Mostrar mensagens com a etiqueta Salo. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Salo. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, 1 de agosto de 2024

As imagens do dia




Há 25 anos, em Hockenheim, a Ferrari fez uma dobradinha, com Eddie Irvine como vencedor. Mas na realidade, quem deveria ter ganho era outro. E ele não subiu ao lugar mais alto do pódio porque... era um substituto. E porque não era Michael Schumacher

Mika Salo não queria acreditar na sua sorte quando via em casa o GP da Grã-Bretanha, em Silverstone. Na primeira volta da corrida, as bandeiras vermelhas foram mostradas por causa dos carros parados na grelha, nomeadamente o Williams de Alex Zanardi e o BAR de Jacques Villeneuve, e os carros a abrandarem na Hangar Straight... menos um. O Ferrari de Michael Schumacher. Quando tentou sair do carro e descobriu que não podia, por ter fraturado a perna direita, sabia que poderia ser chamado. Era uma questão de tempo.

E para Mika, o outro Mika, poderia ser a chance da sua carreira. Que quase 10 anos antes, parecia ter ido para o torto.

Em 1990, a Formula 3 britânica era um duelo de finlandeses. Ainda por cima, partilhavam o mesmo nome: Mika Salo contra Mika Hakkinen. Salo era o mais velho, nascera em 1966, e corrida pela Alan Docking Racing contra Hakkinen, dois anos mais novo e a correr pela West Surrey Racing. No final, ganhou Hakkinen, que tinha o apoio da Marlboro, e duelou contra Schumacher em Macau, acabando com ambos a colidirem na penúltima volta da corrida, favorecendo o alemão. 

Contudo, Salo até ia lançado para uma chance na Formula 1. Falava-se que Ken Tyrrell queria dar-lhe um teste num Formula 1, mas uma noite, em Londres, a policia parou-o numa operação "stop" e ele tinha bebido para além da conta. Levou uma multa, uma suspensão por algum tempo, inibindo-o de conduzir, mas isso fechou-lhe as portas da categoria máxima do automobilismo. Decidiu "exilar-se" para o Japão, onde andou com um grupo de estrangeiros que abrilhantavam a Formula 3000 local, com gente como Mauro Martini, Eddie Irvine, Heinz-Harald Frentzen, Jeff Krosnoff, Ross Cheever e Roland Ratzenberger, entre outros. 

Então, um dia de outubro de 1994, recebeu um telefonema. Faltavam seis dias para o GP do Japão de Formula 1 e do outro lado da linha, um homem ansioso perguntava: "É capaz de guiar um Formula 1 sem testar?" Era a Lotus, que precisava desesperadamente de um piloto para o seu carro. A mítica Lotus, no seu estertor final, pedia um piloto para o GP do Japão. A troco de meio milhão de dólares, Salo aceitou e afirmou que "nas noites seguintes, estava deitado na cama, a sorrir, feliz da vida.

No final, acabou na décima posição, suficiente para correr na Austrália. No ano seguinte, foi para a Tyrrell, onde ficou por três temporadas e conseguiu 12 pontos, dois deles no Mónaco, à chuva e... sem reabastecer! Foi a última vez que isso aconteceu na competição, até ao final dos reabastecimentos, em 2010. Depois de uma temporada na Arrows, em 1998, ficou de fora em 1999, sendo piloto de testes da BAR.

Ali, teve uma chance de correr em três Grandes Prémios, depois do acidente de Ricardo Zonta, no Brasil, onde ele fraturou uma das pernas. O sétimo lugar no GP de San Marino, em Imola foi... ironicamente, o melhor classificação que a equipa teve nessa temporada. E estava assim em julho, à espera de uma oportunidade quando... ela aconteceu. E não ficaria admirado se não teve a mão de Irvine, seu amigo no Japão.

A estreia foi na Áustria e foi... atribulada. Apesar do sétimo lugar na grelha, um incidente no inicio da corrida o atirou para o nono posto, fora dos pontos. Na segunda corrida, em Hockenheim, as coisas saíram melhor. Beeeem melhor. Ali, Salo foi o quarto da grelha, na frente de Irvine, mas atrás dos McLaren e do Jordan de Frentzen, um dos que correu no Japão. O poleman era Hakkinen. E a chance de repetir os duelos de 1990, nos circuitos britânicos, era bem real.

