recebeu o PSD: “Administrativamente desorganizado, tecnicamente impreparado, financeiramente exangue, afastado da sociedade, sem iniciativa política, sem pensamento estratégico inteligível.” O que vale é que não o deixa nada assim.
Segue-se um rol de auto-elogios, com pérolas do seguinte quilate: “Na frente da política económica fomos claros e acutilantes.” Leram bem? “claros”?
“E ainda nos sobrou tempo e engenho para propostas alternativas globalmente coerentes.” Quanto ao “tempo”, plenamente de acordo; já quanto ao “engenho” as opiniões divergem. Mas em relação à “coerência”, penso que há unanimidade: não houve nenhuma.
Só me ficou uma modesta dúvida: se Menezes presidia a tão excelso programa de gloriosas realizações, porque raio saiu? Ou porque não se recandidatou?
Uma última questão: que disparate é este? “É igualmente seguro que o PSD terá um líder que, pela primeira vez, em 30 anos, não terá a legitimidade de representar uma maioria qualificada de eleitores. Fragilidade insanável em democracia.” Será que Menezes conhece os estatutos do PSD? No entanto, Menezes trai-se porque está aqui a admitir a vitória de Manuela Ferreira Leite. Como muito bem diz Pacheco Pereira, não vale a pena discutir com a criatura. Mas sempre se lhe pode dizer que uma verdadeira “Fragilidade insanável em democracia” é a de um líder que se contradiz a todo o momento, que deixa de ser criticado pelos analistas e passa a ser ridicularizado. Um líder com tamanha “fragilidade”, que não aguenta seis meses e desiste.
http://dn.sapo.pt/2008/05/30/nacional/regresso_passado_nao.html
Parece que ele recebeu o PSD: “Administrativamente desorganizado, tecnicamente impreparado, financeiramente exangue, afastado da sociedade, sem iniciativa política, sem pensamento estratégico inteligível.” O que vale é que não o deixa nada assim.
Segue-se um rol de auto-elogios, com pérolas do seguinte quilate: “Na frente da política económica fomos claros e acutilantes.” Leram bem? “claros”?
“E ainda nos sobrou tempo e engenho para propostas alternativas globalmente coerentes.” Quanto ao “tempo”, plenamente de acordo; já quanto ao “engenho” as opiniões divergem. Mas em relação à “coerência”, penso que há unanimidade: não houve nenhuma.
Só me ficou uma modesta dúvida: se Menezes presidia a tão excelso programa de gloriosas realizações, porque raio saiu? Ou porque não se recandidatou?
Uma última questão: que disparate é este? “É igualmente seguro que o PSD terá um líder que, pela primeira vez, em 30 anos, não terá a legitimidade de representar uma maioria qualificada de eleitores. Fragilidade insanável em democracia.” Será que Menezes conhece os estatutos do PSD? No entanto, Menezes trai-se porque está aqui a admitir a vitória de Manuela Ferreira Leite. Como muito bem diz Pacheco Pereira, não vale a pena discutir com a criatura. Mas sempre se lhe pode dizer que uma verdadeira “Fragilidade insanável em democracia” é a de um líder que se contradiz a todo o momento, que deixa de ser criticado pelos analistas e passa a ser ridicularizado. Um líder com tamanha “fragilidade”, que não aguenta seis meses e desiste.
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quinta-feira, 29 de maio de 2008
Perspectivas económicas pioram, défice espreita
Banco de Espanha descreve como “pronunciada desaceleración” o andamento da taxa de crescimento do PIB homólogo, que passou de 3,5% no último trimestre de 2007, para 2,8% no 1º trimestre de 2008. Trata-se de uma desaceleração generalizada a todas as componentes da procura.
http://www.bde.es/informes/be/boleco/may2008/evo.pdf
Como é evidente, vai sobrar para Portugal. Não só Espanha é nosso principal parceiro comercial, como algum do desemprego português está disfarçado como emprego nas zonas de fronteira do país vizinho.
Se soubesse o que sabe hoje, Sócrates nunca teria descido o IVA. É divertido que ele tenha acusado de “levianas” as propostas de descida de impostos antes de saber como ia a economia no início de 2008. Tinha razão: foi leviano, sim senhor. E, diga-se, também incompreensível. Em termos eleitorais, os eleitores ligam à descida do IVA, mas querem lá saber em que mês ela é anunciada. Ao anunciá-la tão cedo (antes de conhecer a estimativa rápida do PIB do 1º trimestre) Sócrates arriscou muito, já que todos os sinais externos já eram bastante negros. Ainda por cima, o anúncio da descida do IVA muito antes da sua entrada em vigor tem um efeito negativo de atrasar algumas aquisições, que ficam à espera que o IVA baixe. Houve uma medida errada com um timing errado. Com a particularidade de que o timing certo (um pormenor não despiciendo) poderia ter justamente evitado a medida errada.
A probabilidade de o défice de 2008 ficar acima dos 2,6% de 2007 vai crescendo. Vai crescendo de tal maneira, com cada notícia que surge que, não tarda nada, a dúvida se vai ultrapassar os 3% vai-se colocar. Seria um fracasso económico e político estrondoso. Sócrates apresentar-se às eleições com as contas públicas outra vez descontroladas seria correr o sério risco de perder as eleições. Tudo por uma decisão errada (descida do IVA), tomada antes do tempo certo.
http://www.bde.es/informes/be/boleco/may2008/evo.pdf
Como é evidente, vai sobrar para Portugal. Não só Espanha é nosso principal parceiro comercial, como algum do desemprego português está disfarçado como emprego nas zonas de fronteira do país vizinho.
Se soubesse o que sabe hoje, Sócrates nunca teria descido o IVA. É divertido que ele tenha acusado de “levianas” as propostas de descida de impostos antes de saber como ia a economia no início de 2008. Tinha razão: foi leviano, sim senhor. E, diga-se, também incompreensível. Em termos eleitorais, os eleitores ligam à descida do IVA, mas querem lá saber em que mês ela é anunciada. Ao anunciá-la tão cedo (antes de conhecer a estimativa rápida do PIB do 1º trimestre) Sócrates arriscou muito, já que todos os sinais externos já eram bastante negros. Ainda por cima, o anúncio da descida do IVA muito antes da sua entrada em vigor tem um efeito negativo de atrasar algumas aquisições, que ficam à espera que o IVA baixe. Houve uma medida errada com um timing errado. Com a particularidade de que o timing certo (um pormenor não despiciendo) poderia ter justamente evitado a medida errada.
A probabilidade de o défice de 2008 ficar acima dos 2,6% de 2007 vai crescendo. Vai crescendo de tal maneira, com cada notícia que surge que, não tarda nada, a dúvida se vai ultrapassar os 3% vai-se colocar. Seria um fracasso económico e político estrondoso. Sócrates apresentar-se às eleições com as contas públicas outra vez descontroladas seria correr o sério risco de perder as eleições. Tudo por uma decisão errada (descida do IVA), tomada antes do tempo certo.
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quarta-feira, 28 de maio de 2008
Novo chefe da ASAE
“Directora regional do Norte [Fátima Araújo] da ASAE critica inspecções da instituição que obrigam IPSS a deitar comida fora”. Do Público de hoje, p. 6.
Está encontrado o novo chefe da ASAE. Pede-se ao governo a substituição urgente do inacreditável Nunes por esta senhora.
Está encontrado o novo chefe da ASAE. Pede-se ao governo a substituição urgente do inacreditável Nunes por esta senhora.
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segunda-feira, 26 de maio de 2008
Alternativas ao “capitalismo neoliberal”
André Freire, no Público de hoje, p. 41, vem propor-nos alternativas ao “capitalismo neoliberal”. Em primeiro lugar há que saudar o esforço, embora o resultado prático não seja famoso.
A primeira proposta é estranhíssima: “taxas Tobin ‘sobre o IDE’ (investimento directo estrangeiro” com o objectivo de “penalizar os capitais especulativos”. Mas o IDE é o oposto de capitais especulativos! Esta confusão conceptual é a morte do artista, mas adiante. O IDE deve ser bem acolhido e muitos países o que fazem é criar taxas Tobin negativas, ou sejam criam condições fiscais mais favoráveis ao IDE. Exactamente o oposto do proposto.
Quanto aos capitais especulativos, sob pressão (intelectual) de Stiglitz, o próprio FMI já veio reconhecer (embora tenha tido o comportamento vergonhoso de não reconhecer a dívida intelectual a Stiglitz) que a liberalização financeira dos capitais de curto prazo não é útil: Prasad, Eswar; Rogoff, Kenneth; Wei, Shang-Jin & Kose, M. Ayhan (2003) “Effects of financial globalization on developing countries: some empirical evidence” March 2003, FMI.
Segue-se “Thomas Palley propõe uma nova agenda para a globalização que passa por, primeiro, encarar a liberalização do comércio mundial como um meio (…) e não um fim.” Por amor de Deus, isto é um insulto à inteligência de qualquer leitor! Com cruzadas quixotescas destas não se vai a lado nenhum.
Quanto à valorização das condições de trabalho e ambiente, isto cheira a proteccionismo dos trabalhadores mais pobres dos países ricos (onde existem generosos apoios sociais) contra a generalidade dos trabalhadores dos países pobres. Uma postura bem egoísta, de tentar evitar que os países que sempre foram pobres possam aceder a níveis de rendimento nunca antes sonhados.
A primeira proposta é estranhíssima: “taxas Tobin ‘sobre o IDE’ (investimento directo estrangeiro” com o objectivo de “penalizar os capitais especulativos”. Mas o IDE é o oposto de capitais especulativos! Esta confusão conceptual é a morte do artista, mas adiante. O IDE deve ser bem acolhido e muitos países o que fazem é criar taxas Tobin negativas, ou sejam criam condições fiscais mais favoráveis ao IDE. Exactamente o oposto do proposto.
Quanto aos capitais especulativos, sob pressão (intelectual) de Stiglitz, o próprio FMI já veio reconhecer (embora tenha tido o comportamento vergonhoso de não reconhecer a dívida intelectual a Stiglitz) que a liberalização financeira dos capitais de curto prazo não é útil: Prasad, Eswar; Rogoff, Kenneth; Wei, Shang-Jin & Kose, M. Ayhan (2003) “Effects of financial globalization on developing countries: some empirical evidence” March 2003, FMI.
Segue-se “Thomas Palley propõe uma nova agenda para a globalização que passa por, primeiro, encarar a liberalização do comércio mundial como um meio (…) e não um fim.” Por amor de Deus, isto é um insulto à inteligência de qualquer leitor! Com cruzadas quixotescas destas não se vai a lado nenhum.
Quanto à valorização das condições de trabalho e ambiente, isto cheira a proteccionismo dos trabalhadores mais pobres dos países ricos (onde existem generosos apoios sociais) contra a generalidade dos trabalhadores dos países pobres. Uma postura bem egoísta, de tentar evitar que os países que sempre foram pobres possam aceder a níveis de rendimento nunca antes sonhados.
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Passos Coelho entre o liberal e o populista
Passos Coelho vinha propondo uma postura diferente, carregando na ideologia, marcadamente liberal. Não basta ter convicção em ideias estruturantes, é necessário ir às aplicações concretas, coisa que Passos Coelho não tem feito.
