quinta-feira, março 31, 2011
terça-feira, março 22, 2011
Mais tributação sobre a energia sim, mas
Há anos que alguns de nós andamos a dizer que a fiscalidade sobre a energia deve aumentar de modo a induzir comportamentos virtuosos sobre os consumidores mas se esta medida não for acompanhada de uma redução equivalente na fiscalidade sobre o trabalho terá apenas como resultado transferir mais dinheiro dos agentes económicos e sociais para o Estado. Se esse for o objetivo a medida anunciada irá no bom caminho mas se o objetivo for alterar alterar comportamentos dos consumidores e das empresas, induzindo mais eficiência energética e aumento do emprego, então será necessário completar a medida com uma reforma mais profunda da fiscalidade.
Na Austrália está-se neste momento a discutir uma taxa sobre o carbono e para responder às críticas da oposição o governo já apresentou como medida paralela a redução da pressão fiscal sobre as classes mais desfavorecidas. É uma medida positiva mas insuficiente pois as taxas sobre carbono e energia não devem ser encaradas como um novo instrumento para engordar mais os bolsos do Estado mas como um instrumento de regulação que permite influenciar os investimentos e comportamentos das pessoas.
Misturar objetivos não declarados de aumento da retenção fiscal com objetivos declarados de redistribuição da forma como esta é colectada dará sempre mau resultado. Primeiro, porque gera desconfiança sobre a bondade dos argumentos da reforma e oposição à mesma, logo compromete a sua viabilidade. Segundo, porque compromete os objetivos declarados da reforma pois uma sociedade mais pobre consumirá menos energia mas não criará mais emprego e riqueza.
segunda-feira, março 21, 2011
Potencial económico da energia solar
The “coastal potential” is the power that could be generated within 20 m (vertical) of sea level; such power is especially promising because of the potential combination with desalination.
For comparison, the total power required to give 125 kWh per day to 1 billion people is 46 000 TWh/y (5 200 GW). 6000 TWh/y (650 GW) is 16 kWh per day per person for 1 billion people."
(de MacKay 2008)
domingo, março 20, 2011
Energia solar
segunda-feira, janeiro 10, 2011
Ou o Estado é muito estúpido...
a) Biomassa florestal residual;
b) Agrícola e agro -industrial;
c) Biomassa oriunda de resíduos; e
d) A instalação de culturas energéticas dedicadas."
quinta-feira, dezembro 16, 2010
"Global boom in resource spending"
quinta-feira, dezembro 09, 2010
Gosto de poder dizer bem do movimento ambientalista
terça-feira, outubro 26, 2010
80 dólares (II)
terça-feira, agosto 10, 2010
New York Times e a política energética Portuguesa
quinta-feira, julho 22, 2010
Já podemos mudar de mau da fita
henrique pereira dos santos
sexta-feira, julho 02, 2010
A UICN também deve estar comprada pela BP
quinta-feira, julho 01, 2010
Da coerência na agenda ambiental
quarta-feira, junho 23, 2010
Derrames de petróleo e recuperação de sistemas
Barrow's Goldeneyes
Black Oystercatchers
Clams
Designated Wilderness Areas
Harlequin Ducks
Intertidal Communities
Killer Whales
Mussels
Sea Otters
Sediments
Not Recovering: Resources that are Not Recovering continue to show little or no clear improvement from injuries stemming from the oil spill. Recovery objectives have not been met.
Pacific Herring
Pigeon Guillemots
Human Services: Human services that rely on natural resources were also injured by the oil spill and can thus be placed in one of the above categories. Because the recovery status of injured services is inextricably linked to the state of the resource on which it depends, full recovery of the spill area cannot occur until both resources and services are restored.
Commercial Fishing
Passive Use
Recreation and Tourism
Subsistence
Very Likely Recovered: While there has been limited scientific research on the recovery status of these resources in recent years, prior studies suggest that there had been substantial progress toward recovery in the decade following the spill. In addition so much time has passed since any indications of some spill injury, including exposure to oil, it is unlikely that there are any residual effects of the spill.
Cutthroat Trout
Rockfish
Subtidal Communities
Recovered: Recovery objectives have been met, and the current condition of the resource is not related to residual effects of the oil spill.
Archaeological Resources
Bald Eagles
Common Loons
Common Murres
Cormorants
Dolly Varden
Harbor Seals
Pink Salmon
River Otters
Sockeye Salmon
Recovery Unknown: For resources in the unknown category, data on life history or the extent of injury from the spill is limited. Moreover, given the length of time since the spill, it is unclear if new or further research will provide information that will help in comprehensively assessing the original injury or determining the residual effects of the spill such that a better evaluation of recovery can occur.