Hakkinen partiu na frente, mas Salo pulou para segundo, e partiu para o ataque. As coisas foram assim até que na volta 24, um furo a alta velocidade na reta oposta, ao pé do Stadium, fez despistar o McLaren, sem tocar nos ralis de proteção. Um acidente espetacular que fez cair a liderança no colo de Salo, pela primeira vez na sua carreira. 

Mas a ilusão durou pouco. A Ferrari queria que Irvine ganhasse, e apesar de ter ido para as boxes reabastecer, na parte final, estava a ir mais rápido que o irlandês, e tiveram de ordenar para que abrandasse o ritmo e ficasse atrás dele. Acabaram com um segundo de diferença entre os dois, e no final, como gesto de gratidão, Irvine deu o troféu de vencedor a Salo. Mesmo ele sabia que deveria ter ido ao lugar mais alto do pódio naquela tarde.          

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Noticias: Ferrari correu com "handicap" em 2020


A Ferrari correu com uma mistura de combustível menos rica que a concorrência em 2020. Essa foi a penalização que a FIA deu à equipa por ter tido um motor irregular em 2019, sentença essa que tinha sido deixada em segredo devido a um acordo entre a marca e o organismo liderado por Jean Todt. Contudo, recentemente, o ex-piloto finlandês Mika Salo revelou qual foi a penalização que a marca de Maranello e as outras equipas que têm o mesmo motor - Alfa Romeo Sauber e Haas F1 - sofreram na temporada passada.

Numa conversa que aconteceu no seu canal pessoal da rede social Twitch, Salo referiu sobre isso quando comentou sobre as chances de Kimi Raikkonen nesta temporada. 

"A equipa sofreu com a ilegalidade da Ferrari em 2019. Eles foram forçados a usar menos combustível, então a Alfa Romeo pode estar em uma boa posição se conseguirem dar o seu melhor na corrida nesta temporada", explicou. “Não sei se eles terão um novo motor para 2021. Mas pelo menos a Alfa Romeo poderá usar toda a potência. Não foram permitidos no ano passado por causa da Ferrari”, insistiu o nórdico.

Salo foi piloto da Scuderia no verão de 1999 devido ao acidente de Michael Schumacher durante o GP da Grã-Bretanha. Nessas seis corridas, conseguiu dois pódios e dez pontos no total. 

sábado, 24 de novembro de 2018

Regressos, mas não de campeões (parte 3)

Todos sabem sobre o regresso de Robert Kubica à Formula 1 em 2019, depois de oito anos depois de ausência. O seu acidente no Rali Ronda di Andora, em fevereiro de 2011, com um Skoda Fabia S2000, causou-lhe graves lacerações no braço direito e na perna direita, e também fez interromper uma carreira que se pensava ser de ascensão até ao topo. Desde 2006 na Formula 1, com passagens pela BMW Sauber e Renault, teve uma vitória no GP do Canadá de 2008, e tinha feito 136 pontos e três pódios, na temporada de 2010, sendo oitavo classificado na geral.

Depois de ano e meio de intensa fisioterapia, para recuperar os movimentos do seu braço direito, Kubica voltou à competição nos ralis, tendo andado no WRC entre 2013 e 2016, com alguns resultados de monta e sendo campeão do WRC2 em 2013. Mas ele foi mais conhecido pelas suas saídas de estrada que resultados, impedindo-o de ter um melhor palmarés do que acabou de ter.


Mas o regresso de Kubica não é o único, nem a distância entre Grandes Prémios é a maior de sempre da Formula 1. Muitos outros pilotos já voltaram à Formula 1 depois de algum tempo de ausência, e nem todos foram bem sucedidos. Já vimos por aqui os regressos de campeões do mundo (Niki Lauda, Alan Jones, Kimi Raikkonen, Michael Schumacher são alguns), mas também existe uma boa quantidade de pilotos com carreira no automobilismo que voltaram após algum tempo de ausência. Aqui vou falar de mais cinco exemplos de pilotos que voltaram depois de algum tempo, com resultados diferentes. A alguns, valeu a pena, mas a outros... foi mais vergonhoso do que outra coisa.



11 - Olivier Panis (2001)


Quando chega à Formula 1, depois de alcançar o título europeu da Formula 3000, à custa de Pedro Lamy, Olivier Panis ficou na Ligier até ao final da década e à sua transformação para a Prost Grand Prix. Contudo, durante o tempo em que esteve na equipa de Alain Prost, ela começou a entrar numa espiral de decadência, fazendo que em 1998 acabe sem qualquer ponto. No final de 1999, abandona a equipa, sem lugar em 2000, numa altura em que a McLaren oferece um lugar de piloto de testes, onde fica durante a temporada.

