(A Liberdade Guiando o Povo, Delacroix)
O Romantismo foi um movimento artístico, político e filosófico surgido nas últimas décadas do século XVIII na Europa que perdurou por grande parte do século XIX. Caracterizou-se por uma visão de mundo contrária ao racionalismo que marcou o período neoclássico e buscou um nacionalismo que viria a consolidar os estados nacionais na Europa. Inicialmente era apenas uma atitude, um estado de espírito, tomando, mais tarde, a forma de um movimento e o espírito romântico passa a designar toda uma visão de mundo centrada no indivíduo. Os autores românticos voltaram-se cada vez mais para si mesmos, retratando o drama humano, amores trágicos, ideais utópicos e desejos de escapismo. Se o século XVIII foi marcado pela objetividade, pelo Iluminismo e pela razão, o início do século XIX seria marcado pelo lirismo, pela subjetividade, pela emoção e pelo eu. O termo romântico refere-se, assim, ao movimento estético ou, em um sentido mais lato, à tendência idealista ou poética de alguém que carece de sentido objetivo.
Origens
O Romantismo surgiu na Europa numa época em que o ambiente intelectual era de grande rebeldia. Na política, caíam os sistemas de governo despóticos e surgia o liberalismo político (não confundir com o liberalismo econômico do século XX). No campo social imperava o inconformismo. No campo artístico, o repúdio às regras. A Revolução Francesa é o clímax desse século de oposição.
No Brasil, o romantismo coincidiu com a independência política em 1822, com o Segundo reinado, com a guerra do Paraguai e com a campanha abolicionista.
Alguns autores neoclássicos já nutriam um sentimento mais tarde dito romântico antes de seu surgimento de fato, sendo assim chamados pré-românticos. Nesta classificação encaixam-se Francisco Goya e Bocage.
O Romantismo surge inicialmente na Alemanha e na Inglaterra. Na Alemanha, o Romantismo, teria, inclusive, fundamental importância na unificação germânica com o movimento Sturm und Drang.
O Romantismo viria a se manifestar de formas bastante variadas nas diferentes artes e marcaria, sobretudo, a literatura e a música (embora ele só venha a se manifestar realmente aqui mais tarde do que em outras artes). À medida que a escola foi sendo explorada, foram surgindo críticos à sua demasiada idealização da realidade. Destes críticos surgiu o movimento que daria forma ao Realismo.
(O Viajante Sobre o Mar de Névoa, Casper David Friedrich)
Características
As características centrais do romantismo viriam a ser o lirismo, o subjetivismo, o sonho, o exagero, a busca pelo exótico e pelo inóspito. Também destacam-se o nacionalismo, a idealização do mundo e da mulher, assim como a fuga da realidade e o escapismo. Eventualmente também serão notados o pessimismo e um certo gosto pela morte, religiosidade e naturalismo.
Subjetivismo
Os autores tratam os assuntos de forma pessoal, de acordo com sua opinião sobre o mundo. O subjetivismo pode ser notado através do uso de verbos na primeira pessoa. Com plena liberdade de criar, o artista romântico não se acanha em expor suas emoções pessoais, em fazer delas a temática sempre retomada em sua obra. O eu é o foco principal do subjetivismo, o eu é egoísta na forma de expressar seus sentimentos.
Idealização
Empolgado pela imaginação, o autor idealiza temas, exagerando em algumas de suas características. Dessa forma, a mulher é uma virgem frágil, o índio é um herói nacional, e a pátria sempre perfeita. Essa característica é marcada por descrições minuciosas e muitos adjetivos.
Sentimentalismo
Praticamente todos os textos românticos apresentam sentimentalismo já que essa escola literária é movida através da emoção, sendo as mais comuns a saudade, a tristeza e a desilusão. Os poemas expressam o sentimento do poeta, suas emoções e são como o relato sobre uma vida.
O romântico analisa e expressa a realidade por meio dos sentimentos. E acredita que só sentimentalmente se consegue traduzir aquilo que ocorre no interior do indivíduo.
Egocentrismo
Como o nome já diz, é a colocação do ego no centro de tudo. Vários artistas românticos colocam, em seus poemas e textos, os seus sentimentos. Pode-se dizer, talvez, que o egocentrismo é um subjetivismo exagerado.