O principal problema que começa a emergir desta candidatura é a falta de coerência. Primeiro o deixar associar-se a pessoas vindas obviamente do PSD populista. Ninguém pode dizer “não quero o apoio explícito de fulano”, mas pode escolher os seus mandatários. Estranhíssima a escolha do mandatário da Juventude…
Mas esta ideia do PPC de pedir a descida do ISP é de uma demagogia indesculpável num economista. Portugal importa quase 90% da energia que consome e vamos fingir que não temos que nos adaptar a um mundo de energia cara durante as próximas décadas? Portugal é dos países que mais desperdiça energia, com um dos piores rácios entre PIB e energia utilizada. Portugal é dos países mais longe de respeitar os limites de Quioto e vamos fingir que a subida do preço do petróleo não nos obriga a mudar de vida?
Concordo que o ISP precisa de se aproximar dos níveis de Espanha. Mas, baixá-lo porque o preço do petróleo está a subir, é uma medida do mais anti-liberal que existe, transmitindo a ideia (que demasiados portugueses querem ouvir) que o Estado pode corrigir todas as adversidades do mundo, que toda a mudança é evitável, que o Estado se responsabiliza por tudo, que os cidadãos podem descartar as suas responsabilidades no Estado.
Eu defendo um liberalismo (o único?) em que o Estado favorece a mudança e não o imobilismo.
O principal problema que começa a emergir desta candidatura é a falta de coerência. Primeiro o deixar associar-se a pessoas vindas obviamente do PSD populista. Ninguém pode dizer “não quero o apoio explícito de fulano”, mas pode escolher os seus mandatários. Estranhíssima a escolha do mandatário da Juventude…
Mas esta ideia do PPC de pedir a descida do ISP é de uma demagogia indesculpável num economista. Portugal importa quase 90% da energia que consome e vamos fingir que não temos que nos adaptar a um mundo de energia cara durante as próximas décadas? Portugal é dos países que mais desperdiça energia, com um dos piores rácios entre PIB e energia utilizada. Portugal é dos países mais longe de respeitar os limites de Quioto e vamos fingir que a subida do preço do petróleo não nos obriga a mudar de vida?
Concordo que o ISP precisa de se aproximar dos níveis de Espanha. Mas, baixá-lo porque o preço do petróleo está a subir, é uma medida do mais anti-liberal que existe, transmitindo a ideia (que demasiados portugueses querem ouvir) que o Estado pode corrigir todas as adversidades do mundo, que toda a mudança é evitável, que o Estado se responsabiliza por tudo, que os cidadãos podem descartar as suas responsabilidades no Estado.
Eu defendo um liberalismo (o único?) em que o Estado favorece a mudança e não o imobilismo.
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domingo, 25 de maio de 2008
Santana tem mais que fazer…
“Entrevista CM: Santana Lopes: “Tenho mais que fazer do que perder com Sócrates”
http://www.correiodamanha.pt/Noticia.aspx?channelid=00000229-0000-0000-0000-000000000229&contentid=28FCFE08-ECBC-48F2-8A53-4DFF627020BB
Que mais? Perder com Manuela Ferreira Leite? Perder inclusive com Passos Coelho?
http://www.correiodamanha.pt/Noticia.aspx?channelid=00000229-0000-0000-0000-000000000229&contentid=28FCFE08-ECBC-48F2-8A53-4DFF627020BB
Que mais? Perder com Manuela Ferreira Leite? Perder inclusive com Passos Coelho?
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sábado, 24 de maio de 2008
Nuvens cada vez mais negras
Agora são os indicadores coincidentes calculados pelo Banco de Portugal que continuam a cair a pique. O do consumo privado reforçou o carácter negativo. Parece que estamos a ponto de ter a chamada recessão técnica no 1º semestre de 2008.
A Europa está a reagir muito melhor que Portugal à deterioração internacional, pelo que o argumento externo não é suficiente para explicar a desaceleração portuguesa. Estamos a pagar o não prestar atenção à necessidade de recuperar a competitividade perdida. E ainda Manuel Pinho tem o descaramento de desvalorizar a queda do Investimento Directo Externo…
A Europa está a reagir muito melhor que Portugal à deterioração internacional, pelo que o argumento externo não é suficiente para explicar a desaceleração portuguesa. Estamos a pagar o não prestar atenção à necessidade de recuperar a competitividade perdida. E ainda Manuel Pinho tem o descaramento de desvalorizar a queda do Investimento Directo Externo…
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sexta-feira, 23 de maio de 2008
Aumentar salários?
Alfredo Bruto da Costa, coordenador do estudo Um Olhar sobre a Pobreza vem hoje falar nos salários “baixos” e na necessidade do seu aumento no Público, p. 3. Felizmente que tem consciência de que o aumento dos salários tem que vir depois do aumento da produtividade e não antes.
Infelizmente não parece ter consciência que, infelizmente, os salários em Portugal estão hoje demasiado elevados para a nossa produtividade. Faz também a confusão entre aumentar rendimentos dos mais pobres e aumentar salários. A economia, neste momento, não comporta aumentos salariais pequenos, muito menos aumentos salariais substantivos, que influenciassem verdadeiramente a pobreza. Mas existe alguma margem para aumentar os rendimentos, sem aumentar os salários. Um, é a redução dos impostos sobre os mais pobres, um instrumento pouco eficaz, porque os mais pobres não pagam IRS. Outro, mais eficaz, seria a criação do imposto negativo, ou melhor dizendo, a criação de um escalão negativo no IRS. Quem tivesse rendimentos abaixo de determinado montante, não só não pagava imposto, como recebia subsídio.
Acrescente-se que o governo desperdiçou uma oportunidade de ouro ao baixar o IVA, em vez de enveredar pelo imposto negativo.
Infelizmente não parece ter consciência que, infelizmente, os salários em Portugal estão hoje demasiado elevados para a nossa produtividade. Faz também a confusão entre aumentar rendimentos dos mais pobres e aumentar salários. A economia, neste momento, não comporta aumentos salariais pequenos, muito menos aumentos salariais substantivos, que influenciassem verdadeiramente a pobreza. Mas existe alguma margem para aumentar os rendimentos, sem aumentar os salários. Um, é a redução dos impostos sobre os mais pobres, um instrumento pouco eficaz, porque os mais pobres não pagam IRS. Outro, mais eficaz, seria a criação do imposto negativo, ou melhor dizendo, a criação de um escalão negativo no IRS. Quem tivesse rendimentos abaixo de determinado montante, não só não pagava imposto, como recebia subsídio.
Acrescente-se que o governo desperdiçou uma oportunidade de ouro ao baixar o IVA, em vez de enveredar pelo imposto negativo.
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OPEP impotente?
“O mercado petrolífero está "louco". A expressão é do secretário-geral da OPEP, Abdulah al Badri, que afirmou que o cartel nada pode fazer para baixar os preços do petróleo.”
http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/internacional/mercados/pt/desarrollo/1126708.html
“Nada pode”? Não faz nada porque não pode ou porque não lhe interessa? É completamente evidente que aos países produtores de petróleo lhes interessa estes preços elevados. E, já agora, esta inacção da OPEP não sugere uma verdadeira impotência, uma incapacidade de aumentar a produção, que justifica e reforça a alta dos preços?
”Para o responsável da Organização os preços recordes do petróleo devem-se às tensões geopolíticas, à especulação e ao dólar fraco.”
“Dólar fraco”? Tretas! Só em 2008 o petróleo (Brent) já subiu 28% em euros. Quanto à “especulação”, trata-se de mais uma conversa da treta. A especulação não é uma fantasia sem suporte na realidade, trata-se de uma previsão baseados em factos e expectativas. Uma das expectativas em que se baseia a especulação é que a OPEP vai assistir de braços cruzados a uma escalada de preços. E a OPEP continua a confirmar que essa expectativa está correcta.
"Se aumentássemos a produção amanhã, os preços não baixariam devido à especulação e ao dólar fraco", disse Abdulah al Badri.”
Mais treta. Um aumento da produção iria esmagar as expectativas dos especuladores e provocar forte baixa do preço. Mas isso era a última coisa que a OPEP queria. Na verdade esta conversa não passa de sacudir a água do capote, que a OPEP não é minimamente responsável pela subida de preços que tantos estragos anda a fazer por todo o mundo. Já agora a OPEP poderia calcular qual a parte do preço do petróleo que é “especulativo” e oferecer esse montante aos países mais pobres.
A OPEP está a ganhar rios de dinheiro com a "especulação" e ainda tem o descaramento de dizer que os outros é que são os culpados. A maior falta de vergonha na cara!
http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/internacional/mercados/pt/desarrollo/1126708.html
“Nada pode”? Não faz nada porque não pode ou porque não lhe interessa? É completamente evidente que aos países produtores de petróleo lhes interessa estes preços elevados. E, já agora, esta inacção da OPEP não sugere uma verdadeira impotência, uma incapacidade de aumentar a produção, que justifica e reforça a alta dos preços?
”Para o responsável da Organização os preços recordes do petróleo devem-se às tensões geopolíticas, à especulação e ao dólar fraco.”
“Dólar fraco”? Tretas! Só em 2008 o petróleo (Brent) já subiu 28% em euros. Quanto à “especulação”, trata-se de mais uma conversa da treta. A especulação não é uma fantasia sem suporte na realidade, trata-se de uma previsão baseados em factos e expectativas. Uma das expectativas em que se baseia a especulação é que a OPEP vai assistir de braços cruzados a uma escalada de preços. E a OPEP continua a confirmar que essa expectativa está correcta.
"Se aumentássemos a produção amanhã, os preços não baixariam devido à especulação e ao dólar fraco", disse Abdulah al Badri.”
Mais treta. Um aumento da produção iria esmagar as expectativas dos especuladores e provocar forte baixa do preço. Mas isso era a última coisa que a OPEP queria. Na verdade esta conversa não passa de sacudir a água do capote, que a OPEP não é minimamente responsável pela subida de preços que tantos estragos anda a fazer por todo o mundo. Já agora a OPEP poderia calcular qual a parte do preço do petróleo que é “especulativo” e oferecer esse montante aos países mais pobres.
A OPEP está a ganhar rios de dinheiro com a "especulação" e ainda tem o descaramento de dizer que os outros é que são os culpados. A maior falta de vergonha na cara!
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quinta-feira, 22 de maio de 2008
Pescas a delirar
Proprietários e trabalhadores das pescas vão fazer greve porque o governo não “toma uma posição” sobre a subida dos combustíveis (Público de hoje, p. 36).
“Nós só não pagamos imposto sobre produtos petrolíferos, como acontece em todos os países europeus.” Ainda por cima neste caso a subida é apenas devido ao preço internacional do petróleo.
Parece que toda esta reivindicação se baseia em dois pressupostos pouco razoáveis. O primeiro pressuposto é o de que o governo tem sempre que resolver todos os problemas das pescas. Isto deriva da experiência de excessiva intervenção no passado, que cria a expectativa de intervenção futura. É um ciclo vicioso que deveria ser quebrado.
O segundo pressuposto é o de que o preço do peixe é um dado e, com mais custos, fica menos para trabalhadores e proprietários. Mas que disparate! Então o preço do peixe não vai subir, como até já têm subido o preço de tantos outros bens alimentares?