Contudo, apesar de ter sido um bom período - na altura, a McLaren estava no topo, com Mika Hakkinen e David Coulthard - o piloto francês deseja voltar à ativa e aceita o lugar na BAR em 2001 e lá fica até 2003, quando vai para a Toyota, retirando-se em 2004.


12 - Mika Salo (1999 e 2002)


O finlandês Mika Salo sempre foi considerado como um bom piloto do meio do pelotão, a começar pela Lotus, no final de 1994, e passando pela Tyrrell no ano seguinte, para depois passar pela Arrows, onde ficou até ao final de 1998. Aí, ficou sem lugar para a temporada de 1999... até ter tido não uma, mas duas chances de substituir pilotos lesionados.

Após o GP do Brasil, Ricrdo Zonta lesionou-se no pé, forçando-o a não correr por três Grandes Prémios, e Salo foi o seu substituto. Nesse período, conseguiu um sétimo e um oitavo posto, mas nessa altura, apenas os seis primeiros é que poderiam pontuar. Poucos meses depois, em julho, a Ferrari chamou-o para substituir... Michael Schumacher, que se tinha lesionado na perna direita em Silverstone. Salo cumpriu o seu dever em seis Grandes Prémios, conseguindo os seus únicos pódios na sua carreira.

Novamente, no final do ano 2000, quando esteve na Sauber, a Toyota contratou-o para passar toda a temporada de 2001 a construir a equipa japonesa, que iria entrar na Formula 1 em 2002. Depois de todo esse ano a desenvolver o carro, Salo faz o seu segundo regresso à categoria máxima do automobilismo, conseguindo dois pontos... e nada mais. Quando a equipa japonesa o dispensou, no final da temporada, não voltou mais à Formula 1.


13 - Takuma Sato (2003)


Takuma Sato foi sempre um dos melhores pilotos que o Japão produziu na história do automobilismo. Campeão da Formula 3 britânica em 2001, ficou logo na órbita da Honda, e logo a seguir foi para a Formula 1, conseguindo dois pontos ao serviço da Jordan. Mas em 2003, com a equipa de Eddie Jordan a trocar de motor, não houve lugar para Sato a não ser para piloto de reserva da BAR.

Contudo, antes da corrida de encerramento da temporada, no Japão, Jacques Villeneuve decide pendurar o capacete e fazer uma temporada sabática e o lugar é preenchido por Sato. Com o conhecimento da máquina e da pista, o japonês voa para ser sexto na prova, conseguindo três pontos, antes de fazer a sua melhor temporada de sempre, em 2004, com um pódio em Indianápolis e 34 pontos no campeonato.

A sua carreira prosseguiu até 2008, onde depois rumou aos Estados Unidos, para vencer as 500 Milhas de Indianápolis em 2017, sendo o primeiro japonês a fazê-lo.


14 - Marc Gené (2003 e 2004)


A carreira de Marc Gené é mais de... piloto de testes que outra coisa, embora tenha tido duas temporadas ao serviço da Minardi, onde no GP da Europa de 1999, deu o primeiro ponto à equipa em quatro anos, sendo que o último a pontuar tinha sido Pedro Lamy.

Depois, Gené tornou-se piloto de testes e de reserva da Williams, desenvolvendo os carros da equipa numa altura em que não existia limites nesse ponto. Em 2003, Ralf Schumacher magoou-se durante o fim de semana do GP de Itália, e Gené encarregou-se de o substituir. Acabou bem, pois foi quinto classificado nessa corrida.

Contudo, em 2004, não teve melhor sorte. De novo a substituir Ralf Schumacher devido ao acidente que teve durante o GP dos Estados Unidos, em Indianápolis, correu nos GP's da França e Grã-Bretanha, sem pontuar, contudo. Foram as suas últimas corridas na Formula 1, antes de ter as mesmas tarefas na Ferrari.


15 - Antônio Pizzonia (2004 e 2005)


"Jungle Boy" - nasceu em Manaus, no Amazonas, a 11 de setembro de 1980 - Antônio Pizzonia têm uma carreira eclética no automobilismo, e a Formula 1 é apenas uma delas. Depois de ter corrido duas temporadas na Formula 3000, chegou à Formula 1 em 2003 pela Jaguar, mas a sua temporada foi cortada a meio devido aos maus resultados.

