É bom poder fazer posts agora que falo de tudo abertamente, parece que tirei um peso virtual das minhas costas... rs. Sei que posts que falam de doença e problemas de saúde são totalmente impopulares, não agradam a maioria e muitos pulam e nem lêem; experiência de blogueira de anos e anos. Mas esse aqui achei que deveria fazer porque muitas pessoas me perguntaram a respeito assim que abri sobre a transexualidade.
Sim, a cirurgia que fiz na minhas cordas vocais teve tudo a ver com a transexualidade, não foi calo nas cordas vocais, não foi nenhuma doença que apareceu. Apenas eu tinha dois tons de voz, um grave que parecia o Cid Moreira falando e um outro tom mais agudo em falsete, que usava desde da puberdade. O tom grave era forte mas totalmente rejeitado pela minha mente e emoção, aquela voz nunca me traduziu como pessoa. O tom agudo em falsete era aceito pelas minha emoções e mente feminina, mas por ser um tom criado "artificialmente" tinha todos os inconvenientes possíveis, era menos potente, cansava quando falava e com o tempo fui percebendo cada vez mais cansaço ao usá-lo.
Depois de tentar tratamento fonoaudiológico sem sucesso. Descobri um tal médico que todos diziam muito bom num tipo de cirurgia que tornava o tal tom grave, masculino, em um tom agudo, feminino. Muito animada com a idéia, amadureci, coloquei como meta e em maio de 2010, paguei um valor alto pela cirurgia que ocorreu em outro estado, Rio Grande do Sul.
Só que por algum motivo de um carma que me persegue. A tal técnica não sutiu efeito. O médico abre a garganta com você acordada e manda falar com o tom grave para ver se o procedimento tornou aguda a voz, só que não tornou. Então o médico mandou me anestesiar, dormi e quando acordei o inferno estava instalado.
Ele me disse que como a técnica não tinha surtido resultado, teve que fazer uma decorticação na corda vocal, sem minha autorização, que no português claro, é tirar a pele da corda vocal para que ela se torne mais fina. Só que isso causou um dano irreversível na corda vocal. Hoje estou processando o médico e blá blá blá, não vou me estender.
Das duas vozes que tinha, restou uma péssima. Hoje em dia minha voz não é audível em ambientes barulhentos, com ruídos, as vezes basta uma música ligada para abafar a minha voz. Enfim, não é uma voz que funcione na grande maioria dos ambientes que a vida nos faz frequentar. E isso me trouxe um prejuízo social grande.
Vamos lá para as frase que ouço quase que diariamente e que me irritam profuuundamente:
- Você está rouca? É gripe?
- Nossa, como você está rouca!
- Gritou muito? Você tá rouca demais.
- Ahhh, não sua voz não é tão ruim assim quanto você pensa. (quando estou num lugar sem nenhum barulho)
Na internet:
- Ahhh você tá vendo coisa, sua voz não é tão ruim, eu ouvi no vídeo que fez e não acho que é tudo isso! (No vídeo eu estou de cara com o microfone dentro de um quarto fechado sem nenhum ruído)
Quanto as frase que minimizam a questão faço a seguinte pergunta: - Alguém que passou por tudo que passei, inventaria um problema só para fingir que a vida tá pior? Sinceramente não preciso disso!
Poucas coisas na vida me arrependi de ter feito. Nesse caso sinto uma imensa e quase insuportável culpa de ter escolhido
fazer esse procedimento. Se tivesse ficado quieta no meu canto nada
disso estaria acontecendo e estaria com meu falsete que funcionava.
P.S: Há alguns anos atrás, escrevi um livro que conto a história da minha vida. Amigos pessoais e pessoas que se interessaram, leram o livro e todos disseram gostar bastante. Na verdade é a minha história até o momento da transformação. O livro é tipo romance, conta a minha infância, juventude e todo processo autodestrutivo. O personagem principal é masculino e se chama Jeremias. Pretendo escrever a continuação, que seria a fase da transformação do corpo e tudo que isso acarretou, logicamente a personagem seria feminina nesse novo livro. Quem se interessar em ler o livro está publicado em um blog, só clicar no nome abaixo:
UNILATERAL
P.S: Há alguns anos atrás, escrevi um livro que conto a história da minha vida. Amigos pessoais e pessoas que se interessaram, leram o livro e todos disseram gostar bastante. Na verdade é a minha história até o momento da transformação. O livro é tipo romance, conta a minha infância, juventude e todo processo autodestrutivo. O personagem principal é masculino e se chama Jeremias. Pretendo escrever a continuação, que seria a fase da transformação do corpo e tudo que isso acarretou, logicamente a personagem seria feminina nesse novo livro. Quem se interessar em ler o livro está publicado em um blog, só clicar no nome abaixo:
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