Se eu fosse governo deixava-os fazer greve à vontade. Aliás, a subida de preço que isso provocaria talvez os convencesse que não tinham razões para fazer greve.
“Nós só não pagamos imposto sobre produtos petrolíferos, como acontece em todos os países europeus.” Ainda por cima neste caso a subida é apenas devido ao preço internacional do petróleo.
Parece que toda esta reivindicação se baseia em dois pressupostos pouco razoáveis. O primeiro pressuposto é o de que o governo tem sempre que resolver todos os problemas das pescas. Isto deriva da experiência de excessiva intervenção no passado, que cria a expectativa de intervenção futura. É um ciclo vicioso que deveria ser quebrado.
O segundo pressuposto é o de que o preço do peixe é um dado e, com mais custos, fica menos para trabalhadores e proprietários. Mas que disparate! Então o preço do peixe não vai subir, como até já têm subido o preço de tantos outros bens alimentares?
Se eu fosse governo deixava-os fazer greve à vontade. Aliás, a subida de preço que isso provocaria talvez os convencesse que não tinham razões para fazer greve.
quarta-feira, 21 de maio de 2008
Há males que vêm por bem
Do Público de hoje, p. 41: Espanha está atrasada no TGV para Badajoz. Tanto melhor, ajuda a atrasar/suspender o disparate do TGV em Portugal.
Já se sabe que os preços das viagens de TGV serão uma ficção política. Mas os custos, esses imaginam-se estratosféricos. O TGV vai proporcionar viagens mais caras e mais lentas que de avião. Qual a lógica de investir numa tecnologia mais cara e pior do que temos actualmente? Nem a desculpa temos de ter dinheiro para gastar…
Já se sabe que os preços das viagens de TGV serão uma ficção política. Mas os custos, esses imaginam-se estratosféricos. O TGV vai proporcionar viagens mais caras e mais lentas que de avião. Qual a lógica de investir numa tecnologia mais cara e pior do que temos actualmente? Nem a desculpa temos de ter dinheiro para gastar…
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Santana Lopes divertido
Em entrevista de hoje ao Diário Económico: “Há uma candidatura de resignação, outra de impreparação e a minha que tem um caminho de ambição.”
“Ambiciona” repetir o disparate de 2004? Acha sinceramente que os portugueses lhe vão dar essa oportunidade? Acha que os eleitores do PSD o vão ouvir?
“Ambiciona” repetir o disparate de 2004? Acha sinceramente que os portugueses lhe vão dar essa oportunidade? Acha que os eleitores do PSD o vão ouvir?
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terça-feira, 20 de maio de 2008
É preciso mais apoio ao desemprego
Segundo dados da CGTP divulgados pelo Público de hoje, p. 43, “De 2005 a 2007, o universo dos desempregados apoiados passou de 72 para 56 por cento do total”, tendo subido para 59% no 1º trimestre de 2008.
Estes valores são impressionantes e reforçam uma ideia minha antiga: as condições de apoio aos desempregados devem ser função da taxa de desemprego. Se a taxa de desemprego está nos 4%, o desemprego é sobretudo um problema pessoal. Se a taxa de desemprego está nos 8%, o desemprego é sobretudo um problema da macroeconomia, com fortes repercussões sociais.
Existem prazos limites para receber apoios, que visam evitar criar desempregados “profissionais”, que preferem viver só com o subsídio. Mas esses prazos não deveriam ser os mesmos quando a taxa de desemprego está nos 4% ou nos 8%. Quando o desemprego está nos 8%, bem podem as pessoas procurar activamente trabalho, que será quase impossível encontrá-lo. Por isso, faz sentido, alargar os prazos nestes períodos.
Para receber o subsídio social de desemprego é obrigatório mais de 180 dias de descontos. Talvez aqui também se possa diminuir esta exigência nos períodos de maior desemprego, embora neste caso os dados revelados não ajudam a esclarecer se o problema é não ter acesso à primeira prestação deste apoio, ou não conseguir continuar a receber este apoio durante muito tempo.
Para além do que me parece a maior justiça desta abordagem, há uma outra vantagem. Um subsídio de desemprego assim desenhado melhoraria o efeito de estabilizador automático que estes apoios já têm. Quando a economia cai mais, passa a haver automaticamente mais apoios, o que impede uma queda tão acentuada da economia.
Adenda: Perversidade estatística
Este novo sistema teria um resultado com uma perversidade estatística. Como o estatuto de desempregado (que requer a procura activa de emprego) compensa durante mais tempo, então o número dos desencorajados, que saem das estatísticas de desemprego, vai diminuir. Logo, com mais apoio aos desempregados, vamos ter estatísticas de desemprego mais elevadas, apesar de desempregados estarem mais protegidos. Se olharmos para a estatística de desemprego, seríamos levados a pensar que as coisas pioraram, quando é o inverso que se verifica. A estatística tem destas coisas…
Estes valores são impressionantes e reforçam uma ideia minha antiga: as condições de apoio aos desempregados devem ser função da taxa de desemprego. Se a taxa de desemprego está nos 4%, o desemprego é sobretudo um problema pessoal. Se a taxa de desemprego está nos 8%, o desemprego é sobretudo um problema da macroeconomia, com fortes repercussões sociais.
Existem prazos limites para receber apoios, que visam evitar criar desempregados “profissionais”, que preferem viver só com o subsídio. Mas esses prazos não deveriam ser os mesmos quando a taxa de desemprego está nos 4% ou nos 8%. Quando o desemprego está nos 8%, bem podem as pessoas procurar activamente trabalho, que será quase impossível encontrá-lo. Por isso, faz sentido, alargar os prazos nestes períodos.
Para receber o subsídio social de desemprego é obrigatório mais de 180 dias de descontos. Talvez aqui também se possa diminuir esta exigência nos períodos de maior desemprego, embora neste caso os dados revelados não ajudam a esclarecer se o problema é não ter acesso à primeira prestação deste apoio, ou não conseguir continuar a receber este apoio durante muito tempo.
Para além do que me parece a maior justiça desta abordagem, há uma outra vantagem. Um subsídio de desemprego assim desenhado melhoraria o efeito de estabilizador automático que estes apoios já têm. Quando a economia cai mais, passa a haver automaticamente mais apoios, o que impede uma queda tão acentuada da economia.
Adenda: Perversidade estatística
Este novo sistema teria um resultado com uma perversidade estatística. Como o estatuto de desempregado (que requer a procura activa de emprego) compensa durante mais tempo, então o número dos desencorajados, que saem das estatísticas de desemprego, vai diminuir. Logo, com mais apoio aos desempregados, vamos ter estatísticas de desemprego mais elevadas, apesar de desempregados estarem mais protegidos. Se olharmos para a estatística de desemprego, seríamos levados a pensar que as coisas pioraram, quando é o inverso que se verifica. A estatística tem destas coisas…
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domingo, 18 de maio de 2008
Manuela Ferreira Leite verdadeira
Manuela Ferreira Leite no Diário de Notícias de hoje, p. 22: "Serei verdadeira, frontal, directa. Há quem diga que não dá para ganhar votos, mas gostava de fazer a experiência de, se falando verdade, também se ganham eleições. Eu julgo que sim".
Revejo-me completamente nestas palavras. Quero acreditar que os portugueses são capazes de acreditar em políticos que lhe dizem verdades difíceis. Mas se não engolirem estas verdades (é certo que não é o único motivo para derrotar um político), também bem podem deixar de dizer “os políticos são todos uns mentirosos”. Porque a partir daí ficamos a saber que os portugueses só dão popularidade aos políticos que lhes mentem. E quem escolhe e privilegia os mentirosos em detrimento dos verdadeiros, não se pode depois queixar.
Revejo-me completamente nestas palavras. Quero acreditar que os portugueses são capazes de acreditar em políticos que lhe dizem verdades difíceis. Mas se não engolirem estas verdades (é certo que não é o único motivo para derrotar um político), também bem podem deixar de dizer “os políticos são todos uns mentirosos”. Porque a partir daí ficamos a saber que os portugueses só dão popularidade aos políticos que lhes mentem. E quem escolhe e privilegia os mentirosos em detrimento dos verdadeiros, não se pode depois queixar.
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Menezes nos Malucos do Riso
Algumas das pérolas de Menezes em entrevista ao Jornal de Notícias de ontem:
http://jn.sapo.pt/2008/05/18/nacional/_Manuela_Ferreira_Leite_pode_f.html
“Ficou provado no último ano que é possível que alguém que é popular, que trabalha, que tem ideias, sair do país profundo e ganhar um grande partido em Portugal. Mas ainda não [é] possível ganhar o país.” “Popular”? Não é isso que as sondagens dizem. “Que trabalha”? Fazer propostas em cima do joelho é “trabalhar”? “Tem ideias”? A primeira baboseira que lhe vem à cabeça é uma “ideia”?
“P: Errou em algum momento?”
“R: Ninguém é perfeito. Teria feito uma ou outra coisa de forma diversa. Mas não julgo que essa tenha sido a questão essencial.” É claro que não, o problema está sempre nos outros.
“Olhando para o partido vejo que a minha base social de apoio era maioritária e, se eu fosse agora candidato, teria porventura dois terços dos votos expressos.” Eu diria mesmo 120% dos votos.
“Eu acho que há possibilidade de Manuela Ferreira Leite ser a terceira mais votada.” Como há a possibilidade de Menezes vir a dizer uma coisa razoável, honesta e inteligente nos próximos 10 anos. Ou seja, uma possibilidade muito remota.
“P: E Santana Lopes? Foi um bom primeiro-ministro?”
“R: Foi um bom secretário de Estado da Cultura, foi um bom presidente de Câmara, na Figueira e em Lisboa, mas enquanto primeiro-ministro não tinha condições, à partida, face às circunstâncias políticas que encontrou.” Claro, circunstâncias que “encontrou” e nunca circunstâncias que “criou”. Isso nunca, sempre os políticos Calimero. Só tenho uma “pequena” perplexidade: se estes políticos são sempre tão grandes vítimas descontroladas das circunstâncias externas, sempre totalmente incapazes de as moldar, sem a mais ínfima capacidade de as influenciar, porque é que os eleitores deveriam votar neles? Que lógica é que tem ter como PM um político incapaz de influenciar as suas circunstâncias? Não será que, uma vez eleito, ele vai sempre culpar fontes externas por todo e qualquer problema? Para que serve um PM impotente? Mesmo que um político seja atacado pelos mais temíveis Adamastores, se ele não os consegue vencer, para que serve?
“Pelo que conheço do partido, prevejo que [Manuela Ferreira Leite] possa ficar em terceiro lugar. Isto porque Patinha Antão ainda não estará em condições, embora esteja a fazer uma grande campanha, de ficar à frente de Manuela Ferreira Leite.” Cheira-me que a 31 de Maio vamos ficar convencidos que Menezes não “conhece” absolutamente nada do partido. Estas tentativas de insulto (então a do Patinha Antão é de morrer) vão-se virar todas contra ele.
“P: A verdade é que as sondagens que existem – Expresso e TVI – a colocam como a mais bem colocada para uma disputa eleitoral com José Sócrates.”