Em 2004 passou para a Williams, como piloto de testes, ao lado de Marc Gené. Quando Ralf Schumacher se lesionou no GP dos Estados Unidos, o seu substituto inicial foi Gené, mas, como já vimos em cima, os resultados não foram os melhores. Pizzonia preencheu o lugar a partir do GP da Alemanha, onde nos quatro Grandes Prémios seguintes, acabou três deles nos pontos, sendo sétimo classificado e conseguindo seis pontos.

Em 2005, quando Nick Heidfeld saiu antes de tempo para rumar à Sauber, Pizzonia foi de novo o escolhido, e ficou até ao final do ano. Contudo, somente conseguiu um sétimo posto no GP de Itália, não pontuando mais até ao final dessa temporada. Em 2006, foi substituido pelo alemão Nico Rosberg e voltou a competir numa enorme quantidade de categorias, estando agora na Stock Car Brasil.


(continua amanhã)

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Salo: "Verstappen é mau exemplo"

A vitória de Max Verstappen, aos 18 anos e sete meses de idade, colocou-o nos livros de história do automobilismo por ser o mais jovem piloto de sempre a vencer um Grande Prémio de Formula 1, e muitos já o vêm como futuro campeão do mundo, bem como uma prova de que a procura de talentos por parte da Red Bull dá frutos, apesar dos muitos pilotos que já foram "triturados" pela máquina montada por Dietrich Mateschitz e Helmut Marko.

Contudo, esta vitória também teve os seus detratores, e um deles é Mika Salo. O ex-piloto da Ferrari afirmou que Verstappen Junior chegou demasiado cedo à Formula 1 e afirma que esta vitória poderá passar um mau exemplo para todos os aspirantes à categoria máxima do automobilismo.

O Max é um mau exemplo para a próxima geração de jovens pilotos. Estou mesmo feliz pelo Jos e pelo Max, pois ambos trabalharam no duro para isto. Mas quando me perguntam se o Max é um bom exemplo para jovens pilotos eu vejo isso de maneira diferente. Os jovens não devem pensar que podem ser como o Max e virem para a Fórmula 1 da mesma maneira que ele veio. Com 17 anos é-se de longe demasiado jovem para pilotar na Fórmula 1, mas há sempre exceções. Nem todos são como ele e os outros pilotos deveriam perceber isso”, disse o ex-piloto finlandês de 49 anos.

Contudo, entende-se a ideia de Salo. Hoje em dia, os jovens começam cada vez mais cedo a entrar em monopostos, e não há suficientemente maturidade para andar dentro de carros, logo, aumentam a possibilidade de acidentes. A vitória do filho de Jos Verstappen deve ser vista como uma excepção e nunca como a regra a seguir para o futuro.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Noticias: Mika Salo detido por fraude fiscal

Uma noticia interessante surgiu nos últimos dias: o finlandês Mika Salo foi preso em Helsinquia sob acusações de fraude fiscal. A noticia foi dada pelo jornal finlandês ‘Suomen Kuvalethi’, e a detenção aconteceu durante dois dias, e surge na sequência de um processo aberto pelas autoridades fiscais finlandesas, que o acusam de ter sonegado nas suas declarações de impostos durante um tempo indeterminado.

Atualmente comentarista na rede televisiva local MTV3, com participações esporádicas na Endurance, não é a primeira vez que Salo, com 46 anos, teve problemas com a policia. Em 1990, na Grã-Bretanha, na altura em que competia na Formula 3 contra o seu compatriota Mika Hakkinen, foi apanhado com álcool ao volante, o que fez com que apreendessem a sua carta de condução e visse as suas chances de Formula 1 serem bastante diminuídas, acabando por se "exilar" no Japão, acabando por se estrear na categoria máxima do automobilismo em 1994, ao seviço da Lotus.