Natureza interagindo com o eu lírico
A natureza, no Romantismo, expressa aquilo que o eu lírico está sentindo no momento narrado. A natureza pode estar presente desde as estações do ano, como formas de passagens, à tempestades, ou dias de muito sol.
Grotesco e sublime
Há a fusão do belo e do feio, diferentemente do arcadismo que visa a idealização do personagem principal, tornando-o a imagem da perfeição. Como exemplo, temos o conto de A Bela e a Fera, no qual uma jovem idealizada, se apaixona por uma criatura horrenda.
Medievalismo
Alguns românticos se interessavam pela origem de seu povo, de sua língua e de seu próprio país. Na Europa, eles acharam no cavaleiro fiel à pátria um ótimo modo de retratar suas culturas. Esses poemas se passam em eras medievais e retratavam grandes guerras e batalhas.
Indianismo
É o medievalismo "adaptado" ao Brasil. Como os brasileiros não tinham um cavaleiro para idealizar, os escritores adotaram o índio como o ícone para a origem nacional e o colocam como um herói. O indianismo resgatava o ideal do "bom selvagem" (de Jean-Jacques Rousseau), segundo o qual a sociedade corrompe o homem e o homem perfeito seria o índio, que não tinha nenhum contato com a sociedade européia.
Byronismo
Inspirado na vida e na obra de Lord Byron, poeta inglês. Estilo de vida boêmio, voltado para vícios, bebida, fumo e sexo, podendo estar representado no personagem ou na própria vida do autor romântico. O byronismo é caracterizado pelo narcisismo, pelo egocentrismo, pelo pessimismo, pela angústia, pela ironia e pela melancolia.
(Goethe, Georg Melchior Kraus)
Entre os grandes nomes do Romantismo temos Johann Wolfgang von Goethe, nascido em Frankfurt am Main, em 28 de Agosto de 1749 e morto em Weimar, em 22 de Março de 1832. Goethe foi um escritor alemão, pensador e também incursionou pelo campo da ciência. Como escritor, Goethe foi uma das mais importantes figuras da literatura alemã e do Romantismo europeu, nos finais do século XVIII e inícios do século XIX. Juntamente com Friedrich Schiller foi um dos líderes do movimento literário romântico alemão Sturm und Drang. Johann Wolfgang von Goethe foi um gênio universal. Sua vasta obra compreende, além das inúmeras peças dramáticas, como o célebre Fausto, romances, contos, poesia lírica, cartas e descrições de viagens, assim como estudos de ciências humanas e naturais, em que se destacam a Teoria das cores e a Metamorfose das plantas. Com seu pensamento e arte, influenciou a cultura de toda uma época. Goethe e Weimar, cidade em que passou os anos mais produtivos de sua vida, podem ser citados, de um só fôlego, como sinônimos do Romantismo alemão. Uma contribuição de peso para a história da cultura ocidental.
Uma nota curiosa acerca da obra de Goethe surge por conta de Os Sofrimentos do Jovem Werther: a onda de suicídios que sua leitura teria motivado em inúmeros jovens leitores de seu tempo!
Os Sofrimentos do Jovem Werther é considerado um dos marcos iniciais do romantismo. É visto por muitos como uma obra-prima da literatura mundial, sendo que é uma das primeiras obras do autor, de tom autobiográfico - ainda que Goethe tenha cuidado para que nomes e lugares fossem trocados e, naturalmente, algumas partes fictícias acrescentadas, como o final. Neste livro, o jovem Werther envia por um longo período cartas ao narrador que, no próprio livro, através de notas de rodapé, afirma que nomes e lugares foram trocados. O romance é escrito em primeira pessoa e com poucas personagens.
Werther é atormentado por uma paixão profunda e tempestuosa, marcada pelo fim trágico. Para o herói, a vida só tem um sentido: Charlotte. Sem ela a vida não tem razão de ser.
Diz-se que na época ocorreu, na Europa, uma onda de suicídios, de tão profundo que Goethe fora em suas palavras. A juventude européia, indentificando-se com a personagem homônima ao texto, teria seguido sua atitude frente uma realidade trágica, como o é o desamor durante os arroubos de exagero da adolescência.
Werther é escrito num estilo completamente adverso a Fausto, obra mais conhecida do autor, mas não menor que neste.