“R: Sondagem à opinião pública. Mas quem vota? A opinião pública ou os militantes do PSD?” Muito bem observado. Um partido que quer ganhar as eleições em 2009 não deve dar a mínima importância às sondagens à opinião pública. É evidente que as sondagens aos militantes do PSD são, de longe, muito mais importantes. E, presumo, que se a sondagem for feita no gabinete de Menezes, então os resultados serão ainda mais confiáveis e relevantes.
“Mas mesmo na sondagem à opinião pública há uma grande falácia: numa sondagem num grande jornal nacional eu era primeiro, mas como não convinha que o fosse colocaram mais duas pessoas da minha área para aparecer em terceiro lugar. Esta manipulação primária da realidade só serve para enganar pacóvios.” Incrível, na primeira sondagem, em que o comparavam com a Ti Maria da Merdaleja e o Zé dos Anzóis, ele era o “primeiro”. Depois é que o tramaram… “Manipulações” para “pacóvios”. Falta de espelho…
“não me venham dizer que o objectivo é tirar a maioria absoluta ao PS – isso eu consegui quando cheguei à liderança”. Sem comentários.
“P: Com Ferreira Leite a sua contemplação será menor?”
“R: Eu prefiro um líder que do ponto de vista geracional possa ficar os quatro anos.” A “elegância” e a “inteligência” de mais uma tentativa de insulto da mais que provável chefe do PSD.
Enfim, o retrato perfeito de Menezes, com mais uma flagrante demonstração (se mais alguma faltasse) que o tipo não tem competência para ser líder do que quer que seja.
http://jn.sapo.pt/2008/05/18/nacional/_Manuela_Ferreira_Leite_pode_f.html
“Ficou provado no último ano que é possível que alguém que é popular, que trabalha, que tem ideias, sair do país profundo e ganhar um grande partido em Portugal. Mas ainda não [é] possível ganhar o país.” “Popular”? Não é isso que as sondagens dizem. “Que trabalha”? Fazer propostas em cima do joelho é “trabalhar”? “Tem ideias”? A primeira baboseira que lhe vem à cabeça é uma “ideia”?
“P: Errou em algum momento?”
“R: Ninguém é perfeito. Teria feito uma ou outra coisa de forma diversa. Mas não julgo que essa tenha sido a questão essencial.” É claro que não, o problema está sempre nos outros.
“Olhando para o partido vejo que a minha base social de apoio era maioritária e, se eu fosse agora candidato, teria porventura dois terços dos votos expressos.” Eu diria mesmo 120% dos votos.
“Eu acho que há possibilidade de Manuela Ferreira Leite ser a terceira mais votada.” Como há a possibilidade de Menezes vir a dizer uma coisa razoável, honesta e inteligente nos próximos 10 anos. Ou seja, uma possibilidade muito remota.
“P: E Santana Lopes? Foi um bom primeiro-ministro?”
“R: Foi um bom secretário de Estado da Cultura, foi um bom presidente de Câmara, na Figueira e em Lisboa, mas enquanto primeiro-ministro não tinha condições, à partida, face às circunstâncias políticas que encontrou.” Claro, circunstâncias que “encontrou” e nunca circunstâncias que “criou”. Isso nunca, sempre os políticos Calimero. Só tenho uma “pequena” perplexidade: se estes políticos são sempre tão grandes vítimas descontroladas das circunstâncias externas, sempre totalmente incapazes de as moldar, sem a mais ínfima capacidade de as influenciar, porque é que os eleitores deveriam votar neles? Que lógica é que tem ter como PM um político incapaz de influenciar as suas circunstâncias? Não será que, uma vez eleito, ele vai sempre culpar fontes externas por todo e qualquer problema? Para que serve um PM impotente? Mesmo que um político seja atacado pelos mais temíveis Adamastores, se ele não os consegue vencer, para que serve?
“Pelo que conheço do partido, prevejo que [Manuela Ferreira Leite] possa ficar em terceiro lugar. Isto porque Patinha Antão ainda não estará em condições, embora esteja a fazer uma grande campanha, de ficar à frente de Manuela Ferreira Leite.” Cheira-me que a 31 de Maio vamos ficar convencidos que Menezes não “conhece” absolutamente nada do partido. Estas tentativas de insulto (então a do Patinha Antão é de morrer) vão-se virar todas contra ele.
“P: A verdade é que as sondagens que existem – Expresso e TVI – a colocam como a mais bem colocada para uma disputa eleitoral com José Sócrates.”
“R: Sondagem à opinião pública. Mas quem vota? A opinião pública ou os militantes do PSD?” Muito bem observado. Um partido que quer ganhar as eleições em 2009 não deve dar a mínima importância às sondagens à opinião pública. É evidente que as sondagens aos militantes do PSD são, de longe, muito mais importantes. E, presumo, que se a sondagem for feita no gabinete de Menezes, então os resultados serão ainda mais confiáveis e relevantes.
“Mas mesmo na sondagem à opinião pública há uma grande falácia: numa sondagem num grande jornal nacional eu era primeiro, mas como não convinha que o fosse colocaram mais duas pessoas da minha área para aparecer em terceiro lugar. Esta manipulação primária da realidade só serve para enganar pacóvios.” Incrível, na primeira sondagem, em que o comparavam com a Ti Maria da Merdaleja e o Zé dos Anzóis, ele era o “primeiro”. Depois é que o tramaram… “Manipulações” para “pacóvios”. Falta de espelho…
“não me venham dizer que o objectivo é tirar a maioria absoluta ao PS – isso eu consegui quando cheguei à liderança”. Sem comentários.
“P: Com Ferreira Leite a sua contemplação será menor?”
“R: Eu prefiro um líder que do ponto de vista geracional possa ficar os quatro anos.” A “elegância” e a “inteligência” de mais uma tentativa de insulto da mais que provável chefe do PSD.
Enfim, o retrato perfeito de Menezes, com mais uma flagrante demonstração (se mais alguma faltasse) que o tipo não tem competência para ser líder do que quer que seja.
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sábado, 17 de maio de 2008
Manuela Ferreira Leite “arrasa”
Na sondagem do Correio da Manhã Manuela Ferreira Leite ganha destacada.
http://www.correiomanha.pt/Noticia.aspx?channelid=00000090-0000-0000-0000-000000000090&contentid=7714811D-E673-4EFA-BDEF-1B63D7E629D4
Há dias telefonaram-me a pedir assinatura para a candidatura de Patinha Antão. Neto da Silva vem queixar-se da dificuldade de arranjar as 1500 assinaturas. Assim sendo, julgo provável que estas duas candidaturas nem cheguem às urnas. Resolvi então calcular os valores finais no caso de haver 3 candidaturas, com a hipótese habitual que os votos dos outros se distribuem de forma idêntica ao que se distribuem actualmente por estas 3 candidaturas. Trata-se de uma aproximação grosseira, mas a única que faz sentido. Alguém consegue dizer para onde vão os votos de Patinha Antão? Alguém consegue dizer como se distribuem as preferências dos NS/NR?
Os resultados da simulação são:
. . . . . . . . . . . . . . Vencer Sócrates (1) Melhor candidato (2)
Manuela Ferreira Leite . . . 71,3% . . . . . 71,6%
Pedro Santana Lopes . . . . . . 22,2% . . . . . . 23,2%
Pedro Passos Coelho . . . . . . 6,5% . . . . . . 5,3%
(1) Quem tem mais hipóteses de vencer eleições a Sócrates? (Apenas eleitores do PSD)
(2) Quem é o melhor candidato? (Nesta pergunta não foi sugerido qualquer nome - Eleitores do PSD)
A primeira conclusão é que, apesar de os dados brutos das duas perguntas serem muito diferentes, os resultados trabalhados são muito consistentes. A segunda conclusão é que estamos como que em três ligas diferentes. Um vencedor destacadíssimo, um grande perdedor e um terceiro lugar muito distante.
É certo que o alvo desta sondagem são os eleitores do PSD e não os militantes, mas os resultados são muito tranquilizadores. O eleitorado genuinamente populista no PSD não chega a um quarto do total. Se anteriormente votaram em candidatos populistas é porque não lhes deram alternativa e não porque gostassem.
Pessoalmente, preferia que PSL ficasse abaixo de PPC, mas parece que não será assim.
Finalmente, esta sondagem é das tais que influencia o próprio sentido de voto. Com resultados tão nítidos, parece-me que o resultado final será dar uma maioria ainda mais expressiva a Manuela Ferreira Leite. E Jardim bem poderá meter a viola no saco.
http://www.correiomanha.pt/Noticia.aspx?channelid=00000090-0000-0000-0000-000000000090&contentid=7714811D-E673-4EFA-BDEF-1B63D7E629D4
Há dias telefonaram-me a pedir assinatura para a candidatura de Patinha Antão. Neto da Silva vem queixar-se da dificuldade de arranjar as 1500 assinaturas. Assim sendo, julgo provável que estas duas candidaturas nem cheguem às urnas. Resolvi então calcular os valores finais no caso de haver 3 candidaturas, com a hipótese habitual que os votos dos outros se distribuem de forma idêntica ao que se distribuem actualmente por estas 3 candidaturas. Trata-se de uma aproximação grosseira, mas a única que faz sentido. Alguém consegue dizer para onde vão os votos de Patinha Antão? Alguém consegue dizer como se distribuem as preferências dos NS/NR?
Os resultados da simulação são:
. . . . . . . . . . . . . . Vencer Sócrates (1) Melhor candidato (2)
Manuela Ferreira Leite . . . 71,3% . . . . . 71,6%
Pedro Santana Lopes . . . . . . 22,2% . . . . . . 23,2%
Pedro Passos Coelho . . . . . . 6,5% . . . . . . 5,3%
(1) Quem tem mais hipóteses de vencer eleições a Sócrates? (Apenas eleitores do PSD)
(2) Quem é o melhor candidato? (Nesta pergunta não foi sugerido qualquer nome - Eleitores do PSD)
A primeira conclusão é que, apesar de os dados brutos das duas perguntas serem muito diferentes, os resultados trabalhados são muito consistentes. A segunda conclusão é que estamos como que em três ligas diferentes. Um vencedor destacadíssimo, um grande perdedor e um terceiro lugar muito distante.
É certo que o alvo desta sondagem são os eleitores do PSD e não os militantes, mas os resultados são muito tranquilizadores. O eleitorado genuinamente populista no PSD não chega a um quarto do total. Se anteriormente votaram em candidatos populistas é porque não lhes deram alternativa e não porque gostassem.
Pessoalmente, preferia que PSL ficasse abaixo de PPC, mas parece que não será assim.
Finalmente, esta sondagem é das tais que influencia o próprio sentido de voto. Com resultados tão nítidos, parece-me que o resultado final será dar uma maioria ainda mais expressiva a Manuela Ferreira Leite. E Jardim bem poderá meter a viola no saco.
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Recomendado
Pacheco Pereira, no Público de hoje: “Não é só na economia que estamos a andar para trás, é na cabeça. A cultura da irrelevância está a crescer exponencialmente”.
Um dos sinais mais evidentes e curiosos aparecem-nos nos documentários da RTP Memória. Mesmo nos programas pós-25 de Abril é impressionante a diferença do nível de português que se usava então (muito mais erudito) e o que hoje é utilizado.