A partir dali, acabaria por fazer 110 Grandes Prémios, até 2002, com passagens por Tyrrell, Arrows, Sauber, Ferrari - onde substituiria Michael Schumacher, lesionado na perna após o acidente de Silverstone - Sauber de novo e por fim, a Toyota. Ao todo, conseguiu dois pódios e 33 pontos, com o seu melhor resultado um segundo lugar no GP da Alemanha de 1999.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Equilíbrios na pista e disparates na tela

A Formula 1, quer queiram acreditar, quer não, está naquela que é provavelmente a mais equilibrada temporada de sempre. O facto de andarem com pneus que se esfarelam em menos de dez voltas - bem podia a Pirelli voltar a colocar os pneus de qualificação, que só duravam duas voltas nos tempos em que isso existia - faz com que provavelmente, seis equipas tenham reais possibilidades de subir ao pódio, e até mesmo de vencer. A vitória da Williams de Pastor Maldonado, este domingo, em Barcelona, demonstra que tudo é possivel, e até o recorde de proliferação de vencedores, estabelecido em 1982, quando onze pilotos diferentes subiram ao lugar mais alto do pódio, pode estar em jogo.

Este grande equilibrio faz com que tudo seja possivel. Já começo a pensar que a Sauber pode vencer uma corrida, que os Lotus-Renault podem fazer 1-2 num futuro próximo, ou até que a Caterham poderá chegar a um "top ten". E claro, já há algum nervosismo por aí, especialmente em relação aos pilotos brasileiros. Sobre o Felipe Massa, não é nada de novo, mas o surpreendente foi no caso de Bruno Senna, que teve o seu pior fim de semana no campeonato, com um 18º na grelha e uma corrida que acabou na volta 12, abalroado pelo Mercedes de Michael Schumacher.

Mika Salo, ex-piloto da Ferrari, BAR e Toyota, e atualmente comentado na MTV3 finlandesa, disse que as performances de Valtteri Bottas em Barcelona o impressionaram bastante que estava a ver o piloto local como titular antes do final da época, em substituição de... Bruno Senna.

"Bottas é extremamente respeitado pela equipa. Frank Williams o elogia muito e diz que ele deveria estar nas corridas. Perguntei quando e ele falou que não iria demorar. Li nas entrelinhas que Bottas correrá nesta temporada", começa por comentar Salo, em delcarações captadas pelo site Globo Esporte.

"É uma situação difícil para a Williams, porque ambos os pilotos levam dinheiro. O bom é que Frank Williams não é um homem de negócios, ele é um ex-piloto. Ele só quer saber de fazer sua equipa ter sucesso. Senna é boa pessoa, mas ele não é capaz de pilotar no nível necessário", concluiu.

O Ari Vatanen dizia certo dia que os finlandeses podem ser uma de três coisas: pilotos, agricultores - ou caçadores - ou bêbados. Há quem seja as três coisas, mas no caso do Mika Salo, não acredito, porque não creio que tenha dotes para plantar batatas ou caçar renas. Mas pelo que me contam das frias paragens de Helsinquia, Salo, como comentador, é mesmo conhecido pelos seus disparates. Aliás, pergunto-me: se todos dizem que Massa e Senna estão "condenados" ao despedimento, então o que dizer de Michael Schumacher? Pelos resultados que está a ter, nem deveria ter começado a temporada...

Contudo, nisto tudo há um fundo de verdade: Bottas tem talento - foi o campeão da GP3 em 2011 - e é um protegido de Toto Wolff na Williams. Sendo ele terceiro piloto e com a oportunidade de experimentar um Formula 1 em fins de semana selecionados, pode demonstrar esse talento nato. Mas as pessoas tendem também a esquecer que marcar um oitavo tempo numa sessão de treinos livres, em que nem toda a gente está a cem por cento, com um carro vazio de gasolina e com pneus moles, não significa nada. Absolutamente nada. Aliás, antes de Barcelona, Pastor Maldonado também estava sobre brasas, lembram-se? A memoria das pessoas é mesmo de peixe...

E depois, temos de falar que Bruno teve um mau dia no escritório e poderá reagir. Já pontuou - antes de Barcelona, Bruno tinha o melhor resultado da marca, com um sexto lugar na Malásia - e na semana passada, foi agraciado com o Prémio Bandini, dado para o piloto que melhor evoluiu na temporada anterior. Não é um piloto genial, mas não é nenhum burro. E se ele tem direito a um mau dia no escritório, também poderá ter direito ao seu dia brilhante. Ainda mais num ano tão equilibrado como este...

sábado, 1 de agosto de 2009

GP Memória - Alemanha 1999

Uma semana depois de Zeltweg, o Mundial de Pilotos encontrava-se ao rubro, com Eddie Irvine e Mika Hakkinen separados por dois pontos, tendo o irlandês aproveitado bem a confusão entre os dois pilotos da McLaren na pista austriaca. Agora, em Hockenheim, sem o seu herói Michael Schumacher, ainda em convalescença devido ao acidente de Silverstone, duas semanas antes, os alemães passariam por torcer ou pelos outros tedescos na grelha, como o seu irmão Ralf Schumacher ou Heinz-Harald Frentzen, ou então eram leais ao "Barão Vermelho" e torcer pela Ferrari.

