Já passou por isso?
Num belo dia, ou, certamente, num dos piores da sua vida, você estoura, extravasa com gritos e lágrimas, talvez faça um pouco menos de estardalhaço, não importa, sente que a pressão externa atingiu em cheio sua cota de paciência e de boa vontade com seus semelhantes e nada mais é possível fazer para ignorar totalmente aquele fato ou um amontoado de elementos que se ligam direta ou indiretamente ao mesmo. Pode ter sido uma única frase, um gesto ou qualquer outra coisa menos significante, não há o que nos recupere daquele momento que acostumamos chamar de “gota d’água”, não é mesmo?
E o que faz essa pequena gota nos tirar do eixo completamente, a ponto de termos que recorrer às terapias alternativas da medicina, nos agarrarmos a nossas doutrinas religiosas ou a melhor amizade antes que enlouqueçamos de verdade? Por que esse tipo de coisa acontece conosco?
Será pura falta de paciência com nosso próximo ou realmente os que nos rodeiam perderam a sensibilidade e nem se importam mais em notar o quanto precisamos de palavras menos ásperas ou de gestos menos egoístas? Qual é a dificuldade nisso tudo? Por que o ser humano não pode dizer coisas mais gentis um ao outro ao invés de simplesmente contrariar e irritar, como se quisesse, de fato, “alfinetar” por motivos nem sempre claros e evidentes? E mais, há os que dão de ombros, ignoram totalmente o que você pensa, faz ou sente. Que há de errado com as boas palavras, essas que fazem o outro se sentir melhor, mesmo que ele não esteja precisando? Que há de errado com o sentimento de superação das próprias vaidades, do doar-se, apenas se colocando no lugar daquela pessoa?
O problema, no final, não é a gotinha, pobre gota! Leva toda a fama ruim por ter sido a última da fila e, neste caso, os últimos serão os primeiros a receber a paga! O erro dessa gotinha tão insignificante foi se colocar junto das outras tantas, das inúmeras que foram se acomodando no recipiente quando já não havia mais nenhum espaço, concorda?
Muitas vezes a culpa também é nossa em deixar o recipiente transbordar, deveríamos fazer um controle da água que cai e do recipiente que a comporta, ou, pelo contrário, deixando de comportar só mais uma única “gota d’água” tudo parece ser muito maior do que é, então, nos damos conta de que todo estresse e tristeza do momento não foram provenientes apenas daquela gota e lá vêm arrependimentos, remorsos…
Volto, pois, à pergunta que intitulou o post: “Foi a gota d’água”? Teríamos mais controle sobre a vida se pudéssemos evitar uma gota dessas ou ela é realmente necessária em muitas ocasiões? Essa gota sobreviveu escondida e estancada em nós mesmos ou foi lançada de fora para dentro do nosso recipiente sem que a quiséssemos ali?
Sei que não se pode viver tranquilamente esperando que a última gotinha caia para só depois resolvermos o que poderíamos ter feito. Penso que é preferível se antecipar e adequar o tamanho do recipiente ao passo em que a água começa a vazar da torneira, ou, melhor seria se eliminássemos a torneira, porém, sem água não é possível viver!
Fonte da imagem: Google
2 comentários:
Bom dia, Jô.
Depois de uma temporária e forçada ausência, volto a ler os teus textos, que alías, continuam maravilhosos.
O meu copo também transbordou por conta da última gota dágua. Acho que isso foi bom, pois me forçou a tomar atitudes.
Grande abraço.
Olá, Quasímodo!
Quanto tempo! Estou devendo aos amigos da blogosfera, então, fique tranquilo, estamos quites nesse sentido...rs.
Muito obrigada pelo carinho e atenção sempre!
Espero que a sua última gota tenha mesmo rendido coisas mais positivas que negativas pelo que conta e possamos controlar melhor esses vazamentos em nossas vidas, não é? Eu procuro sempre o equilíbrio, evito extremos, se bem que em determinadas ocasiões também precisei deles para mudar e tomar atitudes, creio que vez ou outra farão parte da nossa jornada.
Bjins e até... Assim que eu puder quero visitá-lo lá no Letras da Torre.
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