Kittlitz's Murrelets
Marbled Murrelets
segunda-feira, maio 17, 2010
Barão de S. João
sábado, maio 15, 2010
Paciência de santo
segunda-feira, maio 03, 2010
Números e contas
Diz o tretas que como não contestei nenhum dos números que apresentou (em rigor contestei um porque escrevi asneiras) quer isso dizer que tem toda a razão quando diz que dois terços da energia potencial de Alqueva foi por água abaixo e poderia ter sido aproveitada energeticamente.
Como se vê nos gráficos deste post, em seis dias de Janeiro e 27 dias do meio de Fevereiro a meio de Março Alqueva esteja a fazer descargas não turbinadas. Diz o tretas que isso se deve ao facto de terem andando a fazer bombagens antes para a fotografia. Se não fosse assim poder-se-ia ter armazenado a água que caiu e turbinar mais tarde.
O tretas esquece-se que a função de alqueva é armazenar água para rega, portanto, e bem, a sua gestão visa garantir o máximo de aprovisionamento no fim da época das chuvas, tanto mais que nunca se sabe quando virão anos de seca.
O que aconteceu este ano é que alqueva estava cheia desde o princípio de Janeiro, em consequência de um ano anormalmente húmido.
Nos tais seis dias de Janeiro os caudais afluentes ultrapassaram a capacidade de turbinagem dos dois grupos de alqueva sempre, e a central funcionou quase sempre acima dos 90%.
No dia 15 de Janeiro, um desses dias, o gráfico do preço marginal horário (espero não estar a dizer nenhuma asneira) era este:
Portugal esteve a exportar quase sempre, a preço zero as primeiras horas do dia, a um preço médio grande parte do dia, e a um preço catita durante três horas.
Mas no fim de Fevereiro, a meio do período das descargas, o gráfico já era este:
Nesse dia 28 de Fevereiro (e durante uns dias a coisa andava igual), um Domingo, a produção continua elevada (praticamente no máximo para a grande hídrica, com excepção de três ou quatro barragens).
O tretas dirá que se não houvesse também produção de eólicas deixava de haver o excesso que leva ao preço marginal zero. E que se não houvesse bombaem havia capacidade de encaixe na albufeira.
Realmente em parte isto é verdade, se naquele momento parassem as eólicas não havia tanto excesso de produção. Mas também não havia mais produção hídrica que já estava quase no máximo. Deixemos de lado o facto deste argumento ser também válido para todas as outras formas de energia e verifiquemos se é razoável admitir que esta é uma situação frequente em Alqueva.
Caudais acima de 2000m3/s em Alqueva são claramente excepcionais (não chegam à cheia milenar, suponho, mas são claramente excepcionais. E portanto a albufeira, que tem como função principal armazenar água para rega, não pode ser mantida a cotas muito baixas à espera de poder encaixar caudais destes: praticamente durante três semanas o caudal afluente esteve acima dos 1000 m3/s, quando no Verão anda pelos 5 a 10m3/s muitos dias. Repare-se que só as descargas que foram feitas correspondem a um valor próximo do volume útil da albufeira, o que demonstra que o a albufeira estava vazia ou nunca haveria capacidade de encaixe para os caudais afluentes.
O que evidentemente quer dizer que nunca seria possível aproveitar para a produção de electricidade estas descargas, com ou sem renováveis a trabalhar.
Sendo que, na hipótese de não haver eólicas, esta água continuaria a não ser turbinada e no resto do ano (e em todo o ano em muitos outros em que não se verificam estas condições excepcionais), alqueva tem caudais ridículos e, consequentemente, uma capacidade de produção muitíssimo limitada.
Refaremos as contas com um trimestre seco lá mais para diante, se valer a pena.
Os números do tretas até podem estar certos (não os verifiquei todos), não querem é dizer nada.
henrique pereira dos santos
domingo, maio 02, 2010
Contas, linguagem e realidade
Achei que não respondia mais ao tretas mas a ideia que existe na cabeça de eventuais leitores de quem faz contas sabe e quem não faz não sabe leva-me a retomar a discussão sobre as enormidades que o tretas resolveu inventar com base em contas absurdas e sem nexo.
E leva-me a retomar a discussão porque é um excelente exemplo igual a muitos outros de manipulação de números sem significado, uma das técnicas mais usadas para distorcer a realidade quando os objectivos são arrebanhar prosélitos e não pensar sobre a realidade.
É o que tem feito uma boa parte dos negacionistas climáticos (como mais ou menos sofisticação), é o que têm feito os impulsionadores do manifesto por uma nova energia (não confundir com alguns dos seus subscritores enganados pela sua boa fé e fascínio por números que não analisaram e com que não estão familiarizados) e por isso vale a pena desmontar este exemplo evidente de manipulação sem pés na cabeça, mas aparentemente muito credível por estar cheio de números, contas e gráficos.