Um dos sinais mais evidentes e curiosos aparecem-nos nos documentários da RTP Memória. Mesmo nos programas pós-25 de Abril é impressionante a diferença do nível de português que se usava então (muito mais erudito) e o que hoje é utilizado.
sexta-feira, 16 de maio de 2008
Previsões de plástico
O governo reviu em baixa as suas previsões até 2011. Em primeiro lugar, o crescimento dos últimos anos desse período, em que a economia já deveria estar a crescer ao seu nível potencial, baixa fortemente de 3,0% para 2,2%. Em parte isto resulta do ajustamento entre o delírio estratosférico e a realidade. Mas, por outro lado reforça a ideia de que o crescimento potencial sofreu um forte rombo e, com este nível, ele pura e simplesmente significa o fim estrutural da convergência de Portugal com a UE. Uma coisa é Portugal ter uns anos maus, em que diverge. Outra, é pura e simplesmente, mudar de campeonato e deixar de convergir ponto final.
Ter consciência deste grave problema deveria fazer o governo passar a levar a sério as prováveis causas deste desastre, nomeadamente a fortíssima perda de competitividade desde meados dos anos 90. Mas não. O governo, assustado com o fraco crescimento, tenciona continuar na asneira de estimular a procura interna (via investimento público) em vez de apostar na recuperação da competitividade perdida. O governo poderá ter um sucesso limitado no curto prazo, mas só estará a agravar as condições de uma verdadeira e robusta recuperação.
Quanto à nova previsão para 2008 (1,5% vs 2,2%) ela tem que passar a ser encarada, quando muito, como o limite superior do intervalo de previsões razoáveis. Depois do empedernido “optimismo” do governo, tudo o que venha de lá só pode agora ser desvalorizado. Já a previsão para 2009 (2,0%), apesar de fortemente revista em baixa (de 2,8%), continua no domínio do delírio. Para a zona do euro, espera-se que 2009 seja (marginalmente) pior que 2008. Mas, para o governo português 2009 vai ser um ano de franca recuperação. Pois sim…
Finalmente, as incongruências entre PIB e desemprego. Em 2009 a economia cresceria mais, mas o desemprego cairia menos: 4 décimas em 2008 e 2 décimas em 2009! Mas, com a economia a crescer apenas 1,5% este ano e o desemprego cair tanto! Enfim, no cenário mais favorável o desemprego poderia manter-se estável, mas tudo indica que o mais provável é aumentar.
Já agora, porque é que o novo PEC não está no site das Finanças?
Ter consciência deste grave problema deveria fazer o governo passar a levar a sério as prováveis causas deste desastre, nomeadamente a fortíssima perda de competitividade desde meados dos anos 90. Mas não. O governo, assustado com o fraco crescimento, tenciona continuar na asneira de estimular a procura interna (via investimento público) em vez de apostar na recuperação da competitividade perdida. O governo poderá ter um sucesso limitado no curto prazo, mas só estará a agravar as condições de uma verdadeira e robusta recuperação.
Quanto à nova previsão para 2008 (1,5% vs 2,2%) ela tem que passar a ser encarada, quando muito, como o limite superior do intervalo de previsões razoáveis. Depois do empedernido “optimismo” do governo, tudo o que venha de lá só pode agora ser desvalorizado. Já a previsão para 2009 (2,0%), apesar de fortemente revista em baixa (de 2,8%), continua no domínio do delírio. Para a zona do euro, espera-se que 2009 seja (marginalmente) pior que 2008. Mas, para o governo português 2009 vai ser um ano de franca recuperação. Pois sim…
Finalmente, as incongruências entre PIB e desemprego. Em 2009 a economia cresceria mais, mas o desemprego cairia menos: 4 décimas em 2008 e 2 décimas em 2009! Mas, com a economia a crescer apenas 1,5% este ano e o desemprego cair tanto! Enfim, no cenário mais favorável o desemprego poderia manter-se estável, mas tudo indica que o mais provável é aumentar.
Já agora, porque é que o novo PEC não está no site das Finanças?
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É fazer as contas…
Leonor Coutinho, licenciada em Matemáticas, dá hoje (Diário de Notícias, caderno Bolsa, p. 16) uma série de pontapés na matemática, na sua cruzada a favor de não mexer em nada nos Certificados de Aforro (CA).
Concordo com a necessidade de mudar as condições dos CA, que ainda não tinham sido adaptados ao euro. Uma loucura, manter as condições fixadas em 1986, num contexto radicalmente diferente. Não significa isto que subscreva na íntegra as alterações propostas pelo governo. Teria certamente preferido distinguir nitidamente entre pequenos e grandes aforradores, até porque é nestes que se concentra a maior parte do volume de CA.
O grande argumento de Leonor Coutinho é que os CA afinal saem mais baratos do que as OTs (o financiamento alternativo) porque os CA pagam imposto e as OTs são esmagadoramente vendidas a estrangeiros, não pagando imposto. Visão mais curta do que isto é difícil. Esta mudança dos CA não muda em nada as necessidades de financiamento da economia portuguesa. Os fundos que estavam nos CA vão passar para instrumentos no sector bancário, pagando aí os mesmíssimos impostos que pagavam nos CA. Estes recursos extra que os bancos vão receber, permitem-lhes recorrer menos ao crédito externo. Na verdade, mantendo-se constantes as necessidades de financiamento da economia, estas vão ser mais supridas pelo Estado e menos pelos bancos. Como o Estado se consegue financiar a custo mais baixo do que os bancos, a economia como um todo agradece.
Espero bem que o governo consiga explicar estas coisas básicas a Leonor Coutinho.
Concordo com a necessidade de mudar as condições dos CA, que ainda não tinham sido adaptados ao euro. Uma loucura, manter as condições fixadas em 1986, num contexto radicalmente diferente. Não significa isto que subscreva na íntegra as alterações propostas pelo governo. Teria certamente preferido distinguir nitidamente entre pequenos e grandes aforradores, até porque é nestes que se concentra a maior parte do volume de CA.
O grande argumento de Leonor Coutinho é que os CA afinal saem mais baratos do que as OTs (o financiamento alternativo) porque os CA pagam imposto e as OTs são esmagadoramente vendidas a estrangeiros, não pagando imposto. Visão mais curta do que isto é difícil. Esta mudança dos CA não muda em nada as necessidades de financiamento da economia portuguesa. Os fundos que estavam nos CA vão passar para instrumentos no sector bancário, pagando aí os mesmíssimos impostos que pagavam nos CA. Estes recursos extra que os bancos vão receber, permitem-lhes recorrer menos ao crédito externo. Na verdade, mantendo-se constantes as necessidades de financiamento da economia, estas vão ser mais supridas pelo Estado e menos pelos bancos. Como o Estado se consegue financiar a custo mais baixo do que os bancos, a economia como um todo agradece.
Espero bem que o governo consiga explicar estas coisas básicas a Leonor Coutinho.
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Insultar jornalistas
O PS tem vindo a criticar as “campanhas” que o Público tem feito contra o PM e contra o PS, ainda por cima insultando os jornalistas, de estarem a fazer estas campanhas única e exclusivamente como capachos de Belmiro de Azevedo.
Que se acusem os jornalistas de “campanhas” ainda vá que não vá, embora seja sempre ridículo criticar o mensageiro em vez da mensagem. Sobretudo quando não se desmente a mensagem.
Mas dizer que os jornalistas estão a soldo de alguém é um dos maiores insultos que um jornalista pode receber. Por isso, não admira que, depois de insultados os jornalistas, se lancem em novas “campanhas”. Em política, por vezes, o silêncio ou a desvalorização é uma das decisões mais sábias.
Vem isto a propósito do artigo de Luciano Alvarez “A viagem mais desastrada do primeiro-ministro” do Público de hoje, p. 6, que termina assim: “O primeiro-ministro pode falar em êxito, mas o que esta visita revelou foi que a antes tão falada máquina de propaganda e acção comandada por José Sócrates revelou-se na Venezuela uma peça de ferro-velho sem arranjo e que agora mais não faz que revelar as fragilidades do seu maquinista.”
“O PÚBLICO viajou num avião fretado pelo gabinete do primeiro-ministro.”
Os termos finais são de um sarcasmo que me parece muito provocado pelos insultos que o PS já lhe fez.
Que se acusem os jornalistas de “campanhas” ainda vá que não vá, embora seja sempre ridículo criticar o mensageiro em vez da mensagem. Sobretudo quando não se desmente a mensagem.
Mas dizer que os jornalistas estão a soldo de alguém é um dos maiores insultos que um jornalista pode receber. Por isso, não admira que, depois de insultados os jornalistas, se lancem em novas “campanhas”. Em política, por vezes, o silêncio ou a desvalorização é uma das decisões mais sábias.
Vem isto a propósito do artigo de Luciano Alvarez “A viagem mais desastrada do primeiro-ministro” do Público de hoje, p. 6, que termina assim: “O primeiro-ministro pode falar em êxito, mas o que esta visita revelou foi que a antes tão falada máquina de propaganda e acção comandada por José Sócrates revelou-se na Venezuela uma peça de ferro-velho sem arranjo e que agora mais não faz que revelar as fragilidades do seu maquinista.”
“O PÚBLICO viajou num avião fretado pelo gabinete do primeiro-ministro.”
Os termos finais são de um sarcasmo que me parece muito provocado pelos insultos que o PS já lhe fez.
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quinta-feira, 15 de maio de 2008
Só más notícias
Crescimento do PIB de 2007 revisto em baixa (de 1,9% para 1,8%) e queda no 1T08 (-0,2% no trimestre), levando a taxa homóloga para uns horrendos 0,9%. Bem dizia Sócrates que era uma “leviandade” prometer baixar impostos antes de se saber como andava a economia no início de 2008.
Bem sei que esta é a estimativa rápida mas “Nos testes efectuados desde o 2º trimestre de 2005, o erro absoluto médio da estimativa rápida foi de 0,1 pontos percentuais no que diz respeito às taxas de variação homóloga e em cadeia, quando comparadas com a estimativa corrente.” Portanto, nada de vir com conversas parvas do género “Ah, mas isto ainda é provisório” e não sei quê …
Toca a rever em baixo as previsões para 2008!
Adenda
Afinal parece que governo já reviu em baixa previsões para 2008, de 2,2% para 1,5%. Só acrescento dois comentários. O valor do 1T08 é pior do que a previsão mais pessimista até ao momento (1,3%) que era a do FMI. Os resultados de execução fiscal do 1T08 vieram muito pior do que o esperado. Ou seja, parece que a execução fiscal não sofreu um percalço no início do ano. Parece é que a execução fiscal está a reflectir o forte abrandamento da actividade. Logo, cheira-me que o governo também vai ter que rever em alta o défice de 2008… Aliás, tendo revisto o crescimento, vai já ter que rever o défice. O problema maior, parece-me, é que me cheira que esta é apenas uma das várias revisões em baixa a que o governo vai ser forçado.
Bem sei que esta é a estimativa rápida mas “Nos testes efectuados desde o 2º trimestre de 2005, o erro absoluto médio da estimativa rápida foi de 0,1 pontos percentuais no que diz respeito às taxas de variação homóloga e em cadeia, quando comparadas com a estimativa corrente.” Portanto, nada de vir com conversas parvas do género “Ah, mas isto ainda é provisório” e não sei quê …
Toca a rever em baixo as previsões para 2008!
