31/01/2011
Taras - Michel Donato & Guillaume Bouchard
26/04/2010
A insuportável leveza do ser

1) Vino de Mesa (VM), é o mais simples, equivalente ao Vin de Table francês - não pode indicar no rótulo safra nem uva; 2) Vino de la Tierra (VdlT), é um pouco melhor que o Vino de Mesa, mas sem guardar pretensões mais sérias de qualidade - equivale ao Vin de Pays francês; 3) Vino de Calidad con Indicación Geográfica (VCIG), terceiro degrau de qualidade, deve manter-se cinco anos nessa classificação para que possa reivindicar a DO - equivale ao Vin Delimité de Qualité Supérieure francês; 4) Denominación Específica (DE), invenção da legislação espanhola pouco utilizada na prática, baseada no método de produção, que deveria ser aplicada aos espumantes, tais como Cava e Granvás - atualmente, essa classificação não mais existe na legislação espanhola e todo Cava equivale a um DO; 5) Denominación de Origen (DO), abrange a maioria dos vinhos espanhóis de qualidade, sendo equivalente à italiana Denominazione di Origine Controllata; 6) Denominación de Origen Calificada (DOCa), honraria concedida a vinhos de qualidade excepcional, equivalente à italiana Denominazione di Origine Controllata e Garantita - somente Rioja e Priorato a detêm; 7) Denominación de Origen de Pago (DOP), outra invenção espanhola, destina-se a vinhos produzidos em pequenas propriedades, cujas características de clima e solo conferem personalidade única ao vinho ali produzido.

Pois bem. Paramos numa taberna simples e acolhedora da região, na expectativa de descansar e beber. Foi grande a surpresa quando percebemos que a música ambiente era Ted Curson. Animado, Lester resolveu abrir uma garrafa de Flor de Englora 2006, um belo corte com 63% de Red Grenache, 32% de Carignen, 2% de Merlot, 2% de Syrah e 1% de Ull d'llebre, produzido pela Cellers de Baronia, localizada em Montsant. Apesar do envelhecimento em inox, recebeu 92 pontos de Robert Parker, um confesso admirador do envelhecimento em barricas de carvalho, responsável em boa parte pelo potente estilo californiano. Enquanto apreciávamos o solo de Herb Bushler ao contrabaixo, Lester afirmou que certamente foram lançadas lascas de carvalho francês aos tanques de inox que acolheram o interessante vinho, prática que, embora seja condenada veementemente por alguns ortodoxos, inegavelmente concede caráter e timbre ao tinto espanhol de preço bastante honesto: R$50,00 na Casa Bonita. Mordiscando uma torrada encharcada em azeite nativo, Lester disse nunca compreender a crítica quando atribuía à música de Ted um caráter abstrato e incompreensível: trata-se, dizia Lester, de um Hard Bop da melhor qualidade, claro que com um tempero de liberdade e experimentação que, se não chega a Avant Garde propriamente dita, aproxima-se bastante do melhor jazz produzido na década de 1960, como, por exmplo, o de John Coltrane.
Ted Curson nasceu em 3 de junho de 1935, na Philadelphia. Aos 12 anos, já tocava em festas e, após algumas aulas com o saxofonista Jimmy Heath, parte para New York, onde trabalharia com excelentes músicos, entre eles Mal Waldron, Red Garland e Cecil Taylor. Entre 1959 e 1960, Ted integra o grupo de Charles Mingus, período em que atua ao lado de músicos como Eric Dolphy, Booker Ervin, Yusef Lateef e Joe Farrell. Em seguida, Ted forma seu próprio conjunto, ao lado do saxofonista Bill Barron, com quem grava Tears For Dolphy, em 1964. Após trabalhar com Max Roach, em 1965 Ted parte para a Europa, atuando na Dinamarca, França e Suíça, onde integra a orquestra Zurich's Playhouse. Na década de 1970, Ted divide-se entre Paris e New York, trabalhando com diversos músicos, entre eles Andrew Hill e Kenny Barron. Interessado na divulgação do jazz, Ted apresenta-se e participa de workshops em diversas universidades, entre elas a UCLA, a University of Vermont e a Vallekilde Music School, na Dinamarca. Além de apresentar um programa de rádio na década de 1980, Ted continua atuando e gravando, sempre com sua técnica impecável e seu fraseado veloz e complexo. Para os amigos fica a faixa East 6th Street, retirada do álbum Tears For Dolphy. Com ele estão Bill Barron (ts), Dick Berk (d) e Herb Bushler (b). Saúde!
12/06/2008
Stefan Karlsson

24/04/2007
Pedro Iturralde: El jazz de España


Habiendo sido elogiado en varias ocasiones en revistas especializadas y en "Down Beat", y siendo por lo tanto reconocida su labor en los EE.UU., el "Berldee College of Music" de Boston le ofrece una beca para que amplíe sus conocimientos jazzísticos. Estudia "Arranging" con Herb Pomeray y actúa con Gary Burton y varios grupos, así como con quinteto de la Facultad y con la "All Start Faculty Big-Band" en los conciertos "Doscientos años de Historia del Jazz en América". En numerosas ocasiones reúne una Big Band en Madrid, para presentaciones en TV y conciertos, y en el Teatro Español, para el homenaje a Federico García Lorca. Actúa para "Europalia-85" en el "Palais de Beux Arts" de Bruselas, y con la Orquesta Nacional de España en varias ciudades de Bélgica.
22/05/2006
Portugal na taça, Espanha no ouvido

Outra noite estava eu dormindo e lendo o imenso livro A New History Of Jazz, de Alyn Shipton. Na taça ao lado, três dedos do bastante honesto Cabeça do Pote: um tinto 2001 das lusas Terras Durienses, encontrado por compreensíveis R$20,00 nos mercados de Vila Velha e cercanias. Acordando num susto lancinante ouvi a mulinha do e-mule berrar, com aquela sua assustadora voz de mula-robô: tranferido Tete Montoliu, The Music I Like To Play, Volume 1. Olhei desconfiado: piano solo ?

.
Não esperava grande coisa de um pianista espanhol cego tocando jazz sem cozinha. Mas confesso a boa surpresa ao ouvir, entre uma ou duas dúzias de clichês da música erudita européia, um pianista cheio de excelente técnica e profundo swing. Se é que podemos fazer tal tipo de análise, ele me soou como uma espécie de Red Garland possuído pelo espírito de Bud Powell. Colorido, veloz e preciso sem perder a emoção.
.
Passeando por clássicos populares, como Don't Smoke Anymore, Alone Together ou Whisper Not, Tete convence até aqueles que, como eu, não apreciam beber um tinto ao som de 50 intermináveis minutos de piano solo. Recomendo ambos, piano e livro, embora Shipton não faça qualquer referência ao grande pianista espanhol em suas quase mil páginas de boa história. Merecia ser citado.