Sem alterações nos inscritos, na qualificação assistiu-se à luta entre Ferrari e McLaren, com uma honrosa intromissão da Jordan de Frentzen, que naquela temporada tinha um excelente carro nas suas mãos. Hakkinen levou a melhor, mas por muito pouco, na luta pela "pole-position". Na segunda fila, o McLaren de David Coulthard tinha a seu lado o Ferrari de Mika Salo, que tinha batido o seu comapnheiro Eddie Irvine. Em sexto na grelha estava o Stewart-Ford de Rubens Barrichello. Na quarta fila estavam o Prost-Peugeot de Olivier Panis e o segundo Jordan-Honda de Damon Hill, enquanto que a fechar o "top ten" ficavam o segundo Prost de Jarno Trulli e o Benetton-Supertec de Giancarlo Fisichella.

A pole-position do piloto finlandês era marcante para a McLaren: era a centésima da marca em toda a sua história desde 1968, 26 anos e meio depois de Peter Revson, no já distante GP do Canadá de 1972.

No dia da corrida, 90 mil espectadores ouviram algums minutos antes da corrida uma mensagem de Michael Schumacher, mostrando estar a caminho da recuperação, e esperando voltar o mais depressa possivel para dentro de um carro, talvez ainda nas últimas corridas dessa temporada.

Na partida, Hakkinen ficou na frente, mas Frentzen e Coulthard foram mais lentos e foram ultrapassados por Salo, que passou para a segunda posição. Irvine ficou em sexto, mas a sua sorte estava prestes a mudar quando Barrichello, que andava à sua frente, desistiu com problemas hidraulicos na volta seis. Dez voltas mais tarde, Coulthard corta a chicane para tentar ultrapassar Olivier Panis, e os comissários decretam um "stop & go" de dez segundos. Assim, Irvine sobe à terceira posição e lá fica até à altura dos primeiros reabastecimentos. quando foi a sua vez, sai na frente de Frentzen e toma a liderança.

A sorte para Irvine iria continuar quando Hakkinen perde demasiado tempo no seu reabastecimento na volta 24 devido a uma avaria no seu depósito. Quando o finlandês volta à pista, cai para a quarta posição, deixando na liderança outro finlandês, outro Mika. Salo. Aos 31 anos, estava pela primeira vez na sua carreira à frente de um Grande Prémio. começa a elaborar uma recuperação, mas na volta seguinte, á entrada do Estádio, o pneu traseiro diteito de Hakkinen explode, despistando-se a alta velocidade contra a barreira de pneus.

Sem Hakkinen a incomodar, e com os Ferrari na frente, a boxe ordena que Salo ceda o comando a Irvine, para assim capitalizar da melhor maneira possivel o resultado. O finlandês cede e assim a Ferrari alcança a dobradinha, com Salo a subir ao pódio pela primeira vez na sua carreira Frentzen fechava o pódio, enquanto que o Williams de Ralf Schumacher, o McLaren de David Coulthard e o Prost de Olivier Panis ocupavam os restantes lugares pontuáveis.

No final, reconhecido pelo gesto, Irvine ofereceu o troféu de vencedor a Salo. apesar de agora liderar o campeonato com oito pontos de avanço sobre Hakkinen, reconhecia que isto se deveu à sorte: "Não ganhamos a corrida à McLaren. Eles deram um tiro no pé", diria depois na conferência de imprensa.

Fontes:


Santos, Francisco - Formula 1 1999/2000, Ed. Talento, Lisboa, 1999


sábado, 25 de julho de 2009

GP Memória - Austria 1999

Quinze dias depois do acidente de silverstone, e com Michael Schumacher a recuperar da sua fractura na perna, a Ferrari tinha de achar um substituto para o resto da temporada, e concentrar-se em Eddie Irvine, para que ele tentasse alcançar aquilo que a Ferrari procurava há quase vinte anos: o título mundial de pilotos. Sem Schumacher, presumia-se que seria o piloto de testes, Luca Badoer, o natural substituto. Mas com ele na Minardi, a Scuderia decidiu ir buscar outro piloto. O escolhido foi o finlandês Mika Salo, que já tinha andado no inicio da temporada pela BAR, para substituir o brasileiro Ricardo Zonta, também magoado num acidente em Interlagos.