Convém lembrar que os números, como as palavras, os sons, as imagens, são apenas uma linguagem e como qualquer linguagem tanto servem para dizer asneiras como coisas de génio. A estúpida frase de que os números não enganam pretende negar este facto mas é apenas uma demonstração de como com palavras certas se podem dizer coisas erradas. Como com qualquer linguagem.
Recordemos o argumento do tretas:
"Segundo os dados da REN, durante o primeiro trimestre de 2010 foram gastos em bombagem no Alqueva, 33.995 GWh. No mesmo período, foram efectuadas descargas de 2769.83 hm3. Estes valores são um grande avanço sobre os dados que havia aqui relatado a 27 de Fevereiro. Para que o HPS tenha uma noção destes números, as descargas representam dois terços (2769.83/4150 => 66.743%) da capacidade de armazenamento total do Alqueva! E os 33.995 GWh gastos em bombagem dão para abastecer energia suficiente para 11300 famílias durante um ano completo, o equivalente a quase 4 meses e meio de produção da central solar da Amareleja!Quanta energia potencial se perdeu dá uma conta ainda maior! É que enquanto esteve a bombar, o Alqueva não esteve a turbinar! Portanto, para além dos 34GWh perdidos em bombagem, o Alqueva podia ter estado verdadeiramente a produzir energia!!! Quanta energia se poderia ter produzido com 2769.83 hm3 é uma conta apenas um pouquinho mais complexa. Cada um dos dois grupos do Alqueva turbina 200m3/s, pelo que o valor dos 2769.83 hm3 daria para turbinar mais de 80 dias sem parar! Como o Alqueva consegue produzir mais de 5500MWh num único dia (ver dados de eg. 3 de Março de 2010), perderam-se 440.8 GWh pelo rio abaixo!!! Somando este valor ao do desperdício de bombagem, a energia potencial perdida é de cerca de 5 anos de produção da central solar da Amareleja... Mas o HPS pode argumentar que nem toda a energia potencial seria aproveitada, porque não há tantos dias num trimestre. Resumindo, o valor real mais concreto é de um desperdício de produção de cerca de 200 GWh (entre o máximo teórico para o trimestre e o efectivamente produzido no primeiro trimestre), a que se deve somar os tais 34 GWh desperdiçados na bombagem. Ora isso dá para quase dois dias de consumo de energia eléctrica em Portugal!"
A quantidade de asneiras é assombrosa e por isso vou precisar de algum espaço para as desmontar.
Socorro-me de alguns gráficos com comentários para facilitar.
Neste gráfico vemos como as descargas (a encarnado) não coincidem com a bombagem, como é evidente para quem partir do princípio de que as coisas feitas pelos outros se baseiam em decisões tão razoáveis como as nossas.
A bombagem é uma operação de optimização económica da exploração de barragens, não é uma operação de optimização da produção de energia (a segunda lei da termodinâmica explica por que razão há sempre perdas entre cada transformação energética. A quantidade de energia produzida na turbinagem é sempre menor que a energia necessária para elevar a quantidade de água a turbinar, pelo que a racionalidade desta operação é apenas económica: se o preço de cada unidade de energia for suficientemente diferente, pode compensar gastar mais energia a baixo custo para produzir energia de elevado valor).
Essa é a razão pela qual a racionalidade da bombagem não se mede em médias trimestrais mas hora a hora, nas condições concretas do mercado em cada dia do ano. E o que este gráfico mostra é o que é razoável: ninguém faz bombagem quando está a despejar água em descargas não turbinadas.
No fundo é o que este gráfico traduz, ao comparar a percentagem de utilização das turbinas de alqueva (a encarnado) com a bombagem. E o que vemos é que se as turbinas estão a ser usadas em percentagens elevadas, não há bombagem.
Neste gráfico, que relaciona a produção (a azul) com as descargas (a encarnado), o que verificamos é que as descargas apenas ocorrem porque não há mais capacidade de produção. Nessa circunstâncias, uma de duas coisas acontecem: ou se armazena, quando há capacidade para isso, ou se descarrega quando a albufeira já não tem mais capacidade de encaixe (que era o que acontecia em Alqueva desde o princípio do ano).
É o que está expresso neste gráfico, onde vemos um primeiro aumento de caudal (a verde) no início do ano, que não se traduz em nenhuma descarga (a encarnado) mas sim no aumento de percentagem de armazenamento na albufeira (a azul), mas a partir daí é evidente que havendo aumentos de caudal muito importantes é forçoso haver descargas. Para se ter uma ideia, convém ter a noção de que os caudais mínimos neste trimestre foram da ordem dos 30 m3/s, o mais vulgares na ordem dos 60 a 70m3/s e o caudal máximo passou dos 2000 m3/s. No Verão o caudal pode andar no 5 m3/s com frequência. A capacidade de turbinagem máxima em Alqueva é de 400 m3/s.