Adenda
Afinal parece que governo já reviu em baixa previsões para 2008, de 2,2% para 1,5%. Só acrescento dois comentários. O valor do 1T08 é pior do que a previsão mais pessimista até ao momento (1,3%) que era a do FMI. Os resultados de execução fiscal do 1T08 vieram muito pior do que o esperado. Ou seja, parece que a execução fiscal não sofreu um percalço no início do ano. Parece é que a execução fiscal está a reflectir o forte abrandamento da actividade. Logo, cheira-me que o governo também vai ter que rever em alta o défice de 2008… Aliás, tendo revisto o crescimento, vai já ter que rever o défice. O problema maior, parece-me, é que me cheira que esta é apenas uma das várias revisões em baixa a que o governo vai ser forçado.
“Horta Osório diz que Portugal será um dos países mais afectados pela crise do crédito de alto risco”
Título do Público de hoje, p. 41. Afectado quer pela via real (desaceleração das economias externas, em especial Espanha), quer pela via financeira (aumento do custo e da dificuldade de obtenção de crédito). Horta Osório acredita que Portugal será mais afectado do que a média e eu tenho que concordar. Em termos de economia real, Portugal tem um gravíssimo problema de competitividade, o que o coloca na pior situação para enfrentar esta desaceleração internacional.
Em termos financeiros, não só Portugal tem dos maiores rácios de endividamento da UE, como é dos países em que esmagadora maioria dos empréstimos são a taxa variável, o que o torna muito mais sensível a esta subida das taxas de juro.
Há um “problemazinho” extra, que tem levantado a cabeça, mas que ainda não surgiu verdadeiramente, que é a ameaça de um crash imobiliário. Eu penso que Portugal tem todas as condições para termos um crash destes. Há centenas de milhar de casas vazias, compradas apenas com intuitos especulativos. Dantes, esperar que elas se valorizassem era muito barato (taxas de juro baixíssimas) e rendia muito (as casas valorizaram-se imenso). Agora, ambas as condições se inverteram. Esperar pela valorização está cada vez mais caro e a valorização está a passar para desvalorização em várias zonas do país. Então faz mais sentido vender já, pressionando uma queda dos preços. O que agrava a desvalorização e força mais vendas. Um crash, em suma.
Em termos financeiros, não só Portugal tem dos maiores rácios de endividamento da UE, como é dos países em que esmagadora maioria dos empréstimos são a taxa variável, o que o torna muito mais sensível a esta subida das taxas de juro.
Há um “problemazinho” extra, que tem levantado a cabeça, mas que ainda não surgiu verdadeiramente, que é a ameaça de um crash imobiliário. Eu penso que Portugal tem todas as condições para termos um crash destes. Há centenas de milhar de casas vazias, compradas apenas com intuitos especulativos. Dantes, esperar que elas se valorizassem era muito barato (taxas de juro baixíssimas) e rendia muito (as casas valorizaram-se imenso). Agora, ambas as condições se inverteram. Esperar pela valorização está cada vez mais caro e a valorização está a passar para desvalorização em várias zonas do país. Então faz mais sentido vender já, pressionando uma queda dos preços. O que agrava a desvalorização e força mais vendas. Um crash, em suma.
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Presente envenenado
Na capa do Diário de Notícias de hoje: “Menezes junta-se hoje à campanha de Passos Coelho”. Do desenvolvimento da notícia na pag. 18 não resulta claro se Menezes apoia explicitamente PPC, mais uma vez desrespeitando a sua promessa “Não apoio ninguém”. Mas é evidente o risco de esta postura supostamente inclusiva de PPC se confundir com descaracterização da candidatura.
Uma das questões essenciais para o PSD neste momento é distanciar-se dos seus episódios populistas de muito má memória, protagonizados por Santana e Menezes.
Uma das questões essenciais para o PSD neste momento é distanciar-se dos seus episódios populistas de muito má memória, protagonizados por Santana e Menezes.
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Desculpa
Sócrates pediu desculpa por ter desrespeitado a lei que proíbe fumar em aviões. Há muito tempo que um pedido de desculpas não me sabia tão bem. Aquele António Nunes da ASAE bem podia aprender a lição. Não há nada de mais insuportável do que desculpas esfarrapadas em vez de um simples pedido de desculpa.
Feira do Livro
Não suporto entrar nas guerrinhas em que está envolvida a Feira do Livro. Mais um exemplo em que a cultura não nos salva de nada. Mas andou bem a CML, pelo menos agora, ao “ponderar” anular subsídio à Feira. É evidente que a CML esta a dizer: “caríssimos, tenham juízo, ou não levam nenhum”.
terça-feira, 13 de maio de 2008
Angola, Santana, Menezes, etc.
Escreveu Miguel Pina e Cunha no Jornal de Negócios: 40, 2 Mai 08: “A tendência para assumirmos os nossos sucessos e para procurarmos no exterior as causas dos nossos fracassos é uma tendência humana. Mas em Portugal ela ultrapassa com frequência o razoável. E, pior do que isso, acaba por se tornar um obstáculo à auto-crítica, um ingrediente necessário para a melhoria e a aprendizagem.”
“As pessoas podem ser distinguidas com base no grau em que acreditam que os acontecimentos que vivenciam são ou não por elas controláveis. Há pessoas que consideram que aquilo que lhes acontece é fortemente marcado por acontecimentos que lhes são exteriores e que escapam ao seu controlo.”
Estas sábias palavras vieram-me à cabeça quando li hoje no Diário de Notícias, p. 20: “Lisboa ainda é ‘o centro de conspirações contra Angola’”. “Conspirações”? Que ideia tão estranha. Mas, infelizmente, parece que uma das heranças que Portugal deixou em Angola foi a irresponsabilidade.
Mas o que é curioso é que também encaixam perfeitamente em Santana e Menezes. Santana ainda hoje está firmemente convencido que Sampaio cometeu uma grave injustiça ao enxotá-lo, não tendo ainda percebido que Santana que é lhe deu todos os motivos para esse gesto.
Também Menezes se sente profundamente injustiçado pelos “críticos”, que o forçaram a demitir-se, porque já não aguentava mais, não tendo até hoje percebido que foram as suas afirmações levianas, contraditórias e etc., que geraram essas mesmas críticas.
E em quem mais encaixam aquelas palavras?
“As pessoas podem ser distinguidas com base no grau em que acreditam que os acontecimentos que vivenciam são ou não por elas controláveis. Há pessoas que consideram que aquilo que lhes acontece é fortemente marcado por acontecimentos que lhes são exteriores e que escapam ao seu controlo.”
Estas sábias palavras vieram-me à cabeça quando li hoje no Diário de Notícias, p. 20: “Lisboa ainda é ‘o centro de conspirações contra Angola’”. “Conspirações”? Que ideia tão estranha. Mas, infelizmente, parece que uma das heranças que Portugal deixou em Angola foi a irresponsabilidade.
Mas o que é curioso é que também encaixam perfeitamente em Santana e Menezes. Santana ainda hoje está firmemente convencido que Sampaio cometeu uma grave injustiça ao enxotá-lo, não tendo ainda percebido que Santana que é lhe deu todos os motivos para esse gesto.
Também Menezes se sente profundamente injustiçado pelos “críticos”, que o forçaram a demitir-se, porque já não aguentava mais, não tendo até hoje percebido que foram as suas afirmações levianas, contraditórias e etc., que geraram essas mesmas críticas.
E em quem mais encaixam aquelas palavras?
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segunda-feira, 12 de maio de 2008
Perspectivas económicas a estabilizar
No consenso de previsões publicado pelo Economist desta semana, há uma muito ligeira deterioração das perspectivas económicas, dando indicação que a sucessiva revisão em baixa estará já muito próximo do fim.
Para os EUA, 2009 mantém-se um ano de recuperação, com o PIB a crescer 1,7%, enquanto a desaceleração estimada para 2008 é revista em baixa em apenas uma décima para 1,1%.
Para a zona euro, a previsão do PIB para 2008 mantém-se nos 1,6%, enquanto para 2009 foi revista em baixa em apenas uma décima para 1,5%. O problema principal é que esta revisão indica (marginalmente, é certo) um 2009 pior do que 2008.
As perspectivas de inflação deterioram-se nos EUA para 2008, mas melhoraram os valores para 2009. Ou seja, a política monetária expansionista estará a consolidar as perspectivas de consolidação, sem pôr em causa a estabilidade de preços.
Já na zona euro, há revisão em alta na inflação, quer para 2008, quer para 2009. Aqui a política monetária estará com algum dilema, ainda que facilmente resolvido pelo mandato claro do BCE. O facto do BCE não ter descido as taxas como fez o Fed parece estar a ter impacto na deterioração para 2009 (é de recordar que a política monetária actua sobre o PIB com desfasamento de entre 3 e 4 trimestres). Mas, por outro lado, a deterioração das perspectivas de inflação para 2009 deixam o BCE sem margem de manobra (a política monetária actua sobre a inflação com desfasamento de entre 6 e 8 trimestres).
Más notícias para Portugal. Do lado do PIB, reforça-se a ideia de um 2009 mais fraco, enquanto do lado das taxas de juro não pode haver veleidades de expectativas de descida, mesmo com o abrandamento económico.
Para os EUA, 2009 mantém-se um ano de recuperação, com o PIB a crescer 1,7%, enquanto a desaceleração estimada para 2008 é revista em baixa em apenas uma décima para 1,1%.
Para a zona euro, a previsão do PIB para 2008 mantém-se nos 1,6%, enquanto para 2009 foi revista em baixa em apenas uma décima para 1,5%. O problema principal é que esta revisão indica (marginalmente, é certo) um 2009 pior do que 2008.
As perspectivas de inflação deterioram-se nos EUA para 2008, mas melhoraram os valores para 2009. Ou seja, a política monetária expansionista estará a consolidar as perspectivas de consolidação, sem pôr em causa a estabilidade de preços.
Já na zona euro, há revisão em alta na inflação, quer para 2008, quer para 2009. Aqui a política monetária estará com algum dilema, ainda que facilmente resolvido pelo mandato claro do BCE. O facto do BCE não ter descido as taxas como fez o Fed parece estar a ter impacto na deterioração para 2009 (é de recordar que a política monetária actua sobre o PIB com desfasamento de entre 3 e 4 trimestres). Mas, por outro lado, a deterioração das perspectivas de inflação para 2009 deixam o BCE sem margem de manobra (a política monetária actua sobre a inflação com desfasamento de entre 6 e 8 trimestres).
Más notícias para Portugal. Do lado do PIB, reforça-se a ideia de um 2009 mais fraco, enquanto do lado das taxas de juro não pode haver veleidades de expectativas de descida, mesmo com o abrandamento económico.
Feitiço
Disse Santana Lopes: “quem não se devia apresentar a uma candidatura são aqueles que tudo têm feito para por o partido nas ruas da amargura”
http://dn.sapo.pt/2008/05/12/nacional/santana_que_declaracao_manuela_fragi.html
Aguarda-se a qualquer momento a declaração de desistência da candidatura de Santana Lopes. Pelo andar da carruagem, até poupava ficar num humilhante 3º lugar, atrás de um quase desconhecido.
