Mostrar mensagens com a etiqueta Demografia. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Demografia. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, novembro 17, 2008

Conservação e sobrevivência


Madagáscar é uma das regiões mundiais que apresenta uma maior número de endemismos e uma fauna e flora verdadeiramente extraordinárias. Cerca de uma centena de espécies de mamíferos terrestres, praticamente todas endémicas, povoam aquela grande ilha situada no sudeste africano. Mais de duzentas espécies de aves, metade das quais endémicas, nidificam em Madagáscar. Existem também cerca de 650 espécies de répteis e anfíbios (90% endémicas). E, entre as espécies vegetais, mais de 10.000 das 12.000 ali existentes só se encontram naquela ilha.

A riqueza ecológica ímpar de Madagáscar contrasta com a extrema pobreza em que vive a grande maioria dos seus 17 milhões de habitantes. Uma taxa de crescimento anual superior a 3%, a média de idade da população de apenas 17 anos (!), a muito baixa longevidade média e elevadíssima natalidade (quase 7 filhos por mulher), denunciam a o elevado nível de pobreza das suas gentes.

A necessidade de criação de novas áreas agrícolas e pastagens, a exploração de madeiras exóticas e o corte de vegetação arbustiva e arbórea para lenha e produção de carvão, têm contribuído decisivamente para drásticas perdas de área florestal. Ao longo do último século, mais de 90% da floresta original de Madagáscar foi destruída pelo Homem. Com ela, muitas espécies foram extintas e muitas outras encontram-se muito ameaçadas.

Há alguns anos atrás, quando visitava Madagáscar, surpreendeu-me a falta de sensibilidade de uma organização internacional que, diabolizando as gentes locais que destruíam floresta para obter lenha e carvão, pressionava as autoridades para o impedirem, aparentando uma confrangedora indiferença relativamente às necessidades de sobrevivência - por que é disso que estamos a falar - daquelas gentes. "Eles que arranjem outras soluções"... era evasiva fácil, ditada por quem vive com salários e condições que em nada se assemelham com os da ampla maioria do povo malgaxe.

Confesso que sempre me arrepiou a frieza, egoísmo e arrogância com que muitos ocidentais tentam fazer conservação de natureza em África. Boa parte dos problemas de conservação naquele (e noutros) continente resolver-se-iam per si com o incremento do nível de vida das populações locais.


sábado, agosto 05, 2006

Portugal perde população

Estas projecções valem o que valem mas não deixam de ter algum valor indicativo. Sobretudo quando comparados com projecções feitas para outras regiões do planeta.

O mapa que poderão analisar com detalhe, aqui, mostra que Portugal, assim como vastas franjas da Europa de Leste poderão perder quantidades importantes da sua população, enquanto centros mais dinâmicos na Europa ocidental continuarão a manter saldos positivos.

Uma análise mais fina, possível com a utilização da ferramenta de lupa que encontrarão na página, permite detectar que, em Portugal, apenas os grandes pólos urbanos (Lisboa, Porto e alguns pontos do litoral Oeste e Sul) escapam à tendência de perda de população.

Mantém-se, portanto, o fado da Europa da segunda metade do século XX. Êxodo rural generalizado e emigração dos tradicionais Países pobres para os tradicionais Países ricos.

O que não se vê no mapa mas que se sabe por via dos relatórios do banco mundial é que a matriz de emigração se alterou. Nos anos 50 e 60 emigravam essencialmente pessoas com fraca formação profissional e académica, com excepção para alguns exilados políticos provenientes de Países onde vigoravam ditaduras.

Actualmente, além dos emigrantes tradicionais, temos 15% dos licenciados Portugueses a emigrar para outros Países Europeus e eu arrisco a previsão de que cerca de 80% dos novos doutorados Portugueses também se ficam por outras paragens.

Os dados existentes indiciam, assim, que o carácter periférico de Portugal se mantém com alguma tendência para aumentar.