Para discutir a política energética e a racionalidade económica dos investimentos convém ter uma ideia da probabilidade de ocorrerem estes níveis de caudais afluentes (ou seja, com que clima lidamos) e não faz o menor sentido usar situações pontuais (isto é, condições meteorológicas concretas) para retirar conclusões gerais.
Ou seja, pretender que as descargas de Alqueva se devem ao excesso de eólicas e bombagens e não ao caudal afluente deste ano, e pretender com base em valores totais do trimestre que é lógico preparar Alqueva para turbinar 2000m3/ s (caudal que acontece em alguns poucos dias de alguns anos) tendo-se desperdiçado neste trimstre dois terços da energia disponível em Alqueva, pode ser embrulhado nas contas mais sofisticadas que se quiser que continua a ser uma estupidez tão grande como quando não se embrulha essa argumentação num único número.
Adenda: nem tinha reparado, mas uma asneira dita com muita convicção tem muita força. O tretas compara caudais (isto é, fluxos, ou volumes por unidade de tempo) com volumes para concluir que as descargas são dois terços da capacidade de alqueva. Só que para obter volumes teria sido necessário ao tretas verificar que precisava de multiplicar o caudal pelo número de segundos em que ocorre.
Adenda 2: a soma de caudais que o tretas faz para medir a energia desperdiçada em Alqueva é um excelente exemplo de operação aritmeticamente mas certa sem o menor significado físico. Se eu quiser encher a minha banheira e tiver duas torneiras abertas a debitar 2litros por segundo (se quiserem podem pôr 2m3, o que serão 2 mil litros) eu posso somar os caudais e dizer que a banheira está a ser cheia a 4 litros por segundo, porque as duas torneiras estão abertas ao mesmo tempo. No entanto se a banheira for enorme e eu tiver dois dias com uma torneira aberta, e souber que em cada dia o caudal foi de dois litros por segundo, não posso somar o caudal dos dois dias e dizer que a banheira nesses dois dias foi cheia a 4 litros por segundo, já que na verdade ela foi cheia durante dois dias a 2 litros por segundo. Se é verdade que o volume duplicou, também é verdade que o tempo que demorou a passar também duplicou e portanto o volume sobre o tempo manteve-se o mesmo.
Chegados a este ponto fico sempre na dúvida sobre se estamos perante uma ignorância do tamanho do mundo (eu já fiz muitos erros básicos deste tipo pela vida fora e tenciono fazer mais alguns) ou se é mesmo má-fé. Eu inclino-me para a ignorância: não só tenho uma opinião de princípio favorável às pessoas, como a má-fé tinha de vir associada a uma estupidez enorme para se acreditar que a asneira passava sem que ninguém reparasse.
Adenda 3: o tretas protestou com as duas adendas anteriores e tem razão, a asneira foi minha. Por qualquer razão pensei pensei que as descargas tivessem apresentadas em caudais e na verdade estão em volume hm3. Por isso não se aplicam as adendas. Aplica-se só o post.
henrique pereira dos santos
quinta-feira, abril 29, 2010
Por interposta pessoa
Em boa verdade, só se poderia ter evitado esse desperdício que referem com mais potência em Alqueva. Mesmo que não existisse um único MW de eólica em todo o país.
Veja-se o dia 26 de Fevereiro ou outros em que se verificaram descargas em Alqueva. Nesse dia não houve qualquer bombagem e Alqueva funcionou a 87%, próximo do máximo.
A bombagem verificada no período ocorreu em dias sem descarga aproveitando energia muito barata e colocando-a em horas de ponta onde tinha valor económico, evitando o desperdício de energia e a sua exportação a preços muito baixos.
A bombagem evitou que desperdiçássemos energia no vazio e não o contrário conforme referido.
Os investimentos em termos de potência para efeitos de bombagem, estão também a criar maior capacidade de aproveitar o caudal em períodos extremos de hidraulicidade. E com racionalidade económica.
A dedução lógica deveria ser: devíamos ter mais bombagem!
Mas atenção que em termos económicos não faz sentido aproveitar esta água em excesso. Não podemos dimensionar as nossas barragens e as suas potências para a cheia milenar. O investimento ficaria lá à espera e só seria aproveitado de 1000 em 1000 anos. A descarga e o desperdício em anos atípicos de hidraulicidade é uma inevitabilidade. Não tem a ver com excesso de energia no sistema, mas com excesso de caudal para as condutas e turbinas instaladas e de volume para os reservatórios existentes.
Confesso que não percebo o raciocínio deturpado e irracional destas almas.
Há certas “tretas” sem relevância que às vezes não merecem que se lhes dê muita importância."