Entretanto, “Vitalino lamenta alusões ao curso de Sócrates”. A falta de inteligência de não saber estar calado! Não percebem que só estão a ampliar os comentários já feitos por Manuela Ferreira Leite? Depois, Vitalino ainda fala em “campanha de um jornal”, uma acusação ridícula, em que se pretende incriminar o mensageiro. Finalmente, para o gozo e o autismo serem completos: “na altura foi integralmente explicada”. “Explicada”? “integralmente”? Já pararam de rir?
http://dn.sapo.pt/2008/05/12/nacional/santana_que_declaracao_manuela_fragi.html
Aguarda-se a qualquer momento a declaração de desistência da candidatura de Santana Lopes. Pelo andar da carruagem, até poupava ficar num humilhante 3º lugar, atrás de um quase desconhecido.
Entretanto, “Vitalino lamenta alusões ao curso de Sócrates”. A falta de inteligência de não saber estar calado! Não percebem que só estão a ampliar os comentários já feitos por Manuela Ferreira Leite? Depois, Vitalino ainda fala em “campanha de um jornal”, uma acusação ridícula, em que se pretende incriminar o mensageiro. Finalmente, para o gozo e o autismo serem completos: “na altura foi integralmente explicada”. “Explicada”? “integralmente”? Já pararam de rir?
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Votei nulo
Nas eleições legislativas de 2005, apesar de já ser militante do PSD, votei nulo (aliás, os votos nulos duplicaram). Foi para mim totalmente inconcebível que, após o desastre governativo de Santana Lopes, o PSD tivesse a falta de senso de o levar a eleições. Como foi possível tamanha loucura? Ficaram surpreendidos com os resultados?
Eu acho que o PS tem uma dívida de gratidão para com Santana Lopes: ofereceu-lhes de mão beijada a primeira maioria absoluta de sempre. Se não lhe erguem uma estátua, ao menos que o tornem membro honorário de PS.
Eu acho que o PS tem uma dívida de gratidão para com Santana Lopes: ofereceu-lhes de mão beijada a primeira maioria absoluta de sempre. Se não lhe erguem uma estátua, ao menos que o tornem membro honorário de PS.
domingo, 11 de maio de 2008
Educação no seu melhor
Do Diário de Notícias de hoje “Manuais de Matemática do 9º ano com falhas e erros”
http://dn.sapo.pt/2008/05/11/sociedade/ministerio_aponta_falhas_a_seis_manu.html
Ainda recentemente surgia notícia de erros ortográficos no texto do… Acordo Ortográfico, justamente. Isto está bonito. A degradação do ensino já deu a volta. O ensino degradado formou professores com deficiências. Não é que não haja bons professores, mas parece haver uma degradação generalizada que gera esta profusão de erros. Algo de profundamente errado se passa que exige mudanças.
http://dn.sapo.pt/2008/05/11/sociedade/ministerio_aponta_falhas_a_seis_manu.html
Ainda recentemente surgia notícia de erros ortográficos no texto do… Acordo Ortográfico, justamente. Isto está bonito. A degradação do ensino já deu a volta. O ensino degradado formou professores com deficiências. Não é que não haja bons professores, mas parece haver uma degradação generalizada que gera esta profusão de erros. Algo de profundamente errado se passa que exige mudanças.
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Independente
Vasco Pulido Valente queixa-se hoje no Público da forma como esta semana foi tratado o fim de O Independente, “como quem enterra um primo de má vida e pior fama”. Para VPV tinha sido, afinal, “uma história exemplar, alegre e rara, na subserviência e na mesquinhez da cultura instalada.”
Pois sim. Para mim, foi um exemplo de falta de ética, cujo castigo me soube muito bem. À minha pequena escala, também fui vítima dela, tendo as minhas declarações sido completamente estropiadas. Mas também, só uma vez pois, a partir daí, nunca mais falei com jornalistas desse jornal.
No entanto, entre a falta de ética do Independente, e as trapalhadas nebulosas (ainda por esclarecer…) associadas à passagem do CDS pelo governo, parece que há algo mais do que simples coincidência…
Pois sim. Para mim, foi um exemplo de falta de ética, cujo castigo me soube muito bem. À minha pequena escala, também fui vítima dela, tendo as minhas declarações sido completamente estropiadas. Mas também, só uma vez pois, a partir daí, nunca mais falei com jornalistas desse jornal.
No entanto, entre a falta de ética do Independente, e as trapalhadas nebulosas (ainda por esclarecer…) associadas à passagem do CDS pelo governo, parece que há algo mais do que simples coincidência…
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Sócrates vs. Manuela Ferreira Leite
Diz-se que Sócrates ganha a Manuela Ferreira Leite (MFL) na luta do défice público. A sério? Antes de mais convém recordar que Sócrates vai dispor de uma legislatura completa, enquanto MFL viu o seu trabalho interrompido.
Cabe depois referir que a suposta reforma do Estado ainda é só um projecto, não está ainda a dar frutos. Se olharmos para o lado da despesa não se nota quase nada.
Onde se nota mais diferença é do lado da receita, mas aí contou com uma fortíssima ajuda, de Paulo Macedo, director geral dos impostos. E quem nomeou Paulo Macedo, em Abril de 2004? MFL, pois com certeza, que não pôde beneficiar quase nada desta contratação porque saiu do governo apenas três meses depois.
Cabe depois referir que a suposta reforma do Estado ainda é só um projecto, não está ainda a dar frutos. Se olharmos para o lado da despesa não se nota quase nada.
Onde se nota mais diferença é do lado da receita, mas aí contou com uma fortíssima ajuda, de Paulo Macedo, director geral dos impostos. E quem nomeou Paulo Macedo, em Abril de 2004? MFL, pois com certeza, que não pôde beneficiar quase nada desta contratação porque saiu do governo apenas três meses depois.
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sexta-feira, 9 de maio de 2008
Fugiu-lhe a boca para a verdade…
Sócrates ontem no parlamento: “Há motivos de sobra para censurar o Governo.”
quinta-feira, 8 de maio de 2008
“Estado vai deixar de construir bairros sociais”
Título do Público de hoje, p. 44-45. Plenamente de acordo. Supostamente há agora uma “aposta no mercado de arrendamento”. “O Novo Regime de Arrendamento Urbano (NRAU) revelou-se insuficiente para agilizar este mercado”. Aqui “agilizar” é a palavra chave. Este NRAU é um monstro de um intervencionismo hiperburocratizado e paralizante. Este NRAU é o maior obstáculo à agilização do mercado de arrendamento.
Parece que o “Estado vai dar o exemplo” e vai arrendar a preços abaixo de mercado. “Exemplo”? Quer dizer, depois de uma intervenção desastrada com a NRAU, o Estado vai intervir novamente, distorcendo o mercado. Para quem pretende “apostar” no mercado de arrendamento, não estamos mal de agressões ao mercado.
Finalmente, para completar a asneira, como a intervenção pública destruiu o mercado, vamos dar incentivos fiscais ao arrendamento. Parabéns pela esquizofrenia. Esta mania de gastar dinheiro a corrigir os erros que o próprio Estado cria é de gritos. Não seria mais barato deixar o mercado funcionar?
Este governo, quando inova (deixar de construir bairros sociais) é sempre muito tímido na mudança. Porque não privatizar os actuais bairros sociais? Deviam-se passar esses prédios a propriedade horizontal e dar aos inquilinos o direito de adquirir a habitação onde vivem. Isso seria um incentivo para que as habitações fossem mais estimadas.
Parece que o “Estado vai dar o exemplo” e vai arrendar a preços abaixo de mercado. “Exemplo”? Quer dizer, depois de uma intervenção desastrada com a NRAU, o Estado vai intervir novamente, distorcendo o mercado. Para quem pretende “apostar” no mercado de arrendamento, não estamos mal de agressões ao mercado.
Finalmente, para completar a asneira, como a intervenção pública destruiu o mercado, vamos dar incentivos fiscais ao arrendamento. Parabéns pela esquizofrenia. Esta mania de gastar dinheiro a corrigir os erros que o próprio Estado cria é de gritos. Não seria mais barato deixar o mercado funcionar?
Este governo, quando inova (deixar de construir bairros sociais) é sempre muito tímido na mudança. Porque não privatizar os actuais bairros sociais? Deviam-se passar esses prédios a propriedade horizontal e dar aos inquilinos o direito de adquirir a habitação onde vivem. Isso seria um incentivo para que as habitações fossem mais estimadas.
Bob Geldof e Angola
As acusações de Bob Geldof aos dirigentes angolanos, cuja justeza milimétrica não discuto, trouxeram uma saudável discussão dentro de Angola. Veja-se o seguinte site angolano:
http://www.angonoticias.com/full_headlines.php?id=19401
Sem ter lido todos os mais de 250 comentários, detectei três tipos de comentários:
a) os críticos dos dirigentes
b) os que apoiam o status quo
c) os que vêm nas críticas de Geldof uma crítica ao país e aos seus cidadãos
Os primeiros dois casos são banais, mas o terceiro merece mais atenção, até porque me parece que se deu em outros casos como a China.
Será que o verdadeiro objectivo de muitos activistas ocidentais é uma dádiva altruísta para bem dos povos sob ditaduras corruptas, ou uma expressão egoísta da sua boa consciência, traduzida em palavras inconsequentes ou mesmo contra-producentes?
Penso que Geldof procurou um “grande efeito”, mas não teve o cuidado de formular as suas críticas no sentido de elas não serem sentidas como uma agressão ao povo angolano.
Penso que os angolanos ficarão eternamente agradecidos a quem os ajudar a livrar-se da sua elite corrupta, mas para que essa "ajuda" seja mesmo uma ajuda, convirá que não produza este efeito de colocar os críticos do regime do lado desse mesmo regime, por se sentiram insultados como povo.
http://www.angonoticias.com/full_headlines.php?id=19401
Sem ter lido todos os mais de 250 comentários, detectei três tipos de comentários:
a) os críticos dos dirigentes
b) os que apoiam o status quo
c) os que vêm nas críticas de Geldof uma crítica ao país e aos seus cidadãos
Os primeiros dois casos são banais, mas o terceiro merece mais atenção, até porque me parece que se deu em outros casos como a China.
Será que o verdadeiro objectivo de muitos activistas ocidentais é uma dádiva altruísta para bem dos povos sob ditaduras corruptas, ou uma expressão egoísta da sua boa consciência, traduzida em palavras inconsequentes ou mesmo contra-producentes?
Penso que Geldof procurou um “grande efeito”, mas não teve o cuidado de formular as suas críticas no sentido de elas não serem sentidas como uma agressão ao povo angolano.