Irvine seria o piloto escolhido para desafiar Mika Hakkinen, que estava a tentar revalidar o título de pilotos para a McLaren, e tinha David Coulthard para o proteger da concorrência. Mas com o facto de Irvine ter sido prejudicado em algumas corridas no inicio da temporada, isso significaria que chegar ao título era agora uma tarefa mais difícil.


Na qualificação, a primeira fila era, sem grandes surpresas, da McLaren. Mika Hakkinen era melhor do que David Coulthard, enquanto que na segunda fila, Eddie Irvine tinha a seu lado o Jordan de Heinz-Harald Frentzen. Na terceira fila estavam os Stewarts de Rubens Barrichello e Johnny Herbert, com o segundo Ferrari de Mika Salo e o Williams de Ralf Schumacher na quarta fila. A fechar o "top ten" estavam o BAR de Jacques Villeneuve e o Benetton de Alexander Wurz, que corria "em casa".

A partida corre bem para os McLaren na primeira curva. Mas na segunda, a Remus Kurwe, acontece algo raro: Coulthard coloca fora de pista... Mika Hakkinen. Esse desentendimento faz com que o escocês fique na liderança, mas em termos de campeonato, Irvine saia a lucrar. Um pouco atrás, mais confusão: Salo bate em Herbert, e ambos são obrigados a irem para as boxes, ficando no final do pelotão.


Com isso, Coulthard fica na frente de Barrichello e Irvine. As coisas andam mais ou menos assim até aos primeiros reabastecimentos, enquanto que Hakkinen faz uma prova de recuperação. Na volta 39, Coulthard vai reabastecer, mas tem problemas e sai atrás de Irvine. A corrida estava decidida, e o irlandês ia a caminho da sua segunda vitória do ano. Atrás destes dois estava Barrichello e um cada vez mais rápido Mika Hakkinen.


Na volta 50, o finlandês alcança finalmente o terceiro lugar, e é esse a ordem final do pódio. Poucas voltas depois, o motor de Barrichello explode, perdendo três pontos quase garantidos. Frentzen herda a situação, seguido de Wurz e o Sauber de Pedro Paulo Diniz. Essa seria a ordem final da corrida.


No final do fim de semana austriaco, a diferença entre Irvine e Hakkinen tinha agora ficado reduzido a apenas dois pontos, e apesar de faltar muitas corridas até ao final da temporada, as coisas estavam mesmo ao rubro. e dali a uma semana, no circuito alemão de Hockenheim, poderia haver novidades na liderança...


Fontes:

Santos, Francisco: Formula 1 1999/2000, Ed. Talento, Lisboa, 1999


quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

A imagem do dia - Equipa Lotus, 1994

Esta fotografia para mim é importante: em Suzuka, toda a equipa Lotus posa para posteridade, sabendo que provavelmente, a história desta gloriosa equipa estava a chegar ao fim, depois de quase 40 anos de competição na Formula 1.

Sentados em cima das rodas estão, à esquerda: Mika Salo, que se prepara para o seu primeiro Geande Prémio da sua carreira, e Alex Zanardi, provavelmente o homem mais azarado que jamais passou na Formula 1. Mas é um grande exemplo de vida...


Quanto à Lotus, foi pena o fim que teve. Mas ninguém tira o seu lugar na história...

sábado, 1 de dezembro de 2007

O piloto do dia - Mika Salo


Ontem, este homem comemorou o seu 41º aniversário natalicio. como tal, acho que é uma boa oportunidade de falar sobre a sua vida e a sua carreira competitiva, vivida sobre a sombra de outro Mika, Hakkinen de seu nome. E foram rivais na formula 3 inglesa...



Mika Juhani Salo nasceu a 30 de Novembro de 1966 em Helsinquia. Começou a sua carreira a motor como boa parte dos seus contemporâneos: no karting. Tetra-campeão finlandês de karting (1978, 1980, 1982 e 1983), rumou à Formula Ford finlandesa, onde foi terceiro classificado em 1987. No ano seguinte, competiu no campeonato escandidavo, onde foi campeão.