Penso que os angolanos ficarão eternamente agradecidos a quem os ajudar a livrar-se da sua elite corrupta, mas para que essa "ajuda" seja mesmo uma ajuda, convirá que não produza este efeito de colocar os críticos do regime do lado desse mesmo regime, por se sentiram insultados como povo.
quarta-feira, 7 de maio de 2008
Santinhos
Da capa do Diário Económico de hoje: “Supervisores garantem que não falharam no BCP. O Banco de Portugal e a CMVM afirmam ter cumprido a sua obrigação de supervisores. Na comissão de inquérito, apontaram o dedo à auditora KPMG e ao próprio BCP.”
http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/edicion_impresa/financas/pt/desarrollo/1120298.html
Estas afirmações podem ser a mais pura verdade, mas, convenhamos, um juiz em causa própria não pode ser levado a sério. Parece que, infelizmente, não perguntaram a António Marta se fosse hoje, se faria tudo na mesma. Julgo que não faria.
http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/edicion_impresa/financas/pt/desarrollo/1120298.html
Estas afirmações podem ser a mais pura verdade, mas, convenhamos, um juiz em causa própria não pode ser levado a sério. Parece que, infelizmente, não perguntaram a António Marta se fosse hoje, se faria tudo na mesma. Julgo que não faria.
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segunda-feira, 5 de maio de 2008
Irrealismo
Há para aí muito irrealismo, de gente que acredita que as coisas más só acontecem porque há pessoas más. Parece que a evolução natural dos acontecimentos nunca poderá levar a más consequências. Por outro lado, faz parte da “mitologia” de que o homem é todo-poderoso. Neste caso, todo-poderoso para o mal.
Ainda recentemente ouvi um sindicalista dizer que o problema da desigualdade da distribuição do rendimento em Portugal tinha a ver com a corrupção. Não se afirma que a corrupção seja irrelevante, mas centrar a causa neste fenómeno parece advir do medo de se confrontar com realidades desagradáveis. Por exemplo, de que a desigualdade está relacionada com o fracasso da “escola pública”. Ou que o fenómeno da globalização valoriza mais as maiores qualificações.
Já em relação às subidas de preços dos produtos agrícolas não falta quem considere que o principal problema é a acção dos “especuladores”, os únicos “maus”. Esquecem que estas subidas de preços advêm, entre outros factores, do aumento da procura de centenas de milhões de chineses e indianos, entre outros, que estão a sair da pobreza. Na verdade aqui também há a mão de uma má política pública: o subsídio aos biocombustíveis.
Para além de que os “especuladores” fazem apostas, não estão a jogar um jogo seguro. Se, com os dados em presença, os “especuladores” prevêem uma subida dos preços alimentares, o que eles fazem é antecipar a realidade e não mudar essa realidade. São mais mensageiros que mensagem. Mas, se os “especuladores” errarem as suas previsões, vão perder milhões nas suas apostas falhadas. Por isso, mesmo estas apostas têm que ser um risco calculado.
Ainda recentemente ouvi um sindicalista dizer que o problema da desigualdade da distribuição do rendimento em Portugal tinha a ver com a corrupção. Não se afirma que a corrupção seja irrelevante, mas centrar a causa neste fenómeno parece advir do medo de se confrontar com realidades desagradáveis. Por exemplo, de que a desigualdade está relacionada com o fracasso da “escola pública”. Ou que o fenómeno da globalização valoriza mais as maiores qualificações.
Já em relação às subidas de preços dos produtos agrícolas não falta quem considere que o principal problema é a acção dos “especuladores”, os únicos “maus”. Esquecem que estas subidas de preços advêm, entre outros factores, do aumento da procura de centenas de milhões de chineses e indianos, entre outros, que estão a sair da pobreza. Na verdade aqui também há a mão de uma má política pública: o subsídio aos biocombustíveis.
Para além de que os “especuladores” fazem apostas, não estão a jogar um jogo seguro. Se, com os dados em presença, os “especuladores” prevêem uma subida dos preços alimentares, o que eles fazem é antecipar a realidade e não mudar essa realidade. São mais mensageiros que mensagem. Mas, se os “especuladores” errarem as suas previsões, vão perder milhões nas suas apostas falhadas. Por isso, mesmo estas apostas têm que ser um risco calculado.
sexta-feira, 2 de maio de 2008
Imprudência fiscal?
Título do Público de hoje, p. 40: “Receita fiscal com o pior início de ano desde 2004” No primeiro trimestre as receitas fiscais cresceram 2,8%, quando para o conjunto do ano se espera um crescimento de 3,8%.
A Comissão Europeia e o Banco de Portugal já tinham avisado dos riscos orçamentais para 2009, mas afinal parece que os riscos são já para 2008, chegando assim ao próximo ano agravados. Se assim for, a descida do IVA revelar-se-á uma jogada de alto risco perdida. Que foi imprudente, é indesmentível.
Não me traz prazer nenhum, mas o actual governo corre dois riscos: chegar às eleições com o desemprego a subir e com o défice a subir. Os dados recentes de desemprego a cair ligeiramente não são de fiar, já que o desemprego é um indicador desfasado e poderão estar associados a algum dinamismo no final de 2007.
A Comissão Europeia e o Banco de Portugal já tinham avisado dos riscos orçamentais para 2009, mas afinal parece que os riscos são já para 2008, chegando assim ao próximo ano agravados. Se assim for, a descida do IVA revelar-se-á uma jogada de alto risco perdida. Que foi imprudente, é indesmentível.
Não me traz prazer nenhum, mas o actual governo corre dois riscos: chegar às eleições com o desemprego a subir e com o défice a subir. Os dados recentes de desemprego a cair ligeiramente não são de fiar, já que o desemprego é um indicador desfasado e poderão estar associados a algum dinamismo no final de 2007.
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quinta-feira, 1 de maio de 2008
O futuro é agora?
Passos Coelho e seus apoiantes falaram bastante do passado e quase nada sobre o futuro num debate de “ideias” com o tema “Portugal, que futuro para a economia”.
http://www.tsf.pt/online/portugal/interior.asp?id_artigo=TSF191469
“Passos Coelho criticou «a obsessão do défice que existe desde 2002», considerando que está «a destruir a economia, as empresas e o emprego» e que se anda «há sensivelmente sete anos a tentar resolver o problema com medidas temporárias, provisórias».
«Temos de parar um pouco neste caminho, que não pode ser imputado estritamente ao PS, nós também já cometemos esse erro», sustentou.”
São por demais evidentes as farpas contra Manuela Ferreira Leite. Se algumas opções tomadas são criticáveis, as críticas têm que ter qualidade. Criticam-se as medidas, mas não se fala nas alternativas. Convém não esquecer que em 2002 o Pacto de Estabilidade era bem mais impiedoso que hoje e era mesmo necessário tomar medidas. As medidas “criativas” não foram tomadas debaixo da mesa e destinaram-se a evitar medidas mais draconianas. Quais eram as alternativas? Subir mais impostos? Cortar mais investimento público? É óbvio que não se aceitam alternativas abstractas do tipo “cortar mais despesa”. Deviam-se ter despedido milhares de funcionários públicos?
As críticas, para além de qualidade, devem constituir um todo coerente. Primeiro critica-se que o défice sufocou economia. Depois diz-se que receitas extraordinárias foram erradas. Então, mas as medidas extraordinárias não surgiram justamente para deixar uma certa folga e não provocar todo o ajustamento num só momento?
Há uma outra questão escamoteada. Em 2002 os portugueses andavam na lua, não faziam ideia nenhuma da intensidade das reformas necessárias, pelo que as medidas de contenção orçamental tinham um custo político elevadíssimo. Com as posteriores quedas de expectativas, o custo político foi baixando sucessivamente, o que muito beneficiou Sócrates. Que beneficiou ainda com o facto de a realidade ter desfeito a ideia de que controlar o défice era uma política da “direita”.
Também não percebo a lógica de, na ânsia de criticar Manuela Ferreira Leite, se chegar a elogiar Sócrates, por ter ido mais longe. Esta atitude é miopia, é só ver o problema imediato (eleições para a liderança do PSD) e não ver os problemas seguintes (eleições de 2009). Incompreensível.
Finalmente, para quem enche a boca a criticar a “contabilidade” e a elogiar a “estratégia”, é estranhíssimo não se ouvir uma palavra sobre a estratégia económica concreta. Esta coisa de criticar os outros e não apresentar alternativas é algo que está ao alcance de qualquer trabalhador não diferenciado. Mas para liderar um partido e um país é necessário um “pouco” mais.
http://www.tsf.pt/online/portugal/interior.asp?id_artigo=TSF191469
“Passos Coelho criticou «a obsessão do défice que existe desde 2002», considerando que está «a destruir a economia, as empresas e o emprego» e que se anda «há sensivelmente sete anos a tentar resolver o problema com medidas temporárias, provisórias».
«Temos de parar um pouco neste caminho, que não pode ser imputado estritamente ao PS, nós também já cometemos esse erro», sustentou.”
São por demais evidentes as farpas contra Manuela Ferreira Leite. Se algumas opções tomadas são criticáveis, as críticas têm que ter qualidade. Criticam-se as medidas, mas não se fala nas alternativas. Convém não esquecer que em 2002 o Pacto de Estabilidade era bem mais impiedoso que hoje e era mesmo necessário tomar medidas. As medidas “criativas” não foram tomadas debaixo da mesa e destinaram-se a evitar medidas mais draconianas. Quais eram as alternativas? Subir mais impostos? Cortar mais investimento público? É óbvio que não se aceitam alternativas abstractas do tipo “cortar mais despesa”. Deviam-se ter despedido milhares de funcionários públicos?
As críticas, para além de qualidade, devem constituir um todo coerente. Primeiro critica-se que o défice sufocou economia. Depois diz-se que receitas extraordinárias foram erradas. Então, mas as medidas extraordinárias não surgiram justamente para deixar uma certa folga e não provocar todo o ajustamento num só momento?
Há uma outra questão escamoteada. Em 2002 os portugueses andavam na lua, não faziam ideia nenhuma da intensidade das reformas necessárias, pelo que as medidas de contenção orçamental tinham um custo político elevadíssimo. Com as posteriores quedas de expectativas, o custo político foi baixando sucessivamente, o que muito beneficiou Sócrates. Que beneficiou ainda com o facto de a realidade ter desfeito a ideia de que controlar o défice era uma política da “direita”.
Também não percebo a lógica de, na ânsia de criticar Manuela Ferreira Leite, se chegar a elogiar Sócrates, por ter ido mais longe. Esta atitude é miopia, é só ver o problema imediato (eleições para a liderança do PSD) e não ver os problemas seguintes (eleições de 2009). Incompreensível.
Finalmente, para quem enche a boca a criticar a “contabilidade” e a elogiar a “estratégia”, é estranhíssimo não se ouvir uma palavra sobre a estratégia económica concreta. Esta coisa de criticar os outros e não apresentar alternativas é algo que está ao alcance de qualquer trabalhador não diferenciado. Mas para liderar um partido e um país é necessário um “pouco” mais.
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Um comediante
Agostinho Branquinho (Público de hoje, p. 8) “vaticinou que ‘o futuro presidente estará a prazo, se não subscrever a carta de compromisso” da distrital portuense.
Isto é uma das mais ridículas tentativas de condicionamento que já li. É como se uma criança ameaçasse um lutador de sumo: Se não fazes que o que eu mando, estás tramado. Um dos sinais de decadência do PSD é este mar de gente que não se enxerga.
Isto é uma das mais ridículas tentativas de condicionamento que já li. É como se uma criança ameaçasse um lutador de sumo: Se não fazes que o que eu mando, estás tramado. Um dos sinais de decadência do PSD é este mar de gente que não se enxerga.
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