Logo a seguir, rumou à Grã-Bretanha, onde em 1989, correu na Formula 3 ao volante de um Reynard da equipa Alan Docking Racing. Em 1990, na mesma equipa, e com um chassis Ralt, protagonizou uma batalha sem quartel com outro Mika: Hakkinen. Depois de uma temporada longa e árdua, Hakkinen levou a melhor sobre Salo. Esperava que tivesse a mesma sorte que o seu compatriota (no ano segujnte estreou-se na Formula 1), isso não aconteceu.



Assim sendo, rumou ao Japão, onde correu sem grande sucesso na Formula 3000 japonesa (agora Formula Nippon). no final de 1994, tem a oportunidade que sonhou: vai correr na Formula 1 nos dois grandes prémios finais desse ano, Japão e Australia.




Só que a Lotus estava no seu estretor final, e pouco podia fazer para evita-lo. contudo, conseguiu uma vaga na Formula 1 para o ano seguinte, através da Tyrrell, onde ficará nas três temporadas seguintes. No primeiro ano, fez uma temporada razoável, conseguindo cinco pontos e um 15º lugar na classificação. No segundo ano, em 1996, com motores Yamaha, conseguiu outros cinco pontos, acabando a temporada na 13ª posição.



Em 1997 é a terceira e ultima temporada com a equipa do "tio" Ken, onde consegue um feito triplo: num GP do Mónaco debaixo de chuva, Salo consegue chegar ao fim no quinto lugar, sem sequer ir à boxe para reabastecer. Foi a unica vez desde 1994, altura em que os reabastecimentos foram restablecidos, que um piloto conseguiu esse feito. Para além disso, esse quinto lugar significou a última vez que a Tyrrell pontuou na sua longa história. Esses dois pontos significaram no final da época um 17º lugar na classificação.



Em 1998, vai para a Arrows, onde consegue chegar ao quarto lugar no Mónaco, a unica vez que acabou nos pontos nessa temporada. No final, ficou classificado no 13º lugar. Apesar desses bons resultados, não conseguiu arranjar um lugar para competir em 1999. Paradoxalmente, seria como substituto que seriam escritas mas melhores páginas na sua carreira de Formula 1...

No inicio do ano, a BAR fica sem Ricardo Zonta devido a um acidente nos treinos do GP do Brasil. Salo vai substitui-lo nos três Grandes Prémios seguintes, não tendo conseguido mais do que um sétimo lugar. Mas a meio do ano, a sua melhor oportunidade de voltar à Formula 1 surge quando Michael Schumacher parte uma das pernas em Silverstone. Mika Salo agarra-a e durante seis Grandes Prémios, é piloto da Ferrari.

Com um inicio desastroso em Zeltweg, na corrida seguinte, em Hockenheim, encontra-se a liderar o Grande Prémio! Contudo, as ordens de equipa tinham que ser cumpridas, e Salo cedeu a vitória a Eddie Irvine, para que este pudesse ter hipóteses de lutar pelo título mundial. Mas esse segundo lugar teve sabor a vitória. Mais tarde, em Monza, terminou na terceira posição. Esses dois pódios deram-lhe o décimo posto no campeonato de pilotos, com 10 pontos. Nada mau, para um substituto...



Essa temporada na Ferrari relança-o na Formula 1: em 2000, vai para a Sauber, onde consegue seis pontos e o 11º posto na classificação final. No final desse ano, é escolhido pela Toyota para participar no seu projecto da Formula 1. Passa todo o ano de 2001 a testar e desenvolver o carro para a sua temporada de estreia, em 2002, ao lado do escocês Alan McNish. Foi Salo que deu à Toyota os dois primeiros pontos da marca, na Australia e no Brasil.

Contudo, no final da época, a Toyota dispensou-o dos seus serviços, supostamente devido a um mau relacionamento com alguns membros do "staff". Aproveitando a deixa, anuncia a sua retirada da Formula 1 no final dessa época.

A sua carreira na Formula 1: 111 Grandes Prémios, em oito temporadas (1994-2000, 2002), dois pódios, 33 pontos.

Após a Formula 1, fez uma perninha à CART, onde em quatro corridas conseguiu um pódio, e concentrou a sua carreira nos Protótipos da Le Mans Series e da FIA GT. Primeiro, ao desenvolver o Maserati C12, onde ganhou as 24 Horas de Spa-Francochamps em 2004. Em 2007, ganhou a categoria GT2 na American Le Mans Series, com um Ferrari 430, tendo como companheiro de equipa o brasileiro Jaime Melo.